Em Fluxo - 3 a 5 de abril

3 de Abril, 18h30 Biblioteca de Marvila 

PRÁTICAS DE ATENÇÃO EM PROCESSOS DE CRIAÇÃO NA CENA EXPANDIDA CASSIANO SYDOW QUILICI Professor de teatro e performance, Instituto de Artes da UNICAMP, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo

Apresentação de práticas de atenção enquanto dispositivos de interrupção e transformação de hábitos perceptivos e existenciais, abrindo-se espaço para a emergência de processos criativos configurados de diferentes maneiras. Discussão das dimensões micro-políticas de tais exercícios. 

SUSPENSÃO E EQUILÍBRIO. RITUAIS DE PERFORMATIVIDADE NA HISTÓRIA DO BALOIÇO JAVIER MOSCOSO Professor de história e filosofia da ciência, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Madrid.

Esta conferência explora a utilização do baloiço e da dança através da história. Da Antiguidade grega à China pré-imperial até ao mundo contemporâneo, baloiçar tem sido uma forma notável de subverter a ordem social e natural. Abordarei a correlação entre oscilação, suspensão e sexo como parte de uma teoria performativa das emoções. Apesar de ser considerado hoje uma brincadeira de crianças, as origens e usos do baloiço têm raízes mais profundas. 

4 de Abril, 18h30, Museu da Água

PAUSA E(M) EBULIÇÃO: A REATIVAÇÃO DAS FLUTUAÇÕES DE FLUXO EM PROCESSOS SOMÁTICO-PERFORMATIVOS CIANE FERNANDES Performer e professora titular da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, Salvador

Apresentação de processos, procedimentos e criação de sentidos a partir do Movimento Autêntico, em conjunção com sistemas de análise movimento advindas de Rudolf Laban, em especial a Análise Laban/Bartenieff de Movimento e o Perfil de Movimento de Kestenberg. Processos de criação coreográfica baseados em princípios como reativação de fluxos e ritmos, ao invés de fragmentos e montagens, enfatizam a coerência interna e transformam congelamento pós-traumático em cena pulsante, conectando realização e análise, arte e vida.

CENÁRIOS EMARANHADOS: CORPOS IMATERIAIS, AFECTOS E PERFORMANCE* LISA BLACKMAN
Professora de estudos de corpo, media e teoria da cultura, Goldsmiths – Universidade de Londres 
*conferência em inglês, sem tradução

Discutirei a distinção entre “empoderamento” (empowerment) e “desempoderamento” (disempowerment), central no trabalho de Lauren Berlant para pensar sentimentos públicos e afectos, a partir de noções de fluxo usadas pela psicologia positiva, frequentemente ligadas ao desenvolvimento pessoal e ao empoderamento, à criatividade e aos afectos positivos. Contrastarei esta ênfase na positividade com o conceito de desempoderamento como estratégia de reconfiguração dessas noções. Esta conferência incidirá sobre o arquivo de experiências que são consideradas estranhas, desconcertantes ou invulgares e que, de diferentes modos, resituam fronteiras e limites entre o self e o outro, o interior e o exterior, o material e o imaterial, o público e o privado, o humano e o tecnológico. 

5 de abril - 18h às 20h - Teatro D. Maria II 

O Jogo da Glória – Flow  Sentimentos Públicos, Cidadania e Europa

Com: Anabela Rodrigues (coordenadora do Grupo de Teatro do Oprimido), Daniel Tércio (professor e crítico de dança), Raquel Freire (cineasta), Rui Pina Coelho (professor e dramaturgo), Rui Tavares (historiador/candidato ao PE pelo LIVRE).
O Jogo da Glória – Flow é um dispositivo para debate, com o objectivo de chegar mais rápido a novas questões sobre sentimentos públicos e o modo como o fluxo, determinado por forças culturais e políticas, molda e condiciona o nosso contacto com o mundo. Qual o nosso posicionamento nesse fluxo? Como identificar a construção cultural do medo e da raiva em conflitos sociais? Como ultrapassar a vergonha como legado histórico? Como actuar perante situações de desigualdade de género? Como reconhecer as intenções escondidas num mar de afectos?  O conjunto de perguntas a que os jogadores terão de responder a cada lance de dados será elaborado ao longo dos encontros e incluirá a participação do público (presente e online).
O KIT do Jogo da Glória – Flow (tabuleiro, regras e perguntas) estará disponível para download gratuito em www.performativa.com

