Campo Experimental - Ângela Ferreira in collaboration with Alda Costa

Dear Friends

For years, I’ve had a dream of sharing an exhibition space with one of the people I’ve long collaborated with in the research space: Alda Costa - a Mozambican historian, researcher and activist friend.

The generous and unexpected invitation from Rialto6 in Lisbon - whose only requirement was that I develop an artistic project that challenged me - allowed us the privilege of imagining, all together, a plan for two exhibitions, one at the Rialto6 space in Lisbon and the other at the National Art Museum in Maputo.  These two exhibitions are the result of our research into the Mozambican creative ethos and material investments in the proposed utilisation of natural resources during the first decade after independence. The curators are Paula Nascimento and Álvaro Luís Lima.

I’m delighted to invite you to join us for the opening of Experimental Field: Ângela Ferreira in collaboration with Alda Costa on Friday 26 January at 9:30 pm.

Alda Costa, Ângela Ferreira and Alexandrino José . Arquivo Biblioteca Nacional/col.moçambicana, Maputo, October 2023Alda Costa, Ângela Ferreira and Alexandrino José . Arquivo Biblioteca Nacional/col.moçambicana, Maputo, October 2023

Experimental Field: Ângela Ferreira, in Collaboration with Alda Costa, explores material and environmental research undertaken in the early years of Mozambique’s independence. The exhibition takes its name from an outdoor agricultural learning laboratory maintained at Eduardo Mondlane University’s campus, where university staff, researchers and students worked together to produce food, design resources, tools and structures, and train farmers and community technicians. This experimental site was coordinated by TBARN (Técnicas Básicas de Aproveitamento de Recursos Naturais), a research group formed in the early years of the socialist government to improve farmers’ production and quality of life with minimal resources. 

Ângela Ferreira builds on TBARN’s visual and textual remains to reveal the revolutionary ethos that made Mozambique a global centre for radical experimentation in the 1970s and early 1980s.

The exhibition expands on Ferreira’s research-based practice and its search for the contemporaneity of the past. Experimental Field emerges from the artist’s ongoing dialogue with Alda Costa, a pioneer Mozambican art historian and cultural worker whose lived experience during socialism and scholarship thereafter have made her living memory of an unmatched moment in cultural history. In the exhibition, historical objects from Costa’s milieu and personal collection are displayed alongside Ferreira’s work. These objects’ design reveals the period’s placement of material conditions at the forefront of cultural production. Through this dialogue, Ferreira’s works investigate histories that simultaneously express political pragmatism and creative playfulness, being locally grounded and international in their reach.

In the last quarter of 2024 the exhibition travels to Mozambique.  This second iteration will take place at the Museu Nacional de Arte in Maputo.

The Minister of Education and Culture, Graça Simbine Machel, visiting Eduardo Mondlane University in 1976, on the occasion of the July Activities (AJU), was welcomed by Rector Fernando Ganhão and visited the experimental field of the TBARN Study Centre directed by António Quadros on the main campus. Surrounded by some of his History students (you can recognise Atanásio Dimas on the left), AQ presents part of TBARN's projects. On the right, partially covered up, is Patrocínio da Silva, head of the AJU/1976 Central Commission. Source: UEM/AHM archive. Photographs: Carlos Alberto, Armindo AfonsoThe Minister of Education and Culture, Graça Simbine Machel, visiting Eduardo Mondlane University in 1976, on the occasion of the July Activities (AJU), was welcomed by Rector Fernando Ganhão and visited the experimental field of the TBARN Study Centre directed by António Quadros on the main campus. Surrounded by some of his History students (you can recognise Atanásio Dimas on the left), AQ presents part of TBARN's projects. On the right, partially covered up, is Patrocínio da Silva, head of the AJU/1976 Central Commission. Source: UEM/AHM archive. Photographs: Carlos Alberto, Armindo Afonso

 

 

19.01.2024 | by Nélida Brito | Africa, Art, Maputo

Conversa-debate: Memorializar a Escravatura no espaço público português

Paulo Moreira

Nuno Coelho

Marta Lança

Evalina Gomes Dias

Conversa-debate “Memorializar a Escravatura no espaço público português” com Evalina Gomes Dias (Djass – Associação de Afrodescendantes), Marta Lança (BUALA) e Paulo Moreira (INSTITUTO), moderada por Nuno Coelho (curador da exposição).

Evento do programa paralelo da exposição “Joaquim – O Conde de Ferreira e seu legado” com curadoria de Nuno Coelho.

Jardim da Memória, Ilha de Moçambique- © Nuno Coelho Jardim da Memória, Ilha de Moçambique- © Nuno Coelho


SOBRE                                         PÁTIO DO BOLHÃO 125

EQUIPA                                       4000-110 PORTO, PORTUGAL

PRESS KIT                                  RAMPACULTURA@GMAIL.COM

 

 

19.01.2024 | by Nélida Brito | Africa, escravatura, Moçambique

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Episódio #10 “Herdar o Império” Conversa com Ariana Furtado
 

Márcio de Carvalho (cortesia do artista)Márcio de Carvalho (cortesia do artista)Em memória da memória, sentamo-nos com Ariana Furtado.
Ariana Furtado nasceu em Cabo Verde em 1976 e veio viver para Portugal ainda bebé de colo. A sua biografia e a da sua família, ascendentes e descendentes, acabaram por ocupar um lugar central no trabalho pedagógico e social que faz. Sobretudo na área da educação, vocação maior e cumprida. Professora do 1.º ciclo do ensino básico, tradutora de livros infantis e coautora do projeto “Com a mala na mão contra a discriminação”, Ariana contorno-nos neste encontro um pouco mais dessas suas outras mil faces.
As vivências de Ariana, entre Cabo Verde e Portugal, configuram-se em labirintos que se inscrevem sem nome. São experiências marcadas na pele e que transportaram para a sua biografia íntima, familiar e profissional. Essas heranças do império, e que o tempo não apaga, Ariana espera que se mitigem na próxima geração, a da sua filha Madalena.
A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

Ouvir aqui. 

12.01.2024 | by mariana | Africa, african culture, african studies, ariana furtado, cabo verde

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Episódio #8 Em Memória da Memória, hoje sentamo-nos com Amalia Escriva.

Amalia Escriva pertence a uma família que viveu na Argélia durante várias gerações. As vidas de vários dos seus parentes – avós, pais, tios e tias – foram profundamente impactadas pela experiência da guerra e pelo processo de descolonização que se lhe seguiu. Muitos deles acabariam por abandonar o território um ano depois da independência nacional.

