ruas da cidade
Artigos com a etiqueta ruas da cidade
Arquivo de Etiquetas
- Acordo Ortográfico
- Afropeu
- Algarve
- ANC
- angolares
- antepassados
- atualidade
- barreiras
- Biblioteca Contr’Inorância
- bienal de lubumbashi
- Burkina Faso
- campos
- cccc
- Chiquinho
- Christiane Tassis
- cinema experimental
- coleção de arte
- contribuindo
- Dan Halter
- design brasileiro
- desigualdade
- Diário de um etnólogo guineense na Tuga
- diversidade cultural
- Donna Haraway
- escritor nigeriano
- experimentação
- festival de resistência
- Fonseca e Costa
- fotografia africana
- frança
- Galeria Municipal do Porto
- génio
- Ghassan Kanafani
- Guarani-Kaiowá
- imaginação
- Irmã Marginal
- Jair Bolsonaro
- João Rosas
- José Cabral
- Kalaf Angelo
- Kongo
- Laura Rozas Letelier
- literaturaana
- Louise Narbo
- Luhuna Carvalho
- Luisiana
- Macau
- Macron
- Maiúca
- Manoel Barbosa
- maria vlachou
- mário lúcio de sousa
- Marta Lança
- Mçulmanos
- médias sociaux
- memórias
- musico
- não-lugares
- nawal el saadawi
- nbedele
- Nereida Carvalho Delgado
- Norte
- Nós
- Nú Barreto
- O Espinho da Rosa
- O grito da bananeira
- O Território
- O Vento Assobiando nas Gruas
- pavilhão nórdico
- pertença
- plantas medicinais
- português
- povo.
- produção
- produção artística
- prosopoema
- Quentin Tarentino
- Raquel Castro
- repetições da violência na arte
- Semana de Arte Moderna
- sentido de pertença
- sex discrimination
- Sexualidade
- slam poetry
- solidão
- Sónia Guajajara
- spectres
- Spent
- subjectividade
- sul do Saara
- Tânia da Fonte
- Teatro em Angola
- Trienal de Cantão
- troca
- tuaregues
- ursula le guin
- verdade
- Vídeo nas Aldeias
- zap cinemas
- zombies
 Em resumo, os moradores de rua localizam-se territorialmente, sobretudo, através do seu
corpo. Por um lado, suportam as mazelas físicas e morais impressas pelas interdições à sua presença, sofrem uma tensão latente que encurva e amarra seus movimentos, comprimem os corpos de maneira a caber nos interstícios e espaços ociosos dos quais se apropriam. Por outro, desviam-se dos obstáculos, moldam técnicas corporais de sobrevivência, demarcam lugares de intimidade, arranjam maneiras de saciar suas necessidades corporais, tornam-se miméticos do espaço acomodando a sua presença à paisagem urbana, criam visibilidades desnorteantes quando necessitam se fazer notar. Essa corporalidade pressupõe resistência à sua eliminação. E se não existe tenacidade possível na manutenção de uma propriedade material, há na forma de preservar sua existência material e simbólica. A subjetividade garantindo o corpo vivo.
				Em resumo, os moradores de rua localizam-se territorialmente, sobretudo, através do seu
corpo. Por um lado, suportam as mazelas físicas e morais impressas pelas interdições à sua presença, sofrem uma tensão latente que encurva e amarra seus movimentos, comprimem os corpos de maneira a caber nos interstícios e espaços ociosos dos quais se apropriam. Por outro, desviam-se dos obstáculos, moldam técnicas corporais de sobrevivência, demarcam lugares de intimidade, arranjam maneiras de saciar suas necessidades corporais, tornam-se miméticos do espaço acomodando a sua presença à paisagem urbana, criam visibilidades desnorteantes quando necessitam se fazer notar. Essa corporalidade pressupõe resistência à sua eliminação. E se não existe tenacidade possível na manutenção de uma propriedade material, há na forma de preservar sua existência material e simbólica. A subjetividade garantindo o corpo vivo.		 Apesar da importância da escravidão na formação de Portugal e do seu império ultramarino, esta horrenda história da submissão “negra” é completamente abafada na memória pública lisboeta. Em contraste ao (recentemente criado e bem tardio) Museu da História e Cultura Afro-Americana nos EUA ou ao Museu Afro-Brasileiro em São Paulo, Brasil, não há museus deste género ou um memorial público de condenação tal como em Nantes, França. Mais recentemente, apesar de tudo, um museu de escravatura foi criado no histórico mercado negro “Mercado de Escravos” no sul de Portugal, no porto de Lagos, o qual é considerado o primeiro local de troca comercialde escravos africanos na Europa. No entanto, Lisboa permanece ainda largamente calada face ao seu legado de terror branco e cativeiro negro.
				Apesar da importância da escravidão na formação de Portugal e do seu império ultramarino, esta horrenda história da submissão “negra” é completamente abafada na memória pública lisboeta. Em contraste ao (recentemente criado e bem tardio) Museu da História e Cultura Afro-Americana nos EUA ou ao Museu Afro-Brasileiro em São Paulo, Brasil, não há museus deste género ou um memorial público de condenação tal como em Nantes, França. Mais recentemente, apesar de tudo, um museu de escravatura foi criado no histórico mercado negro “Mercado de Escravos” no sul de Portugal, no porto de Lagos, o qual é considerado o primeiro local de troca comercialde escravos africanos na Europa. No entanto, Lisboa permanece ainda largamente calada face ao seu legado de terror branco e cativeiro negro.		



