“Só consigo escrever quando me relaciono com uma alma angolana”, entrevista a Ana Paula Tavares

“Só consigo escrever quando me relaciono com uma alma angolana”, entrevista a Ana Paula Tavares O facto de eu ter frequentado a escola, ter frequentado o liceu e ter entrado na universidade não era visto, pelas pessoas que me criavam, como profundamente suspeito. Ninguém me impediu de dar um salto para a universidade e de começar um caminho de autonomia pessoal, autonomia de pensar. Ninguém se apercebeu de que a biblioteca do liceu estava à minha disposição, e que eu tinha lido tudo o que estava lá, bom e mau, tudo o que me permitia formar uma consciência das coisas, interrogar os textos, saber das histórias, saber que havia um mundo para além daquele que era um mundo liso e organizado da menina temente a Deus e bem-comportada.

Cara a cara

14.08.2021 | por Doris Wieser, Ana Paula Tavares e Paulo Geovane e Silva

Apresentação de Ana Paula Tavares no Lisbon Revisited 2019

 Apresentação de Ana Paula Tavares no Lisbon Revisited 2019 No Kwanza-Sul percebeu os vários ritmos e a imponência de um país que cultiva o riso e a memória curta para se defender dos dramas que o desumanizam: a escravatura, o colonialismo, a dominação, os pequenos e grandes poderes, os oportunismos e a ignorância. De como é vertiginoso o urdir da história no quotidiano. A geração à qual pertence preocupou-se em recuperar a memória cultural perdida nessas e noutras violências, também com o olhar vívido e intrigante das ingenuidades e militâncias da independência.

Cara a cara

21.08.2019 | por Marta Lança

"Não posso escorregar na emoção fácil, que a saudade e a distância criam", entrevista a Ana Paula Tavares

"Não posso escorregar na emoção fácil, que a saudade e a distância criam", entrevista a Ana Paula Tavares A Angola que eu deixei em 1992 não tem rigorosamente nada a ver com a Angola actual, e acho bem que as coisas mudem. Não tenho saudades nenhumas do tempo colonial, que era um tempo de injustiça, mesmo eu que ia à escola e à universidade, e estava do lado privilegiado, sei muito bem que é um sistema para esquecer (ou para lembrar....). Como também está resolvido sem nostalgia esses tempos de envolvimento quase amoroso: a Independência, o nascer um país, criarmos os filhos, uma avalanche de coisas que nos estavam a acontecer e nós tínhamos 20 anos.

Cara a cara

24.06.2019 | por Marta Lança

Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho - painel IV Epistemologias

Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho - painel IV Epistemologias Durante os dias 10 e 11 de dezembro de 2015, teve lugar, na galeria Quadrum, o colóquio Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho, integrado no ciclo Paisagens Efémeras. Publicamos as comunicações, antecipando a futura publicação online dos artigos resultantes do colóquio. Epistemologias IV com Luhuna Carvalho, Ana Paula Tavares e José Luís Garcia.

Ruy Duarte de Carvalho

20.01.2016 | por vários

“A oralidade é meu culto”, entrevista a Ana Paula Tavares

“A oralidade é meu culto”, entrevista a Ana Paula Tavares Nasci na Huíla, no meio de uma sociedade colonial injusta. Os pastores estavam ali. À sociedade Nyaneka eu devo a poesia, a música, o sentido do cheiro, a orientação a sul. O contacto era-nos (a quem estava em processo de assimilação) interdito. E, também por isso, o desejo era mais forte. Conhecer, saber quem eram e quem éramos deu um sentido à vida. A escrita, em português, ficou para sempre ligada ao paradigma da oralidade, da chama do lugar, do acompanhamento dos ciclos, do respeito pela diferença, do horror à injustiça.

Cara a cara

07.11.2010 | por Pedro Cardoso