Conversámos com Amalia sobre a sua infância e sobre como cresceu a ouvir a palavra Argélia remetendo para um espaço nostálgico, de afetos, mágico, mas perdido. “França,” por sua vez, seria o lugar do frio, do abandono. Esses imaginários foram-se alterando com o tempo – muito fruto do seu trabalho posterior de cineasta e documentarista. Amalia falar-nos-á disso e de muito mais. Sobre como o seu avô paterno, por exemplo, a fez prometer que jamais regressaria à Argélia. Mas Amalia voltou, 50 anos mais tarde, mas voltou. E, desde aí, não mais deixou de lá voltar. Na ocasião em que primeiro regressou ao país fê-lo em trabalho. Queria contar a história da sua bisavó paterna, a quem deve o nome: Amalia Escriva.A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A voz de Amalia Escriva é dobrada por Cátia Soares. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

Márcio de Carvalho (cortesia do artista)Márcio de Carvalho (cortesia do artista)

 

02.01.2024 | by mariana | Africa, africanstudies, Amália Escriva, Argélia, cineasta, independência

Centro de História | Seminário de História de África

Apresentação do livro: Ramon Sarró, Inventing an African Alphabet: Writing, Art, and Kongo Culture in the DRC (Cambridge University Press, 2023)

FLUL | Anfiteatro III & Online  |  31 de Outubro de 2023 | 18h00

Assistência por videoconferência através do Zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/91764148345…

Coord.: Carlos Almeida, Eugénia Rodrigues, José da Silva Horta e Philipp Hofmann

Org.: Centro de História da Universidade de Lisboa, ICS - Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e University of Oxford

Apoio Institucional: CRIA-Centro em Rede de Investigação em AntropologiaIscte - Instituto Universitário de Lisboa e Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP/ULisboa

Mais informações: https://chul.letras.ulisboa.pt/eventos-detalhe.php?p=1044

20.10.2023 | by martalanca | Africa, escrita, estudos, Ramon Sarró

Chá de Beleza Afro - 7ª edição

A 7a Edição do Evento Chá de Beleza Afro realiza-se no próximo dia 3 de Junho de 2023, em Lisboa.O evento será presencial, entre as 14h00 e as 20h00 com o tema “A Coragem de Arriscar”, lembrando que quem tem a coragem de arriscar pode conquistar o mundo.Os nossos eventos contam com a presença de oradores de diversas áreas, desde a política, o empreendedorismo, empresarial e social entre outras, em função do tema de cada edição. Um evento genuinamente inclusivo e representativo onde todos têm lugar independentemente das habilitações literárias ou das profissões que cada um exerce. Esta tarde de conversa será rica em debate e em ação empoderada para a mulher africana e afrodescendente, e para todos os que se interessem sobre empreendedorismo, inclusão e humanismo. E para complementar este incrível evento haverá música ao vivo e outras performances artísticas.

Numa altura em que tanto se fala sobre o empreendedorismo, empoderamento feminino, feminismo negro,igualdade de género, racialização do trabalho doméstico e sobre a importância da educação para obter umasociedade mais justa e equilibrada, bem como a busca por representatividade da mulher negra na sociedade,achamos importante promover mulheres mostrando que a consequência para o sucesso está subjacente aCoragem de Arriscar.Trata-se de um evento anual de referência para a comunidade africana que reside ou passa por Lisboa. Temcomo um dos objetivos empoderar mulheres africanas e negras, bem como criação de networking, trocas epartilhas de experiências, tendo como lema “Inspirar e ser a fonte de inspiração”.

O Chá de Beleza Afro é uma plataforma de conexão focada em mulheres negras que visa fomentar oafro empreendedorismo através do networking construindo assim uma comunidade coesa.
Criado por Neusa Sousa, Mestranda em Estudo das Mulheres, Promotora cultural, apresentadora eprodutora de Conteúdos do programa bem-vindos da RTP África, o Chá de Beleza Afro vai além desteevento, sendo um movimento de conexão, oportunidades e inspiração entre mulheres e homens,através de histórias de superação e sucesso.
Para o painel de oradoras desta 7a Edição, trazemos mulheres de diferentes áreas de atuação, que se têmdestacado nas mais diversas áreas da sociedade e na defesa e promoção das mulheres africanas eafrodescendentes. Tendo como assuntos:

• Coragem: inata e construída

• A jornada da mulher no empreendedorismo

• O poder da coragem para o Networking

• O 1o NÃO, te paralisou?

• Quando nos damos conta de que o medo é uma ilusão?

• O que acontece depois de corrermos o risco

• A mulher africana que enfrenta os estereótipos

• Programas de Aceleração de projetos

COMO PARTICIPAR:

PARTICIPAÇÃO MEDIANTE A INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA.O valor da inscrição são 45,00€ e a lotação é limitada.O bilhete deve ser adquirido pelo site da eventbrite AQUI!

02.05.2023 | by mariadias | Africa, chá de beleza afro, mulher

SOMBRAS PRECIOSAS : Uma exposição de Joana Taya

Este projeto tem sido a viajem de um diálogo com a mente e sobre imagem corporal. Esta reflexão começou depois de diversas experiências que me deixaram com registos no corpo. Cicatrizes, riscos e gravuras que são constantes memórias de histórias que me marcaram. Que fazem parte de um processo de compreensão e reprogramação de uma perspectiva e imagem mental, emocional e corporal. Ensinando-me a refletir não apenas sobre aspectos físicos, mas a questionar as causa das minhas escolhas. A sociedade e a cultura também desempenham um papel nestas perspectivas. Não é fácil ser mulher numa sociedade onde temos que ser fortes para não abdicar da nossa auto-estima por consequência do meio social.

Em África, a Escarificação é praticada há séculos como símbolo de Beleza e Valentia. Para celebrar o nascimento, a puberdade e a identidade de um clã. A dor e o sacrifício pessoal associados a escarificação representam por muitos clãs, marcas de caráter espiritual individual e um veículo de transcendência para um estado superior. É visto como um sinal de força mental e amadurecimento espiritual. Este processo levou-me a pesquisa e observação, de como a imagem corporal é vista em épocas e culturas diferentes. Desde esculturas gregas quebradas (amputadas), até qualquer forma que fui associando a imperfeições perfeitas, como, por exemplo, como o chão de uma calçada é moldado pelas raízes de uma árvore. Na arte Kintsugi, uma forma de arte japonesa do século XV, uma arte de remendar cerâmicas quebradas com folhas de ouro. Arte singular, não só visualmente, mas sobretudo pela sua representação metafórica, que ensina a filosofia do valor das imperfeições, nos objectos e nas pessoas. Cicatrizes, corpos amputados, estrias, marcas não só físicas, mas também como mentais e emocionais. As mulheres que pinto são as minhas segredistas. Seres e ferramentas de desabafos e conversas com a minha mente e sombra. Com um desejo de consciência de auto- conhecimento Sombras preciosas que nos fazem quem somos. Título inspirado no livro A Historia Fabulosa de Peter Schlemihl de Adalbert Von Chamisso.