ENTRADA GRATUITA MEDIANTE INSCRIÇÃO PARA: FLUXOSENTIMENTOSPUBLICOS@GMAIL.COM

31.03.2019 | par martalanca | Ana Pais, Em Fluxo

Residência Artística UPCYCLES - mobilidade nos PALOP

Iniciativa de incentivo à criação artística, à mobilidade e ao intercâmbio entre artistas emergentes dos PALOP, cuja 1.ª edição se realiza em 2019. Durante um período de 2 meses, num regime de desenvolvimento à distância, seguido de 10 dias intensivos de finalização e montagem, os participantes serão orientados para a concepção e criação de obras multimédia que “reciclem” imagens do arquivo audiovisual destes países e proporcionem novas interpretações da História e da Memória, a elas associadas, criando novas narrativas. O trabalho será acompanhado por dois formadores principais e por uma tutora e equipa técnica de apoio às questões de exibição dos trabalhos desenvolvidos. Os últimos 4 dias do programa são dedicados, exclusivamente, à montagem de uma exposição e sua inauguração pública, a 7 de Setembro de 2019, no espaço da Fortaleza de Maputo. 

Objectivos Fomentar a criação de uma rede de artistas emergentes dos PALOP;  Estimular o reconhecimento e a visibilidade internacional do trabalho autoral dos participantes; Incentivar a mobilidade de artistas e obras de arte; Promover a formação avançada ao nível da concepção, desenvolvimento e edição de projectos multimedia; Proporcionar um espaço dedicado de criação, diálogo e partilha entre artistas profissionais e emergentes, dos PALOP e lusófonos; Proporcionar o contacto dos participantes com curadores e educadores internacionais de destaque no âmbito da arte contemporânea Africana e Lusófona; Promover o conhecimento, o acesso e a reutilização dos arquivos audiovisuais dos PALOP e que a eles façam referência; Advogar pela urgência dos processos de preservação e conservação destes arquivos; Promover o emprego e a profissionalização do trabalho artístico.

Destinatários  Artistas visuais emergentes, dos PALOP, que desenvolvam a sua prática artística em campos vários de execução multimédia e que apresentem um ante-projecto para a re-utilização de recursos de arquivos audiovisuais públicos e/ou privados.

Candidaturas  A inscrição é feita via formulário online:

No formulário será solicitado o envio de dados pessoais e os seguintes documentos: Scan do Documento de Identificação; Portfólio em formato PDF (ficheiro não superior a 10MB); CV; Carta de Motivação; Ante-projecto; Link ou website para trabalhos anteriores;

Período de candidatura  30 de Março a 15 de Maio de 2019 

Divulgação dos resultados  25 de Maio de 2019 

Elementos do júri  Diana Manhiça (AAMCM), Ângela Ferreira (artista/formadora), Alda Costa (DC-UEM)

Número máximo de participantes Até 7 artistas emergentes dos PALOP, sendo 4 de Moçambique. 

Formadores Residência Criativa 2019 Ângela Ferreira (Portugal/África do Sul) e Maimuna Adam (Moçambique)

Tutoria Técnica e Montagem Diana Manhiça e Leonardo Banze (AAMCM - Moçambique) 

Condições de participação para os artistas dos PALOP* Oferta de 100% do valor da viagem internacional (até 800€), alojamento, apoio à alimentação e 100€ para materiais necessários à montagem exposição.  

Condições de participação para os artistas de Moçambique*  Oferta de apoio à alimentação e 150€ para materiais necessários à montagem exposição.

Todos os participantes deverão estar totalmente disponíveis durante os dias de formação à distância e presencial, o período de concepção do projecto e a apresentação dos resultados em exposição. 

Mais informações através do link

Qualquer pedido de esclarecimento deve ser enviado para: upcycles2019@gmail.com 

Organização 

AAMCM - Associação dos Amigos do Museu do Cinema em Moçambique

Principal Entidade Financiadora  Fundação Calouste Gulbenkian 

Parceiro Institucionais Nacionais Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema

Fortaleza de Maputo - Direcção de Cultura da UEM

Centro Cultural Franco-moçambicano

Camões - Centro Cultural Português - Maputo

Parceiro Comunicação RTP África e RDP África

Parceiros Locais ZOOM - Produção Gráfica e Vídeo

* A AAMCM está empenhada em colaborar com os participantes para garantir a finalização das obras e o acesso a imagens de arquivo e poderá apoiar neste processo com o envio de carta-convite e o contacto com instituições parceiras. 

