Lançamento I “De quem se esqueceu Lisboa? - A luta pela inscrição da memória anticolonial no espaço público”, de Leonor Rosas

No dia 18 de outubro, às 19h, na Biblioteca do Goethe Institut Lisboa, será apresentado o livro “De quem se esqueceu Lisboa? - A luta pela inscrição da memória anticolonial no espaço público”, de Leonor Rosas. O livro será apresentado pela antropóloga Elsa Peralta (CeComp, FLUL), pelo historiador Miguel Cardina (CES) e por Djuzé Lino da Associação Batoto Yetu. Esta obra, publicada âmbito do projeto Constellations of Memory, financiado pela FCT, reflete sobre a perpetuação das narrativas lusotropicais e brancas no espaço público lisboeta, procurando perceber de que forma se podem ler relações de poder nesta paisagem memorial, e sobre as possibilidades e projetos de inscrição de memórias contra-hegemónicas, anticoloniais e antirracistas no mesmo. Contamos com a tua presença!

 

On the 18th of October, at 7pm, at the Goethe-Institut Lisbon Library, the book “De quem se esqueceu Lisboa? - A luta pela inscrição da memória anticolonial no espaço público”, by Leonor Rosas will be presented. The book will be presented by the anthropologist Elsa Peralta (CeComp, FLUL), the historian Miguel Cardina (CES) and Djuzé Lino from the Batoto Yetu Association. This work, published as part of the Constellations of Memory project, funded by FCT, reflects on the perpetuation of Lusotropical and white narratives in Lisbon’s public space, seeking to understand how power relations can be read in this memorial landscape, and on the possibilities and projects for inscribing counter-hegemonic, anti-colonial and anti-racist memories in it. Hope seeing you there!

16.10.2023 | by martalanca | lisboa, memória

NOVAS CARTAS PORTUGUESAS - PUBLICAÇÃO E PROCESSO

SEMINÁRIO #10 23 de outubro de 2023, 16h00 (GMT+1) Adriana Bebiano (CES/FLUC)

O ciclo As Tramas da Memória: datas para contar é organizado pela coordenação da linha de investigação Europa e o Sul Global: patrimónios e diálogos do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O ciclo visa assinalar e refletir sobre datas menos sonoras, mas igualmente determinantes para a construção do 25 de Abril de 1974 e das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor-Leste. Os seminários decorrem online, sempre que possível na data a assinalar, todos os meses, pelas 16 horas, ao longo de 2023. Esta atividade está integrada na iniciativa do CES, «50 anos de Abril».

16.10.2023 | by martalanca | Tramas da Memória

Memórias em Tempo de Amnésia II, de Álvaro Vasconcelos

Neste segundo volume de Memórias em Tempo de Amnésia, acompanhamos o percurso de Álvaro Vasconcelos da África colonial para a Europa, num reencontro com Portugal lá fora, em Bruxelas e Paris.Relata o encontro com exilados políticos e da guerra e com os emigrantes, que se iam integrando na vida democrática, mesmo que a ditadura procurasse afastá‐los da luta pela liberdade, ampliando a narrativa lusotropicalista e transformando a saudade em mito identitário nacional.É uma crónica dos longos anos 60 que terminaram, como este livro, com o 25 de Abril e o Primeiro de Maio de 1974. Um retrato da revolução cultural dos anos 60, que teve o seu epicentro em Maio de 68, em Paris, que desconstruiu a sociedade patriarcal e ampliou os direitos humanos, afirmando o feminismo e tornando o racismo e o machismo ilegítimos. O livro é a afirmação do dever de memória sobre a brutalidade e a miséria do Portugal da ditadura, lembtando os que se revoltaram em nome da liberdade, na multiplicidade de vozes de militantes políticos, artistas, ativistas associativos, num tempo em que a Europa democrática, que tirara as lições da Segunda Guerra Mundial, era terra de asilo e de  solidariedade antifascista.Aqui ouvimos vozes dessa geração, como, entre outras, a de Maria Teresa Horta,  Sérgio Godinho, Hélder Costa, Helena Cabeçadas, Ana Benavente, Teresa de Sousa, Irene Pimentel, Mário Mesquita, Pedro Bacelar de Vasconcelos, João Escórcio, João Bernardo Honwana, Miguel Dias Vaz. Em conversa com Álvaro Vasconcelos, relatam as aspirações e os  ideais que permitiram a conquista da liberdade e o fim do colonialismo. O livro integra também a memória dos processos que permitiram que utopias libertadoras se empedernissem em totalitarismos mortíferos, que o niilismo triunfasse, ao mesmo tempo que surgiam os primeiros sintomas da contrarrevolução conservadora – que ganhou ainda mais força neste século, com o ressurgimento da extrema-direita.

15.10.2023 | by martalanca | Memórias em tempo de amnésia

Amy Halpern, Noémia Delgado e Claire Atherton em destaque no regresso do Doc's Kingdom ao Alentejo

Doc’s Kingdom – Seminário Internacional de Cinema Documental vai decorrer pela primeira vez em Odemira, de 30 de novembro a 5 de dezembro. Este ano, a programação fica a cabo de Elena Duque, selecionada através de um concurso público internacional. Sob o título “Corte-Travessia”, a montagem será o tema central do programa que mergulha na obra das cineastas Amy HalpernNoémia Delgado e Rose Lowder. Está também confirmada a presença da montadora Claire Atherton, colaboradora habitual de Chantal Akerman. A iraniana Maryam Tafakory, a portuguesa Beatriz Freire, a venezuelana Valentina Alvarado Matos, o chileno Carlos Vásquez, a espanhola Miriam Martín e o francês Érik Bullot são os outros convidados desta edição de 2023.
 
Amy Halpern, figura incontornável do cinema independente e experimental norte-americano, partiu no ano passado mas deixou atrás de si um legado de criatividade e liberdade consubstanciado em quase 40 curtas-metragens e numa única longa, Falling Lessons, que será exibida em 16mm durante o seminário em Odemira e terá nova projeção na Cinemateca Portuguesa a 9 de dezembro. O filme, que inspirou a programação desta edição do Doc’s Kingdom, é uma experiência cinematográfica concretizada através da montagem de 200 rostos humanos e animais, numa confrontação com o olhar no seu sentido mais político.
 