 

19.04.2023 | by mariadias | Africa, arte, exposição, Joana Taya, sombras preciosas

Manthia Diawara apresenta palestra e novo filme no Batalha

No dia 14 de março, terça-feira, às 19:15, o Batalha Centro de Cinema recebe Manthia Diawara para a apresentação de uma palestra acompanhada da exibição do seu mais recente filme A Letter From Yene. Investigador, escritor e realizador natural do Mali, Diawara tem desenvolvido um prolífero e aclamado trabalho no campo dos estudos culturais negros, com enfoque no cinema negro e da diáspora africana.
Em A Letter From Yene — encomendado pela Serpentine Galleries (Londres) no âmbito projeto Back to Earth, dedicado à questão da crise ambiental —, o autor filma encontros e conversas com os habitantes da aldeia de Yene, no Senegal, seriamente afetados pela urbanização descontrolada e pela erosão da costa.
Esta palestra — moderada pelo curador Jürgen Bock — está integrada na primeira edição do ciclo A Minha História de Cinema, em que o Batalha convida personalidades que desenvolvem investigação e produção escrita em várias áreas do pensamento e que ligam essas essas práticas à realização de filmes. As próximas sessões terão como convidados Byung-Chul Han (Coreia do Sul) e Trinh T. Minh-ha (Vietname).
A entrada é gratuita, mediante levantamento de bilhete no dia da sessão a partir das 11:00.

04.03.2023 | by mariadias | a letter from yene, Africa, MANTHIA DIAWARA, senegal

Descoloniza Chat 2022

The next Contemporary and Historical Archaeology in Theory meeting will be held in Lisbon on November 10-12, 2022. But why Lisbon?


Many archaeologists have been engaging with current debates on the decolonization of the discipline. However, very little has been said about the impact of these discussions in the field of historical and contemporary archaeology.

Is the decolonial movement changing the kinds of questions we ask? Our methods? There’s a lot to talk about and some of us will certainly bring it up in Lisbon.

Lisbon is one of the largest open-air museums of colonialism in Europe. Every corner will remind you of a past that is not past yet in the shape of a statue, a tropical tree, a pastry shop, a street name honoring some conqueror.

Like in many other towns across the continent, coloniality lingers on the streets, is embedded in our things, and shapes everyone’s lives. Many of us are questioning this state of affairs. No surprises here. Can we archaeologists do anything about this?

The event’s image was inspired by a story that tells a lot about contemporary discussions on the legacies of colonialism. In 2017, the city got a new statue honoring Jesuit António Vieira, known for his missionary work in Brazil and his eloquent sermons. Vieira was also known for standing up against the enslavement of Brazil’s indigenous communities while supporting the enslavement of Africans.

Statue of António Vieira. Photo by Rui Gaudêncio (Municipality of Lisbon)Statue of António Vieira. Photo by Rui Gaudêncio (Municipality of Lisbon)

Do you wonder why would anyone think of doing a statue like this in the 21st century? Many people asked the same. The statue became a focus point for decolonial demonstrations as soon as it was built. Right-wing extremists responded by occupying the plaza and threatening protesters.

More recently, an anonymous artist graffitied the statue with the word “Descoloniza” (Decolonize), painted hearts on the indigenous kids, and sprayed the priest’s body as if he was stained with blood.

The statue of António Vieira in 2020. Photo by Paulo Lourenço (Jornal de Notícias)The statue of António Vieira in 2020. Photo by Paulo Lourenço (Jornal de Notícias)

The graffiti were quickly cleaned. Yet, the artist’s powerful message stayed with us and inspired Nikola Krizanac to create this image for the CHAT conference.

Hope you’ll feel inspired too, and join us in Lisbon in November!

More informations here.

04.10.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, Conference, contemporary Archaeology, descoloniza chat, europe, historical Archaeology, Lisbon, padre antónio vieira

Lançamento: arquivo digital do jornal Nô Pintcha

O Centro de História da Universidade de Lisboa, lança dia 29 de setembro, às 18h00, o arquivo digital do jornal Nô Pintcha, o principal título de imprensa da Guiné-Bissau, reunindo, pela primeira vez, a quase totalidade dos números publicados entre 1975 e 2000.

Nô Pintcha, fundado em 1975, é um dos títulos de maior longevidade da África lusófona. Do fulgor revolucionário dos primeiros anos, em que saía três vezes por semana, às dificuldades das décadas seguintes, nunca deixou de noticiar a vida guineense. A caminho da sua quinta década de vida, acumulou um espólio incontornável para a história do país.

As vicissitudes históricas dispersaram o arquivo dos números publicados, tornando praticamente impossível a sua consulta. Agora, com a colaboração do Estado da República da Guiné Bissau, o Centro de História da Universidade de Lisboa disponibiliza a quase totalidade da coleção do Nô Pintcha, em acesso aberto e sem barreiras. Um arquivo único no mundo, de mais de 1500 números, totalizando para cima de 12 mil páginas.

A digitalização do Nô Pintcha integra-se numa linha mais vasta de publicação de fontes para a história de África, estando já em processo de tratamento o jornal Ecos da Guiné, um dos primeiros títulos publicados na Guiné-Bissau, dos anos 20 do século XX.

O tratamento arquivístico do Nô Pintcha foi coordenado pelo Prof. Augusto Nascimento, docente e investigador da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A coleção foi generosamente cedida pelo Eng. Daniel Nunes, profissional com vasta experiência no setor agrícola em África e um bibliófilo singular e de reconhecido mérito, protagonista do recente documentário Daniel e Daniela, realizado por Sofia Pinto Coelho.

A sessão de lançamento, com a presença dos embaixadores da Guiné-Bissau, Dr. Hélder Vaz Lopes, e de Cabo Verde, Dr. Eurico Correia Monteiro, decorre no Anfiteatro II da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, dia 29 de setembro às 18h00.

O endereço da página será anunciado brevemente.

27.09.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, arquivo, arquivo digital, augusto nascimento, daniel nunes, faculdade de letras, história, jornal, nô pintcha, universidade de lisboa

Os cadáveres são bons para esconder minas | Peça de Teatro e Conversa

15, 16, 17 e 18 setembro | TMJB – Sala Experimental (Almada)
20 outubro a 13 novembro | Sala Grande OMT (Coimbra)

qui, sex e sáb às 21h00
dom às 16h00

Duração aprox.: 90min. | M/14

COMPRAR BILHETE

Carlos GomesCarlos Gomes

A Guerra Colonial, que Portugal travou nas suas antigas colónias de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau contra os movimentos independentistas, aconteceu há 50 anos, mobilizou um milhão de soldados e afectou toda a sociedade portuguesa. Os cadáveres são bons para esconder minas é um espectáculo que explora as memórias desse conflito. Como explica o Teatrão: “Tal como actualmente o Ocidente tem vindo a discutir o legado esclavagista e colonial, impõe-se regressar a esta ferida da história recente portuguesa para compreender as suas implicações para toda uma geração e de que modo as suas repercussões chegam aos nossos dias”. Partindo do lado documental e testemunhal da guerra, procura-se explorar a noção de trauma que atravessa as histórias e as palavras que chegaram até aos nossos dias.

