“Fuckin' Globo!”

21 de dezembro às 19 h - 22h  no Hotel Globo em Luanda!

Aos kambas e amantes da arte nas redondezas não percam!!! A exposição colectiva “Fuckin’ Globo!” reúne vários artistas multidisciplinares, que apresentarão trabalhos em diferentes linguagens tais como performance, fotografia, som e instalação no mítico Hotel Globo, um empreendimento incontornável na vida cultural da baixa de Luanda. Nesta exposição pretende-se fazer uma abordagem sobre o uso do corpo, da imagem e do som, numa era em que o dialogo é substituído pela violência dos equipamentos de alta tecnologia, e em que a galopante globalização dos conflitos tornou-se no principal factor de contaminação e homogeneização cultural.Em “Fuckin´ Globo!”, o espaço se tornará parte indissociável do conceito das obras apresentadas, criando uma interação em uníssono entre as várias intervenções, afim de representar um universo submerso numa gritante cacofonia. Num ambiente claustrofóbico, e na intimidade dos quartos, as obras no Hotel Globo pretendem funcionar como uma metáfora sobre a inconformidade de quem vive num planeta em pleno caos e de acelerada mutação. A palavra e a imagem serão submetidas a um processo de distorção e manipulação, arriscando sobre os limites e definições da criação artística num especifico contexto geográfico.

Artistas:

Globo 112 (João Ana e Elepê)

Edson Chagas

Kiluanji Kia Henda

Marcos Kabenda

Orlando Sérgio

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The collective exhibition “Fuckin’ Globo!” is an assemblage of interdisciplinary artists and they’ll be displaying works in a wide range of art mediums and form such as performance, photography, sound and installation, at the mythical Hotel Globo, a pivotal building on Luanda’s downtown cultural life. The aim of the exhibition is to discuss the modern use of the body, image and sound, at the contemporary days we’re living, where verbal communication is replaced by the violence of the high tech hardware and the ever growing global warfare has become the principal factor of the cultural contamination and similarity.On “Fuckin’ Globo!” the space of the exhibition will be an inseparable part from the general concept of the works being shown by the artists, generating an unison from the various interventions, that will end up representing an Universe submersed in a giant cacophony. At a claustrophobic environment and the intimacy of the rooms, the purpose of the performances is to set a metaphor on the unconformity set to all of us living on a planet full of chaos and advanced mutation. Word and image will be put through a process of distortion and manipulation, thus venturing on the limit and definition of artistic creation at a specific geographical context.

23.12.2023 | par martalanca | artistas angolanos, Edson Chagas, Elepê, Fucking Globo, João Ana, kiluanji kia henda, Marcos Kabenda, Orlando Sérgio

"Factory of Disposable Feelings", de Edson Chagas

Inauguração: 23 setembro, 18h 

24 setembro a 5 novembro (quarta a sábado, das 15h às 19h)
entrada livre

Hangar - Centro de Investigação Artística.

Com curadoria de Ana Balona de Oliveira, esta exposição apresenta uma das mais recentes séries fotográficas do artista, realizada no bairro Cazenga em Luanda, entre 2017 e 2018. Tendo sido anteriormente mostrada a solo apenas na Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2019, “Factory of Disposable Feelings” é apresentada agora pela primeira vez em Lisboa numa nova configuração, incluindo imagens inéditas.

Esta série dá continuidade às indagações que singularizam a obra de Chagas, nomeadamente a atenção às relações vivenciais e afetivas que os sujeitos estabelecem com objetos e espaços quotidianos, contrariando rápidos ritmos de consumo através de um olhar desacelerado que perscruta em proximidade matérias, formas e texturas descartadas. 

Contudo, a série marca simultaneamente uma espécie de viragem, na medida em que, ao contrário de séries anteriores realizadas em vários espaços públicos urbanos a Norte e a Sul, vagamente identificados (as ruas e praias de Luanda, Veneza, Londres e Newport, etc.), nesta série, pela primeira vez, o fotógrafo concentrou-se nos espaços interiores e exteriores de uma arquitetura específica. Trata-se da Fábrica Irmãos Carneiro no Cazenga, em Luanda, uma antiga fábrica têxtil fundada no período colonial, que, pertencendo a uma família luso-angolana, continuou a laborar após a independência de Angola e durante as várias fases da guerra civil (1975-2002), produzindo lençóis, fraldas e uniformes militares, etc. Mais recentemente, foi redirecionada para a produção de utensílios agrícolas, tendo sido parcialmente abandonada.

Através da sua própria experiência corpórea e afetiva do espaço e de conversas não só com os seus donos, mas principalmente com os seus antigos trabalhadores, muitos dos quais se tornaram seguranças do edifício após o encerramento da fábrica, Chagas compôs uma espécie de retrato em sequência aberta, simultaneamente íntimo e dialógico, de um espaço múltiplo: situado algures entre as particularidades desta arquitetura e as dinâmicas alargadas do bairro, da cidade e do país; entre a história coletiva e a memória individual; entre a objetividade concreta da matéria e da máquina (tanto a fabril como a fotográfica) e a subjetividade da experiência e do olhar. A intensidade das vivências partilhadas impregnou de memória os objetos e o espaço, que, embora evidenciando perda, se transmutaram em arquivos afetivos excedendo poeticamente os limites do visível e do documentável. Símbolo do próprio país em suspenso e dos vários projetos de suposta modernidade e modernização que atravessaram a sua história, a fábrica abandonada nunca deixou de ser reocupada, reapropriada e reativada por um ativo labor de memória e desejo, incluindo as futuridades passadas e presentes que falta cumprir.  

31.08.2022 | par martalanca | angola, arte contemporânea, Edson Chagas, exposição