Como de costume, a programação completa do Doc’s Kingdom - com excepção do filme de Halpern anunciado acima - será mantida em segredo até ao início de cada sessão. Certo é que todos os participantes mergulharão também na obra de Noémia Delgado (1933-2016), autora do pioneiro documentário etnográfico sobre os caretos tradicionais de Trás-os-Montes, Máscaras (1976). A realizadora e também reconhecida montadora, ligada desde os anos 1960 à geração do Cinema Novo, que então procurava revolucionar a produção cinematográfica portuguesa, foi assistente de Paulo Rocha em Mudar de Vida (1966) e de Manoel de Oliveira em O Passado e o Presente (1971), e estagiou com Jean Rouch.

SOBRE OS CONVIDADOS
 
Claire Atherton, montadora de excelência e parceira de Chantal Akerman nos seus filmes durante mais de três décadas, é a convidada especial desta edição do Doc ‘s Kingdom, dedicada à “montagem como ferramenta de pensamento” de que fala a curadora Elena Duque. Natural de São Francisco, Claire Atherton trabalhou com montadora em documentário, ficção e outras formas audiovisuais, ao lado de Akerman mas também de muitos outros cineastas, como Luc Decaster, Emmanuelle Demoris ou Éric Baudelaire. Em 2019, recebeu o Vision Award Ticinomoda por ocasião da 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de Locarno, tornando-se a primeira mulher a vencer o prémio.
 
A franco-peruana Rose Lowder dedicou boa parte da sua vida às belas-artes e ao cinema experimental. Foi co-fundadora do Archives du film expérimental d’Avignon (AFEA, 1981) e durante décadas programou a projeção de filmes raros ou raramente exibidos. Aos 82 anos, continua a ser um dos nomes mais influentes do cinema experimental, também através da sua investigação sobre percepção visual e composição, através da gravação e do entrelaçar de imagens sucessivas, abordando a montagem a partir da unidade mínima do cinema: o fotograma.

 

Maryam Tafakory reparte o seu tempo entre Shiraz e Londres. Trabalha com imagens, palavras e sentimentos para criar colagens textuais e fílmicas que juntam poesia, documentário, performance, arquivos e material encontrado. Interessa-se por representações de apagamento, secretismo e violência dos organismos reguladores invisíveis. Os seus projetos assentam sempre numa forte investigação e analisam o que é frequentemente negligenciado e descartado como trivial, excessivo ou não científico. Tem em curso um conjunto de ensaios vídeo que dialogam com o cinema iraniano pós-revolução. A sua obra, vastamente premiada, foi exibida internacionalmente, incluindo no MoMA, em Locarno e na Quinzena dos Cineastas de Cannes.
 
O trabalho artístico da portuguesa Beatriz Freire tem o foco na tecelagem e no têxtil como suporte de ideias e/ou como temática de estudo. Em paralelo, investiga a relação entre o texto e o tecido, e o sentido do táctil na percepção do mundo. Está neste momento a trabalhar em peças e performances que relacionam a materialidade do cinema com a materialidade do tecido e com a montagem.
 
Miriam Martín realizou em 2019 a curta-metragem La espada me la ha regalado e, em 2023, Vuelta a Riaño. Utiliza a dialética da montagem para confrontar por meio de imagens e sons as dúvidas pendentes da história recente de Espanha. Atuou como programadora em várias instituições.
 
Valentina Alvarado Matos trabalha sobre temas como a diáspora por meio da colagem e do trabalho com a linguagem. Carlos Vásquez, por sua vez, actua em duas vertentes: o cinema como dispositivo; e os traços do colonialismo e da violência da história do território chileno. Juntos, investigam a imagem em torno do dispositivo cinematográfico. Participaram recentemente em programas de projeção na Microscope Gallery e no Anthology Film Archives. Na primavera de 2023, estrearam a performance FFF no Museum of Moving Image em Nova Iorque e foram selecionados para o Barcelona Producciò. São autores de várias instalações e outros projetos apresentados internacionalmente. Atualmente, são ambos artistas residentes no centro de artes catalão Hangar e as suas obras fazem parte do catálogo de distribuição de filmes Light Cone em França.

Érik Bullot (França, 1963) é um cineasta e teórico. Os seus filmes baseiam-se na tradição do cinema ensaístico, tecendo associações inteligentes entre imagens e conceitos díspares e foram exibidos em numerosos festivais e instituições internacionais. Publicou vários livros sobre cinema, incluindo Sayat Nova (Yellow Now, 2007), Renversements 1 & 2. Notes sur le cinéma (Paris Expérimental, 2009 e 2013), Sortir du cinéma (Mamco, 2013), Le Film et son double (Mamco, 2017), Roussel et le cinéma (Nouvelles Éditions Place, 2020) e L’Attrait des ventriloques (Yellow Now, 2022).
 
PARCERIAS ALENTEJANAS
 
Com um caminho de mais de 20 anos que remonta a 2000 e às primeiras edições em Serpa, o Doc’s Kingdom teve momentos de itinerância nos Açores e em Almada, e chamou casa a Arcos de Valdevez durante as últimas oito edições. Agora, provando mais uma vez que não pertence a um lugar, mas que se encontra e adapta em cada um dos lugares em que se inscreve, o seminário assenta arraiais em Odemira, lugar de Portugal onde o presente global, complexo e pulsante do mundo em que vivemos se sente como em poucos outros.
 
Neste primeiro ano em Odemira, o Doc’s Kingdom alia-se a várias instituições locais, desde logo à Rota Vicentina – Associação para a Promoção do Turismo de Natureza na Costa Alentejana e Vicentina, em busca de pôr o corpo em prática durante o seminário; e a Cultivamos Cultura - Associação Cultural, que se dedica a promover a experimentação em artes visuais e a sua interseção com a ciência e a tecnologia. A estas entidades juntam-se a Câmara Municipal de Odemira e a Direção Regional de Cultura do Alentejo.
 
O Doc ‘s Kingdom, agora sob a direção de Marcia Mansur, deseja ser um espaço de pensamento aberto não só a cinéfilos mas também a cine-entusiastas, a quem queira pensar o mundo através do cinema - e o cinema em conjunto com os lugares que habitamos. Nesse sentido, outra das parcerias locais relevantes é exactamente com quem tem feito por isso no Baixo Alentejo: o Cinema Fulgor, organização de cariz móvel e projecionista - à qual está ligada a cineasta Sílvia das Fadas, que já teve os seus filmes mostrados no Doc’s Kingdom - e que pretende participar na construção de uma ruralidade viva e autónoma, convocar e nutrir as diversas e dispersas comunidades, propondo o cinema enquanto experiência comunal e ecológica.


