UMA VOZ Gustavo Ciríaco com Isabél Zuaa e Domenico Lancellotti

Brotéria
30 de setembro, 21:30

Entrada gratuita mediante reserva até dia 29 de setembro através do e-mail atelier@efabula.pt.
O uso de máscara é obrigatório e estarão garantidas todas as normas de distanciamento social e higienização do espaço.
Lotação: 25 pessoas.

A acústica é um ramo da Física que estuda o som, um fenómeno em ondas causado pelos mais diversos objetos, cuja propagação dá-se através dos diferentes estados físicos da matéria. Sendo emitido a partir de uma fonte sonora qualquer, o som encontra em seguida à sua emissão uma série de anteparos que lhe causam difração, reflexão ou absorção. É este encontro da materialidade sonora com as demais materialidades físicas que a acústica aborda. Cada ambiente arquitetónico conta com um conjunto diversificado de possibilidades de interação do som com a matéria. Assim como um morcego utiliza a sua sonda para adivinhar a natureza do ambiente por onde circula, a acústica revela um ambiente, sua natureza, seus espaços.

UMA VOZ toma o edifício da Brotéria como um imenso instrumento a ser tocado pela voz de uma mulher, usando a sua acústica como base de exploração sonora. Ao público, é designado um caminho a seguir em diálogo com essa voz que ora revela, ora esconde o espaço na sua articulação com o silêncio e com a nudez da arquitetura deste centro cultural. O projeto reúne o coreógrafo brasileiro Gustavo Ciríaco, a performer e cantora portuguesa Isabél Zuaa, parceiros de longa data, com o músico e compositor brasileiro Domenico Lancellotti. UMA VOZ é uma performance-concerto assombrada pelo afeto daqueles que partiram de modo trágico pela sua cor de pele, pelo seu género, pela sua identidade sexual, pela sua condição social, pelo seu posicionamento político, removendo-os das suas histórias e a nós dos seus mundos. A partir de composições originais e adaptadas, UMA VOZ investe no encontro do canto de Isabél Zuaa com a arquitetura para levar o público num passeio pelo cheios e vazios de uma nau.

Gustavo Ciríaco (Rio de Janeiro) é um coreógrafo e artista contextual baseado entre Lisboa e Rio. Com formação em Ciências Políticas, Ciríaco tem desenvolvido um conjunto multiforme de obras que põe o coreográfico a dialogar com os circuitos da experiência urbana,  as condições de visibilidade dos museus e  a ficção da experiência. Nas suas obras,  a dança, storytelling, a palavra cantada, o teatro e as artes visuais, convivem em  projetos expositivos e site-specific onde arquitetura, paisagem e ficção se encontram em performances marcadas pela partilha da experiência sensível. As suas obras foram apresentadas em importantes festivais, galerias e instituições nacionais e internacionais como Crossing the Line/N.Iorque; Casa Escendida/Madrid; Museu de Serralves/Porto; Mercat de Flors/Barcelona; Alkantara, Culturgest, TNDM II, ZDB, Museu Berardo/Lisboa; Ferme de Buisson, Paris Quartier d’Été/Paris; Tanz im August/Berlim; Al-Mammal Foundation/Jerusalém; Prague Theatre Festival/Praga; Vooruit/Ghent; Tokyo Wonder Site/Tóquio; Digital Art Center/Taipei; CENEART/Cidade do México; Panorama, Tempo Festival, CCBB/Rio de Janeiro; Arqueologías del Futuro/Buenos Aires; Bienal SESC de Dança, Itaú Cultural/São Paulo; Salón 44/Pereira; Walk & Talk/Ponta Delgada; London Festival, BAC, Laban Centre, Chelsea Theatre/Londres; NottDance/Nottingham; Arnolfini /Bristol; Metropolis /Copenhague; NAVE/Santiago; FIDCU/Montevidéu; FADJR /Teerão; Danzalborde /Valparaíso; San Art Gallery/Ho Chi Min, Bellas Artes Projects/Manila, entre outros. Destaca-se entre  as suas obras a caminhada Aqui enquanto caminhamos /2006, Still – sob o estado das coisas/2007, Onde o horizonte se move/2012, Sala de Maravilhas/2012, Gentileza de um Gigante/2016. Em 2020, Ciríaco inicia a sua nova criação Cobertos pelo Céu, uma coleção de instalações interativas em torno de experiências de paisagens vividas por artistas de uma poética espacial autoral.

