Uma criança à janela disparando uma pistola de plástico

Uma criança à janela disparando uma pistola de plástico Joanesburgo, a capital financeira e cultural da África subsariana, é a cidade do frenético espírito empreendedor, dos investimentos nacionais e transnacionais, dos homens e mulheres sem medo de investir e de arriscar, dos artistas sem medo de experimentar, etc. Todos eles, porém, com medo de não fechar o portão, com medo de não fechar a janela, com medo de parar no semáforo vermelho. Joanesburgo é uma capital do medo. E uma das poucas capitais no mundo que não tem nem rio nem lago, que não está cercada por nenhum oceano.

Cidade

27.11.2013 | por António Pinto Ribeiro

Afro-Feminina: A literatura da mulher negra no Brasil

Escrava tanto por sua origem africana num mundo onde imperava a ótica eurocêntrica e escrava das representações envolvidas por traços de inferioridade, virilidade acentuada e valoração negativa de sua diversidade. Nadando contra a corrente, vozes afro-femininas de libertação, que lutaram tanto contra o preconceito racial como de gênero, sempre existiram e provam a importância da mulher negra na formação da cultura brasileira. No passado e no presente, a escrita da mulher negra luta por sua emancipação e ocupa seu devido espaço. Da representação, a auto-representação; do corpo escravo, a dona de si.

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21.11.2013 | por Juliana Penha

O cinzentismo da propaganda durante o Estado Novo - apontamentos acerca do jornal A Voz de S. Tomé

O cinzentismo da propaganda durante o Estado Novo - apontamentos acerca do jornal A Voz de S. Tomé Em São Tomé, em inícios de década de 1930, vários jornais que tinham sobrevivido à queda da República, cessavam a sua publicação. Por esse tempo, rejeitando qualquer concertação política com os ilhéus e, até, com os colonos, as autoridades do Estado Novo dispensaram-se de propaganda no exíguo território, que o poder colonial manteria vergado aos interesses dos roceiros. Decorreriam anos até surgir, em 1947, um órgão oficioso, A Voz de S. Tomé. Monolítico e visado pela censura, redigido por curiosos, tornar-se-ia o único periódico onde, além dos pálidos reflexos da vida local, se estampava uma propaganda cinzenta do regime e da metrópole, ao mesmo tempo que também se decantava uma leitura do mundo. Ora, ao invés do que se imediatamente se imagina quando se pensa num jornal, A Voz de S. Tomé serviu para perpetuar o isolamento.

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18.11.2013 | por Augusto Nascimento

A Cidade e o Pós-colonial - parte II

A Cidade e o Pós-colonial - parte II Os passados coloniais continuam pre­sentes nos contextos pós-coloniais de várias formas, as quais podem ser encontradas quer na cultura pública, quer em luga­res inesperados do quotidiano e na esfera do mundano, mostrando que os entendimentos comuns em relação ao Império, no período pós-descolonizações, se articulam com uma grande variedade de canais e instituições

Cidade

18.11.2013 | por Nuno Domingos e Elsa Peralta

A Cidade e o Colonial - parte I

A Cidade e o Colonial - parte I A cidade configura-se como um objeto de investigação a partir do qual é possível colocar uma série de problemas acerca da constituição de sociedades coloniais – incluindo nelas as suas metrópoles ou capitais – e da maneira como os seus princípios de organização se reproduzem em contextos pós-coloniais.

Cidade

15.11.2013 | por Nuno Domingos e Elsa Peralta

Carta ao Presidente de Moçambique

Carta ao Presidente de Moçambique Quem deixa andar o crime, a violência e a pobreza, quem deixa andar a corrupção, o compadrio e as associações criminosas? Quem nomeia, ou aceita a nomeação, de um criminoso condenado a prisão maior para comandante de uma das principais forças policiais no centro do país? Quem se apropria de toda a riqueza e ao povo maravilhoso oferece discursos e dessse maravilhoso povo quer retirar (ou gerir, como o senhor diz) qualquer expectativa? Quem só se preocupa com os recursos que estão em baixo do solo, mandando passear as pessoas,os problemas e as opções de vida construídas em cima desse solo? Quem privatiza os benefícios económicos e financeiros dos grandes projectos, e depois mente dizendo que ainda não existem?

Mukanda

06.11.2013 | por autor desconhecido

Zé da Guiné - Lisboa

Zé da Guiné - Lisboa Se soubesse uma palavra em Português para designar “aquele que lida vivaz com a vida” dizíamos, se fosse capaz de ouvir uma só língua Bantu a fundo, escrevíamos. Assim fica só combatente. Mas com os és abertos. O negro grande e belo e vivaz que se fez sozinho cidadão de Lisboa, obedecendo a uma remota linhagem sua. Chão Papel. Fértil demais. Para o tempo.