 
BOLSAS E INSCRIÇÕES
 
Para fomentar novas possibilidades de imersão e avanço profissional, o Doc’s Kingdom abre duas vagas para uma nova bolsa destinada a programadores e programadoras internacionais que poderão participar do Doc’s Kingdom com todas as despesas pagas. Deste modo, estarão depois habilitados a participar do concurso público que será lançado a cada ano para a programação do seminário e  que tem como condição essencial a participação numa edição anterior. 
 
Além das bolsas para programadores, serão oferecidas quatro bolsas de participação no âmbito do programa Dear Doc. Organizado pelo Doc’s Kingdom desde 2016, este programa é destinado a cineastas, críticos, programadores, investigadores e artistas em início de carreira, portugueses ou residentes em Portugal, com vista a tornar o oferecer ao grupo de participantes um aprofundamento da experiência do seminário, com enfoque no arquivo e na reflexão crítica sobre a programação de cinema.

Ambas as modalidades de bolsas de participação contemplam ainda uma série de eventos exclusivos nos dois dias que antecedem o arranque do encontro em Odemira.
 
As vagas para participação no seminário estão abertas e serão preenchidas por ordem de inscrição. Todas as informações estão disponíveis no site www.docskingdom.org e no formulário de inscrição disponível aqui.
 
sobre o Doc’s Kingdom
Doc’s Kingdom - Seminário Internacional de Cinema Documental é um projeto único no panorama nacional e internacional, que se define como um espaço dedicado ao pensamento crítico, ao debate horizontal, ao estudo e entendimento do cinema documental contemporâneo, nas suas formas mais inovadoras ou experimentais. 

 

sobre Elena Duque
Elena Duque (hispano-venezuelana) é programadora, realizadora, crítica e professora. Estudou na Universidad Complutense de Madrid e na ECAM (Escuela de Cinematografía y del Audiovisual de la Comunidad de Madrid), actualmente vive e trabalha entre Madrid e a Galiza. É programadora da (S8) Mostra de Cinema Periférico na Corunha, Galiza, desde 2013, onde também dirige o departamento editorial. Destaca-se o trabalho como programadora no Festival de Cinema Europeu de Sevilha (2013-2022) e da secção “La invitación al viaje” na Semana de Audiovisual Contemporâneo de Oviedo, ou como moderadora de Q&A’s no IFFR - International Film Festival Rotterdam (2015-2023). Foi responsável pela curadoria de ciclos em instituições como CCCB em Barcelona, Los Angeles Film Forum, San Francisco Cinematheque, Tabakalera em San Sebastián, assim como nos festivais VideoEX em Zurique, Images Festival em Toronto, ou Nomadica em Brescia. É professora na Universidade Camilo José Cela, em Madrid. Participa em conferências, aulas e workshops regularmente, destacando-se instituições como Master LAV (2016-2022), CA2M e La Casa Encendida (Madrid), CinemaAttic (Edimburgo), MUTA Festival de Cine de Apropiación (Lima), Xcèntric - CCCB (Barcelona), Cinemateca de São Paulo e Cinemateca de Porto Alegre. Foi editora dos livros Val del Omar. Más allá de la órbita terrestre (BAFICI, 2015), 8 super 8 e La mecánica de la luz (S8 Mostra de Cinema Periférico, 2017-2020). É autora dos capítulos “Rose Lowder, Single Frame Worker”, publicado no livro Bouquets. Rose Lowder (Eyewash Books, Paris, 2023) e “Jeannette Muñoz. Una apertura al mundo”, no livro Meditaciones sobre el presente. Ute Aurand, Helga Fanderl, Jeannette Muñoz y Renate Sami (Punto de Vista, Pamplona, 2020). Como crítica, publicou textos em revistas e publicações como Lumière (2014-presente), Caimán Cuadernos de Cine (2010-2022), Blogs CCCB (2016-2020), La Furia Umana (2013-2015), Détour (2011-2013), A Cuarta Parede (2011). Como realizadora, trabalha com animação e colagem, através de exercícios plásticos que incorporam formatos analógicos. Os seus filmes foram exibidos em festivais e instituições a nível mundial. Foi artista convidada no Doc’s Kingdom 2021.

 

sobre Marcia Mansur
Nascida em 1979, no Rio de Janeiro, Marcia Mansur é gestora cultural, realizadora e produtora executiva, baseada em Lisboa. Doutora em antropologia (UNICAMP, Brasil), especializou-se em Administração de Artes na Universidade de Nova Iorque. Tem 18 anos de experiência na construção de parcerias, criação de estratégias e modelos de negócio para organizações culturais e já colaborou com instituições progressistas do Brasil (Vídeo nas Aldeias), EUA (UnionDocs) e Reino Unido (British Council), tanto em eventos comunitários (Festival de Cineastas Indígenas) como internacionais (Olimpíadas Rio). Co-fundadora e co-diretora do Estúdio CRUA, que atua entre Brasil e Portugal, suas produções visuais entrelaçam património cultural e arquivos, e expandiram-se do filme para a instalação e os meios interactivos. Aplicou a linguagem cinematográfica em experiências transmídia, cine-concertos e exibições ao ar livre. Marcia discute como o imaginário complexo permeia as relações entre o visível e o imaginado, entre a memória e a experiência do presente. A primeira longa-metragem que co-dirigiu foi incluída no Festival de Cinema Biarritz Amérique Latine (França, 2017) e no Margaret Mead Film Festival no Museu de História Natural de Nova Iorque (EUA, 2018), entre outros. Entre as exibições importantes contam-se festivais no Nepal, Colômbia, Macedónia e Grécia, com distribuição internacional pelo Documentary Educational Resources e Royal Anthropological Institute. As suas obras têm sido apresentadas em algumas instituições internacionais como o Museo Etnográfico de Castilla Y León (Espanha, 2018) e Paço Imperial (Brasil, 2020). Marcia participou de residências artísticas no Museu da Imagem e do Som de São Paulo (Brasil, 2018) e no Lizières Centre Culturel (França, 2017); também foi premiada como Melhor Projeto Transmídia na Muestra de Antropología Audiovisual de Madrid (Espanha, 2018) e como Melhor Documentário no Festival de Cinema Arquivo em Exibição (Brasil, 2022).

 

13.10.2023 | by martalanca | doc's Kingdom

DIAS DO JAZZ – Um dos estilos musicais mais aclamados apresenta-se em mais uma edição deste evento, para ver em outubro e novembro.

