Ações na Feira do Livro contra o Genocídio em Gaza

Foi entregue à APEL no dia 15 de junho a carta com o texto abaixo, para uma maior visibilidade da Palestina já nesta feira do livro, mas também em iniciativas futuras ligadas ao meio editorial e cultural. A carta contou com 320 assinaturas recolhidas em dois dias, com início a 13 de junho. Na tarde do primeiro dia, o grupo promotor da carta - pessoas que fazem livros, tristes pela falta de iniciativas contra o genocídio em curso - montaram uma banca onde trocaram as suas obras pelo montante que as pessoas quisessem dar. Fizeram-se 1000 euros que reverterão integralmente para a Watermelon Relief, uma organização que continua a resistir na Palestina, prestando auxílio humanitário com distribuição de refeições e outros cuidados. Imagine-se o apoio que se poderia recolher em ações continuadas promovidas pela organização da Feira do Livro. 

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À Direção da APEL

Exmo. Sr. Presidente da Direção da APEL, Dr. Miguel Pauseiro,

As pessoas abaixo-assinadas, com participação diversa no setor da cultura e do livro – escrevendo, ilustrando, traduzindo, revendo, lendo, pensando, editando, anotando –, estão extremamente inquietas com a desumanidade que é assistir em direto ao extermínio de um povo e nada fazer.  

Queremos fazer algo. Consideramos que são cúmplices não só os governos e as empresas que apoiam o governo de Israel ou que mantêm negócios com as suas empresas destrutivas e extrativas, como aqueles que se mantêm em silêncio. Não questionamos que esta cumplicidade possa ser involuntária, mas estranhamos, nós, pessoas da cultura, assinantes e apoiantes já de vários manifestos e ações públicas a favor de medidas imediatas para a história tomar o seu rumo certo, que este assunto não seja tema central nesta feira do livro. Recordamos que em 2022 a Feira do Livro decidiu fazer-se ouvir e excecionalmente convidar um país estrangeiro para apoiar outro povo atacado, o ucraniano. 

Porém, não é tarde. Eis algumas sugestões que podem ser implementadas até ao final desta Feira do Livro: 

- Promover um dia ou um fim-de-semana de Arte pela Palestina, em articulação com as associações que já têm experiência no encontro anual com o mesmo nome  

- Exigir um posicionamento claro sobre a questão por parte da entidade parceira organizadora, a Câmara Municipal de Lisboa, e o seu apoio na organização de debates político-culturais sobre o tema. 

- Apelar publicamente às entidades patrocinadoras da Feira do Livro que mantêm negócios com Israel para os suspenderem até ao término do conflito. 

- Reverter uma, duas, três, ou todas as receitas da «Hora H» – ou apenas uma parte, consoante compensação possível às editoras e sua disponibilidade financeira – para apoio humanitário à Palestina. 

O esforço da cultura e do setor livreiro para sinalizar o horror a que assistimos não se esgotará na Feira do Livro. As pessoas abaixo-assinadas dispõem-se a organizar-se para encontros entre si e com quaisquer organizações disponíveis, a fim de concertar ações de protesto veemente contra a guerra em curso, de apoio às suas vítimas e de afirmação do direito à existência e florescimento em paz do povo da Palestina.

por várias
Mukanda | 15 Junho 2025 | Gaza, genocídio, livros, luta, palestina