Chamada de artigos para a revista DIÁLOGOS | dossiê “Imagens Interditas. Censura e criação artística no espaço Ibérico contemporâneo”

A revista DIÁLOGOS do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá (UEM) convida a todos os interessados a submeterem artigos inéditos para o seu dossiê “Imagens Interditas. Censura e criação artística no espaço ibérico contemporâneo”, a ser publicado no 1º quadrimestre de 2022. Pretende-se publicar textos de investigadores de diversas áreas do conhecimento que abordem o problema da censura às imagens tendo em consideração o contexto histórico e cultural dos países ibéricos. Serão privilegiadas abordagens interdisciplinares e atuais que se integrem nas principais questões científicas internacionais e em metodologias de trabalho inovadoras com resultados relevantes.

Qual a diferença entre as imagens que passam diante dos nossos olhos e aquelas que o imaginário produz? Quais as mais poderosas e “subversivas”? O que justifica, nesse caso, a censura? As imagens em si, os seus propósitos ou os seus usos? São as imagens que são censuradas ou o que pensamos e fazemos depois com elas? A tensão entre visibilidade e invisibilidade, entre imagem vista e imagem imaginada, endereça-nos para as complexas relações entre literatura e artes visuais.

A tentativa de controlar o discurso público legitimando certas vozes e relegando outras ao silêncio constitui um dos principais objetivos da censura. Esta está intimamente ligada ao exercício da coerção estatal com o fim de se impor uma ideologia a pretexto da proteção dos valores de uma sociedade.

Grande parte do século XX ibérico foi marcado pela censura imposta por regimes ditatoriais (em especial o Estado Novo e o Franquismo) que visavam todas as formas de expressão, principalmente a comunicação social, o cinema e a literatura. Em paralelo surgem fenómenos de resistência, seja abertamente, seja na clandestinidade, que desenvolveram movimentos como o neo-realismo em Portugal e o tremendismo em Espanha. Nesse país, após o fim da Guerra Civil, grande parte dos intelectuais emigraram, construindo, então, uma impressionante literatura de exílio, contando uma versão alternativa à História propagada pelo regime vencedor.

No quadro dos actuais regimes democráticos, a censura está aparentemente extinta no campo das artes; no entanto, internacionalmente, as denúncias que contrariam este panorama sucedem-se. Vivemos um momento intenso de censura não institucionalizada, não legislada, e, por isso mesmo, mais difícil de se quantificar, contextualizar e analisar. A dependência das instituições de arte no financiamento privado - ainda que parcial - parece legitimar a interferência na sua programação e nas suas atividades. Embora os Estados estabeleçam as regras do discurso aceitável no domínio público, isto é, no tocante a quem pode falar e ao que pode ser dito, lobbies e grupos privados, na sua associação ao poder estatal, adquiriram o poder de impor os seus próprios padrões e as suas ideologias. Este parece ser o momento exacto, no qual se torna relevante que investigadores de diversos domínios e geografias encarem o desafio de trabalhar sobre a censura contemporânea.

Abaixo encontram-se sugestões de áreas temáticas, que devem constituir ângulos inovadores de abordagem que contribuam para o avanço dos estudos sobre a censura à criação artística, na época contemporânea, em Portugal e /ou Espanha. As perspectivas em causa devem estar relacionadas com assuntos transnacionais e processos referentes à Península Ibérica no âmbito alargado do espaço lusófono e hispânico. Perspectivas disciplinares e interdisciplinares são encorajadas e os temas listados abaixo não são exclusivos:

- Censura institucional, política, social, psicológica:

* Relação dialéctica entre literatura e artes visuais

* Adaptações de livros para cinema e VS

* Cinema

* Artes visuais

* Poemas visuais

* Literatura e imprensa

* Novelas gráficas

* Imagens nos livros

* Imagens nos livros escolares

Cartoons

* Cartazes

* Livro enquanto objecto de arte

- Autocensura

- Políticas de gosto

- Condicionamento estético

- Financiamento público e Censura

 

Organizadores/Editores convidados:

 Ana Bela Morais

http://cec.letras.ulisboa.pt/en/research-team/ana-bela-morais/

Bruno Marques

https://institutodehistoriadaarte.wordpress.com/structure/sc/bm/

Isabel Araújo Branco

https://www.cham.fcsh.unl.pt/invdet.aspx?inv=IB_0375

Prazo limite para envio dos originais: 1 de Novembro de 2021

Submissão: Os artigos devem ser submetidos na seção dossiê. Aceitam-se propostas de artigos em português, espanhol ou inglês. As diretrizes para os autores e as normas para submissão e publicação se encontram na página online da revista, que pode ser acessada pelos links abaixo. Pedimos gentilmente que leiam com atenção as seções antes de submeterem os textos.

http://www.dialogosuem.com.br/

http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/about/submissions#authorGuidelines

10.08.2021 | por martalanca | censura, espanha, Imagens, Portugal

Call para revista VAZANTES v. 3, n. 1

A Vazantes – Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC, convida propostas de artigos, ensaios, ensaios visuais, escritas experimentais, entrevistas, resenhas, experimentações artísticas, intervenções e demais formatos de contribuição bibliográfica e não-bibliográfica para seu novo número: Vazantes v. 3. n. 1; Junho/Julho de 2019.