Uma das melhores formas de celebrar o jazz está de regresso ao palco do Grande Auditório do CCC das Caldas da Rainha e traz nomes fortes, a nível nacional e internacional, agora com a designação de “Os Dias do Jazz”.

A fechar o festival Dias de Jazz, no sábado, há lugar para a voz e o som de Carmen Souza numa combinação entre as sonoridades tradicionais cabo-verdianas com o som do jazz“Interconnectedeness”, o décimo álbum da cantora, é um trabalho que expõe as fragilidades trazidas pela pandemia e explora a forma como nos ligamos. A voz quente e jazzística de Carmen Souza, considerada pelas revistas da especialidade como garantia de sucesso, é a ideal para criar esta ligação musical de diferentes origens negras. O concerto terá lugar no dia 11 de novembro, às 21h30, e encerra a edição dos “Dias do Jazz” deste ano.

Em alguns dias de concerto, é ainda possível seguir a música até ao Café-Concerto do CCC, onde serão apresentadas as “Jam Sessions”, com convidados especiais, numa colaboração com o Hot Clube de Portugal e outras atividades paralelas.

Carmen SouzaCarmen Souza

12.10.2023 | by martalanca | carmen souza

Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860–1975

This edited collection presents the first critical and historical overview of photography in Portuguese colonial Africa to an English-speaking audience. Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860–1975 brings together sixteen scholars from interdisciplinary fields as varied as history, anthropology, art history, visual culture and museum studies, to consider some of the key aspects in the visual representation of the longest-lasting European colonial empire in the African continent. The chapters span over two centuries and cover five formerly colonial territories – Angola, Cabo Verde, Guinea-Bissau, Mozambique, and São Tomé and Príncipe – deploying a range of methodologies to explore the multiple meanings and the contested uses of the photographic image across the realms of politics, science, culture and war. This book responds to a marked surge of international interest in the relationship between photography and colonialism, which has hitherto largely overlooked the Portuguese imperial context, by delivering the most recent scholarly findings to a broad readership.

12.10.2023 | by martalanca | Photography in Portuguese Colonial Africa

Onde Vamos Morar?:

12 outubro a 18 outubro no Cinema Ideal

Andy Rector, a propósito da edição em DVD de As Operações SAAL, de João Dias, e sobre a privação do direito à habitação, programa o ciclo Onde Vamos Morar?:

Um ciclo de filmes sobre a traição ao direito à habitação. Não se trata de um evento sociológico, trata-se simplesmente de uma seleção de filmes – sete noites no cinema – sobre o problema da habitação, extraídos da história do cinema. São filmes feitos do lado dos oprimidos, dos enganados, dos despejados, dos acossados: pensionistas idosos, jovens desempregados, grevistas, mineiros, pedreiros, biscateiros, alcoólicos, veteranos de guerra a tentar refazer a vida, cozinheiros de cantinas, mães, irmãs, vagabundos, trabalhadores temporários, gente sem casa. Andy Rector

'As Operações SAAL' de João Dias'As Operações SAAL' de João Dias

Programa:

12 out
AS OPERAÇÕES SAAL de João Dias
2007, 127’ Portugal; com a presença do realizador

13 out
LES MAISONS DE LA MISÈRE Houses of Poverty de Henri Storck
1936, 29’ Bélgica; francês com legendas em inglês
MISÈRE AU BORINAGE Misery in Borinage de Henri Storck, Joris Ivens
1934, 34’, Bélgica; francês com legendas em inglês
KUHLE WAMPE ODER: WEM GEHÖRT DIE WELT? A Quem Pertence o Mundo? de Slatan Dudow, Bertolt Brecht
1932, 70’ Alemanha; alemão com legendas em inglês (restaurado em 2020)
duração da sessão: 133’

14 out
THE GOLDEN LOUIS 1909, 7’ EUA; THE USURER 1910, 17’ EUA; ONE IS BUSINESS, THE OTHER CRIME 1912, 15’ EUA – de D. W. Griffith *
filmes mudos, com legendas em inglês – sem acompanhamento musical
IL RITORNO DEL FIGLIO PRODIGO – UMILIATI: CHE NIENTE DI FATTO O TOCCATO DA LORO, DI USCITO DALLE MANI LORO, RISULTASSE ESENTE AL DIRITTO DI QUALCHE ESTRANEO (OPERAI, CONTADINI – SEGUITO E FINE)
O Retorno do Filho Pródigo – Humilhados: Que Nada Feito ou Tocado Por Eles, Nada Saído das Mãos Deles, Resultasse Livre do direito de Algum Estranho (Operários, Camponeses – Continuação e Final)
de Jean-Marie Straub, Danièle Huillet. 2003, 64’ Itália, França, Alemanha
Italiano com legendas em português – Restauro Digital
O NOSSO HOMEM de Pedro Costa
2010, 26’ Portugal (português e crioulo, legendas em português)
duração da sessão 123’

15 out
CHICAGO CALLING! de John Reinhardt *
1951, 75’ EUA – VO Inglês, não legendado
BUNKER HILL de Kent Mackenzie *
1956, 18’ EUA – VO Inglês, não legendado
THE FINAL INSULT de Charles Burnett *
1997, 55’ EUA – VO Inglês, não legendado
duração da sessão: 143’, com intervalo

16 out
MAN’S CASTLE A Vida é um Sonho de Frank Borzage
1933, 75’ EUA; VO inglês, não legendado (Cópia Digital 4K)
ANNUSHKA de Boris Barnet *
1959, 89’ URSS; russso com legendas em inglês
duração da sessão: 164’, com intervalo

17 out
MINGUS de Thomas Reichman *
1968, 58’ EUA; VO inglês não legendado
EL BRUTO O Bruto de Luis Buñuel
1953, 81’ México; espanhol com legendas em português
duração da sessão: 139’, com intervalo

18 out
JUVENTUDE EM MARCHA de Pedro Costa
2006, 155’ Portugal; português e crioulo com legendas em português

11.10.2023 | by martalanca | cinema Ideal, habitação, SAAL

II Festival Eufémia – Perspectivas de Género e Identidades em Cena

A 2ª edição do Festival Eufémia – Perspectivas de Género e Identidades em Cena decorre, de 31 de Outubro a 5 de Novembro, em Lisboa, na Biblioteca de Marvila, no Auditório Camões e no Mercado de Culturas. A programação é composta por espectáculos de teatro, performances, concertos, formações em artes cénicas, diálogos e mostras de fotografia. A curadoria do festival pensa as artes cénicas como uma poderosa ferramenta de expressão e transformação artística, social e política.

