Desvendar práticas coloniais

Desvendar práticas coloniais Esta é uma questão interessante quando olhada do ponto de vista dos burocratas. Por um lado, há antecedentes muito directos e locais, como o programa de desinsectização algodoeira que estava a ser preparado pela Cotonang durante 1960. Ainda antes da revolta ter rebentado em Malange, há informações e apontamentos que evidenciavam a natureza explosiva de se fazer recair todo o ónus financeiro desse programa no trabalhador africano da Baixa. Uma contingência como esse programa pôde de facto estar na origem da sublevação. Se assim foi, trata-se uma falha de intelligence do Estado português, porque tinha à sua disposição todos os dados que apontavam nessa direcção até Dezembro de 1960. Por outro lado, temos os antecedentes estruturais identificados pelos analistas: a destribalização e o chamado “autoritarismo burocrático”, uma ideia muito pouco estudada, que teve em Marcello Caetano e Adriano Moreira dois fortes promotores e se disseminou como categoria analítica e explicativa pelos novos burocratas do Ministério do Ultramar.

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28.10.2016 | por Marta Lança