A hipocrisia não acaba aqui. Cameron pensa aumentar os poderes da polícia sobre redes sociais como Twitter, Facebook e BlackBerry Messenger. Fazendo eco dos regimes autoritários, o primeiro-ministro diz que «a livre circulação de informação pode ser usada para o bem. Mas também pode ser usada para o mal». A ironia não se perdeu em nações estrangeiras, tantas vezes objeto da crítica britânica. A Xinhua, agência de notícias chinesa, comenta: «Podemos questionar-nos porque é que os líderes ocidentais… tendem a acusar indiscriminadamente as outras nações de vigilância, mas… assumem o direito de vigiar e controlar a Internet.»
Cidade
14.09.2011 | por Lara Pawson
As relações [entre Brasil e Angola] estão mais desenvolvidas do ponto de vista político e económico, e também no trânsito de pessoas de um lado para o outro. A parte cultural é onde há menos relacionamento, e deveria ser mais intenso. É verdade que alguns escritores (angolanos) vêm ao Brasil, e escritores brasileiros vão a Angola, ainda que raramente. Às vezes vai um músico, sai um livro, aparecem algumas coisas. Mas é muito pouco, tinha que ser muito mais.
Cara a cara
14.09.2011 | por Pepetela
Com "Desmedida" o autor parecia introduzir uma deslocação de território e de género, abordando a crónica num espaço aparentemente estranho a Angola. No entanto, partilhará a mesma obsessiva procura de uma «autocolocação» que o próprio tem vindo a afirmar como determinante, mantendo o livro próximo do imaginário dos anteriores e introduzindo a partir da forma da crónica, na tensão entre o imprevisto e o livro que daí resultará, algumas interessantes figuras unificadoras desse discurso transversal.
Ruy Duarte de Carvalho
13.09.2011 | por Clara Rowland
estamos cientes de que qualquer filme angolano, partindo de elementos culturais muito diferentes daqueles que normalmente alimentam os mercados do cinema, de uma maneira geral afectos a configurações sociais mais ou menos próximas de quadros ocidentalizados, tem que se haver com problemas muito específicos de leitura, da ordem pelo menos dos que ocorrem com outras cinematografias regionalizadas, africana sou não.
Ruy Duarte de Carvalho
10.09.2011 | por Ruy Duarte de Carvalho
O Ruy Duarte de Carvalho, poeta, antropólogo, cineasta, artista plástico, angolano por adopção, nascido em Portugal, morreu na Namíbia, em Swakopmund, numa espécie de exílio voluntário. Soube da sua morte, por mensagem do Gégé Belo, e logo pensei: “É mesmo verdade, os grandes homens já morreram, e muitos deles morrem no exílio…”
Ruy Duarte de Carvalho
10.09.2011 | por Justino Pinto de Andrade
Não poderia haver melhor escolha, ao abrir o 6º Dockanema, que o filme de Patrício Guzman “Nostalgia da Luz “, numa edição que se propõe render homenagem ao cineasta Ruy Guerra, para mais uma vez reafirmar esse propósito.
Os primeiros filmes do Patrice Guzman foram mostrados em Moçambique logo após a independência, e ele é um dos raros realizadores cuja toda a obra cinematográfica foi mostrada no nosso país. Escolhi a Nostalgia da Luz, por ser, na minha opinião, o melhor exemplo disponível do documentário como memória de um povo.
Afroscreen
07.09.2011 | por Pedro Pimenta
Manuel Cerveira Pereira, o conquistador de Benguela, é um filho de puta.
O maior filho de puta que pisou esta miserável terra. Pisou no sentido figurado e no próprio, pisou, esmagou, dilacerou, conspurcou, rasgou, retalhou. O filho de puta admito ser apenas no figurado, pois da mãe dele pouco sei, até dizem ter sido prendada senhora e de bem. Embora quem tal crocodilo deixou crescer no ventre pomba não deveria ser, afirmam os entendidos. Mas mereço eu, desgraçado padre, julgar o ventre de donas bem casadas?
Mukanda
06.09.2011 | por Pepetela
Tcheka descreve sua música como sendo “música tradicional de Cabo Verde com influência erudita e do jazz”. O seu novo trabalho “Dor de Mar” surge após quatro anos de pausa em que o músico amadureceu a sua experiência profissional. “Dor de Mar” é um álbum “mais Tcheka”.
Cara a cara
02.09.2011 | por Carla Fernandes
Essa África que eu conheço sobrevive por um espírito de solidariedade, de abertura e de respeito com os outros. A forma que os africanos têm de se abordar, de saber um dos outros é uma coisa genuinamente autêntica. Quando eu estou cumprimentando alguém, quando estou falando com alguém, eu dou espaço para o outro. Então há uma lição de escutar os outros. Eu nunca falo quando o outro está falando, dou espaço, não tenho medo do silêncio, que é uma coisa que acontece aqui. As pessoas estão conversando, de repente há um silêncio, e isso é um peso, é uma coisa da qual temos que nos libertar, é uma ausência. Na África, essa ausência não existe. Nesse silêncio, há sempre alguém que fala. São os mortos. Por exemplo, a relação com o corpo.
Cara a cara
01.09.2011 | por Mia Couto
Conversas entre as crianças sobre temas que têm a ver com alguns dos obstáculos com que se confrontam no seu dia a dia, devidos à exclusão social: o tráfico e consumo de droga que algumas delas chegam a presenciar em certas zonas do seu bairro, a prisão onde podem encontrar-se familiares ou amigos destes; o roubo e o crime, acerca dos quais todas elas já ouviram falar, pelo menos enquanto acontecimento provável. Trata-se de perceber como é que a prática da Filosofia com Crianças pode abrir a reflexão para pensarem a sua situação de modo a sentirem-se mais integradas para além da comunidade em que vivem.