O II Festival Eufémia tem como tema “Perspectivas de Género e Identidades em Cena” e procura sublinhar o reconhecimento da pluralidade de identidades possíveis e a necessidade de reinventar uma linguagem cada vez mais empática e equitativa para com a diversidade. Procura, também, sustentar a especificidade das diferentes lutas neste âmbito. A programação inclui propostas de pessoas com identidades diversas, que expressam, resistem e transformam a partir do compromisso de construir uma ligação entre a criação artística, a sua história pessoal e os contextos sociais e políticos concretos em que estão inseridas. 

O Festival é idealizado e promovido pelo grupo Eufémias, constituído, em 2020, por seis artistas, investigadoras e formadoras da Argentina, do Brasil e de Portugal. Chama-se Eufémia, porque o nome remete para as lutas pela igualdade de oportunidades, para as denúncias contra as diferentes violências sistémicas, pelo direito e o dever de dizer não, assim como pelo direito e o dever de fazer algo para expor as formas de opressão, dependência e violação de direitos.

Espectáculos: histórias habitadas 

As propostas do II Festival Eufémia em termos de espectáculos de teatro e performances abarcam criações de mulheres oriundas de países como Argentina, Brasil, Palestina, Peru e Portugal, politicamente engajadas e com fortes mensagens artísticas e sociais a transmitir. O programa está sustentado em dramaturgias que abordam temas como a cosmovisão andina, a história de mulheres palestinianas no exílio ou processos de auto-ficção que destacam a potência performativa de corpos dissidentes. Decorrem, na sua maioria, no Auditório da Biblioteca de Marvila. 

No dia de abertura, dia 31 de Outubro, véspera de feriado, às 21h, sobe à cena a peça Rosa Cuchillo (Rosa Faca), de Ana Correa, uma história de uma causa de amor. Rosa Cuchillo é a mãe que procura, além da morte, o seu filho desaparecido, percorrendo outros mundos. A acção cénica foi criada para ser apresentada em mercados andinos do interior do Peru. Rosa Cuchillo irrompe no quotidiano das pessoas do povo e surpreende-as com um diálogo com a teatralidade através da fábula, da dança, do rito, do concreto, do onírico, da imagem e da música. Esta peça procura remexer na memória para gerar um novo olhar sobre a História vivida nos últimos vinte anos no país. 

Na quarta-feira, dia 1 de Novembro, às 21h, o Festival apresenta Blanca es la Noche (Branca é a Noite). Trata-se de um espectáculo de teatro com dramaturgia e encenação de Julia Varley, do Odin Teatret (Dinamarca), e interpretação de Ana Woolf (Argentina). É inspirado em poemas de Hilda Hilst e na história da poeta italiana Alda Merini, que passou anos da sua vida num hospital psiquiátrico, tendo conseguido sobreviver graças à escrita dos seus poemas. Inspira-se, também, no conto “Miss Algrave”, de Clarisse Lispector, onde a protagonista, uma mulher, experimenta uma revelação de amor. A história não pode ser partilhada, porque ninguém acreditaria nela. As suas palavras permanecem fechadas, afogadas no seu corpo. 

Desta vez no Auditório da Escola Secundária de Camões, dia 2 de Novembro, às 15h15, teremos a performance Corpo na Trouxa, de Shahd Wadi, sobre a história do exílio da sua família palestiniana. É uma trouxa que embrulha a vida de um corpo que reside na “fronteira”. Num ato e desato que ocorre ao longo deste espectáculo, o corpo de Shahd torna-se palestiniano, tal como a sua liberdade. Uma performance-trouxa que ainda não existe e é apenas um sonho de regresso. Um manifesto de resistência.

Também dia 2, mas às 21h, Sanara Rocha apresenta Entre Pele, Sangue e Ossos, no Auditório da Biblioteca de Marvila. Esta palestra-ritual performativa aborda o tabu sobre o sangue menstrual feminino como uma justificação para a interdição das mulheres no território percussivo sagrado e noutros espaços simbólicos, problematizando as conotações negativas atribuídas a esse ritual fisiológico, bem como ao corpo da mulher ao longo da história. Questionando a influência da cultura patriarcal por trás das imagens estigmatizantes da mulher como uma entidade negativa, perigosa ou inferior, a palestra pauta-se por textualidades míticas yorubanas presentes no quotidiano afrobrasileiro e na ritualização performativa dos caminhos para uma ética descolonial de género.

Em Confesiones (Confissões), Ana Correa partilha com o público o seu processo criativo em constante diálogo com as personagens criadas nas obras do seu grupo de teatro, Yuyachkani, especialmente as que surgiram durante o período da violência política no Peru. Importa lembrar que o Yuyachkani é um dos mais significativos representantes do chamado teatro de grupo na América Latina. Nascido há 52 anos, é pioneiro no campo da criação colectiva, da experimentação e da performance política. Confissões liga-nos a uma actriz que assume o teatro como um modo de vida, pelo que podemos ver a fusão da sua condição de mulher, mãe, cidadã e actriz, onde presença e personagem se posicionam numa ténue fronteira entre ficção e realidade. Aqui, Ana Correa expõe-se como pessoa e personagem do seu próprio trabalho. Decorre dia 3 de Novembro, às 21h.

De quarta a sábado, 1 a 3 de Novembro, ao fim do dia, e dia 4, também à tarde, decorre a performance-Instalação From Above/Do Alto, de Sílvia Almeida, em vários espaços da Biblioteca de Marvila. “Do Alto” é um lugar. Mas “Do Alto” é, também, o nome pelo qual é conhecida uma mulher. Uma mulher de lugares certos. Pertence a uma terra, a uma casa, a um banco junto à lareira, a uma pedra à beira do caminho, de onde observa pacientemente o mundo. Na hora em que o seu lugar de pertença passou a ser outro, os lugares que eram só seus ficaram cheios de ausência. Esta performance/instalação para uma pessoa de cada vez resulta dessa experiência de habitar os lugares de outrem.

Espectaculo_Confesiones © Gonzalo Santa Cruz VitalEspectaculo_Confesiones © Gonzalo Santa Cruz Vital

Dia 4, às 21h, é a vez de Exercício para Performers Medíocres, uma performance a solo, onde Tita Maravilha ou “a pior das actrizes”, nos propõe um exercício que é “essencialmente triste e naturalmente ruim”. Este espectáculo toma o fracasso como potente pedagogia e baseia-se no processo de autoficção da performer, mas também na metalinguagem contemporânea do humor que perpassa nas suas cicatrizes.

