A minha reflexão incide sobre o modo como se pode fazer cinema em África, à nossa maneira: a maneira como nos mexemos, a maneira como saboreamos, como ouvimos as coisas, como vemos as coisas, a nossa percepção do mundo.
Afroscreen
22.08.2010 | por Samba Félix Ndiaye
Era um prazer viajar com ele. Acordávamos muito cedo, “matabichávamos” juntos e depois... pé na estrada. Eu guiava no asfalto, ele na terra. Trocávamos impressões e memórias. Tínhamos todo o tempo do mundo, entre um ponto e outro do trajeto diário. Na Chapada Gaúcha, lugarejo mais próximo do Parque do Grande Sertão Veredas, subitamente o Ruy se apaixonou por uma menina que vendia flores de papel. E assim vivemos aqueles momentos.
Ruy Duarte de Carvalho
22.08.2010 | por Daniela Moreau
Emídio Jossine, Amâncio Mondlane e Nelson Mondlane vieram “do outro lado do oceano”, de Maputo, directamente para Cataguases. Vamos encontrá-los na “base”, nome de guerra para o galpão onde se aprende, se testa, se erra, se trocam ideias, e se “respira cinema”. Estão a aguardar pelo genérico que finalizará a edição do seu doc “A Espera no Quintal" e, enquanto não chega, falamos sobre o Festival e o cinema do seu país.
Afroscreen
22.08.2010 | por Marta Mestre
“Observa” diz o homem branco numa língua selvagem, mas que a menina negra compreende pelo medo. Ele aponta-lhe um corpo de um menino português que, ninguém sabe, mas também foi um pastor antes de o terem embarcado à força. O menino está muito maltratado. O pirata ri uma gargalhada por conseguir assustar uma menina.
Mukanda
20.08.2010 | por Miguel Gullander
É certo que as demolições e despejos forçados vão continuar em Angola, mas também é certo que as comunidades e os movimentos se estão a fortalecer, à custa de muita coragem, mas também por saírem do isolamento em que viviam.
Cidade
20.08.2010 | por Rita Silva
Foi preciso esperar mais de 30 anos para que as feridas abertas pelo retorno dos colonos em África começassem a sangrar. Muitos decidiram agora escrever sobre o estigma de "retornado". Fundamental para se perceber o que é ser português, hoje
A ler
19.08.2010 | por Raquel Ribeiro
Poder-se-á imaginar a língua portuguesa como centro de um exercício lúdico em que o sujeito ou protagonista, num contexto rural de Angola, é uma criatura sem qualquer tipo de formação escolar? De facto é possível. E tal acontece num conto cujo autor é o escritor Uanhenga Xitu.
Cara a cara
17.08.2010 | por Luis Kandjimbo
Jorge Barbosa jamais foi ao Brasil; Ribeiro Couto jamais pôs os pés em Cabo Verde. "Eu gosto de você, Brasil, porque você é parecido com a minha terra. Eu bem sei que você é um mundão e que a minha terra são dez ilhas perdidas no Atlântico (...)"
Mukanda
17.08.2010 | por Jorge Barbosa e Ribeiro Couto
tem um lugar, dizia eu, tem um ponto no mapa do Brasil, tem um vértice que é onde os estados de Goiás, de Minas Gerais e da Bahia se encontram, e o Distrito Federal é mesmo ao lado. Aí, sim, gostaria de ir... é lá que se passa muita da ação do Grande sertão: Veredas... e depois descer para o alto São Francisco, que é o resto das desmedidas paisagens de Guimarães Rosa... e ao baixo São Francisco, podendo, ia também... porque encosta aos Sertões euclidianos... sou estrangeiro aqui e nada me impede de incorrer no anacronismo de querer ir ver, de perto, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha...
Ruy Duarte de Carvalho
14.08.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
São pedras a perder de vista. Lápides irregulares espalham-se sobre a areia por centenas de metros. O cemitério domina o campo de refugiados de Smara. As tendas e as casas de cor da terra estão lá em baixo, ocupam o horizonte, confundem-se com o deserto. Cada pedra assinala alguém que morreu. A maioria dos habitantes fugiu aos bombardeamentos marroquinos em 1976, mas muitos já nasceram, viveram e terminaram aqui para todo o sempre. São a prova que o conflito do Sahara Ocidental dura há tempo de mais.