Biografias 

Associação Amigos do Museu do Cinema em Moçambique A AAMCM é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2016, que se dedica à pesquisa e comunicação sobre a(s) História(s) do Cinema em Moçambique. Anualmente, a AAMCM realiza um Seminário Internacional e uma Exposição Anual  Temporária, cujos temas vão compondo a base de dados de um futuro Museu Digital online. Este trabalho, com um objectivo essencialmente educativo, é realizado através de actividades que incluem estudantes e docentes de diferentes graus de ensino e aventura-se agora numa iniciativa de fomento à criação, através da reutilização do património dos arquivos audiovisuais dos PALOP.

Ângela Ferreira (1958) é uma artista plástica nascida em Moçambique, que cresceu e estudou na Cidade do Cabo (África do Sul) e, actualmente, vive e trabalha em Lisboa. Licenciou-se em escultura e obteve o seu Master of Fine Arts (MFA) na Michaelis School of Fine Arts, Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul. É doutorada pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa onde também lecciona. site da artista

Diana Manhiça (1975) é artista audiovisual, realizadora, produtora e curadora luso-moçambicana que reside e trabalha em Moçambique onde dirige o KUGOMA - Fórum de Cinema Moçambique, e preside à AAMCM que criou o projecto Museu do Cinema. Colabora na produção e consultoria para eventos e acções de formação ligados ao cinema. Coordenou a realização do Concurso Curtas PALOP-TL, em 2017/2018.

Completou o Bacharelato em escultura e é finalista de Mestrado em comunicação educacional e media digitais, na Universidade Aberta, em Portugal. 

http://kugomashortfilms.wixsite.com/kugoma

http://museucinemamoz.wixsite.com/museu-cinema-moz

Maimuna Adam (1984) é uma artista visual moçambicana que cresceu entre o país, a Suécia e a Suazilândia. Completou a licenciatura em Belas-Artes na Universidade de Pretoria, na África do Sul em 2008. Leccionou desenho no ISArC (Moçambique) entre 2010 e 2012. Participou em diversas exposições e bienais em Moçambique, Lisboa, Vitória, São Paulo, São Tomé, Bruxelas, Pretoria, Bayreuth e Le Port. Recebeu o prémio CPLP da PLMJ para um projecto de vídeo arte.

Trabalha com meios tão diversos como o papel e o vídeo e a sua temática é a migração e o acto de viajar.

Reside e trabalha a partir do Reino Unido.

https://maimunaadam.wordpress.com

Cronograma da Residência Criativa UPCYCLES 2019

Os 7 artistas seleccionados serão informados no dia 26 de Maio recebendo uma carta convite (para pedido de visto e outros procedimentos) e devem confirmar a sua total disponibilidade, enviando a cópia dos seus documentos pessoais actualizados até ao dia 30 de Maio, e um Termo de Compromisso assinado.

O módulo à distância tem início a 1 de Junho 2019.

a) Desenvolvimento de Projecto

MÓDULO DE TUTORIA À DISTÂNCIA

Este módulo consiste num processo de tutoria para o desenvolvimento da parte conceptual dos projectos assim como o desenho de uma proposta de execução.

Será dividido em 2 fases; sendo o início de cada fase marcado por um encontro Skype geral - os 7 artistas, os 2 formadores e a organização. No primeiro desses encontros, a 1 de Junho, serão agendados os restantes.

O processo de tutoria complementa-se, nesta fase, pela definição de metas e a entrega da documentação definida para cada meta, sobre a qual as tutoras emitirão um parecer com recomendações de seguimento, após o que, cada artista terá uma reunião Skype individual para esclarecimentos.

b) Finalização e Montagem de Projecto

MÓDULO DE TUTORIA PRESENCIAL

Este módulo consiste num processo de tutoria para a finalização e montagem/integração da obra no local de exposição. Será realizado de forma presencial, em Maputo, entre 26 de Agosto a 7 de Setembro, com acompanhamento diário das duas tutoras, culminando com a inauguração da exposição, a 7 de Setembro, pelas 18h30, na Fortaleza de Maputo.

A presença dos (as) artistas na inauguração é obrigatória.

Durante a fase presencial, que decorrerá nas instalações do Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema, os (as) artistas terão apoio técnico para a finalização de processos de edição de conteúdos audiovisuais e para o transporte e a montagem de quaisquer estruturas necessárias à exposição da obra.