Domingo, dia 5 de Novembro, durante a tarde, acontece a Parada Final, um percurso na rua, em Marvila, no qual as várias pessoas que integram o II Festival Eufémia apresentam intervenções artísticas. O evento conta com a participação livre da comunidade em geral. 

Música activista

Na abertura do festival, dia 31 de Outubro, as Fio à Meada actuam no Auditório da Biblioteca de Marvila. Cantam e reinterpretam a música tradicional portuguesa, num diálogo entre as vozes polifónicas e o adufe. Trazem canções, estórias e vidas de mulheres: lavadeiras, ceifeiras, mondadeiras, mães e filhas. São canções de trabalho, de resistência no feminino, de raízes e de construção de liberdade.

No Pátio da Biblioteca de Marvila, no sábado, dia 4 de Novembro, a cantora e compositora Rosana Peixoto leva-nos numa viagem pela complexidade e diversidade musicais afro-brasileiras e indígenas. De voz poderosa e sentimental, os seus ritmos são, ao mesmo tempo, sofisticados e ancestrais, mantendo vivos os sons regionais e a herança musical do Brasil.

Para encerrar o festival (dia 5 de Novembro), teremos o concerto de Fado Bicha, projecto musical, performativo e activista criado por Lila Fadista, na voz e nas letras, e João Caçador, na composição e nos instrumentos. Tomando o Fado como principal ferramenta de trabalho, propõem uma exploração livre desse património, que ultrapassa algumas barreiras rígidas do Fado tradicional actual, particularmente a normatividade de género e o apagamento das contribuições e das experiências das pessoas LGBTQIA+, mas também a própria doutrina musical do que cabe dentro da denominação Fado, esticando musical e liricamente as fronteiras do seu domínio. O concerto é no Auditório da Biblioteca de Marvila.

Corpografias, diálogos para reflectir e formações em artes cénicas

A programação do II Festival Eufémia inclui, também, uma Residência Artística, Diálogos e Formações. Com início antes do Festival, a 30 de Setembro e até 5 de Novembro, aos sábados de manhã, em Marvila, decorre a residência Corpografias Políticas: Deixa-me Falar!, conduzida pelo Grupo Eufémias, com a participação de mulheres e jovens dos bairros de Marvila. Os resultados desta residência serão apresentados no dia 5, às 18h, no pátio da Biblioteca.

Os diálogos acompanham a programação dos espectáculos, como momentos de reflexão, discussão e partilha sobre os temas que o Festival propõe. No Auditório Camões, teremos: Corpos, identidades de género e capacidades dissidentes, com Alexa Santos (PT), Ana Lúcia Santos (PT), Paolle Santos (BR) e Joana Reais (PT) (2/11, às 17h); Palavras que me servem: uma palestra-performance sobre Linguagem Inclusiva, de André Tecedeiro e Laura Falésia (3/11, às 15h15); Narrativas em disputa: literatura, perspectivas de género e resistência, com André Tecedeiro (PT), Laura Falésia (PT), Cheila Rodrigues (PT), da Livraria das Insurgentes, e Lorena Travassos (BR), da Greta Livraria (3/11, às 17h). Na Cafetaria da Biblioteca de Marvila, teremos Políticas culturais, activismo e reivindicação da ocupação de espaços artísticos, com Diana Niepce (PT), Sanara Rocha (BR), Keli Freitas (BR) e Lila Tiago (PT) (4/11, às 16h). Todas estas sessões são de entrada livre.

Espectaculo_Entre pele sangue e ossos © Karol Machado Espectaculo_Entre pele sangue e ossos © Karol Machado

As formações são destinadas a profissionais e ao público em geral e decorrem no Mercado de Culturas, no Ginásio da Pena, na Sala Multiusos da Biblioteca de Marvila e no Auditório da Biblioteca de Marvila. Têm início no dia 31 de Outubro, de manhã, com Ana Woolf e Ana Correa, na formação Corpo Cénico, Palavra e Acção. Também nesse dia, mas à tarde, Sanara Rocha orienta Mulheres, Tambores e Poéticas Futuristas. Na sequência desta formação, algumas participantes serão convidadas a participar na palestra-ritual da formadora, Entre Pele, Sangue e Ossos (dia 2, às 21h). Dia 1, será a vez de Marisa Paulo dar a formação Da Raiz ao Movimento. Elisa Rossin facultará Máscara Auto-retrato: Descobertas de Si, no dia 3. E, finalmente, teremos, no dia 5, a formação O Saber do Corpo, com Diana Niepce. Para mais informações e inscrições consultar eufemias.pt. 

Mostras de Fotografia: transição, ameaça e descoberta de si

Ao longo da semana do Festival, é possível visitar três mostras de fotografia na Biblioteca de Marvila, todos os dias, entre as 10h e as 21h.

Tell Me Your Infinity, partilha com o público o processo da residência artística “Máscara auto-retrato: descobertas de si”, coordenada pela artista Elisa Rossin no âmbito do projecto Art & Craft Refúgio, no Largo Residências, durante Fevereiro de 2023. Trata-se da produção de máscaras biográficas, um processo que representa uma viagem metafórica de auto-descoberta que revela diferentes camadas da identidade de cada pessoa e as suas várias possibilidades de representação visual e poética. Na exposição, encontram-se as máscaras criadas por quem participou na residência, bem como os registos realizados pelo fotógrafo João Tuna. 

Trans_Acção, de Diana V. Almeida, apresenta uma selecção de fotografias que documentam o processo de transição de género de Alexandre L., amigo de longa data da autora. As imagens foram recolhidas em cinco sessões, entre 2018 e 2022. Testemunham diversos momentos do movimento de mudança de Alexandre, desde o sonho de poder vir a gerar outro corpo, lugar de nova subjectividade, passando pelo jogo com diversos estereótipos de representação de género, até à assunção de um lugar orgulhosamente (trans)masculino. 

Utopía Amenazada, de Maurício Centurión, fotógrafo argentino que, entre 2022 e 2023, esteve em Rojava, Curdistão sírio, para registar o território rebelde dez anos após a revolução: as realizações, os desafios e a actual guerra declarada pela Turquia. Na sua versão completa, a mostra fotográfica “Utopia Ameaçada” apresenta trinta e cinco fotografias que retratam as mulheres e a autodefesa, a ameaça e violência constantes por parte do governo turco, os assassinatos de civis através de drones, a situação actual com o Estado Islâmico e o terramoto de 2023. No II Festival Eufémia, apresenta-se uma selecção de fotografias com foco nas mulheres e no seu quotidiano, sustentado pelos seus papéis políticos e sociais neste contexto.

