Helder Mendes ao Vivo, 25 de Março, Elinga Teatro, LUANDA

Será realizado esta Sexta-Feira dia 25 de Março de 2011 pelas 22h30 um concerto ao vivo com o artista Hélder Mendes no Elinga Teatro \ bar. Neste espectáculo o cantor apresentará temas dos seus dois Álbuns  “África Okwaba  e do seu ultimo trabalho “Vumbi” com musicas compostas e interpretadas em Kikongo, Umbundu, Kimbundo, Fiote, Kwanyama e Tchokwe.  Helder Mendes está de regresso a Angola depois de alguns anos passados em Espanha, onde produziu grande parte do seu trabalho que será apresentado esta Sexta no mítico espaço Elinga Teatro, e irá mostrar aos seus que continuam a surgir músicos com indubitável talento em Angola.

Numa Co-Produção da Mano a Mano Produções, Movimento X e Alliance Française, este espectáculo inclui a actuação de uma banda que será composta por 5 elementos incluindo Cloves na guitarra ritmo e solo, Celso Costa na guitarra baixo, Nana na precursão, Jó Pinto na bateria. Como convidado especial Hélder Mendes terá ainda o musico Venezuelano Jesús Chucho Garcia.

Biografia de Hélder Mendes

O cantor Hélder Mendes apresenta o seu segundo álbum, Vumbi, com músicas compostas e interpretadas em línguas nacionais. O músico já havia abraçado os idiomas angolanos no seu primeiro trabalho, “África Okwaba”, ou “África bela na tradução do kimbundo, de 2006, que constitui-se apenas de quatro faixas musicais, com mil cópias, todas gravadas em Espanha. Nasceu a 29 anos, na aldeia de Kaxiça, município de Cambambe, província de Kwanza-Norte e viu, contudo, ser cantada com nostalgia e muita alegria o sucesso deste disco, “Anjikita”. “A canção retrata as brincadeiras de infância, que, hoje, foram substituídas pelos jogos modernos, como a playstation”, disse.

Quatro anos depois, o músico regressa aos palcos com o seu novo disco “Vumbi”, (“Espíritos“ em kikongo) e quer superar as mil cópias do trabalho anterior. Predominantemente direccionado aos estilos afro-pop e beat, Hélder Mendes diz emprestar a sua voz para cantar as tradições africanas e valorizar a cultura dos povos.

O novo disco contém 13 faixas musicais interpretadas em seis línguas nacionais: kikongo, umbundu, kimbundo, fiote, kwanyama e o kokwe. Conta com a participação de músicos espanhóis, franceses, suecos e angolanos, entre eles Kiki Gamero (produção), Mário Contreias (saxofone), Paul Buttin (guitarra), Cláudia Gonçalves (coro), Ângelo Moreno (trompetista), Rafael Arregue (teclados) e John Palson (cantor). As canções retratam as festas do nascimento de uma criança, as punições aplicadas aos transgressores das normas nas aldeias, além de elas, também, chamarem atenção para os complexos e tabus culturais.

Nesta volta, Hélder está a procura de uma editora para fazer o lançamento do seu disco, ou ainda de pessoas de boa fé que queiram ajudá-lo nesta empreitada, pois deseja fazer diferente e ver valorizado o seu trabalho no mercado nacional e internacional.

Muito influenciado por músicos de renome, dentre os quais Waldemar Bastos, Filipe Mukenga, Baab Maal, Youssou Ndour, Angelique Kidjo e Salif Keita, Hélder Mendes identificou-se nos estilos afro, embora já tenha cantado semba e kizomba.

O músico, enquanto aguarda pelos apoios para uma melhor tiragem do seu novo disco, já definiu os próximos passos. Ele e as suas três irmãs pretendem abrir um atelier de moda, onde além de roupa vão, também, dispor de várias bijutarias para acompanhar os trajes africanos lá confeccionados.

Infância

Aos cinco anos de idade em Ndalatando, capital do Kwanza-Norte, Hélder Mendes já mostrava tendências para a música. Ele é descendente de uma família de músicos: o seu avô paterno foi compositor e cantor na Igreja Metodista e as suas tias pertenciam ao grupo coral da mesma igreja.

Uma de suas tias, num belo dia decidiu ensinar-lhe uma música em lingala de um artista congolês. Na altura, tinha apenas seis anos e em passeio pelas ruas de Ndalatando exercitava o que a tia lhe ensinara. Apesar de algumas falhas, ele ensaiava todos os pormenores sem descanso. Na calçada, uma vendedora de galetes (massa de trigo aquecida com manteiga, queimada no forno) ao ouvi-lo chamou-o e pediu que cantasse um pouco para ela. “Foi a minha primeira apresentação, mas, enquanto cantava notei que ela se ria muito, o que me deixou constrangido, pois não sabia se o fazia pelos meus erros ou pelo encanto da sonoridade. A verdade é que ganhei alguns galetes e saí dali com ar de vencedor”, lembra.

A vida do cantor estava a dar os primeiros passos, onde o canto ocupava um lugar de diversão, mas, na medida em que o tempo foi passando, descobriu que a música seria a sua vida e que dela queria viver.

Percurso

Em 1992, com a tensão militar que o país vivia, a sua família foi obrigada a vir para Luanda. Na capital, o jovem cantor não se afastou do desejo de tornar-se um artista. “Com apenas dezasseis anos de idade começo a compor as minhas próprias músicas”, lembra. Em 1998, conheceu os irmãos Nho Nhunha do Huambo, com os quais gravou as suas primeiras composições, num estúdio caseiro, localizado na escola Ngola Kanini. De estilos variados, levava as suas músicas para as rádios, na tentativa de torná-las conhecidas do público, mas as estações alegavam fraca qualidade de som e captação de voz. Este foi para o cantor um dos vários momentos difíceis que teve de enfrentar na sua carreira artística.

Na altura em que passa a trabalhar para o Centro de Acolhimento Mamã Muxima, apoiando uma delegação de espanhóis, conhece Pablo Vicente, que mais tarde viria a convidá-lo para conhecer Espanha. Naquele país, o músico, através de Pablo Vicente, conhece vários músicos europeus e com isto a oportunidade de gravar o primeiro disco estava muito mais próxima. Foi em Sevilha, Espanha, que Pablo patrocinou o primeiro disco de Hélder Mendes, o já citado “África Okwaba”.

 “A persistência é a mãe de todas as virtudes”, assim diz o adágio popular. Mas a jornada de Hélder estava apenas a começar com a apresentação do primeiro álbum e os apoios para gravar o segundo trabalho escasseavam, razão pela qual, em 2009, voltou a Sevilha, onde se juntou com Pablo Vicente, o seu amigo e patrocinador, para gravar o segundo álbum, justamente o trabalho que ainda espera lançamento.

 

23.03.2011 | por franciscabagulho | música angolana