O Teatrão é uma companhia de Coimbra que inicialmente se dedicava exclusivamente ao teatro infantil. Em 2008, assumiu a gestão da Oficina Municipal do Teatro e iniciou um projeto artístico que assenta na exploração do território e na proximidade com os públicos da região, explorando diferentes formas teatrais.

O escritor e dramaturgo Jorge Palinhos foi galardoado com o Prémio Miguel Rovisco 2003 e o Prémio Manuel Deniz Jacinto 2007, e esteve na shortlist do Prémio Luso-Brasileiro de Teatro António José da Silva 2011. Foi dramaturgo convidado da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012.

Dramaturgia Jorge Palinhos
Encenação Isabel Craveiro
Interpretação Afonso Abreu, David Meco, Diogo Simões, João Santos e Teosson Chau
Direção Musical e preparação vocal Rui Lúcio
Desenho de Luz Jonathan Azevedo
Cenografia e Figurinos Filipa Malva
Sonoplastia Nuno Pompeu
Design gráfico Paul Hardman
Fotografia Carlos Gomes
Cabeleireiro Carlos Gago (Ilídio Design)
Costureira Albertina Vilela
Construção Cenário Nuno Pereira e Tiago 
Operação de Luz e Som Jonathan Azevedo e Nuno Pompeu
Direção de Produção Isabel Craveiro
Produção Executiva Cátia Oliveira
Assistência à Produção Maria Rui (estagiária)
Direção Técnica Jonathan Azevedo
Comunicação Margarida Sousa 

***

Conversa

Guerra Colonial - Memória e Esquecimento
Co-organização Teatrão e CROME/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra

17 SET · 18h

Teatro Municipal Joaquim Benite

Entrada Livre

A colaboração entre pensadores, investigadores, intelectuais e a criação artística é fundamental para umolhar crítico e transformador do mundo contemporâneo. No caso do Teatrão, apostado em inspirar o seu público com criações que o interrogam e mobilizam sobre oestado atual do mundo, tem-se construído uma relaçãomuito sólida de trabalho, de múltiplos formatos, com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC). Com outros Centros de Investigação locais,nacionais e internacionais também, mas o CES é umparceiro fundamental e inspirador para a nossa atividade. É nesse contexto que surge, associada ao espetáculo “Os cadáveres são bons para esconder minas”, a conversa “Guerra Colonial – Memória e esquecimento”, organizada em parceria com o projeto CROME e que parte deste espetáculo para discutir, 50 anos depois, questões sobrea Guerra Colonial. Neste caso, porque o espetáculo convoca um olhar atual sobre os ex-combatentes, os seus percursos e o impacto deste conflito nas suas trajetórias, sublinhando a complexidade e legitimidade dos diferentes lugares de fala, convidamos artistas e investigadores a estabelecer ligações entre o objeto artístico e a produção de conhecimento pós-colonial.

Com:

Miguel Cardina

Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade deCoimbra. É membro da coordenação da linha temática “A Europa e o Sul Global: Patrimónios e Diálogos”. Foi Presidente do Conselho Científico do CES (2017-2019). É coordenador do projeto «CROME– Crossed Memories, Politics of Silence. The Colonial-Liberation Wars in Postcolonial Times», financiado pelo European ResearchCouncil. É autor ou co-autor de vários livros, capítulos e artigos sobre colonialismo, anticolonialismo e guerra colonial; história dasideologias políticas nas décadas de 1960 e 1970; e dinâmicas entrehistória e memória.

Marta Lança

Trabalhadora independente em várias áreas no sector cultural, do cinema à programação. Muitos projetos são ligados ao Brasil e a países africanos de língua portuguesa, onde tem passado grandes temporadas. Formou-se em Estudos Portugueses e é doutoranda em Estudos Artísticos (FCSH – UNL). Colaborou com diversas publicações portuguesas e angolanas. Criou as revistas V-ludo, DáFala e o portal BUALA (dinamizado desde 2010). Faz traduções de francês para português, nomeadamente de pensadores africanos como Achille Mbembe e Felwine Saar.

Jorge Palinhos

Escritor e dramaturgo. As suas obras já foram apresentadas e/ou editadas em Portugal, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, França, Países Baixos, Bélgica, Alemanha, Suíça e Sérvia. Formou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade deLetras do Porto, em 2000 e é mestre em Terminologia e Tradução também pela Faculdade de Letras, com uma tese sobre Estudos de Texto. Foi revisor de textos, tradutor, coordenador editorial e colaborador de várias publicações. Doutorado em Estudos Culturais com uma tese sobre dramaturgia lusófona contemporânea. Foi dramaturgo e dramaturgista convidado na Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012, é dramaturgista da companhia belga Stand-up Tall, investigador residente da companhia Visões Úteis, e docente convidado da Escola Superior Artística do Porto e da Escola Superior de Teatro e Cinema.

14.09.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, angola, esquecimento, guerra colonial, memória, os cadaveres são bons para esconder minas, teatro, tertúlia

Time is a flat circle. David Brits na Galeria MOVART

De 15 set. a 13 nov. 2022

Galeria MOVART, Lisboa, Rua João Penha 14A, 1250 - 131 Lisboa, Portugal

Apresentando trabalhos fotográficos terminados entre 2010 e 2012, bem como uma série de novas esculturas feitas de fibra de carbono, Time is a Flat Circle, do artista sul-africano David Brits (n. 1987), evoca a batalha de Cuito Cuanavale, uma batalha mecanizada de tanques de grande escala que ocorreu no sul de Angola entre forças angolanas, cubanas, e sul-africanas, entre 1987 e 1988.

Tomando como ponto de partida um arquivo de imagens publicadas nas redes sociais de grupos de exrecrutas sul-africanos, muitos dos quais lutaram na batalha sul-africana conhecida como “Border War” na Namíbia e no Sul de Angola dos anos 1960 aos anos 1980, o artista intervém sobre as mesmas através do ato de rasura, raspar e apagar, incorporando assim as complexidades de trabalhar com a sua própria masculinidade e a história herdada de uma África do Sul pós-apartheid.

Acompanhada de esculturas que têm como principal arquétipo o “Oroboro”, uma palavra grega que descreve o símbolo da cobra a devorar/consumir a própria cauda, a exposição gera uma imagem cuja lógica se refuta e que, de alguma forma, suspende o tempo.