Bilheteira online em eufemias.pt

MAIS INFORMAÇÃO EM:

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Instagram: https://www.instagram.com/eufemias_/

Website: www.eufemias.pt

11.10.2023 | by martalanca | Festival Eufémia

Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival

10ª edição de 9 a 16 de novembroCinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, Lisboa.

Com a missão de divulgar o cinema feito por mulheres oriundas de países do Mediterrâneo, o Festival apresenta uma programação diversificada constituída por 57 filmes de 22 países.

Nesta edição são apresentados filmes de vários géneros cinematográficos (documentário, ficção, animação, experimental), de realizadoras afirmadas e debutantes, que abordam temas tão variados como as questões de género, o racismo, o (de)colonialismo, o terrorismo e a radicalização, a questão do acesso à habitação, mas também histórias pessoais e familiares.

“Assumimo-nos como um festival “ativista” porque acreditamos que o cinema incide sobre a nossa
forma de ver o mundo e capacidade de o transformar, e é por isso que achamos que é indispensável
dar espaço aos múltiplos olhares das mulheres”, afirmam as organizadoras do Festival.

Olhares da Turquia: Secção especial

Nesta 10ª edição, o Festival programa filmes de realizadoras turcas na Cinemateca Portuguesa, de 13 a
16 de novembro, com 5 longas-metragens e 3 curtas de sete cineastas produzidas entre 2002 e 2022. À
exceção de “Watchtower” (Fic, 2012), de Pelin Esmer, que foi filme de abertura da 1ª edição do
Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival, todas as obras desta retrospetiva são estreias
nacionais.

Quatro secções competitivas

O Festival apresenta quatro secções competitivas: Competição geral longas-metragens, Competição
geral de curtas-metragens, secção Travessias, composta por filmes sobre migrações, racismo e
colonialismo enquanto elementos estruturais da sociedade e a Competição Começar a Olhar, com
filmes de escola.

As actividades paralelas do Olhares

O Festival programa ainda inúmeras atividades paralelas, como debates a partir de filmes em
competição, um workshop de escrita para cinema com a realizadora Cláudia Clemente, um workshop
de colagem com a artista Ap Silvestre, uma masterclass com a jornalista e realizadora Benedetta
Argentieri, uma oficina de cantos do Mediterrâneo com as musicólogas Camilla Piccolo e Laura
Venturini; lançamentos de livros, o acolhimento de três livrarias e um concerto no encerramento da
secção competitiva no Cinema São Jorge. 

Haverá ainda no ISCTE-IUL, um seminário sobre Cuidado e Envelhecimento, no âmbito do qual será
apresentado o documentário “CareSeekers” (Itália, 2023, de Teresa Sala e Tiziana Vaccaro) e no Goethe
Institut um encontro Olhares do Mediterrâneo / MUTIM (Mulheres Trabalhadoras das Imagens em

Movimento) sobre os desafios da programação de cinema de mulheres. A masterclass, o workshop de
escrita para cinema e o encontro sobre programação cinematográfica fazem parte do Programa de
Indústria, uma das novidades desta 10ª edição do Festival.

O Festival vai trazer a Lisboa vários convidados, a anunciar muito brevemente. 

Olhares do Mediterrâneo - Women Film Festival é o mais antigo festival de cinema no feminino em
Portugal, e é o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo. O Festival é um projeto do
grupo Olhares do Mediterrâneo e do CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

Para mais informações, por favor contactar:
Rita Bonifácio: olharesdomediterraneopress@gmail.com | 918453750

11.10.2023 | by martalanca | Olhares do Mediterrâneo

FIDJU-FEMA

FIDJU-FEMA está de volta!  Sábado, 14 de outubro | 22h | Casa Independente *Donativo Mínimo: 10 paus  A viagem começa com o mestre Braima Galissá  que, ao volante do Kora, nos conduz por gerações de Griots e séculos de história da música da África Ocidental. Juntam-se a esta celebração, Rubera Roots, com reggae finkado na Cabo Verde, mensagem pesóde e musicalidade espraiada por esse Atlântico fora. Para fechar esta 12ª noite, contamos com Fella Ayala (dj Set) que promete uma seleção do que há de melhor na música negro-africana.

09.10.2023 | by martalanca | fidju-fema

Ciclo "Ciências Sociais e Audiovisual", Curtas do Ateliê Mutamba

QUA . 18 OUT . 16H AUDITÓRIO SEDAS NUNES - ICS-ULISBOACiências Sociais e Audiovisual

Sessão do ciclo “Ciências Sociais e Audiovisual”, com a projeção de 5 curtas do Ateliê Mutamba, formação em cinema com formato de residência artística, em Luanda (13+17+25+12+12=120 min, Angola, 2022 e 2023), realizadas por Gegé M’Bakudi, Stélio Macedo, Irene A’mosi, Cristiane Baltazar e Resem Verkrom, seguido de conversa com o coordenador Orlando Sérgio (Kino Yetu) e o realizador Resem Verkrom, moderada por Inês Ponte (ICS-ULisboa).

Mais informações sobre o ciclo aqui 

Organização: Inês Ponte (ICS-ULisboa)

 

