Piracema Nu Bai – Mostra de Cinema Indígena, Negro e Periférico

3 a 7 de junho de 2025, na Grande Lisboa

Piracema Nu Bai – Mostra de Cinema Indígena, Negro e Periférico realiza-se de 3 a 7 de junho, em vários espaços da Grande Lisboa – Casa do Comum, Cinema Fernando Lopes e Mbongi 67 – reunindo cineastas indígenas da América Latina e realizadores negros residentes em Portugal e na Europa. A mostra propõe um olhar inovador sobre cinematografias historicamente marginalizadas no circuito cultural, promovendo o encontro entre diferentes expressões estéticas e experiências de resistência. Enquanto cineastas e pensadores indígenas, estarão presentes Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó (Brasil), Francisco Huichaqueo (Chile), Citlalli Andrago e Joshi Espinosa (Equador), que

dialogarão com realizadores e artistas afrodescendentes e negros, como Falcão Nhaga, Pocas Pascoal, Ilda Vaz, Denise Santos e Maíra Zenun. A mostra dá continuidade à experiência da Mostra Ameríndia – Percursos pelo Cinema Indígena no Brasil (2019), e expande o seu escopo no âmbito do projeto europeu EDGES: Entangling Indigenous Knowledges in Universities, estabelecendo pontes entre cinematografias indígenas e negras, cujas linguagens e narrativas se entrelaçam em contracorrente.

Ibirapema (Olinda Tupinambá, 2022, 50’)Ibirapema (Olinda Tupinambá, 2022, 50’)Kuifi ül_ Sinodo Antiguo (Francisco Huichaqueo, 2020, 10’)Kuifi ül_ Sinodo Antiguo (Francisco Huichaqueo, 2020, 10’)

Piracema, palavra de origem Tupi, designa o movimento dos peixes que sobem o rio rumo à nascente. Nu Bai, expressão kriolu cabo-verdiana, significa “nós vamos”. Juntas, as palavras evocam um gesto coletivo e afirmativo de deslocamento, encontro e transformação. Como afirma a curadora, cineasta e pesquisadora Maíra Zenun: “Na kontra-korrente deste sistema, nu bai djunto! Nu bai cinema! Nu bai djuntu! Porque, como explica Francisco Huichaqueo, curador e cineasta Mapuche presente na mostra, “El cine y el arte indígena son medicina para el pueblo. Este cine opera de manera circular y contracolonial, promoviendo la liberación.

A organização está a cargo do projeto europeu EDGES: Entangling Indigenous Knowledges in Universities, da Universidade Nova de Lisboa e do CHAM – Centro de Humanidades. A curadoria é assinada pelos artistas indígenas Francisco Huichaqueo, Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó; pela especialista em festivais de cinema indígena e autora do livro Frames of Resistance: The Cinemas of Abya Yala, Amalia Cordova (Smithsonian Institution); pela artista e especialista em cinema negro, Maíra Zenun; e por Rodrigo Lacerda, um dos coordenadores científicos do projeto EDGES e pesquisador sobre cinema indígena e património no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA – NOVA FCSH / IN2PAST).

Piracema Nu Bai – Mostra de Cinema Indígena, Negro e Periférico abrirá com a performance Transmutação, de Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó na tarde do dia 3 de junho, no Jardim do Príncipe Real. A intervenção artística, inspirada na força da natureza e na inter-relação entre as espécies, revela o papel da ancestralidade e da arte como forças propulsoras no processo de reflorestamento dos territórios e dos imaginários coletivos.

Em paralelo à programação cinematográfica, realiza-se ainda, de 4 a 6 de junho, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, o encontro científico Reflorestar o património: Museus e a retomada dos povos indígenas, também inserido no projeto EDGES. O encontro propõe uma reflexão crítica sobre os museus como territórios em disputa e espaços possíveis de cura, escuta e reencantamento, a partir das cosmopolíticas indígenas.

Piracema Nu Bai convida o público a mergulhar num cinema que cura, denuncia, celebra e propõe. Ir rio acima, juntos, é mais do que resistência: é uma afirmação de vida.

A última cena (Alberto Alvares, 2024, 20’)A última cena (Alberto Alvares, 2024, 20’)Huahua (Joshi Espinosa, Citlalli Andrago, 2017, 69’)Huahua (Joshi Espinosa, Citlalli Andrago, 2017, 69’)

por várias
A ler | 25 Maio 2025 | cinema indígena