Para além do apoio orçamental para materiais, cada artista poderá recorrer a 1 ecrã TV ou 1 projector de vídeo, fornecidos pela organização, para a exibição do material audiovisual no espaço de exposição.

O organização envidará esforços para apoiar os (as) artistas caso seja necessário algum material ou equipamento adicional fora do previsto, mas não pode garanti-lo.

30.03.2019 | par martalanca | ângela ferreira, cinema, PALOP, residências

terceira e última versão de "coisas de lá / aqui já está sumindo eu"

ARQUIVO MUNICIPAL FOTOGRÁFICO DE LISBOA 28 MARÇO - 18H

“Conversas Foto-fílmicas” são momentos de diálogo entre artistas e investigadores das áreas da Fotografia e do Cinema e o público. Procurámos um território comum, para que todos possam sentir-se em casa: o Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico.
As convidadas deste ciclo serão Ana Gandum e Daniela Rodrigues. A moderação estará a cargo de Marta Vilar Rosales (ICS – ULisboa).
coisas de lá / aqui já está sumindo eu parte de duas investigações académicas distintas, com um universo de pesquisa comum: a circulação de coisas [objectos e fotografias] no contexto transnacional de migrações portuguesas para o Brasil.
Num primeiro momento, o projecto consistiu numa instalação de objectos pessoais trazidos de Portugal para o Brasil, diários de campo, diapositivos, narrativas e impressões fotográficas. A instalação decorreu de 6 a 8 de Outubro de 2016 na #8 Monográfica da galeria Saracvra, no Rio de Janeiro e foi acompanhada de uma publicação. Esta explorava o conceito de catálogo como elemento compósito, documental e classificatório das coisas em análise: objectos que circularam nas malas de portugueses em trânsito entre Portugal e o Brasil entre 2015 e 2017 / souvenirs fotográficos na trama de correspondência entre os dois países até inícios da década de 1970.
Qual fichário em aberto, a primeira versão da publicação previa o encarte de textos adicionais e a integração contínua de novos itens em fichas catalográficas. A 11 de Março de 2017 uma versão ampliada com novas fichas foi lançada no Arquivo 237, no âmbito da FACA – Festa de Antropologia e Cinema, em Lisboa. Aí, um dos exemplares foi desmontado e as suas fichas catalográficas dispersas pelos visitantes.
Publicamos agora a terceira e última versão de coisas de lá / aqui já está sumindo eu. A esta foram acrescentados novos textos, sendo algumas das fichas anteriores substituídas ou alteradas.
O livro tem o apoio da livraria STET e estará em pré-venda neste evento.
Moderadora: Marta Vilar Rosales (ICS – ULisboa)
Entrada gratuita, sujeita ao número de lugares disponíveis.
O ciclo “Conversas Foto-fílmicas” é uma iniciativa do ICNOVA - Observatório de Estudos Visuais e Arqueologia dos Média, do GI de Cultura, Comunicação e Artes em parceria com o Arquivo Municipal de Lisboa.
Link Facebook: https://www.facebook.com/events/390194265096021/
STET - livros & fotografias18h30 - 20h30 Rua Acácio Paiva, 20 A, Lisboa
Lançamento “Coisas de lá / aqui já está sumindo eu”
Ana Gandum & Daniela Rodrigues
FICHA TÉCNICA
Título: coisas de lá / aqui já está sumindo eu III
Autoras: Ana Gandum e Daniela Rodrigues
Organização: Adriano Mattos Corrêa, Ana Gandum e Daniela Rodrigues
Edição: Escola de Arquitetura UFMG, Belo Horizonte, Brasil
Ano: 2018
Projecto Gráfico: Ana Cecília Souza, André Victor e Rita Davis
Ilustrações: Daniela Rodrigues
Formato: 10,5 x 15cm
Tipologia: Circular STD e Sabon
Papel: Kraft 200g (capa); Pólen Bold 90g e Pólen Soft 70g
Número de Páginas Finais: 205
ISBN: 978-85-98261-12-6
Impresso na Guide, 2018
Publicação afecta a duas pesquisas financiadas pela FCT
BIOS:
Ana Gandum (n. Évora, 1983) é uma historiadora e fotógrafa que pesquisa a história das imagens fotográficas e cultura material. Dedica-se à escrita de textos independentes e académicos e à pesquisa em arquivo, assim como a exposições com fotografias, objectos e publicações que frequentemente recorrem a fotografia vernacular. Concluiu recentemente um Doutoramento em Estudos Artísticos - Arte e Mediações pela Universidade Nova de Lisboa - FCSH, sobre fotografias enviadas como recordações nas correspondências entre portugueses migrados no Brasil e seus familiares em Portugal.
Daniela Rodrigues (n. Lisboa, 1984) é Antropóloga e Ilustradora. Está a terminar um Doutoramento em Políticas e Imagens da Cultura e Museologia onde estuda a relação entre pessoas e objectos do quotidiano em contextos de mobilidade migratória entre Portugal e o Brasil. Interessa-se sobretudo sobre os campos da cultura material e do desenho etnográfico.
Link Facebook:https://www.facebook.com/events/2188088004580851/permalink/2188168034572848/

