CAMPO DE TREINO: O QUE FAZER JUNTO?

18-22 Outubro 2021, 10h-18h, Beato (Lisboa)
Inscrições abertas até 30 de Setembro.12 vagas. Participação gratuita. Inclui almoço.


A SOS Racismo aliou-se a um grupo de activistas, pessoas da produção cultural e artistas para propor um projecto colaborativo e horizontal de auto-formação anti-colonial, antirracista e contra todos os tipos de discriminação e opressão de pessoas LGBTQIA+, com diversidade funcional e outras vítimas da violência heteropatriarcal branca. Pretende-se aqui reflectir sobre o papel que cúmplices e aliades branques/cis/hetero (etc.) podem ter no combate à discriminação e à violência. Este encontro interseccional inspira-se em modelos de “campos de treino” políticos, do passado e do presente, como espaços de auto-formação militante e de reflexão colectiva. 

Este encontro intensivo reunirá cerca de 10 participantes, acompanhades por um grupo diverso de intervenientes, durante cinco dias inteiros (10h-18h). Serão analisados coletivamente estudos de caso em torno de situações de violência, com o objetivo de imaginar possíveis estratégias para contornar ou combater essa mesma violência. Através da leitura, escuta, performance, exercícios, métodos de reparação, auto-investigação e análise militante colectiva… vamos procurar respostas a perguntas difíceis, não só para as comunidades afectadas pela violência e discriminação, mas para a sociedade no geral: Qual o papel de cada ume na luta activa contra todas as formas de opressão? Como reconhecer os nossos pontos-cegos e como combater a ignorância perante as formas sistémicas de reprodução da violência?

Como estabelecer e inventar relações de aliança, solidariedade e cumplicidade que propiciem a transformação efectiva das situações sociais em que estamos implicades? Como fazer do cuidado um método central na luta política e nos movimentos de resistência?

A equipa do projecto reúne as associações SOS Racismo e Casa T, Mamadou Ba (activista), Filipa César (cineasta e artista), Jota Mombaça (artista), Gisela Casimiro (escritora e artista), José Lino Neves (dirigente na associação Batoto Yetu), Rodrigo Ribeiro Saturnino (pesquisador da Universidade do Minho e artista) e a plataforma de produção de cinema Stenar Projects (com especial enfoque em temáticas queer e decoloniais).

A partir das experiências e ideias desenvolvidas durante o campo de treino, pretende-se criar uma publicação, com a coordenação de Gisela Casimiro. Serão igualmente produzidos conteúdos para campanhas de sensibilização, coordenadas pela SOS Racismo e pela Casa T, com vista a informar e alertar a comunidade para estas questões fulcrais.

NOTA: Os encontros terão lugar num espaço seguro, nos vários sentidos do termo, isto é, um espaço que assegure o devido distanciamento e circulação do ar, disponibilização de máscaras e gel desinfectante; mas também um espaço com privacidade, onde poderemos exprimir livremente e de maneira responsável diferentes subjectividades.

LINK INSCRIÇÃO: https://forms.gle/ChHwqEs6CyXhoyai8 

20.09.2021 | by Alícia Gaspar | evento, inclusão, LGBT, lisboa, SOS Racismo

VI FESTIVAL DE POESIA DE LISBOA ABRE ESPAÇO PARA POETAS TRANS

O TRANSarau será o anfitrião do espetáculo, com apresentações especiais de André Tecedeiro e Fado Bicha.

Uma das atrações mais aguardadas da sexta edição do Festival de Poesia de Lisboa, que arranca no dia 12, é oTRANSarau, espetáculo que coloca em cena os discursos gênero-dissidentes, que também estão em disputa por voz e espaço nos territórios.  A presença de poetas trans no FPL é uma aposta para que eles e elas possam contar as próprias narrativas e, assim, ganhar o espaço que merecem. Nesta edição, que discutirá o tema “Terra: uma poética de nós”, serão ao todo 13 artistas LGBTs, sendo 8 deles pessoas trans/travestis/não-binárias.

É a primeira vez que o TRASarau participa de um evento internacional. Nascido no Brasil, em 2015, como espaço de exibição da produção dos estudantes do Cursinho Popular Transformação, o TRANSarau já realizou mais de 40 edições, sendo um importante evento da cena brasileira. Organizado por artistas e ativistas TRANSvestigeneres, em colaboração com LGBTQIA+, voltado para visibilidade T, o TRANSarau é formado por Andrey Lucas, Lucyfer Eclipsa, Patricia Borges da Silva, Polaris Coutinho e Kairos Castro. Importante espaço de representatividade e visibilidade da população  LGBQIA+ Trans, e de resistência negra, recebeu em 2018 o Prêmio Papo Mix, categoria “Eventos e manifestações artísticas”. 