Dossiê temático: Imagens Pós-Coloniais, Anti-Coloniais e Decoloniais <<fratura interseccional>>

Editores do dossiê: Michelle Sales (UFRJ), Kaciano Gadelha e Pablo Assumpção PRAZO DE SUBMISSÃO: 01 Março de 2019 (UFC)

Performance 'The Colonial Wound Still Hurts' by Jota Mombaça, Venice, 11 October 2015Performance 'The Colonial Wound Still Hurts' by Jota Mombaça, Venice, 11 October 2015

A colonização, como forma de poder constituinte próprio à modernidade, desencadeou alucinações e paradoxos incalculáveis. Em Crítica da Razão Negra, Achille Mbembe nos ensina que a expansão territorial, econômica e política da Europa através dos vários continentes do planeta arrastou consigo um complexo de fantasias e delírios da onipotência e da imaginação europeia cujos efeitos aparentemente insondáveis coincidiram com o trabalho da morte. O poder da representação na materialidade histórica do colonialismo não se separa facilmente da captura, do esvaziamento e da coisificação dos muitos corpos encontrados pelo caminho, um escândalo que revela a força constitutiva e ao mesmo tempo devastadora dos signos, das ideias e das imagens no campo da economia política. Acreditamos que a crítica da modernidade, do imperialismo e do colonialismo permanecerá inacabada, portanto, enquanto negligenciarmos os diversos modos como a arte e a produção do sensível coincidem com a reprodução escandalosa do “alterocídio” (Mbembe, Crítica da Razão Negra), do racismo e, em última instância, da proliferação da morte como modo de governança.

É com certo atraso histórico que a reflexão sobre o colonialismo no campo das artes no Brasil assume os limites incontornáveis que agora pulsam nas veias produtivas de inúmerxs artistas brasileirxs, ainda marginalizados pelas estruturas hierarquizantes e elitistas da vida artística no país. O senso comum que sempre relegou aos povos originários, aos afrodescendentes e aos negros, o lugar esvaziado da representação/ilustração da vida brasileira é duramente questionado pela potência do debate, por exemplo, em torno da noção do “lugar de fala”. Esse conceito operativo surge no contexto do feminismo interseccional americano para reivindicar a diferença/alteridade dos sujeitos falantes – em detrimento de um sujeito que fala em nome de um saber “universal” – e para reivindicar a diferença reconhecida dos lugares de onde partem os discursos, marcados pela raça, pela classe social, pelo gênero e por outros diversos modos de “negatividade” social.

Algumas artistas e feministas negras brasileiras, como Jota Mombaça e Djamila Ribeiro esgarçam este conceito, levando o questionamento em torno do “lugar de fala” no Brasil para um debate que questiona os traumas, as fobias, os desejos e as pulsões advindas de um passado colonial e o racismo estrutural que marca a sociedade brasileira, heranças do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas oriundas de África para as Américas e o Caribe como parte do desenvolvimento do projeto moderno da exploração econômica colonizadora. A certeza de que é preciso, se quisermos romper com o complexo imaginário, simbólico e afetivo da colonização, uma rotura com o modelo colonialista patriarcal, eurocêntrico, judeu-cristocêntrico e heterossexual, move, nos dias de hoje, uma significativa parte da produção artística no Brasil com a qual queremos aqui aprofundar debates e estabelecer leituras.

De forma diferente, porém relacionada, a produção de uma série de artistas africanos move-se também na direção de temáticas e procedimentos que pretendem rever os discursos coloniais e reorganizar as referências culturais, simbólicas e afetivas que fizeram do continente africano, ao mesmo tempo, uma máquina desenfreada da significação onírica europeia e uma ferida aberta na crise moral, política e semiótica das noções modernas de responsabilidade e justiça. Em Angola, por exemplo, artistas como Kiluanji Kia Henda, Yonamine Miguel, Mónica de Miranda, dentre outros, produzem, na diáspora, olhares inquietantes desse passado colonial e, ao serem absorvidos pelo sistema das artes, impõem novos olhares, outras vozes da história e uma produção artística que redimensiona a maneira com a qual o circuito europeu relaciona-se com a arte “africana”.

O contexto cultural de disputa discursiva também se intensifica na antiga metrópole. Apesar dessas questões em solo europeu causarem repercussões distintas, é cada vez mais evidente artistas portuguesas – como Grada Kilomba, Ângela Ferreira e Filipa César, por exemplo – que se posicionam criticamente em relação ao olhar eurocêntrico e, nomeadamente, à branquitude do sistema das artes, complicando as relações culturais já esgarçadas entre a ex-metrópole e as ex-colônias.