26.03.2019 | par martalanca | coisas de lá / aqui já está sumindo eu

Apresentação Orlando e o Tambor Mágico, de Alexandra Lucas Coelho

Vamos fazer uma festa na apresentação da nova aventura de Orlando, o menino de carapinha ruiva! Quem quer vir fazer desenhos e ouvir histórias?

25.03.2019 | par martalanca | Alexandra Lucas Coelho, literatura infantil, orlando

Castiel Vitorino Brasileiro curadoria de Jota Mombaça I Galeria BUALA

Aglutinar e Redistribuir. Castiel Vitorino Brasileiro. Fotografia digital, 2019Aglutinar e Redistribuir. Castiel Vitorino Brasileiro. Fotografia digital, 2019“Aqui foi o Quilombo do Pai Felipe” de Castiel Vitorino Brasileiro

17 DE MARÇO DE 2019

Bicha,

A história tem, de fato, nos exigido crueldade.

A ingenuidade perante as formas do poder não é um luxo ao qual nos podemos dar.

Não se sobrevive a uma guerra fingindo simplesmente que os canhões não estão apontados, que não há arame farpado nas ruas e que os cães de guarda não enxergam sua mira em nosso pescoço.

Eu sei que você sabe do que estou falando.

Nós ouvimos o ruído das bombas despencando céu abaixo e vimos muita gente desaparecer em muito pouco tempo.

Nós corremos em direção ao apocalipse porque sabíamos que ele ia nos pegar de qualquer jeito.

E chega dessa conversa de ficar surpresa a cada vez que o caldo entorna.  Você tem razão: a história tem exigido crueldade, porque vimos tudo isso vindo.

Eu sei que você sabe que a nossa experiência do tempo - de formas mais ou menos desastrosas - tropeça entre temporalidades sempre muito distintas, e que por vezes somos arrastadas por velhas correntes, tornamo-nos habitantes compulsórias de um passado que se atualiza.

A matéria orgânica do nosso corpo é acostumada a esses sobressaltos.

Toda bicha preta viva deve estar atenta como condição de estar viva. Essa regra nós não inventamos, mas há forças e saberes que só poderiam ter emergido do fato de termos sido submetidas a ela.

Há algo no que estamos fazendo que não pode ainda ser apreendido nem por nós mesmas nem pelas gentes e coisas que nos cercam.

Por isso não há linguagem para descrever a força que me arrasta até o seu trabalho, mas também não há nada por desvendar. Nós ouvimos os sussurros e nos dedicamos a montar e desmontar o quebra-cabeça..

Um manjericão roxo plantado na sua garganta, uma raiz costurada com tinta vermelha. Eu não me interesso pelo significado dessas imagens, mas pelas profecias que tem nelas. Em outras palavras: não é o significado, mas o sussurro que me motiva. O que eu consigo ler não é o foco, pois a nossa conversa está no ilegível.

Muito intuitivamente eu diria que posso sentir de longe a vibração que viaja no tempo e se manifesta no seu quarto de cura.

Mas por que os olhos ainda doem?

Nós entendemos o recado e sabemos que vamos testemunhar uma época brutal, mas quais épocas não foram brutais conosco?

Depois de ser esquartejado, o corpo jamais retorna a seu estado íntegro, de modo que o nosso corpo - esquartejado intergeracionalmente - é testemunha do fato de que a integridade se constitui na aliança. Que nossos corpos partidos encontram extensão e órgão uns nos outros e nas coisas - nas flores, na terra.

Jamais fomos humanas e por isso podemos ser flor e merda e sagradas.

A saúde elegida pelo Império que rege o mundo como conhecemos é o patógeno.

Se nós enxergamos a cura, é porque dos nossos olhos foram arrancadas todas as capas que mascaravam o mundo e a sua integridade.