Direção e criação: Gustavo Ciríaco
Voz e interpretação: Isabél Zuaa
Direção musical e interpretação: Domenico Lancellotti
Canções: António Pedro Lopes, Eden Ahbez, Gustavo Ciríaco e Nathan Marques/Crispin
Consultoria de luz: Santiago Tricot

14.09.2020 | by martalanca | Gustavo Ciríaco, Isabél Zuaa

3rd Text Africazc CHAMADA DE ARTIGOS

Contemporary perspectives on visual arts and culture

Edição especial: Africa/Brasil

Data limite para submissões: 15 de dezembro de 2020 

Data de publicação: julho de 2021

3rd Text Africa (originalmente Third Text Africa) convida para o envio de artigos sobre o tema “Africa/Brasil”, a serem publicados em julho de 2021.


Nós estamos particularmente interessados em estudos de caso e estudos comparativos que abordem os seguintes tópicos:

  • Reflexões artísticas sobre o tráfico negreiro, a escravidão e seus efeitos;
  • Relações entre artistas e outros agentes dos campos artísticos da África e do Brasil no contexto da emancipação política das nações africanas, durante e após a Guerra Fria;
  • Trocas entre artistas e outros agentes em relação a instituições como museus e escolas ou a eventos como festivais de arte e bienais;
  • Outros diálogos entre África e Brasil no contexto do atual processo de globalização.

Diretrizes para submissões

  • Os textos podem ter o formato de ensaios, entrevistas ou resenhas. Ensaios visuais também são benvindos.
  • Os textos não podem ultrapassar 7.000 palavras, incluindo as notas.
  • Textos em português e inglês são benvindos.
  • Os autores devem seguir as regras de estilo de ASAI (disponível mediante solicitação)

Os responsáveis por esta edição são Roberto Conduru (Southern Methodist University, Dallas), Mario Pissarra (ASAI) e Awam Amkpa (New York University).

Sobre 3rd Text Africa (originalmente Third Text Africa3rd Text Africa é uma revista online, com acesso livre, revisada por pares e publicada pela Africa South Art Initiative.

  • 3rd Text Africa tem um particular interesse em promover a reflexão a partir da África e do Sul global, mas considera todas as submissões, desde que ofereçam novas perspectivas e sejam relevantes para o tema da edição.
  • 3rd Text Africa procura ser accessível a uma audiência mais ampla que a tradicionalmente alcançada por revistas acadêmicas e recebe contribuições não apenas de acadêmicos, mas também de curadores, artistas, críticos, educadores e outras pessoas atuantes nas artes.
  • 3rd Text Africa tem publicado edições temáticas desde 2009. Fundada por Rasheed Araeen como um veículo para ampliar o escopo da revista Third Text, 3rd Text Africa tem sempre operado independentemente da revista matriz.

Para mais informações: https://asai.co.za/third-text-africa/

Para esclarecimentos sobre esta edição:

Prof Roberto Conduru rconduru@mail.smu.edu

Dr Mario Pissarra mario@asai.co.za

Prof Awam Amkpa awam.amkpa@nyu.edu

Para submissões para esta edição: admin@asai.co.za

04.09.2020 | by martalanca | Africa, Third Text

BUALA no Público

Este é o ano das comemorações de 10 anos de BUALA. Saímos no Público a 25/5, data específica de lançamento (dia de África). 

“Faz esta segunda-feira dez anos. Foi a 25 de Maio de 2010, para assinalar o dia de África, que foi lançada a plataforma e portal Buala (www.buala.org), com uma abordagem transdisciplinar, onde as esferas político-sociais e as artísticas se tocam, numa lógica onde tanto se sistematizam actividades culturais em sociedades contemporâneas, em particular os contextos pós-coloniais, como se lança um olhar reflexivo sobre as mesmas.

