Estudos sobre a violência no contexto de Cabo Verde e Guiné Bissau

Estudos sobre a violência no contexto de Cabo Verde e Guiné Bissau Mais do que o comprazimento no pathos da definição, importa, sim, que os estudos sobre a violência se mostrem capazes explorar o alcance do conceito através de uma abordagem específica dos contextos diferenciados em que determinadas práticas ou comportamento, determinados actos ou discursos, certas acções e omissões, são percebidos como violentos. Só este trabalho de contextualização permite captar o carácter multidimensional do problema e, nomeadamente, evitar lugares comuns e chavões persistentes, como, por exemplo, os que localizam em certas camadas jovens ou em certos grupos étnicos ou sociais uma particular tendência ou potencial de violência, muitas vezes vistos como inatos ou como imanentemente constitutivos de uma identidade.

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08.02.2013 | por António Sousa Ribeiro

Violência na Guiné Bissau

Violência na Guiné Bissau Quando pensamos em segurança na Guiné-Bissau, a imagem que dai resulta é a da violência política e militar, dos sucessivos golpes de estado, dos assassinatos políticos e da impunidade, e do narcotráfico. Recentemente, podemos ainda acrescentar o terrorismo e o tráfico de seres humanos. Ora, por causa destas preocupações, a atenção, as políticas e os fluxos financeiros têm sido desviados para as questões da segurança e as suas dimensões internacionais. Um dos exemplos claros deste desvio é a atenção dada à Reforma do Sector da Segurança: Reformar os militares é tido como essencial para um cenário de paz e desenvolvimento na Guiné-Bissau. Isto baseado no princípio que não há paz sem desenvolvimento nem desenvolvimento sem paz. Este posicionamento tem remetido para segundo plano outras dimensões das dinâmicas sociais na Guiné-Bissau que se vão tornando invisíveis; como também tem remetido para segundo plano muitas das reais preocupações dos guineenses em matéria de segurança.

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08.02.2013 | por Ana Larcher

Anatomia de uma bem-sucedida guerra revolucionária: exército português versus PAIGC e o assassinato de Amílcar Cabral

Anatomia de uma bem-sucedida guerra revolucionária: exército português versus PAIGC e o assassinato de Amílcar Cabral Amílcar Cabral era já, desde essa altura, um sério problema para autoridades colonias de Bissau e da metrópole. Aliás, pelo menos desde 1972, o nome do general Spínola é falado para a presidência da República, e, por isso, não pode regressar derrotado. Era para ele imperioso tudo fazer para inverter a situação militar, pelo que não é de descartar a hipótese de que o assassinato de Amílcar Cabral se enquadrasse nessa espécie de obsessão que levaria o Exército português, no início de 1973, logo depois do seu assassinato, a realizar uma série de violentas operações militares contra as regiões libertadas e algumas bases do PAIGC no Sul que, no entanto, vieram a revelar-se desastrosas.

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04.02.2013 | por Leopoldo Amado

Amílcar Cabral foi assassinado há 40 anos - conversas sobre Amílcar

Amílcar Cabral foi assassinado há 40 anos - conversas sobre Amílcar Pacientemente: como convenceu os pais, mesmo os de religião muçulmana, que as filhas, como os filhos, deveriam estudar. Como conseguiu impor, nos Comités das áreas libertadas, a presença de mulheres. Mesmo se teve de aceitar que as combatentes se limitassem à defesa das tabancas, na milícia. Foi dele, do engenheiro agrónomo conhecedor dos diferentes povos da Guiné, que veio a palavra de ordem que se seguiu ao massacre de Pidjiquiti: deslocar a luta para o campo, proceder à mobilização dos camponeses. Uma palavra de ordem que, aquando do seu assassinato, a 20 de Janeiro de 1973, estava à beira de dar os seus frutos, com a proclamação da independência.

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21.01.2013 | por Diana Andringa

Barbearias de Bissau - anúncios

Barbearias de Bissau - anúncios Há um verdadeiro mercado de especialistas em pintura de anúncios de parede, e há pátios cheios de chapas de madeira e metal com anúncios de corte de cabelo e venda de unhas de gel prontos a colocar. Entrar num centro de implantação de dentes postiços na penumbra e perceber que está forrado de pinturas do tecto ao chão pode ser um espanto.