Para nós nada é íntegro. Isso é a história a exigir-nos crueldade.
Nós enxergamos a cura, e enxergamos na cura o limite do mundo que nos foi dado.

Sabemos que a semente disso está para florescer agora.

Somos a anunciação em cada gesto.
Merdas e sagradas.
Aqui foi o Quilombo do Pai Felipe.

Com Carinho,
Jota Mombaça

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23.03.2019 | par martalanca | Castiel Vitorino Brasileiro, Jota Mombaça

OFICINAS DO BUALA em BISSAU

4, 5 e 6 de abril - abertas ao público (12 participantes)

no Centro Cultural Português. Av. Cidade de Lisboa. Bissau

JORNALISMO CULTURAL E CULTURA VISUAL com Marta Lança e João Ana. 4 e 5 de abril 16h - 20h

Apresentação do portal BUALA, sua dinâmica e conteúdos. Jornalismo cultural enquanto mediação cultural, em ambiente digital, interdisciplinar e colaborativo. Reflexão através de objectos artísticos nas suas diversas manifestações e formatos: entrevista, críticas, recensões, ensaios. Os circuitos artísticos - criação e condições de produção - nos países de língua portuguesa.

Prática: Leitura e discussão de dois artigos do BUALA. Mostra de excertos de filmes (conceitos sobre cinema e imagem) para discussão. Propostas para conteúdos (artigos ou vídeos) dos participantes, com nosso acompanhamento, sobre aspetos da cultura guineense a serem publicados no BUALA. 

Alexandre Diaphra (Birú)Alexandre Diaphra (Birú)A PALAVRA E A SUA PERFORMANCE com Alexandre Diaphra (Birú). 6 de abril a 10h-13h Esta oficina pretendemos explorar o uso da palavra em termos de comunicação/expressão, aliada à criatividade. Aqui a palavra tem espaço para ser desenhada, pintada, cantada, transformada. E espaço até para ganhar outro significado, expressar uma outra ideia que não a inerente, ser inventada. O objetivo é criar familiaridade com a palavra, explorando a relação entre as duas, através da arte e da sua performance, na fala, na escrita e na leitura. A palavra como ferramenta que permite comunicar/expressar e experimentar o Eu, criativamente, através de ideias/pensamentos e dos sentimentos – emoções e vontades

17h-20h - apresentação de SLAM POETRY (concurso de poesia performada) pelo artista e participantes

Para participação por favor enviar nome e três textos de autor que pretendam apresentar no evento. Ou simplesmente, tragam alguma coisa de casa e apareçam!

INSCRIÇÕES Envie nome e um parágrafo sobre o seu perfil profissional e de interesses e em que dias pode participar para buala@buala.org  (podem partcipar só numa ou em ambas).

contacto de whatsapp +351934728061 

Passados 9 anos de atividade regular, o portal BUALA é um crescente arquivo de reflexão e de intervenção sobre questões pós-coloniais e do sul global. Tendo colaboradores e leitores no mundo inteiro, defende a interdisciplinaridade e a variedade de linguagens escrita e visual (do ensaio teórico ao jornalismo, passando por exposições virtuais), para que os discursos e olhares se contaminem nessa polifonia e transnacionalidade. Numa linha editorial muito abrangente, grande quantidade dos artigos produzidos para o BUALA versam sobre aspectos da história e da cultura de países africanos e da América Latina, abordando, entre outras, questões das continuidade coloniais, políticas de memória, urbanismo e expressões artísticas contemporâneas.  

Com esta oficinas, pretendemos reforçar a colaboração com três países africanos: Cabo Verde, Guiné Bissau e Congo, pela riqueza cultural que é gerada nos seus contextos e pela escassez de trabalhos sobre os mesmos no portal BUALA. Queremos, assim, ampliar os “lugares de fala” deste portal internacional.

Objetivos das oficinas 

  1. Internacionalização do BUALA. 
  2. Dar a conhecer o portal junto de novos públicos.
  3. Promover debate e troca de ideias entre realidades artísticas da CPLP.
  4. Produzir material escrito e visual para o portal com os participantes. 
  5. Convidar novos colaboradores para o BUALA.
  6. com apoio da Corubal, do Centro Cultural Português e da Dgartes.

