A praça Lumumba em Bruxelas: um lugar de memória controverso

A praça Lumumba em Bruxelas: um lugar de memória controverso Ao fim e ao cabo, a questão da descolonização na cidade de Bruxelas, e por extensão na Bélgica, possui uma componente geracional inegável. Enquanto as lutas pelo reconhecimento de um outro discurso, afastado da dinâmica paternalista das gestas do rei Leopoldo II e dos benefícios da colonização, provêm essencialmente de homens e mulheres (congoleses e belgo-congoleses) das segundas e terceiras gerações, as reivindicações de quem se recusa a reconhecer a figura de Lumumba como um actor legítimo da história da descolonização são maioritariamente feitas por pessoas que viveram “em carne e osso” a experiência colonial.

Cidade

03.07.2018 | por Felipe Cammaert

De que "legados" falamos nós?

De que "legados" falamos nós? De que passado colonial ou imperial estamos nós a falar? O que sabemos sobre esse passado, longínquo ou bem recente? O que conhecemos, de facto, de aspectos tão fundamentais como a estrutura ocupacional ou de rendimentos, os padrões de consumo, os graus de literacia, as práticas culturais, as opções ideológicas, os níveis de formação e participação política, as políticas de cidadania ou da terra nas antigas sociedades coloniais, em espaços urbanos ou rurais e nos trânsitos entre estes? Mais: o que sabemos sobre a própria descolonização, processo mais amplo e complexo que a mera “transferência do poder”?

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02.06.2018 | por Miguel Bandeira Jerónimo

O impossível museu

O impossível museu Os museus hoje ou são pós-coloniais ou não são nada. O que quer isto dizer? Primeiro que esta posição tem antecedentes: nos efeitos da revolução pós-colonial protagonizada pela negritude, pelas independências, pelo pós-colonialismo nas suas várias expressões e pelo pensamento ameríndio contemporâneo, com um impacto e uma energia intelectual só comparável à revolução coperniciana. Do mesmo modo como não é equacionável fazer um museu da história da ciência que terminasse num planisfério em que o sol e todos os corpos celestes girassem à volta da terra, não é admissível pensar a expansão portuguesa e a europeia dissociadas das narrativas dos ocupados e dos vencidos, dos seus acervos, quando os há, e da sua narrativa sobre a expansão.

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19.05.2018 | por António Pinto Ribeiro

A Argentina e as suas cicatrizes familiares

A Argentina e as suas cicatrizes familiares A família é o objeto opaco e indecifrável o que torna os estudos das memórias privadas um desafio problemático. De fato, como se pode perfurar o diafragma espesso que protege e encobre os passados subjetivos, privados, denegados, afundados como cárceres de grupos afetivos nas regiões mais escuras e profundas do perímetro familiar?

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12.05.2018 | por Roberto Vecchi

Na Europa andam fantasmas coloniais à solta

Na Europa andam fantasmas coloniais à solta A chegada à Europa de grandes contingentes de população, com vivência colonial corporizava a realidade distante dos impérios perdidos e perturbava traumaticamente a narrativa europeia. Estas populações e a história de que eram portadoras denunciavam a relação organicamente imperial europeia e iriam compondo parte das sociedades multiculturais europeias que ocultamente emergiam. A análise dos seus prolongamentos atuais, sob a forma dos "descendentes" e de uma cultura outra, exige-nos a inscrição da violência colonial, pública e privada, na história.

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05.05.2018 | por Margarida Calafate Ribeiro