Assinado em parceria com o Museu da Língua Portuguesa, o TRANSarau será o anfitrião do espetáculo que irá mesclar apresentações dos próprios poetas com duas presenças especiais: André Tecedeiro e Fado Bicha. Serão 60 minutos de atividade, com transmissão tanto pelos canais de Facebook e Youtube do Festival de Poesia de Lisboa quanto pelos canais de Facebook e Youtube do Museu da Língua Portuguesa.

“Atuar na empregabilidade de poetas e artistas trans, lésbicas, gays e bissexuais tem sido importante para o FPL, pois entendemos que a visibilidade apenas não fortalece as condições dignas para que esses artistas possam viver e continuar a produzir. Ademais, o potencial artístico-pedagógico de ações como TRANSarau se dá principalmente por conta da sensibilização de pessoas cis-heterossexuais e da representatividade para o público LGBT, o que contribui diretamente para o combate a LGBTfobia e a promoção do respeito e da igualdade”, explica João Innecco, curador do Festival.

Desde 2019 o Festival de Poesia de Lisboa conta com LGBTs na programação, sendo que nesta edição, além do TRANSarau e o André Tecedeiro, outros artistas trans estarão presentes. “Teremos a artista Hilda de Paulo, que estará ao lado do poeta Ramon Nunes Mello e do pesquisador Nuno Pinto, na mesa ‘Balada de Gisberta’, em homenagem à Gisberta Salce, travesti assassinada no Porto há 15 anos, fato trágico que impulsionou o nascimento da primeira marcha do orgulho do Porto”, conta João Innecco. “Este ano teve um abaixo-assinado para que uma rua do Porto levasse seu nome, dado a sua importância para a mobilização LGBT em Portugal e na Europa”, completa. 

A moderadora desta mesa será Daniela Filipe Bento, membro da direção da Associação ILGA Portugal, instituição que atua fortemente no combate à discriminação LGBT em Portugal. O assunto é tão importante nos dias atuais que a próxima edição do FPL será toda voltada à diversidade de corpo, gênero e sexualidade. 

O Festival de Poesia de Lisboa deste ano acontece de maneira virtual, de 12 a 18 de setembro, e terá a presença de poetas de seis países diferentes. Serão 9 mesas, 6 tertúlias, 3 oficinas e 3 espetáculos poéticos. A programação é aberta ao público geral através das redes sociais do Festival.  

A sexta edição do FPL tem apoio do Instituto Camões, do Camões – Centro Cultural Português em Brasília, da Livraria da Travessa, do Espaço Espelho D’Água, do Museu da Língua Portuguesa e da Associação ILGA de Portugal. 

Sobre o Festival 

O Festival de Poesia de Lisboa é uma iniciativa sem fins lucrativos criada em 2016, que tem como principal objetivo a valorização da Língua Portuguesa e o incentivo à leitura. Ao longo dos últimos anos, ele tem fomentado a democratização da palavra através da participação de poetas lusófonos de diversas idades, classes, géneros e raças. 

É um Festival aberto ao público e a todas as nacionalidades, mas apenas pessoas que tenham a língua portuguesa como língua materna podem participar da antologia comemorativa e concorrer aos prémios nos termos e condições estabelecidos no regulamento.

Idealizado por Jannini Rosa e Carla De Sà Morais, o FPL tem apoio institucional do Instituto Camões desde 2018. 

Sobre o curador

João Innecco (1993) é poeta, curador e educador em prisões. É editor da Antologia Trans (Invisíveis Produções, 2017), organizador do livro Sarau Asas Abertas: Penitenciária Feminina da Capital (Tietê, 2019) e autor das publicações artesanais Fumaça (2017), Tinto (2018), Solo (2019) e Baby (2019). Integra o TRANSarau, que recebeu o Prêmio Papo Mix 2018, e foi um dos poetas do Sarau Asas Abertas, sarau indicado ao Prêmio Jabuti 2020. Assina a curadoria do VI Festival de Poesia de Lisboa.

07.09.2021 | by Alícia Gaspar | arte, artistas trans, bissexuais, festival de poesia de lisboa, gays, lésbicas, LGBT, poesia, sexualidade, TRANSarau

African Bloggers Statement on David Kato

David Kato foi activista na defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero (LGBT) no Uganda, assassinado no passado dia 26 de Janeiro.