BIO

Nascido em 1987, David Brits formou-se na Escola Michaelis de Belas Artes (Pintura) na Universidade da Cidade do Cabo em 2010, É um artista premiado cuja prática experimental é dedicada a investigações no âmbito da escultura à escala pública. Igualmente impulsionado pela exploração de materiais e investigação arquivística, a prática de Brits abrange a instalação, a impressão, o desenho e o filme.

As principais comissões de escultura pública recentes incluem a Fundação Desmond Tutu HIV, o Spier Arts Trust e a Iziko South African National Gallery. Brits foi vencedor do Prémio de Artes de Impacto Social inaugural da Fundação Rupert, e o galardoado com o Prémio Barbara Fairhead para a Responsabilidade Social na Arte.

14.09.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, angola, david brits, exposição, fotografia, galeria movart, Namíbia, time is a flat circle

Mudança Estrutural em África

Um livro que desafia as «narrativas» sobre África

Os debates sobre desenvolvimento africano continuam a menorizar as conquistas do continente: o desempenho económico é subestimado e mantém‑se a percepção de um continente propenso a conflitos. As políticas que foram impostas aos países africanos a partir de fora, sem ter em conta contextos específicos, pouco fizeram pela sua transformação.

A partir de fontes diversas, esta obra aprofunda o conhecimento sobre África e apresenta soluções práticas — baseadas em factos — para um desenvolvimento bem‑sucedido e sustentado num continente complexo e dinâmico. Alargando o debate político e propondo uma visão alternativa dos elementos‑chave para o pleno alcance das oportunidades de transformação socioeconómica africana, os autores deslocam o debate do campo da retórica para o da realidade.

Comprar aqui o livro.

18.08.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, Carlos Lopes, george kararachi, mudança estrutural em áfrica

Paulina Chiziane conversa com alunos da FLUL

No âmbito da sua deslocação a Portugal, a escritora moçambicana Paulina Chiziane, Prémio CAMÕES 2021, disponibilizou-se a ter uma conversa com os alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), onde a sua obra é muito estudada em diferentes unidades curriculares. Essa sessão é organizada em conformidade com a sua editora, a Editorial Caminho/Leya, no âmbito do GENORE – Género, Normatividade, Representações, um projecto sediado no CEComp que visa discutir género em diferentes campos do conhecimento, com especial ênfase nos países africanos.

13.05.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, CEComp, FLUL, literatura, paulina chiziane, prémio Camões

II Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África

II EJICPLP África | 25.26.27 maio de 22 |Evento Híbrido


As inscrições já se encontram abertas para a 2ª edição do Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África, que irá decorrer nos dias 25, 26 e 27 de maio de 2022 em formato híbrido (presencial - ISEG em Lisboa e online – streaming), com entrada livre, mas mediante registo, disponível aqui. 

Neste 2º ano, o EJICPLP sobre África consolida-se como um espaço de promoção e divulgação de trabalhos de jovens investigadores na área de Estudos Africanos em Língua Portuguesa para debaterem a ciência numa perspetiva multidisciplinar relativamente a África.

Celebrando o Dia Internacional de África, que se comemora a 25 de maio, a 2ª edição do Encontro tem como temática a INOVAÇÃO, tendo como objetivo debater o papel da ciência na inovação em África. Visa-se aprofundar e saber até que ponto a investigação científica sobre África tem produzido ou trazido inovação ao continente Africano, bem como debater a possível necessidade de se reformular questões e metodologias de investigação científica, numa perspetiva inovadora e pragmática, que permita a apropriação dos resultados destes estudos no quotidiano das sociedades africanas.

O programa conta diariamente com dois momentos demarcados, sendo as manhãs dedicadas a especialistas de renome nas geografias onde se fala a língua portuguesa, num debate de ideias ao mais alto nível e as tardes destinadas à apresentação de trabalhos científicos por investigadores dos vários países da CPLP dando voz e promovendo novos estudos de investigação.

Destacamos a presença de personalidades distintas de toda a CPLP, como Filomeno Forte (Angola), Marina Alkatir (Timor-Leste), Leila Leite Hernandéz (Brasil), Miguel de Barros (Guiné Bissau), Fernando Jorge Cardoso (Portugal) e Isabel Castro Henriques (Portugal), entre várias outras, reforçando os princípios da diversidade, inclusão e representatividade de todos os países de expressão de língua portuguesa.

Os temas em análise são multidisciplinares e abordam questões como:
 

Empoderamento da mulher africana. (25 maio)

Aproximação da investigação científica à agenda de decisores políticos. (25 maio)

Inovação financeira e energética na investigação em África. (26 maio)

Inovação com a tradição. (26 maio)

Enquadramento científico da Rota da Lisboa Africana. (27 maio)

O Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África é um projeto fundado por Cristina Molares d’Abril, contando ainda com uma Comissão Organizadora e um Conselho Científico multinacional e multidisciplinar.

Programa

12.05.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, CPLP, cultura, evento híbrido, iseg, lisboa

2ª Noite Fidju-Fema: 14 de maio na Casa Independente

A 2ª noite de FIDJU-FEMA será já a 14 de maio, às 22h, na Casa Independente.


Abriremos as hostes com o rap de Synik & Beat Collectors que, no deslocamento Lisboa- Zimbabwe, nos fazem uma tour pela “diaspora blues” e “fraturas expostas” do mundo contemporâneo.  O voo continua com África no horizonte, desta vez com Prétu, um projeto em que a dimensão política e a maestria lírica e sónica a que Xullaji nos habituou se funde com outras linguagens e vozes, criando uma paisagem de outros possíveis para o séc. XXI. LadyG Brown, fecha a porta, mas sem antes nos bombardear com a sua selecção eclética de clássicos da música negro-africana.

Ouvir boa música e suar na pista até o corpo se cansar, encontrar amigues e contribuir para que o mundo possa quiçá ser um lugar um pouco diferente são os objetivos das noites FIDJU-FEMA. E porque a cultura e a música não são mercadoria, as receitas dos espetáculos revertem a favor da luta contra o racismo em Portugal. FIDJU-FEMA significa filha em crioulo cabo-verdiano, expressão máxima de uma política emancipatória do cuidado, no feminino. Com esse propósito, uma programação mensal vibrante – do hip-hop, ao funaná, do reggae, ao afrohouse – e num dos espaços mais trendy da cidade – a Casa Independente –, FIDJU-FEMA promete arrasar as noites de Lisboa.

https://www.facebook.com/FidjuFema
https://www.instagram.com/fidjufema

02.05.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, casa independente, fidju-fema, música

A África existe? Notas sobre o objeto dos estudos africanos

Quinta-feira, dia 17 (15h00) via zoom

Elísio Macamo será o protagonista do Seminário Permanente de Estudos Pós-coloniais do CECS: “A África existe? Notas sobre o objeto dos estudos africanos”

A apresentação debruça-se sobre questões epistemológicas e metodológicas na produção de conhecimento sobre a África. Ela interpela as condições de possibilidade do conhecimento através da sugestão da ideia segundo a qual o objecto dos estudos africanos seria a “teoria do conhecimento” no contexto da qual o conhecimento sobre a África se constitui. Esta ideia procura contextualizar os debates sobre a descolonização e pós-colonialismo através da sua articulação metodológica.