A proposta da Revista Vazantes com o dossiê Imagens Pós-Coloniais, Anti-Coloniais e Decoloniais: fratura interseccional, é fomentar e ampliar uma discussão política do campo das artes no espaço linguístico e geopolítico dos países de língua portuguesa mas não só, capaz de fazer levantar não apenas questões estéticas prementes, como também aspectos políticos em comum, remodulando o campo da pesquisa em artes e desenhando um espaço imaginário comum. Os temas de interesse e a formas de publicação para este dossiê são múltiplos e incluem:

.Práticas e poéticas decoloniais e anti-coloniais hoje

.Relações entre África e arte: da representação, da des-fetichizaçãoArte luso/afro/brasileira e racismo
.Branquitude
.Contrametafísicas nativasFeminismos negros, indígenas e descoloniais: contranarrativas e novos espaços de produção e circulação de imagens

.O corpo e o sagrado na arte e na cultura africana e diaspórica
.Teorias e contrateorias da imagem na África e na diáspora

.Comunidades, memórias, saberes ancestrais
.Cinema negro
.Movimentos queer e anticoloniais na arte e na vidaPedagogias anticoloniais e decoloniais

A Revista Vazantes é uma publicação semestral vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Cultura e Artes, da Universidade Federal do Ceará. Normas de submissão de propostas

Propostas, dúvidas e conversas sobre este número, favor endereçar para:revistavazantes@gmail.com

PRAZO FINAL PARA SUBMISSÃO: 01 de Março de 2019

Michelle Sales: Professora Adjunta da Escola de Belas Artes da UFRJ na área de Teoria da Imagem, exerceu diversas funções na área da gestão, da extensão e da pesquisa em universidades públicas e privadas no Brasil. Desde 2014, quando foi bolsista do Programa para Investigador Estrangeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, atua também no campo das artes visuais como curadora independente e pesquisadora. É atualmente investigadora de pós-doutoramento no Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra, e coordena o seminário temático “Cinemas pós-coloniais e periféricos” da Socine, Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, além de integrar a Direção da AIM, Associação de Investigadores da Imagem em Movimento de Portugal. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Lisboa. 

Kaciano Gadelha: Sociólogo, pesquisador e curador em arte contemporânea. Foi bolsista PNPD CAPES do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC (2015-2018). Doutor em Sociologia, magna cum laude, pela Universidade Livre de Berlim. Foi docente convidado para o curso “Humilhação, nojo e repúdio no fazer social” no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional (UFRJ), em 2017. Participou de festivais, exibições e mostras de arte no Brasil e no exterior como palestrante, tais como transmediale – Festival for Art and Digital Culture (Berlin, 2014), Valongo Festival da Imagem (Santos – 2018), Mostra Motumbá – Memórias e Existências Negras (Sesc Belenzinho, SP, 2017), entre outros.

Pablo Assumpção: Professor do Programa de Pós-Graduação em Artes e da Graduação em Dança da Universidade Federal do Ceará, Coordenador Editorial da Revista Vazantes (PPGArtes UFC). Pesquisa e escreve sobre práticas de etnografia experimental, teorias do corpo, performance, espaço urbano e teorias queer. Atuou em 2017 como Global Visiting Scholar no Center for the Study of Gender and Sexuality da Universidade de Nova York. Vive e trabalha em Fortaleza, Ceará.

Equipe Editorial da Revista Vazantes:

Pablo Assumpção (Coordenador Editorial), Patrícia de Lima Caetano (Editora), Deisimer Gorczevski (Editora) e Claudia Marinho (Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC)

o v.2. n.2 (2018) da Vazantes saiu durante as férias e merece atenção. O dossiê “Políticas do Sensível: Sensorialidades, Sensualidades, Corporeidades” foi editado por Patrícia Caetano e Pablo Assumpção, professores do PPG Em Artes da UFC e traz rico material interdisciplinar para complexificar as discussões sobre estudos somáticos na pesquisa em artes.
ACESSO AQUI
Há traduções de Erin Manning, Jill Green, artigos, ensaios e proposições poéticas de Bia Medeiros e AllA Soub, Beth Pacheco (et al), Walmeri Ribeiro, Andreia Oliveira e Tania Galli, Dani Lima, Luciana Hoppe, Joana Ribeiro, Tiago Fortes, Sofia Karam, Catarina Resende, Ruth Torralba, Patricia Caetano, Carlos Alberto Ferreira, Robson Loureiro (et al), Juliano Gadelha, Mara Leal, Kaciano Gadelha, Silvia Figueroa, Kleyton Ratts, Lailah Garbeiro e Ronaldo Fortes,  Ariel Cheszes, Valéria León, Felipe Andrés e Andrea Rey.

Sobre a Vazanteshttp://periodicos.ufc.br/vazantes/about

Vol. 1 N. 1: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/566

Vol. 1 N. 2: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/567

Vol. 2 N. 1: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/703

Vol. 2 N. 2: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/760

07.02.2019 | por martalanca | Imagens, pós-colonial, vazantes