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07.01.2013 | por Manuel Bivar

CANTO SUSPENSO para ler em Crioulo

CANTO SUSPENSO para ler em Crioulo Depois do trauma, de repente a Esperança reboca aquela energia que atira as verdades na denúncia do poder ilegítimo e brutal. Aparece a força da fala. Grande força. Explode a gritar pela Justiça. Pensa-se que vem logo. E demora. Às vezes até parece que a Justiça não vem.

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26.05.2012 | por Branca Clara das Neves

Rap guineense: a Guiné ouvida por todos

Rap guineense: a Guiné ouvida por todos Nova Geração. Masta Tito, os Baloberos, FBMJ, Best Friends, Cientistas Realistas, entre outros, continuam a cantar principalmente em crioulo e, juntando o francês e as “línguas maternas”, conectam o rap/hip hop com as raízes e o mundo. Cantados pelos palcos do país, desde o Lenox de Bissau até às várias discotecas onde as pistas de dança se transformam em “palcos”, em concertos play-back com momentos de free style (se os microfones permitirem), a performance tenta preencher o que a falta generalizada de meios técnicos castiga. Ainda assim, o corpo e a boca no microfone mudo comunicam.

Palcos

23.03.2012 | por Joana Sousa

Os três Cabrais de hoje em Cabo Verde: uma leitura necessária

Os três Cabrais de hoje em Cabo Verde: uma leitura necessária A difusão de Cabral enquanto ícone atrapalha um conhecimento da história ao transformá-lo numa imagem a adorar ou idolatrar, um semi-deus político com poderes extra-humanos. Tal situação contradiz com os dictos de Cabral, que sempre recusou qualquer culto de personalidade ou qualquer associação a qualidades extra-humanas, dizendo-se “um simples africano.”

Mukanda

23.01.2012 | por Abel Djassi Amado

K3, crónica da Guiné

K3, crónica da Guiné Deixemo-nos de rodeios: K3, de Nuno Dempster, é um dos melhores livros de poesia publicados em Portugal nos últimos anos e a mais espantosa aproximação ao horror da Guerra Colonial desde Catalabanza, Quilolo e Volta, de Fernando Assis Pacheco (1976). Poema longo e de fôlego épico, K3 narra a experiência militar do autor na Guiné e procura arrancar às trevas do esquecimento os «anti-heróis» que combateram a seu lado, esses representantes involuntários das «gerações vencidas a quem coube / fechar impérios», homens usados como carne para canhão por um regime caduco.

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29.06.2011 | por José Mário Silva

Encruzilhadas históricas: entrevista à escritora Aida Gomes

Encruzilhadas históricas: entrevista à escritora Aida Gomes Tenho sempre consciente o enorme esforço do que é construir-se um país de novo; nas casas novos tijolos e nas janelas vidros. Pergunto-me sobre as pessoas: basta-lhes também pintar de novo as paredes das casas? Na Holanda quem viveu a guerra ainda traz as marcas consigo; não consegue deitar comida fora porque passou fome, não consegue apagar de si a vulnerabilidade de ter sobrevivido (mesmo o ódio ao inimigo de então subsiste). Não sei até que ponto o facto de ter crescido fora de Angola, país onde questões políticas trouxeram uma guerra longa, terá afectado as minhas escolhas profissionais. Guerra, conflito e política foram os assuntos dominantes do meu trabalho.

Cara a cara

24.03.2011 | por Marta Lança

Bijagós: sociedade matriarcal?

Bijagós: sociedade matriarcal? Na sociedade Bijagó, a mulher tem poder para decidir como se faz a cerimónia, quais os rituais, para que fins e em que momento. É seguida por um grupo de mulheres que, durante um certo tempo, não se dedicam ao trabalho produtivo, ao qual estão tradicionalmente destinadas, mas a si próprias. Entre si discutem o que acharem conveniente, dentro de determinadas regras sociais que são impostas aos Bijagós, mas só entre si; e isso por vezes pode levar meses. O tempo, elas é que decidem.

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19.02.2011 | por Paula Fortes

A Urgência do Crioulo Guineense

A Urgência do Crioulo Guineense  Na literatura na Guiné-Bissau, os termos em crioulo são cada vez mais utilizados, existindo já obras de poesia exclusivas nesta língua. Alguns intelectuais guineenses têm vindo a assumir cada vez mais uma postura de contestação à nacionalização da língua portuguesa. A música popular desde cedo se manifestou em crioulo. Dinamizada primeiramente por José Carlos Schwarz, que teve a ousadia de cantar nesta língua durante a guerra de libertação, este movimento continuou a ter força com bandas como os SuperMamajombo ou TabancaJazz.