Elísio Macamo é professor de sociologia e estudos africanos na Universidade de Basileia, na Suíça. É moçambicano, formou-se em Moçambique, na Inglaterra e na Alemanha em duas áreas, nomeadamente tradução e interpretação (diploma em Moçambique, mestrado na Inglaterra) e sociologia, antropologia e literaturas africana em língua inglesa (mestrado em sociologia e políticas sociais em Londres, doutoramento em sociologia geral, antropologia e literaturas africanas em Bayreuth, Alemanha, e agregação em sociologia geral e sociologia do desenvolvimento em Bayreuth).

Link Zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88630673044?pwd=ek96KzFVY2VJN0d5VnNsbUJHWWZYZz09

Mais informação.

15.03.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, CECS, conferência, Elísio Macamo, estudos pós-coloniais

Podcast - África em clave feminina: música e arte

Marta Lança - Ativismo cultural progressista

Portuguesa, Marta Lança tem um forte relacionamento com a África, onde tem trabalhado no âmbito da cultura em diversos países. Para lá levou a sua experiência de jornalista cultural, escritora, editora e aprendeu a ouvir, a confrontar pontos de vista, a apreciar a criatividade artística africana e a ter uma visão ampla das políticas culturais no continente. Tudo isto levou-a a criar o “Buala”, portal de recolha e difusão de conhecimentos sobre a cultura, as artes e a história em África.

Pelo seu ativismo e trabalho de difusão e promoção da cultura africana, Marta Lança foi a convidada da nossa emissão semanal ”África em Clave Feminina: música e arte” do dia 3 de março.

Em entrevista telefónica a partir de Lisboa, falou do seu relacionamento com a África e de como isso acabou por gerar “Buala”, um portal com uma linha editorial abrangente, aberto às várias formas de arte. 

Uma das secções do site é toda dedicada ao falecido cineasta, escritor e poeta angolano, Rui Duarte de Carvalho, figura que a Marta conheceu de perto e que, a seu ver, estava muito para além do seu tempo e cujas obras precisam de ser mais valorizadas e conhecidas. 

Sempre atualizado, “Buala” que já tem mais de uma década de vida, tem funcionado sobretudo graças ao voluntariado e a algumas ajudas nos últimos anos. A fundadora espera que a África dê uma mão forte em recursos materiais e humanos para que se possa continuar e mesmo passar o testemunho. Afinal de contas, apostar na cultura é apostar no desenvolvimento socioeconómico. 

Quanto ao ponto da situação da cultura e das artes em África, com base na sua experiência em diversos países, Marta Lança considera que há muita criatividade, mas falta uma verdadeira política de apoio aos artistas, à educação às artes, à promoção da cultura em geral. No entanto, há hoje no mundo muita curiosidade em relação à África e ao que os artistas africanos têm a dizer - afirma. Há que valorizar mais os artistas porque refletem e têm um olhar holístico da sociedade. 

Atualmente, Marta Lança está a escrever um romance sobre o fim da guerra civil em Angola e coordena o projeto ReMapping Memories Lisboa e Hamburgo. Mas, o seu percurso profissional e de ativismo cultural vai muito para além de tudo isto, como se pode constatar pela crónica do poeta, ensaísta e editor (Rosa de Porcelana Editora) Filinto Elísio, parceiro da emissão “África em Clave Feminina: música e arte”.

— Dulce Araújo 

Oiça aqui a entrevista na íntegra.

Oiça aqui o podcast.

Via Vatican News.

04.03.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, arte, feminismo, Marta Lança, podcast

LOOT - Exposição Individual de Barbara Wildenboer

05 Fevereiro 2022 - 19 Março 2022

Entrada Livre

THIS IS NOT A WHITE CUBE | Rua da Emenda, nº 72, Chiado, Lisbon

A galeria de arte THIS IS NOT A WHITE CUBE inaugura a 5 de Fevereiro “LOOT”, a primeira exposição individual da artista sul-africana Barbara Wildenboer em Portugal. 

A mostra integra cerca de 30 trabalhos inéditos, repartidos em três núcleos distintos, de entre os quais se destaca aquele que agrega o mais recente corpo de trabalho da artista e que dá nome à exposição.

“LOOT - SPOILS OF WAR”, decorre do interesse crescente da artista pela forma como um novo modelo de significações foi gerado e moldado a partir do encontro histórico e civilizacional entre África e a Europa. 

A materialização da ideia dá-se através da  exploração do conceito de  ‘apropriação’  que, se por um lado constitui, nesta exposição, uma referência directa aos artefatos saqueados e expropriados das suas origens no contexto da colonização, por outro lado, traduz a consistência plástica da obra da artista que, na apropriação “per se” encontra um instrumento de trabalho verdadeiramente essencial para a construção de um medium artístico que desde há muito envolve a reconfiguração e integração de textos, livros, mapas e imagens pré-existentes em colagens e instalações tridimensionais. 

Transversalmente, Barbara Wildeboer utiliza no seu processo criativo uma combinação de processos analógicos e digitais que concorrem para a construção de uma obra diversificada e rica, composta maioritariamente por colagens, construções fotográficas, instalações em papel, esculturas fotográficas animadas digitalmente e book arts. 

Tendo por base este modelo e o conceito de apropriação, ao longo dos últimos dois anos, a artista recolheu imagens de inúmeros artefactos antigos de proveniências distintas - de África, Oceânia, Grécia Antiga, Mesopotâmia e Américas - que atualmente integram as coleções de museus no mundo ocidental, na Grã-Bretanha, Alemanha, França e EUA. 

Arredadas do contexto original e assembladas em sistemas visuais complexos, de carácter surrealizante, estas imagens passam por um processo autoral de re-significação, assumindo nesta exposição uma natureza renovada. Na sua génese está uma (re) leitura iconográfica que enquadra o peso histórico dos contatos de carácter intercultural.

Ao longo da exposição, assistimos a um ritual de re-significação iconográfica, de descodificação e recodificação da imagem, que concorre para a construção de uma visão crítica da historiografia e dos processos de apropriação e “fetichização” das culturas. 