Cara a cara

01.11.2013 | por Branca Clara das Neves

Um dúbio decoro

Um dúbio decoro Texto sobre a série Debret, de Vasco Araújo, exposta na Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre 16 de março e 25 de agosto de 2013. Não nos enganemos com esses objetos e as mesas que os suportam, com suas elegantes retas, curvas, círculos e ovais, com a calidez de suas cores e o dourado, luminosamente discretos. Não nos enganemos, pois, como indicam as cenas breves compostas pelos insólitos bibelôs, Debret, a série de Vasco Araújo, fala do sujo, do podre, do baixo.

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01.11.2013 | por Roberto Conduru

Cidades Rebeldes | Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil

Cidades Rebeldes | Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil David Harvey teoriza sobre a liberdade da cidade que, segundo ele, é muito mais que um direito de acesso àquilo que já existe: é o direito de mudar a cidade de acordo com o desejo de nossos corações. “A questão do tipo de cidade que desejamos é inseparável da questão do tipo de pessoa que desejamos nos tornar. A liberdade de fazer e refazer a nós mesmos e a nossas cidades dessa maneira é, sustento, um dos mais preciosos de todos os direitos humanos”.

Cidade

29.10.2013 | por autor desconhecido

Revolução e cinema: o exemplo português - chamada de trabalhos

Revolução e cinema: o exemplo português - chamada de trabalhos O cinema português contemporâneo defronta-se com a questão de como representar a revolução, de como reactivar o tempo da revolução no presente, presentificando-a, arrancando-a ao distanciamento do passado e do arquivo e conferindo força política objectiva e crítica às imagens do 25 de Abril. Se a travessia da história constitui uma operação crítica por excelência e se o método historiográfico comporta necessariamente um processo de identificação com os acontecimentos do passado, para os cineastas portugueses, sobretudo para aqueles que cresceram ou nasceram depois do 25 de Abril, a existência de um tão vasto arquivo e de um corpus cinematográfico extraordinário coloca o problema mais além de qualquer historicismo.

Afroscreen

27.10.2013 | por Raquel Schefer

Política e religiosidade em São Tomé e Príncipe: os equívocos do colonialismo ao pós-independência. Notas para uma investigação

Política e religiosidade em São Tomé e Príncipe: os equívocos do colonialismo ao pós-independência. Notas para uma investigação Nestes apontamentos atentar-se-á nas relações entre o curso da política e diversos planos das vivências religiosas em São Tomé e Príncipe desde o século passado. Levando em conta a história recente, avaliar-se-á o multifacetado papel da religiosidade na actual configuração política e social do arquipélago.

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23.10.2013 | por Augusto Nascimento

Mobilizar as duas partes do atlântico sul, conversa com a curadora Bisi Silva

Mobilizar as duas partes do atlântico sul, conversa com a curadora Bisi Silva Bisi Silva faz parte de uma geração de agentes culturais africanos que viveram grande parte da sua vida na diáspora (Reino Unido, EUA e França), e que recentemente optaram por regressar aos países de origem. É em Lagos que tem desenvolvido programas importantes no âmbito da arte contemporânea, e no fortalecimento de redes culturais no continente, programas educacionais que fazem do CCA um pólo importante de difusão da cultura contemporânea.

Cara a cara

23.10.2013 | por Marta Mestre

«A Europa já não é o centro de gravidade do mundo»

«A Europa já não é o centro de gravidade do mundo» Esta nova obra abre com uma declaração poderosa que se assemelha a um Manifesto. «A Europa já não é o centro de gravidade do mundo», escreve ele; e «esta desclassificação abre novas possibilidades — mas também arrasta perigos — para o pensamento crítico». São estas possibilidades e perigos que Mbembe explora. A tese forte do livro tem a ver com aquilo a que o autor chama «o devir-negro do mundo»: o «nome Negro já não remete apenas para a condição atribuída às pessoas de origem africana na época do primeiro capitalismo». Hoje em dia, designa toda uma humanidade subalterna de que o capital já não necessita no momento em que se define mais que nunca pelo modelo de uma religião animista, o neoliberalismo. A temática da diferença racial é explorada até às suas últimas consequências.