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13.02.2011 | por

Pequena viagem através de África

Pequena viagem através de África Há mais de quarenta anos que ando pelos trópicos e há mais de vinte e cinco anos que me fixei na Guiné. Percorri toda a África desde a Argélia à África do Sul, desde o Egipto a Marrocos, utilizando aviões, comboios, vapores, carros e canoas. Dormi nesses maravilhosos hotéis que o engenho humano criou e dormi também nas mais modestas palhotas das mais modestas tabancas africanas. Bebi aquela água barrenta, de aspecto leitoso, que se colhe nos poços das povoações perdidos no mato; atravessei rios e pântanos sob um calor escaldante; torneei florestas densas e subi montanhas abruptas; percorri as areias imensas dos desertos africanos; tiritei de frio e abrasei-me e longamente conversei com Tcherno Bokar, a quem Teodoro Monod, com aquele sentido de penetração das coisas africanas que só ele possui, chamou «um homem de Deus».

Mukanda

03.01.2011 | por Artur Augusto Silva

Festival Cultural Cacheu, Caminho de Escravos

Festival Cultural Cacheu, Caminho de Escravos Há pouco mais de 100 anos, em 1850, foi abolido oficialmente o tráfico negreiro a nível mundial e, hoje, 500 anos depois, os descendentes dos resistentes dos Quilombos, os quilombolas, regressam à sua terra de origem, ao seu ponto de partida, para testemunharem as suas raízes culturais e conviverem com aqueles que, tendo também feito o seu próprio percurso, são agora, desde há 37 anos, donos do seu destino, pensam pelas suas próprias cabeças e vivem a sua própria vida.

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13.11.2010 | por AD - Acção para o Desenvolvimento

Em busca do espaço verde - poemas da Guiné

Em busca do espaço verde - poemas da Guiné 1998 a cidade de Bissau gritou sem socorro enquanto os homens lhe batiam, Bissau continuou gritando a sua dor e maldizer... os filhos refugiaram-se no regaço da morte nos destinos incertos esperanças frustradas

Mukanda

07.10.2010 | por Eliseu Ié

A sombra do pau torto

A sombra do pau torto Amílcar Cabral, a nossa maior referência política, parecia adivinhar os efeitos que Bissau iria provocar nas convicções dos dirigentes políticos do Partido que havia liderado a luta pela independência, o PAIGC. Analisou como ninguém as falsas partidas das independências concedidas pelas potências colonizadoras europeias às suas colónias, nos anos 60. Seguiu e apercebeu-se em directo das atribulações de Sekou Turé na construção de um país que resvalou rapidamente para o autoritarismo, a repressão popular e as divisões étnicas.

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18.09.2010 | por Carlos Schwarz da Silva

Fala i Storias - Conversas e histórias de mulheres

Fala i Storias - Conversas e histórias de mulheres É a singularidade de cada história, relatada na primeira pessoa, que permite chegar ao colectivo das histórias de vida de mulheres guineenses – e, até, da História do país. Histórias de valência e sobrevivência – seja o relato da jovem que foge com a filha à guerra civil de 98; ou a história de algumas das muitas ex-combatentes que Amílcar Cabral reconheceu mas a História ainda não fixou; ou ainda a realidade, hoje na Guiné-Bissau, de uma prática como a mutilação genital feminina.

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27.08.2010 | por Sandra Oliveira

Guiné-Bissau: se um barco atracasse

Guiné-Bissau: se um barco atracasse Foi o ano passado durante a campanha para a segunda volta das presidenciais na Guiné Bissau. O povo rejeita a violência e teme os militares e o poder do narcotráfico. Impressiona quem chega ao país cheio de preconceitos construídos com base nos ecos do que o mundo diz sobre a Guiné-Bissau, um povo “injustamente rotulado de violento devido à imagem que um grupo restrito de políticos e militares passa lá para fora”, remarca a activista Macária Barai. O jornalista angolano Pedro Cardoso foi lá registar o ambiente que se vivia.

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12.06.2010 | por Pedro Cardoso