No epicentro da mostra e do debate que através desta a artista procura alavancar, encontramos um conjunto de instalações escultóricas monocromáticas que na sua configuração se assemelham a “escadas, postes, árvores, torres”, totens ou pequenos obeliscos, que “consistem numa assimilação de diferentes relíquias, figuras de fertilidade, máscaras, vasos e elementos arquitectónicos” diversos. 

Estes artefactos de papel, agrupam-se arguta e sagazmente, numa acomodação reflectida que evoca, de um modo idiossincrático e absurdo, a sistematização do Museu Ocidental para  evidenciar as múltiplas formas como estes objetos podem ser percepcionados. 

“As esculturas de papel aludem à curadoria das exposições de artefactos arqueológicos que, sendo colocados em pedestais ou em vitrinas, são depois iluminados por forma a produzir a ideia da aura de uma obra de arte sobre objeto que está já muito afastada das suas funções originais. 

O resultado é uma espécie de documentário de ficção ou de documento ficcional que faz referência a coisas reais, mas que as transforma em algo mais.”

Os conceitos de originalidade e de autoria são elementos centrais nesta exposição de Barbara Wildenboer, que através da sua ação, num desafio declarado às convenções do mundo artístico, vem produzido contributos significativos para a inversão do pensamento numa era  marcada pela necessidade de imposição de uma ideologia decolonial.

A exposição “LOOT” ficará patente até 19 de Março, de 3ª feira a sábado, entre as 14h30 e as 19h30. A entrada é livre, obedecendo às necessárias normas de segurança e prevenção em tempos de pandemia.

(Graça Rodrigues - Curadora, Janeiro de 2022)

Sobre Barbara Wildenboer

Barbara WildenboerBarbara Wildenboer

Barbara Wildenboer (b. 1973, África do Sul) investiga o conceito filosófico de estética através de uma série de diferentes meios e processos. Ao explorar este conceito, juntamente com fenómenos como a temporalidade, a geometria fractal e a interligação de todos os seres vivos, ela expõe as ligações entre uma miríade de formas de vida - desde a microscópica à imensa. 

O foco principal de Wildenboer é a estética ambiental, a qual ela vê englobando tanto territórios naturais, como a interação humana com o reino natural. No seu trabalho, explora ainda a ideia do sublime matemático (noção estética desenvolvida inicialmente por Immanuel Kant) e o modo como o infinito / ausência de limites do universo transcendem os limites da razão.

Wildenboer utiliza uma combinação de processos analógicos e digitais para produzir um corpo de trabalho diversificado e rico, composto maioritariamente por colagens, construções fotográficas e em papel, instalações, esculturas fotográficas animadas digitalmente e book arts.

Equipa

Diretora Geral e Co-Diretora Artística  |  Sónia Ribeiro

Curadora e Co-Diretora Artística  |  Graça Rodrigues

Assistente de Galeria | Francisca Vaz

Design Gráfico e Audiovisual  |  Francisco Blanco e  Nelson Chantre

THIS IS NOT A WHITE CUBE 

04.02.2022 | by Alícia Gaspar | Africa, arte, Barbara Wildenboer, Europa, exposição, LOOT, pós-colonialismo, this is not a white cube

Maio Doc - Ciclo de Cinema Documental

De 1 a 7 de Dezembro 

Enquadrado num futuro simpósio que pretende impulsionar uma reflexão sobre os processos do colonialismo português, o Maio Doc vem trazer visualidades e distintas abordagens ao debate sobre este grande capítulo da história de África e da Europa. A seleção de filmes tem como denominador comum o âmbito colonial mas expande-se para assuntos ligados aos processos de contacto, de ocupação, de violência, às relações germinadas por este nó da história que se impregnou no nosso quotidiano. 

Em Portugal tornou-se senso-comum branquear a História ou naturalizar a violência, repetindo narrativas fundadoras de uma certa ideia de Portugal (o país dos Descobrimentos, do colonialismo brando, da lusofonia, etc) que, felizmente tem sido disputadas, debatidas e desconstruídas, por exemplo lembrando os aspetos trágicos da expansão ultramarina, como a escravatura e a devastação de culturas e de recursos, os danos do colonialismo mais recente e o processo de descolonização. Por mais vozes críticas que existam, desde sempre mas agora com mais vigor no debate público, as histórias atenuadoras, revestidas de feitos gloriosos de um povo aventureiro, muitas vezes capitalizadas para o turismo, continuam a não permitir pensar a fundo o impacto de tudo isto.

As consequências das continuidades da ampla e violenta história colonial portuguesa, sobretudo o racismo que incide sobre a população negra e cigana, são relativizadas e inclusive negadas. No entanto, p espaço para debater e agir em torno da descolonização da sociedade portuguesa e das cidades está em curso. As vozes pós-coloniais (num sentido alargado que integra vários momentos e teorias) e anti-racistas têm-se fortalecido na arte, na academia e no debate público, como resultado do persistente trabalho de coletivos, de iniciativas institucionais ou independentes mas, sobretudo, por parte do activismo de sujeitos racializados
O passado inscreve-se no imaginário colectivo frequentemente regido por poderes públicos e sustentado pelos meios de comunicação e de transmissão. Ou seja, o passado é selecionado e reinterpretado segundo as sensibilidades culturais, as interrogações éticas e as conveniências políticas do presente, transformando-se em memória coletiva. Assim, os debates em torno da memória são tensos, porque ligados aos anseios da atualidade, às expectativas do futuro e ao desvelar de histórias memorizadas ou silenciadas. 

Como escreve o filósofo camaronês Achille Mbembe em Brutalisme “o dever de restituição e de reparação [são] os primeiros passos para uma verdadeira justiça planetária”. Assim, propomos estes filmes para acrescentar pontos de vista às ramificações da memória colonial ao debate a partir de Cabo Verde. MOIA, último filme que Ruy Duarte de Carvalho fez, filmado em Cabo Verde, “é uma indagação dos traços de uma crioulidade sedimentada numa dinâmica africana, atlântica e lusófona.” Passamos pelo Independência, da promissora Geração 80 de Angola, que conta entre tantos testemunhos a dificuldade e conquistas da luta anti-colonial. A arte que faz mal à vista interpela a estátua de Padre António Vieira, erguida em Lisboa em 2017, inscrevendo-se no intenso debate sobre monumentos e memorialística imperial.