Tudo começou quando a investigadora portuguesa Marta Lança, a timoneira e editora do projecto, em diversas viagens a lugares como Luanda, Maputo ou São Tomé, era confrontada com a dificuldade, sobretudo dos jovens, no acesso à informação e conhecimento produzido sobre os seus próprios contextos. Por outro lado, em Portugal, sentia que alguns aspectos da criatividade daqueles territórios não eram conhecidos. Mas não só. Também as práticas e o pensamento africano ou afrodescendente no território português não detinha visibilidade, ou a imagem oferecida era distorcida. É a partir dessa triangulação que a Buala nasce.   

Hoje, diz ela, “apesar da ainda manifesta dificuldade na análise do passado colonial português, tem-se vasculhado nos arquivos e nas memórias e produzido conhecimento sobre o colonialismo, a ditadura, a guerra e a resistência, tanto nas ciências sociais como nas artes.” A Buala tem contribuído para isso. Na actualidade se os cenários do pós-colonialismo se tornaram num objecto recorrente nas práticas artísticas ou nas humanidades, isso também se deve ao portal. “Quando imaginei um espaço como este foi também para complexificar o conhecimento sobre realidades enquadradas numa história comum mal contada – a construção do ‘espaço lusófono’ – para emancipar estas relações para lá de notas folclóricas, saberes académicos ou evasivos discursos políticos que não equacionam reparações ou pedidos de desculpa.”

FotoA Buala, diz Marta Lança, é uma “ferramenta de reflexão, construída a várias vozes, que obedece a uma ‘curadoria aberta’, com metodologia de trabalho informal e persistente.”Foi a partir das suas diversas vivências, operando com autores firmados e emergentes, cruzando discursos, tempos e lugares, que Marta Lança se foi questionando sobre a “falta de universalidade da produção teórica e artística.” Foi aí que resolveu criar digitalmente a Buala. “Tivemos um apoio inicial da Casa das Áfricas e da Gulbenkian”, recorda. “E depois 8 anos sem apoios, até termos tido um pontual da DGartes e um apoio em 2019-20 da Câmara de Lisboa”, que não sabe se irá ter continuidade no futuro imediato. Apesar da sua orientação, assume que a Buala é uma “ferramenta de reflexão, construída a várias vozes, que obedece a uma ‘curadoria aberta’, com metodologia de trabalho informal e persistente.”

Na sua visão só é possível uma abordagem pós-colonial que seja “polifónica”, colocando em realce “enfoques históricos, geográficos, políticos e culturais.” Sendo assim, tenta definir, a Buala é esse “lugar de encontro, gerador de visibilidade e de fricções, incentivando discursos que abarcam realidades e urgências diversas.” Artigos sobre as violências e acontecimentos dos impérios coloniais, as culturas transnacionais ou textos a partir de exposições, filmes, teatro ou conferências são comuns. Por ali passa, com assiduidade, o debate sobre a descolonização dos museus, o activismo da cultura visual e a restituição do património africano, ou as questões indígenas, negras, queer e lutas interseccionais.

Numa frase, existe essa ambição de sistematizar e atribuir sentido a conhecimento que é interpelador, contribuindo para outras formas de pensar o mundo. Nesta segunda-feira, reflectindo esse posicionamento transdisciplinar, lá encontramos inúmeros depoimentos de gente tão diferente como Marta Mestre (curadora), Miguel Vale de Almeida (antropólogo), Elísio Macamo (investigador), Iolanda Évora (psicóloga social), Djaimilia Pereira de Almeida (escritora), Ery Cláver (cineasta angolano), Monica Musoni (artista),  Kiluanji Kia Henda (artista), Filipa César (artista), António Pinto Ribeiro (investigador) ou Luaty Beirão (músico).”

tp.ocilbup@onaicnalebv

04.09.2020 | by martalanca | 10 anos, buala, dia de áfrica, portal