“O que está em causa não é tanto a fuga, mas sim o racismo sistémico. (…) O que está a acontecer nas fronteiras da Ucrânia, onde estudantes negros terão sido impedidos de atravessar a fronteira por funcionários aduaneiros húngaros ou polacos, para mim, não é diferente do que aconteceu no início de 2017, em Itália, quando um jovem refugiado da Gâmbia se afogou em águas venezianas sob o olhar indiferente e sob os insultos de alguns locais.”
— Dénètem Touam Bona, maio 2022
Biografia de Dénètem Touam
Nascido em Paris, de pai centro-africano e mãe francesa, Dénètem Touam Bona faz parte dos autores afropeus, de identidade fronteiriça, que procuram lançar passarelas entre mundos distorcidos, anda hoje, pela “linha de cor”. Nas suas obras e projetos, a “marronnage” (a fuga e as artes de se esquivar dos escravos) torna-se um objeto filosófico por si só, uma experiência utópica a partir da qual pensar sobre o mundo contemporâneo. Colaborador regular do Institut du Tout-Monde (dedicado à obra de Edouard Glissant), curador e autor de três livros: Fugitif, où cours-tu? (2016), Cosmopoéticas do Refúgio (2020, Brasil) e Sagesse des lianes. Cosmopoétique du refuge (2021), nos últimos anos, tem colaborado regularmente em projetos criativos, principalmente como dramaturgo. Entre essas colaborações, destacam-se dois filmes com os realizadores Elisabeth Perceval e Nicolas Klotz: “L’héroïque lande” [a terra heroica] (3:45, Shellac, 2017) e “Fugitif, où cours-tu ?” [Fugitivo, para onde corres?] (84 ‘, Arte, 2018), dedicado à “selva” de Calais. Com o seu trabalho dramatúrgico junto do diretor martinicano Patrice Le Namouric (2019), Dénètem propôs uma leitura afrofuturista e distópica (antropoceno / fascista) de Calígula, a peça de Albert Camus (https://tropiques-atrium.fr/spectacle/caligula/) Em 2020, Dénètem abordou novamente a questão do Antropoceno e o sentido da vida através de uma colaboração com a coreógrafa da Ilha da Reunião, Florence Boyer. Através do seu trabalho dramatúrgico, mobilizou figuras como a trepadeira, a sombra, a aranha, garantindo que toda a peça se entrelaça-se num jogo de cordas acionado por corpos transfigurados (http://www.artmayage.fr/album/demaye/) No seu último projeto de criação, “A sabedoria das lianas”, uma exposição coletiva (19 de setembro de 2021 - 9 de janeiro de 2022) no Centre Internationale d’Art et du Paysage de Vassivière, da qual foi curador, Dénètem procurou implementar um “refúgio cosmopoético”.
Num mundo que continua a erguer fronteiras, em que a atual situação ecológica se extrema e em que fluxo de pessoas não cessa, Dénètem Touam Bona reflete sobre a necessidade de fuga e refúgio, na perspetiva de todos os viventes, e não só dos humanos.
Nesta composição em fuga em modo menor - a expressão que Dénètem prefere para se referir às suas intervenções - o foco estará na necessidade de repensar o que é o refúgio num mundo que continua a erguer muros e a controlar movimentos de formas cada vez mais sofisticadas.
Dénètem Touam Bona é um pensador com identidade fronteiriça que procura construir pontes entre mundos. Colaborador regular do Institut du Tout-Monde (dedicado à obra de Edouard Glissant), curador e autor, Dénètem faz da “marronnage” (a fuga e as artes da esquiva dos escravos) um objeto filosófico, uma experiência utópica a partir da qual pensar sobre o mundo contemporâneo.
Pequeno Auditório
Entrada gratuita - com levantamento de bilhete 30 min. antes do início da sessão (sujeito à lotação da sala)
Duração 2h
Em francês com tradução simultânea para português
19 MAI 2022
QUI 18:30
Culturgest