MARTA LANÇA  Lisboa (1976). Jornalista, programadora, tradutora, pesquisadora e editora. Licenciatura em Estudos Portugueses, doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH-UNL com bolsa da FCT. Criou as publicações independentes: V-ludoDá FalaJogos Sem Fronteiras e, desde 2010, é editora da plataforma BUALA. Escreveu para várias publicações em Portugal e em Angola. Traduziu livros de  francês, nomeadamente de Achille Mbembe. Em Luanda colaborou com a 1ª Trienal de Luanda, com o Festival Internacional de Cinema e lecionou na Universidade Agostinho Neto, em Maputo com o Dockanema e fez vários projetos no Brasil. Programou Roça Língua, encontro de escritores lusófonos (S. Tomé e Príncipe 2011); com Rita Natálio, concebeu o programa Expats para o FITEI (2015); o ciclo Paisagens Efémeras dedicado a Ruy Duarte de Carvalho (Lisboa, 2015); o programa Vozes do Sul para o Festival do Silêncio (2017); conferências do projeto NAU! Do TEP (2018) e, com Raquel Lima e Raquel Schefer, o ciclo ‘Para nós, por nósprodução cultural africana e afrodiaspórica em debate’ (CEC,FL-UL 2018). Fez pesquisa e produção nas séries Eu Sou África (RTP2 2010), Triângulo (Portugal, Brasil e Angola2012), No Trilho dos Naturalistas (Terratreme 2012-16) e colaborou no guião do filme Amanhã de Pedro Pinho (em rodagem).  

JOÃO ANA Moçâmedes (1979). Músico, artista, vídeo, produtor. Frequentou, de 2001 a 2009, o curso de Novas Tecnologias da Comunicação, em Aveiro. Como artista, trabalha num campo abrangente, com amplas influências estéticas, temporais e latitudinais: em música, vídeo, cinema, produção, curadoria e texto. Foi artista, co-curador e produtor de edições do projeto Fuckin’ Globo (2015, 2016, 2017 e 2018), projeto de um coletivo de artistas, que acontece em Luanda. Apresentou como convidado, em 2013, a performance sonora “Celebrating Life by Slowing Down Perception”, na Trienal de Arquitetura de Lisboa. De 2014 a 2016, trabalhou no Rede Angola, como produtor/editor de vídeo e jornalista. Alguns trabalhos: Câmara/Edição: Aline Frazão - “Insular” | RA 2015 ; Filme/Curta Experimental: Há Um Zumbido, Há Um Mosquito, São Dois de Ery Claver Música: João Ana, Edição: João Ana FG III (2017)I  Check In, APDES, Festival Neopop, 2017, Câmara/edição. 

 ALEXANDRE DIAPHRA (Birú) Lisboa (1980). Rapper, Poet, Beatmaker and Multimedia Artist. Tem raízes na Guiné-Bissau e em Angola. Ganhou o Prémio no Poetry Slam em Portugal e ficou em terceiro lugar na competição da América Latina no Rio de Janeiro (2014).  O seu trabalho anda à volta da visão das influências do passado tradicional e de um futuro imaginado, através de instrumentos e samples e incorporando o imaginário através de experimentação em vídeo e fotgografia. Tem colaborado regularmente como vocalista com o projeto Batida, e lançou em 2015 o seu Diaphra’s Blackbook of Beats sob nome de Alexandre Francisco Diaphra com a Bazzerk/Mental Groove Records. 

    

22.03.2019 | par martalanca | Alexandre Biaphra, Bissau, João Ana, joranlismo cultural, Marta Lança, oficinas Buala, spoken word

IMAGINÁRIOS PÓS-COLONIAIS E DESOCIDENTALIZAÇÃO DA ARTE

CONVITE | 28 Março | NOVA FCSH | 18H00 CICLO DE DEBATES “NARRATIVAS AFRO-EUROPEIAS” Av. de Berna 26 C Torre B, Aud 1 ENTRADA LIVRE
Algumas práticas artísticas das últimas décadas têm contribuído muito significativamente para a investigação e crítica dos imaginários coloniais e para a construção de um pensamento pós-colonial. A valorização de outras culturas e de outros imaginários, nomeadamente interculturais e de mestiçagem, têm também aberto caminho à desconstrução do universalismo e primordialidade da arte do ocidente. Contudo, algumas codificações da arte contemporânea, assim como as suas práticas de enquadramento (museus, bienais, mercado da arte), vão sendo ao mesmo tempo replicados em várias partes do mundo. Estará a arte ocidental em vias de perder o seu olhar e lugar dominantes ou estará ela em vias de se globalizar?
Conversa com:
Ana Balona de Oliveira (investigadora, NOVA FCSH - IHA)
Ângela Ferreira (artista)
Delfim Sardo (curador, Culturgest)
Francisco Vidal (artista)
Vasco Araújo (artista)
Moderação: Maria Teresa Cruz (FCSH - ICNOVA)
Organização: Projeto AFRICAN-EUROPEAN NARRATIVES
NOVA FCSH | ICNOVA - Instituto de Comunicação
NEAL – Núcleo de Estudantes Africanos e Lusófonos (AE NOVA FCSH)
NEA – Núcleo de Estudantes Africanos (AE FCT-UNL)
Av. de Berna, 26 C, 1069-061 Lisboa | Telef. 21 790 83 00
info@africaneuropeanarratives.pt | http://africaneuropeanarratives.eu

