O Presépio doméstico português: a dialética, o palimpsesto e a história

O Presépio doméstico português: a dialética, o palimpsesto e a história No Presépio doméstico português, a plêiade de diferentes personagens, arquiteturas e paisagens coexistem numa montagem não só dialética – entre o sagrado e o profano, o erudito e o popular, o exuberante e o espartano, o solene e o lúdico –, mas também palimpséstica, em que distintas temporalidades se vão acomodando: os antigos palestinianos atravessam os mesmos caminhos que pastores, lavadeiras e pescadores da década de 1940 (e não por acaso desta década, já lá vamos!); as casas da aldeia evocam a arquitetura tradicional portuguesa e há até uma igreja católica com uma torre sineira e um padre de batina, que integra o cortejo para ver Jesus-menino, apesar do advento do Cristianismo estar a decorrer nesse exato momento em que o estamos a ver; um soldado inglês da Primeira Guerra Mundial faz a segurança na porta do castelo de Herodes, rei da Judeia, sendo tão alto quanto o próprio castelo, que é, por sua vez, medieval! A perspetiva renascentista não tem lugar no presépio doméstico português, daí que personagens, animais, casas e árvores “flutuem” à mesma escala como que numa pintura pré-Giotto.

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30.12.2022 | por Inês Beleza Barreiros

We Don’t Need Another Hero

We Don’t Need Another Hero Breve tentativa de pensar “o herói” a partir de uma peça de roupa, que é a t-shirt interior de alças normalmente branca formely known as “wifebeater” ou Parte #1 de uma reflexão from wifebeaterism to saviourism. Como escrevia Derrida no seu “Archive Fever”, Let us not begin at the beginning, nor even at the archive. Porque que se tivéssemos de ir ao princípio teríamos de falar de Saussure e de Barthes, de Benjamin e de Simmel, e até vou faze-lo, mas não é para já.

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07.03.2021 | por Patrícia Azevedo da Silva

Vendavais

Vendavais enquanto que muitos dos nossos antepassados continuarão silenciados e anónimos para sempre, des-lembrados nos livros de História escritos pelo mesmo tipo de homens que era o seu ‘dono’, tenho sorte agora, como sua descendente, de ser capaz de ajudar a contar o futuro da sua história”. São histórias como estas que nos dão esperança de que outros ventos possam em breve soprar para varrer esses resquícios de Império para o caixote de lixo da História onde pertencem, ou para o monte de destroços que Benjamin imaginou para nós.

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20.07.2019 | por Paulo de Medeiros