Pôr pedras nos assuntos: a Câmara do Porto e o monumento ao “Ultramar”

Pôr pedras nos assuntos: a Câmara do Porto e o monumento ao “Ultramar” O passado colonial português é ainda hoje uma cortina de fumo, um quase tabu, um não assunto. Sobre o colonialismo português gravita um enredo de silêncios comprometidos, onde se aliam adesões instantâneas a versões adocicadas da história e formas de organizar publicamente uma narrativa que não convém que se discuta. E uma das formas de contornar a discussão, de omitir os problemas, de prolongar os impensados, é impor a visão única no meio da praça, no meio da rua, encorajando os transeuntes a não pensar para além do que lhes salta imediatamente ao caminho. É a velha estratégia de pôr uma pedra no assunto e organizar publicamente o esquecimento, num processo naturalmente mais grave para as suas vítimas diretas.

Jogos Sem Fronteiras

23.02.2021 | por Hugo Monteiro

"Portugal e o Futuro"

"Portugal e o Futuro" A Pátria discutia-se a sério, pela primeira vez. Se antes o “Ultramar” parecia um tabu intransponível, tanto nas forças apoiantes do regime como mesmo nos diferentes campos ideológicos e políticos da oposição ao regime, agora a discussão sai da Assembleia Nacional e dos círculos restritos do regime para se tornar pública e inevitável. Spínola anuncia uma “encruzilhada” do regime e do problema ultramarino.

Jogos Sem Fronteiras

22.02.2021 | por Luís Farinha

(Des)controlo em Luanda: urbanismo, polícia e lazer nos musseques do Império

(Des)controlo em Luanda:  urbanismo, polícia e lazer nos musseques do Império O racismo entre as duas comunidades dividia, de cima a baixo, a sociedade luandense, do poder judicial ao comércio que se fazia no interior dos musseques. A retórica usada pelo procurador, ao tentar abanar os alicerces sociopolíticos dessa justiça racial e ao pôr a descoberto a hipocrisia, o subjetivismo e a parcialidade dos juízes, invocava três imagens sobre o mesmo espaço: o recorrente dualismo entre a cidade branca e a cidade negra; um roteiro da modernidade urbanística conspurcada pelo terrorismo e a geografia punitiva do império.

Cidade

04.01.2021 | por Bernardo Pinto da Cruz, Nuno Domingos, Diogo Ramada Curto, Juliana Bosslet, Marcelo Bittencourt e Pedro David Gomes

Esta guerra não é tua

Esta guerra não é tua O que procuro nestes encontros com veteranos do Ultramar é algo que não sou capaz de traduzir numa fórmula simples e telegráfica. Há entre estes veteranos um sentido de comunidade fortíssimo, uma comunhão quase familiar, quase tribal, que em certos momentos me parece incompatível com um sentido de comunidade mais vasto. É uma comunhão que tende a excluir-me, a mim e a todos os que não partilharam a mesma experiência. O que busco nestas conversas são os momentos, semelhantes a epifanias, em que os veteranos exprimem a pertença a uma comunidade humana mais vasta, mais abrangente, necessariamente organizada em torno de valores morais.

A ler

13.12.2020 | por Paulo Faria