20.03.2019 | par martalanca | imaginários, Projeto AFRICAN-EUROPEAN NARRATIVES

Contar Áfricas com...música!

Uma visita conversada com Cristina Sá Valentim, cujos estudos se têm concentrado no designado Folclore Musical Indígena organizado entre 1940 e 1970 pela ex-Companhia de Diamantes de Angola, a Diamang, e com Braima Galissá, professor e mestre griot do kora, instrumento musical presente também na nossa exposição, escolhido pela Djass – Associação de Afrodescendentes.
 A sessão é às 11h de domingo, 24 de Março. 
Entrada gratuita, mediante marcação prévia através do 213 031 950 ouinfo@padraodosdescobrimentos.pt

20.03.2019 | par martalanca | Contar Áfricas!

21 a 24 Março - Apresentação do livro «Colapso» com o autor, Carlos Taibo

APRESENTAÇÃO DO LIVRO COLAPSO, DE CARLOS TAIBO
versão portuguesa co-editada por Jornal Mapa e Letra Livre

PORTO 21 Março. 21H. Gato Vadio
Apresentação do livro, conversa com o autor e conversa sobre descrescimento e autonomia com a Rede pelo Descrescimento. +info

LISBOA 22 Março. 21H. RDA49
Apresentação do livro e conversa com o autor. +info 

MONTEMOR-O-NOVO 24 Março. 15H. Oficinas do Convento
Apresentação do livro, conversa com o autor e conversa sobre o Jornal Mapa com membros do colectivo. +info 


 

CARLOS TAIBO

Para além de ser professor de Ciência Política na Universidade Autónoma de Madrid, Carlos Taibo é um dos mais activos autores libertários da actualidade. Entre os seus interesses, aparecem destacadas as questões do Decrescimento e a análise do colapso social, económico e ambiental. O colapso não é um acontecimento do futuro mas antes um processo já plenamente instalado nas nossas sociedades industriais. Em contraste com outros autores, Taibo propõe-se explicar, com a máxima clareza possível, as causas e os processos que apontam hoje um colapso global. É esse o intento do livro cuja edição portuguesa será apresentado nesta sessão: Colapso. Capitalismo terminal, Transição ecossocial, Ecofascismo.

 

 

19.03.2019 | par martalanca | Colapso, jornal Mapa

21 a 24 Março - Apresentação do livro «Colapso» com o autor, Carlos Taibo

APRESENTAÇÃO DO LIVRO COLAPSO, DE CARLOS TAIBO
versão portuguesa co-editada por Jornal Mapa e Letra Livre

PORTO 21 Março. 21H. Gato Vadio
Apresentação do livro, conversa com o autor e conversa sobre descrescimento e autonomia com a Rede pelo Descrescimento. +info

LISBOA 22 Março. 21H. RDA49
Apresentação do livro e conversa com o autor. +info 

MONTEMOR-O-NOVO 24 Março. 15H. Oficinas do Convento
Apresentação do livro, conversa com o autor e conversa sobre o Jornal Mapa com membros do colectivo. +info 

 

CARLOS TAIBO

Para além de ser professor de Ciência Política na Universidade Autónoma de Madrid, Carlos Taibo é um dos mais activos autores libertários da actualidade. Entre os seus interesses, aparecem destacadas as questões do Decrescimento e a análise do colapso social, económico e ambiental. O colapso não é um acontecimento do futuro mas antes um processo já plenamente instalado nas nossas sociedades industriais. Em contraste com outros autores, Taibo propõe-se explicar, com a máxima clareza possível, as causas e os processos que apontam hoje um colapso global. É esse o intento do livro cuja edição portuguesa será apresentado nesta sessão: Colapso. Capitalismo terminal, Transição ecossocial, Ecofascismo.

 

 

19.03.2019 | par martalanca | Colapso, jornal Mapa