A ler
31.08.2011 | por Rita Pedro
O barco deslizava devagar através da água lisa, quase negra, larga lâmina de chumbo pousada entre a floresta. As margens, muito ao fundo, cobertas pela sombra compacta das árvores, repetiam‑se insones e apáticas, dia após dia. Nenhuma asa sobressaltava o ar. Nenhuma barbatana agitava a imensa extensão líquida. Um dos escritores, um jovem rebelde, muito pálido, sugeriu que talvez o barco recuasse todas as noites pelo mesmo trilho por onde, durante o dia, fingia avançar. Pensando melhor talvez nemsequer avançasse. As margens eram sempre as mesmas. As águas, sempre as mesmas. Apenas o céu se renovava.
Mukanda
31.08.2011 | por José Eduardo Agualusa
Em homenagem a António Pedro Costa,
homem-teatro, pintor e artista plástico,
poeta surrealista, e inventor do Diário fundador
do modernismo poético nas nossas ilhas, para além
de criador de muitos mal entendidos na historiografia
das geneologias literárias caboverdianas
A ler
31.08.2011 | por José Luís Hopffer Almada
Saiu de Cabo Verde há uns anos para se formar em Lisboa em produção cultural. Estagiou no Teatro Nacional e trabalhou no Teatro Trindade como produtor (2009 – 2011) e fez acontecer muitos espectáculos. Encontra-se neste momento a fazer um estágio nos Estados Unidos de seis meses, pelo programa Inovartes, onde vive na pele a exigência de uma grande companhia de teatro. Mas foi com as associações em Cabo Verde que começou a ganhar gosto pela ideia de ajudar a materializar aspectos artísticos e pela dinâmica de equipa
Palcos
26.08.2011 | por Marta Lança
Já foi acusado de incitar à violência. Processado pela Procuradoria Geral da República. Preso horas antes de um concerto para o lançamento de um novo vídeo clipe, há cerca de 20 dias. Chamado de Edson Mandela, difamado na capa dos jornais, aclamado pelo povo. Com músicas provocadoras e políticas, Azagaia, o principal nome do hip hop moçambicano, tornou-se herói para o povo e ameaça para o governo.
Cara a cara
24.08.2011 | por Juliana Borges
A dignidade da “minha” Rosa Parks colocava aquela interação em perspectiva: o motorista – máquina repetindo o que estava programada para repetir; ela- gente, despertando em nós, mudos ao seu redor, emoções para as quais não havíamos sido preparados, ejetados tão violentamente do banco de uma peça de museu para dentro de uma História que ainda não tinha acabado de acontecer, que ainda estava ali, real, dolorosa, pulsante e incômoda. Será que alguém de nós poderá, algum dia, ter noção de quantas vezes e com qual intensidade o corpo histórico que observamos, o corpo testemunha pelo qual ficamos hipnotizados, tinha sido dilacerado (“for white people, only”) e grampeado de volta à sua forma aparente e externamente original?
Mukanda
19.08.2011 | por Ana Maria Gonçalves
Quis mostrar uma visão de fora sobre os angolanos que nunca são vistos nas notícias, nas capas dos jornais, ou na imprensa cor de rosa. Não pertencem ao Jet Set, nem vivem na miséria que se pensa. São pessoas comuns, em várias situações do seu dia a dia, algumas pousando, outras entrando no momento certo no enquadramento ideal, e outras ainda a meio do seu trabalho ou lazer.
Vou lá visitar
18.08.2011 | por Joost De Raeymaeker
Numa perspectiva contemporânea, Nhabezi personifica o projecto político do Ocidente que vem a África “reparar os danos e impactos historicamente causados pelo capitalismo na sua relação colonial com o mundo”. Do ponto de vista estritamente epistemológico, a metáfora aponta para o facto de o Ocidente estar disposto a ajudar a África a resgatar as suas formas de conhecimento e a potenciá-las para o avanço da humanidade.
A ler
18.08.2011 | por Lucilioja Manjate
Alta de Lisboa, Miratejo, Arrentela, Cova da Moura. Nas duas margens do Tejo multiplicam-se bairros, fortemente marcados por difíceis condições de vida, em que os jovens ensaiam formas de organização colectiva que reforçam as comunidades em que se inserem. O associativismo, nomeadamente ligado ao hip-hop e ao rap, enfrenta também o desafio do relacionamento com projectos de instituições exteriores aos bairros.
Vou lá visitar
18.08.2011 | por António Brito Guterres e Frederico Ágoas
Terceira diáspora é conceito para tentar entender o estado mutante das trocas culturais das culturas negras pós-internet. A primeira diáspora foi criada pelo tráfico negreiro. A segunda aconteceu quando populações descendentes de africanos negros se deslocaram novamente por vários continentes, mudando a cara de muitas cidades do mundo: haitianos em Nova Iorque, senegaleses em Paris, surinameses em Roterdã e assim por diante. A terceira diáspora aconteceria agora, quando a comunicação entre todos esses mundos negros é facilitada por vídeos no YouTube, programas da rádio 1Xtra da BBC, arquivos torrent de cinema nigeriano, e muitos outros bytes.
A ler
17.08.2011 | por Hermano Vianna
Entrevista a Carlos Kangamby, o V Mukuva do Cuchi, considerado município-sede ou a capital dos Ngangela, que se situa a 95 quilómetros, de Menongue, sede da província do Kuando Kubango. Nesta conversa ficamos a saber da trajectória deste povo, o que os levou a si fixarem naquele território, a relação com os colonos, a forma como a primeira mulher que obteve o título de Mukuva, ascendeu ao trono, entre outras coisas.
Cara a cara
12.08.2011 | por Cláudio Fortuna