Vou lá visitar
13.08.2010 | por Nuno Ramos de Almeida
Prémio Camões 2009. Cabo-verdiano. Conde. Arménio Vieira no seu laboratório de criação: Pracinha do Liceu, Cidade da Praia. O que se segue não é um discurso milimetricamente estruturado e óbvio. É, antes, um desenrolar de frases, pensamentos e memórias às vezes desconexos e non sense na aparência, que evidenciam, nesse jeito irónico e mordaz, a dimensão humana e artística do poeta e ficcionista.
Cara a cara
12.08.2010 | por Pedro Cardoso
E julgo, chegado a esta altura da vida, não poder deixar de ter que entender que o mundo, por toda a parte e não só aqui, se urde e se produz recorrendo sempre, ou quase sempre, ao uso e ao abuso da boa-fé dos outros. Temo não conseguir nunca chegar, mesmo velhinho, a conformar-me com isso e a tornar-me no sujeito bem acabado, dissimulado, pirata, adaptável e finalmente adaptado que nunca, durante toda a vida, consegui ser.
Ruy Duarte de Carvalho
12.08.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
Esta foi a 15ª edição do Andanças que teve como tema a Comunidade. Segundo Diana Mira, da PédeXumbo, o essencial do festival não mudou desde o remoto 1995 em Évora, onde estiveram 200 participantes. “Continua a ser um festival que é um espaço de encontro onde se pode vir dançar e também um espaço de partilha onde se dá as mãos e se olha”.
Vou lá visitar
12.08.2010 | por Maria Prata
Dak’Art deve ampliar o seu público e aliar-se cultural e artisticamente à América do Sul, para inscrever as artes contemporâneas africanas num contexto global, numa abordagem prospectiva cuja aposta é conseguir desbloquear e alargar a esfera de produção e de visibilidade das artes contemporâneas africanas.
A ler
12.08.2010 | por Boubacar Traoré
Dir-se-ia que o Tchiloli tem um carácter exemplar, representando a difícil harmonização entre duas culturas (africana e europeia) que se encontraram por imperativos históricos, mas cujos sujeitos africanos conseguiram ultrapassar o vazio cultural resultante de um encontro catastrófico, reinventando os empréstimos europeus e criando uma cultura própria mas universal.
Palcos
11.08.2010 | por Agnela Barros
A mudança? Passa pela aceitação do Outro na sua opacidade que Gissant reivindica em alto e bom tom, através de uma extraordinária história sobre brócolos de que ele afirma não gostar sem saber porquê! O racista é aquele que recusa o que não compreende. A barbárie é impor ao outro a sua própria transparência. As fronteiras? Deviam ser permeáveis para os migrantes, mas não deviam ser abolidas, para preservar o sabor de cada ambiente.
Afroscreen
10.08.2010 | por Olivier Barlet
Salvador, na Bahia, e Luanda, em Angola, são cidades primas. Mas são como primas distantes: elas têm uma forte ligação familiar, mas perderam o contato uma com a outra com o passar dos anos. Por meio dessa imagem, o artista plástico e curador angolano Fernando Alvim sintetiza sua visão sobre as relações entre a capital de Angola e a capital da Bahia, o estado com maior presença negra no Brasil.
Cidade
09.08.2010 | por Juliana Borges
Embora com toda a violência da ditadura salazarista e a indefectível mentira do império ultramarino, os poetas moçambicanos procuraram desconstruir os cânones impostos pelo colonizador europeu enaltecendo, por meio do verbo poético, o chão moçambicano e a pluralidade étnica. Rui Knopfli, Noémia de Sousa, José Craveirinha, Virgílio de Lemos, Fernando Couto e, nos primórdios, no século XIX, Campos Oliveira. A partir de um Índico hibridizado, confluente oriente/ocidente, denota-se a busca identitária.
A ler
09.08.2010 | por Ricardo Riso
De Hegel a Lenine, o capitalismo sofre mutações, assim como a situação africana e a luta no terreno dos povos africanos contra os colonizadores. Vimos como a África e os africanos passaram de objectos a sujeitos no pensamento marxista. A partir de quando, e de que forma, o marxismo passou a ser um sujeito em África?
A ler
07.08.2010 | por Cristina Portella
Com apenas 33 anos Ondjaki é já um dos nomes em crescente ascenção na literatura angolana, sem negar o gosto de passear por outras artes, cruzando-as entre si. Apesar de viver intensamente Angola, todos os lugares podem ser propícios às viagens pelo mundo das palavras. Interessa-lhe sempre escrever sobre espaços e pessoas, sobre a vida.
Cara a cara
06.08.2010 | por Ricardo Palouro