O silêncio é o estampido de uma selva farta

O silêncio é o estampido de uma selva farta Mas então porque o silêncio, por si só, é assim tão vangloriado e enaltecido, enquanto a voz, por sua vez tão demonizada, ou diabolizada como medíocre e menor? Isto ocorre justamente porque o silêncio quando não é dialético torna-se reacionário. E que este teor falacioso e unitário do silêncio, por ele mesmo, é instrumentalizado de forma equivocada e conveniente, porque o silêncio de alguns é o projeto de projeção da voz de outros.

Mukanda

29.11.2022 | por Manuella Bezerra de Melo

Ser homem não é só fazer xixi de pé

Ser homem não é só fazer xixi de pé Somos todos o mesmo, afinal ser humano é um exercício de paciência com os outros e nada nos pode salvar deste exercício a não ser a ermitagem que começo a considerar seriamente. Temos regras de limpeza que me parecem mais exercícios militares do que a alegre manutenção de um espaço de surrogate home, mas quem sou eu para explicar seja o que for aos doutores do espaço? Os modos de controlo deixam os inmates meio malucos e os doutores também, mas como o mundo está assim também não destoa.

Corpo

24.07.2019 | por Adin Manuel

We don't just tell the story we live it

We don't just tell the story we live it Depois de ouvir o leão rugir vezes sem conta, preciso de integrar este animal. Revejo a minha emergência e subsequente início do processo de diagnóstico de disforia de género e tratamento ou transição. O processo está em curso como uma maré que por vezes me deixa tranquilo e noutras se agita, sem de facto pedir muita licença para me solicitar atenção. Eu, apesar de tudo, ainda e cada vez mais lúcido, vou retirando do seu percurso os obstáculos que me impediram de integrar a minha identidade negada.

Corpo

01.06.2019 | por Adin Manuel

ANATOMILIAS de Paulo Kussy

ANATOMILIAS de Paulo Kussy A necessidade ou dependência do homem do nosso tempo em relação à máquina e a frieza constatada na ausência de sensibilidade face a situações de doença, miséria, desemprego, guerra e outros problemas sociais actuais são o centro da produção artística do jovem criador angolano Paulo Kussy. Nas suas telas habitam seres híbridos, intrigantes, fundidos numa só figura, homem, mulher e máquina fazem num casamento inusitado, esteticamente conseguido. A transfiguração: homens que são mulheres e que também são máquinas, um retrato interessante da vida contemporânea, que podemos encontrar em qualquer cidade do mundo, em Luanda ou Joanesburgo, Lisboa ou Paris

Cara a cara

31.05.2010 | por Benjamim Sabby