Vários bloggers africanos juntaram-se para lhe prestar homenagem e assinar conjuntamente uma petição dirigida ao governo do Uganda para acabar com a criminalização de cidadãos pela sua orientação sexual. Aqui a petição que o Buala também assinou:

……………

“We the undersigned wish to express our deep sadness at the murder of Ugandan human rights defender David Kato on 26th January 2011.  David’s activism  began in the 1980s as an Anti-Apartheid campaigner where he first expressed a strong passion and conviction for freedom and justice which continued throughout his life.   David was a founding member of Sexual Minorities Uganda where he first served as Board member and until his death as Litigation and Advocacy Officer and he was also a  member of Integrity Uganda, a faith-based advocacy organization.

David was a man of vision and courage. One of his major concerns was the growth of religious fundamentalism in Uganda and across the continent and how this would impact on the rights of ordinary citizens including lesbian, Gay, Bisexual, Transgendered / Gender Non-Comforming and Intersex  [LGBTIQ] persons.   Years later his concerns were justified when the Ugandan Anti-Homosexuality Bill backed by religious fundamentalists was outlined in 2009.  David was also an extremely brave man who had been imprisoned and beaten severely because of his sexual orientation and for speaking publicly against the Anti-Homosexuality Bill. 

Many African political and religious leaders in countries such as Ghana, Nigeria, Cameroon, Zambia, Gambia, South Africa, Zimbabwe, Uganda, Malawi and Botswana, have publicly maligned LGBTIQ people and in some cases directly incited violence against them whilst labeling sexual minorities as “unAfrican”.  

In October 2010, the Ugandan tabloid, Rolling Stone published the names and photographs of “100 Top homos” including David Kato.   David along with two other LGBTIQ activists successfully sued the magazine on the grounds of “invasion of privacy” and most importantly,  the  judge ruled that the publication would threaten and endanger the lives of LGBTIQ persons.    

The court did not only rule that the publication would threaten and endanger the lives of LGBTIQ persons but it issued a permanent injunction against Rolling Stone newspaper never to publish photos of gays in Uganda, and also never to again publish their home addresses.

Justice Kibuuka Musoke ruled that,”Gays are also entitled to their rights. This court has found that there was infringement of some people’s confidential rights. The court hereby issues an injunction restraining Rolling Stone newspaper from future publishing of identifications of homosexuals.”

Every human being is protected under the African Charter of Peoples and Human Rights and this includes the rights of LGBTIQ persons.   We ask the governments of Uganda and other African countries to stop criminalizing people on the grounds of sexual orientation  and afford LGBTIQ people the same protections, freedoms and dignity, as other citizens on the continent.”

Alix Mukonambi Molisa Nyakale, Anengiyefa Alagoa Things I Feel Strongly About, Anthony Hebblethwaite African Activist, Barbra Jolie Me I Think, Ben Amunwa Remember Ken Saro-Wiwa, Bunmi Oloruntoba A Bombastic Element, Chris Ogunlowo Aloofaa, Eccentric Yoruba Eccentric Yoruba, Exiled Soul ExiledSoul, Francisca Bagulho and Marta Lança Buala, Funmilayo Akinosi Finding My Path, Funmi Feyide Nigerian Curiosity, Gay Uganda Gay Uganda, Glenna Gordon Scarlett Lion, Godwyns Onwuchekwa My Person, Jeremy Weate Naija BlogKayode Ogundamisi Canary Bird, Kadija Patel Thoughtleader, Keguro Macharia   Gukira, Kenne Mwikya Kenne’s Blog, Kinsi Abdullah  Kudu Arts, Laura Seay  Texas in Africa, Llanor Alleyne Llanor Alleyne, Mark Jordahl Wild Thoughts from Uganda, Matt Temple Matsuli Music, Mia Nikasimo MiaScript, Minna Salam MsAfropolitan, Mshairi  Mshairi, Ndesanjo Macha Global Voices, Nyokabi Musila Sci-Cultura, Nzesylva Nzesylva’s Blog Olumide Abimbola Loomnie, Ory Okolloh Kenyan Pundit, Pamela Braide pdbraide, Peter Alegi  Football is Coming Home, Rethabile Masilo Poefrika, Saratu Abiola Method to Madness, Sean Jacobs Africa is a Country, Sokari Ekine Black Looks, Sonja Uwimana Africa is a Country, Spectre Speaks Spectre Speaks, TMS Ruge Project Diaspora, Toyin Ajao StandTall, Tosin Otitoju Lifelib, Val Kalende Val Kalende, Zackie Achmat Writing Rights, Zion Moyo Sky, Soil and Everything in Between

 

25.02.2011 | by franciscabagulho | David Kato, LGBT, Uganda