O realizador belga Matthias De Groof problematiza, em Palimpseste du Musée d’Afrique, a tentativa de descolonizar um símbolo colonial por excelência: o Museu Real da África Central, em Tervuren, Bélgica, que inaugurou como AfricaMuseum em 2018 após cinco anos em remodelações. Em A Story for Africa Billy Woodberry anima, numa narrativa sonora e visual, o arquivo fotográfico destinado a comprovar a conquista do território Cuamata, através da trágica história do soba Calipalula, essencial ao desenrolar desta campanha de pacificação do início do século XX que parecem imagens do século XVII. Vamos ainda aos tempos pós-independência com o filme Yvone Kane, de Margarida Cardoso, onde a figura de uma ex-guerrilheira e ativistade grande determinação é pretexto para se indagar as causas revolucionárias e os anseios de mudança, assim como as relações Europa-África. O filme de Ariel de Bigault desbrava um vasto arquivo audiovisual do colonial desvendando “máscaras da violenta dominação colonial, que ainda hoje assombram as memórias. A dinâmica de contrastes entre as imagens e as atitudes revela interrogações muito actuais.” E é muito interessante quando os atores Orlando Sérgio e Ângelo Torres questionam a falta de protagonismo dos negros e o “fora de campo”. Será nestes insinuações e pontos não tão conhecidos das memórias coloniais, anti e pós, que nos interessa debate e inscrever novas memórias com o que o público cabo-verdiano tem a dizer. 

15º Maio Doc – CICLO DE CINEMA DOCUMENTAL

Curadoria Marta Lança
Centro Cultural Português do Mindelo, Sala José Afonso

PROGRAMAÇÃO

Dia 4 - 18h30

Fantasmas do Império, Ariel de Bigault (Portugal, França 2020), 112’

Dia 5 - 18h30

Independência, de Mário Bastos (Angola 2015) 110’

Dia 6 - 18h30

A Arte que faz mal à vista, de Pedro Neves Marques (Portugal 2018) 18’49

A Story from Africa, de Billy Woodberry (EUA 2019) 33’

Palimpseste du Musée d’Afrique, de Matthias De Groof (Bélgica 2019) 69’

Dia 7 - 18h30
Yvone Kane - Margarida Cardoso (Portugal, 2014) 118’

Dia 08 - 18h30
MOIA: o recado das ilhas, de Ruy Duarte de Carvalho (Portugal, Cabo Verde 1989) 62’

SINOPSE MOIA: o recado das ilhas, de Ruy Duarte de Carvalho (Portugal, Cabo Verde, 1989) 62’ “Ficção poética mais que ficção dramática, MOIA é uma indagação dos traços de uma crioulidade sedimentada numa dinâmica africana, atlântica e lusófona.

O perfil e o percurso da protagonista, a convergência das muitas componentes que podem perturbar e reordenar os fundamentos de uma identidade que tende a exceder as categorias políticas, geográficas e históricas. Assim é que a circunstância insular e a exuberância vulcânica da terra e da expressão Cabo-verdianas acolhem as inquietações personalizadas de uma insularidade psicológica e social que veicula o eco de uma África que leva às suas últimas consequências o confronto shakesperiano entre Próspero e Caliban. Uma indagação cinematográfica acerca de tal ordem de emoções não poderia dispensar o recurso ao fantástico, ao delírio e ao arrojo poético. É disso que se faz qualquer futuro. A mestiçagem traduzida em planos.”
Ruy Duarte

Independência, de Mário Bastos (Angola 2015) 1h 50’ A 11 de Novembro de 1975 Angola proclamou a independência, 14 anos depois do início da luta armada contra o domínio colonial português. O regime de Salazar recusava qualquer negociação com os independentistas, aos quais restava a clandestinidade, a prisão ou o exílio.

Quando quase toda a África celebrava o fim dos impérios coloniais, Angola e as outras colónias portuguesas seguiam um destino bem diferente. Só após o golpe militar de 25 de Abril de 1974 ter derrubado o regime, Portugal reconheceu o direito dos povos das colónias à autodeterminação. Os anos de luta evocados em “Independência” determinaram o rumo de Angola após 1975. Opções políticas, conflitos internos e alianças internacionais começaram a desenhar-se durante a luta anti-colonial. As principais organizações (FNLA e MPLA e, mais tarde, UNITA) nunca fizeram uma frente comum e as suas contradições eram ampliadas pelo contexto da Guerra Fria. A independência foi proclamada já em clima de guerra, mas com muita emoção e orgulho, como é contado no filme.

A Arte que faz mal à vista, de Pedro Neves Marques (Pt 2018) 18’49 Lisboa é uma cidade em mudança. À medida que jovens afrodescendentes assumem o seu direito à cidade, assiste-se a um intenso debate sobre monumentos e símbolos públicos que lembrem o passado colonial de Portugal. No Outono de 2017, deu-se um confronto entre um protesto pacífico e grupos neonazis frente a uma estátua recentemente erguida em memória de Padre António Vieira, representado num gesto de conversão com três crianças indígenas aos pés.

Palimpseste du Musée d’Afrique, de Matthias De Groof (Bélgica 2019) 69’ Em 2013, o Museu Real da África Central (Bélgica) fecha para renovações. É uma oportunidade para conferir uma visão moderna à existência e à missão do museu. O processo de descolonização leva a discussões acesas. É preciso colocar questões fundamentais: quem está a olhar para quem? E está-se a contar a história de quem?A Story from Africa, de Billy Woodberry (EUA 2019) 33’Na sequência da resolução da Conferência de Berlim de 1885 quanto à divisão de África, o exército português usa um oficial talentoso para registar a ocupação efectiva do território conquistado em 1907 ao povo cuamato, no sul de Angola. A Story from Africa dá vida a este arquivo fotográfico raramente visto através da história trágica de Calipalula, o fidalgo cuamato que foi decisivo no desenrolar dos eventos desta campanha de pacificação portuguesa.

Yvone Kane - Margarida Cardoso (Portugal, 2014) 118’ Depois de uma tragédia que lhe roubou a vontade de viver, Rita decide voltar a África, ao país onde cresceu, e reencontrar Sara, a sua mãe. Enquanto Sara vive os últimos dias da sua vida procurando encontrar um sentido para o seu passado, Rita decide investigar o percurso de Yvone Kane, uma ex-guerrilheira e ativista política cuja coragem e determinação marcou várias gerações e cuja morte nunca ficou esclarecida. Porém, apesar dos esforços, nenhuma das duas parece conseguir a redenção de que necessita?

 

Fantasmas do Império, Ariel de Bigault (Pt, Fr 2020), 112’ Fantasmas do Império explora o imaginário colonial no cinema português desde o início do século XX… 100 anos de cinema. Às imagens e narrativas que sustentam o enredo imperialista, contrapõem-se filmes e olhares de cineastas de várias gerações assim como pontos de vista de pesquisadores e testemunhas. Desvendam-se ficções e mitos, máscaras da violenta dominação colonial, que ainda hoje assombram as memórias. A dinâmica de contrastes entre as imagens e as atitudes revela interrogações muito atuais.

03.12.2021 | by Alícia Gaspar | a arte que faz mal a vista, a story from africa, Africa, centro cultural português do mindelo, Cinema Documental, Fantasmas do Império, independência, maio doc, Mindelo, palimpsest, Portugal, Yvone Kane