Cara a cara

21.10.2013 | por Achille Mbembe

Globalização, neocolonização e urbanização em África

Globalização, neocolonização e urbanização em África O padrão de ocupação do território resultante da rápida urbanização das cidades africanas não pode ser analisado nem à margem da globalização neoliberal tampouco fora do recente (e violento) processo de descolonização. Neste sentido, uma série de direitos têm sido constantemente negligenciados nas agendas nacionais, com forte impacto na configuração das cidades no continente. Urge, portanto, problematizar conceitos como território, cidade e urbanidade, em tempos de globalização neoliberal, em especial para lidar com as urbanidades do continente africano e, porque não, latino-americano?

Cidade

18.10.2013 | por Andréia Moassab

Imigrantes na literatura brasileira

Imigrantes na literatura brasileira Os sírios e libaneses não vieram para o Brasil expulsos pela fome, mas sim, em sua grande maioria, perseguidos pelo Império Otomano, por razões de crença religiosa, já que eram cristãos vivendo em território muçulmano. Assim, aportaram aqui famílias de classe média, com vocação urbana – o oposto dos italianos e alemães, pobres, camponeses, analfabetos. Destacam-se, em diversas gerações, nomes como Emil Farhat, Jamil Almansour Haddad, Salim Miguel, Mário Chamie, Manoel Carlos Karam, Jamil Snege, Carlos Nejar, Foed Castro Chamma, Waldyr Nader, Raduan Nassar, Nagib Jorge Neto, Milton Hatoum e Alberto Mussa.

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17.10.2013 | por Luiz Ruffato

"Rosita" e o império como objecto de desejo

"Rosita" e o império como objecto de desejo Numa ilha no meio de um lago, onde uma fonte luminosa vinha dar um toque de modernidade, qual metáfora do empreendimento português em África, instalaram-se umas dezenas de guineenses, que viviam o seu quotidiano numa aldeia de palhotas, sob o olhar dos visitantes portugueses. O público da exposição podia assim ocupar, mesmo que temporariamente, o olhar e o lugar do colonizador. Um colonizador que, na segurança oferecida por um parque no centro do Porto, podia já beneficiar dos resultados das "campanhas de pacificação" em África

Corpo

14.10.2013 | por Filipa Lowndes Vicente

Ausência de escritores negros brasileiros na Feira de literatura de Frankfurt

Ausência de escritores negros brasileiros na Feira de literatura de Frankfurt Para além do epistemicídio e do racismo institucional que tal postura desvela, a partir da violação de direitos constitucionais, acrescentamos a perversa relação que há entre as grandes editoras – capital privado –, seus catálogos e o apoio estatal evidenciado na lista da Feira de Frankfurt/2013. Por esses motivos, reafirmamos nossa posição contrária a qualquer ação ou evento que signifique e que resulte na exclusão da literatura negra nos anais culturais nacionais e internacionais.

Mukanda

11.10.2013 | por autor desconhecido

Entrer dans la mine, Ângela Ferreira, Bienal de Lubumbashi

Entrer dans la mine, Ângela Ferreira, Bienal de Lubumbashi A escultura, por sua vez, evoca o construtivismo russo, nomeadamente o projeto nunca concretizado de Vladimir Tatlin para o monumento à Terceira Internacional, a associação internacional de partidos comunistas nacionais, fundada em 1919 na União Soviética. Ferreira “converte” o monumento de Tatlin numa escultura que “cita” explicitamente a sua característica mais distinta, a inclinação de 23,4º, que é uma referência à inclinação do eixo da Terra e simboliza o universalismo de todos os objetivos utópicos por alcançar.

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09.10.2013 | por autor desconhecido

Um Fim do Mundo - no cinema em Lisboa e Setúbal

Um Fim do Mundo - no cinema em Lisboa e Setúbal Um dia na praia, antes das férias de Verão. Uma rapariga acabada de chegar que provoca curiosidade. Um rumor. Um desses dias que não acabam. Uma falha no sistema de distribuição de electricidade - um apagão - talvez se trate de um acidente, talvez seja só um pretexto para passar uma noite juntos.

Afroscreen

09.10.2013 | por autor desconhecido

Feminismo e tradução cultural: sobre a colonialidade do gênero e a descolonização do saber

Feminismo e tradução cultural: sobre a colonialidade do gênero e a descolonização do saber De que forma as teorias feministas no contexto latino-americano “traduzem” e descolonizam a crítica pós-colonial? Que tipos de mediação são necessários nessas traduções feministas e latino-americanas do pós-colonial? Quais são seus limites? Estas são algumas indagações a respeito das tendências teóricas contemporâneas dentro do feminismo que explorarei a seguir na tentativa de mapear – necessariamente de forma abreviada – possíveis rumos para os estudos de gênero e feminismo no contexto latino-americano/brasileiro.

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08.10.2013 | por Cláudia de Lima Costa