04.10.2023 | by martalanca | ateliê mutamba

Problematizar a realidade: encontros entre arte e filosofia

ESPAÇO, LUGAR E MEMÓRIA

Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 3 I 13.10.2023 | 18h30
Excertos de: Memórias do Cárcere (1984) de Nelson Pereira dos Santos
Discussão: Billy Woodberry, Ruth Wilson Gilmore
Memórias do Cárcere (Nelson Pereira dos Santos, 1984), fotograma de filmeMemórias do Cárcere (Nelson Pereira dos Santos, 1984), fotograma de filme
As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.
A segunda edição de Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia resulta de uma parceria entre o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, o CineLab do Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa e a Maumaus / Lumiar Cité. Trata-se de um conjunto de seis sessões de discussão e quatro seminários que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e se foca no momento em que a arte e a filosofia estabelecem diálogos produtivos, propondo abordagens diversificadas sobre o pensamento contemporâneo.
Cada sessão de discussão parte da exibição parcial ou integral de obras de arte, acompanhada por uma reflexão conduzida por teóricos, investigadores ou artistas. A primeira sessão de discussão acontece em outubro com o cineasta Billy Woodberry e a investigadora Ruth Wilson Gilmore, numa reflexão suscitada pela exibição da obra Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos. As restantes discussões e seminários acontecem nos meses seguintes e serão comunicadas oportunamente, estando previstas as presenças de Ghalya Saadawi (Líbano), Jihan El-Tahri (Egito), Kerstin Stakemeier (Alemanha) e Sarah Lewis-Cappellari (República Dominicana, EUA), entre muitos outros.
Protagonizado por Carlos Vereza, Glória Pires e Nildo Parente, Memórias do Cárcere adapta as memórias da prisão de Graciliano Ramos, um dos grandes autores da literatura brasileira, publicadas postumamente. A prisão de Ramos ocorreu durante o regime de Getúlio Vargas devido à suspeita de ser comunista. Nelson Pereira dos Santos inspira-se no percurso de Graciliano Ramos pelo sistema penal para conduzir uma investigação sobre o modo como operam as relações de poder que este produz.
Billy Woodberry (EUA) vive e trabalha em Lisboa. A sua obra foi premiada no Festival Internacional de Cinema de Berlim e faz parte da Library of Congress. Participou como ator em When It Rains (Charles Burnett, 1995) e como narrador em Four Corners (James Benning, 1998) e Red Hollywood (Thom Andersen, 1996). O seu trabalho foi exibido em inúmeros espaços e eventos, incluindo: Centre Pompidou; Festivais de Cinema de Berlim, Cannes, Roterdão e Viena; Camera Austria Symposium; Harvard Film Archive; Human Rights Watch Film Festival; Museum of Modern Art (MoMA); e Tate Modern. Entre os seus filmes, incluem-se: A Story from Africa (2019), And When I Die, I Won’t Stay Dead (2015) e Bless Their Little Hearts (1984).
Ruth Wilson Gilmore (EUA) vive e trabalha em Lisboa e Nova Iorque. Gilmore é Professora de Earth & Environmental Sciences e Diretora do Center for Place, Culture, and Politics (Graduate Center, City University of New York). Entre as suas publicações, destacam-se: Change Everything: Racial Capitalism and the Case for Abolition (Haymarket, no prelo), Abolition Geography: Essays Towards Liberation (Verso Books, 2022) e Golden Gulag: Prisons, Surplus, Crisis, and Opposition in Globalizing California (University of California Press, 2007). Entre as suas distinções recentes, incluem-se: Marguerite Casey Freedom Scholar Prize (2022) e Lannan Foundation Lifetime Cultural Freedom Prize (2021, com Angela Y. Davis e Mike Davis). Gilmore é membro da American Academy of Arts and Sciences.
Duração da sessão: 150 Min. | M/14
Entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Requer levantamento de bilhete no próprio dia.
Filme falado em português e legendado em inglês; a discussão será em língua inglesa com tradução simultânea.

04.10.2023 | by martalanca | Memórias do Cárcere, Nelson Pereira dos Santos Discussão: Billy Woodberry, Ruth Wilson Gilmore

Festival Materiais Diversos, toda a programação

É já no próximo dia 5 de outubro que começa a 12ª edição do Festival Materiais Diversos. Sob os propósitos de desacelerar e tornar visíveis as pessoas, os lugares e os processos, o programa pretende continuar a aproximar as pessoas e as artes contemporâneas. As vilas de Alcanena e Minde acolhem, até dia 15, espetáculos de dança, teatro e música, instalações, conversas, um seminário e ações ambientais.

“O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, maciço calcário formado na era Mesozoica, com mais de 200 milhões de anos, é onde se inscreve o trabalho da Materiais Diversos. Esta escala temporal dificulta percecionar o lento movimento das rochas. E, no entanto, elas movem-se. Sob estas rochas calcárias, existe um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea portugueses que ressurge, no inverno, no Polje de Mira-Minde. E, no entanto, ela escasseia.” Conta-nos Elisabete Paiva no seu texto de apresentação desta edição do Festival Materiais Diversos.
“Atenta ao tempo lento dos lugares onde se inscreve, a Materiais Diversos tem investido na desaceleração, na expectativa de trazer à superfície uma comunidade de afetos que se forma lentamente e sustenta em práticas de companheirismo e colaboração. O Festival Materiais Diversos é a alegria que transborda dessa prática continuada.”
O programa do Festival Materiais Diversos é um reflexo e um momento em que o trabalho, muitas vezes invisível, de relações, acompanhamento e apoio à criação emerge e se torna visível. Ao longo de dez dias, as propostas são vastas e variadas.

De 5 a 20 de outubro, na Casa da Cultura de Alcanena estará patente a exposição Corpo Comum que decorre de um trabalho que se consolida desde 2017. A Materiais Diversos desenvolve oficinas artísticas regulares no Agrupamento de Escolas de Alcanena. Estas oficinas, orientadas por Marta Tomé e Raquel Senhorinho, foram entretanto organizadas como projeto – Corpo Comum – e procuram valorizar a diversidade como património e como direito, com o objetivo de alargar o horizonte de possibilidades das crianças e jovens e de contribuir para a sua autoestima, sentido de pertença e reflexão crítica. Nelas, o corpo e a dança são a base de todas as sessões.

Nesta exposição, é partilhado com a comunidade o trabalho desenvolvido no ano letivo 2022/23, que se inspirou no tema da felicidade, na perspetiva de “tornar visível o invisível” e de construir um saber partilhado, um “corpo comum”.
A 5 de outubro, às 19h30, também na Casa da Cultura de Alcanena, Cátia Terrinca e a UMCOLETIVO, apresentam o espetáculo Decadência. Há 100 anos, Judith Teixeira escreveu Decadência – um conjunto de poemas de amor, lavrado no silêncio abrasado da carne. Luísa Demétrio Raposo diz agora, com a carne e o sangue, que “toda a escrita é sexo”. Decadência é um espetáculo sobre fogo e, através dele, desencadeiam-se perguntas. Que calor é este que incendeia as mulheres e as faz renascer transfiguradas? Poderemos responder à violência histórica do gesto de quem queima uma mulher por ter amado? Afinal, quem é que queima quem?

No dia seguinte, 6 de outubro, o programa comporta três momentos. Logo no início da tarde, Natália Mendonça apresenta o espetáculo KdeiraZ que desafia públicos de todas as idades a refletir sobre cadeiras. Às 18h, na Biblioteca Municipal de Alcanena, inaugura a instalação Mil e Uma Noites, de Cátia Terrinca/UMCOLETIVO. Haverá uma conversa com as autoras e a equipa artística do projeto. E às 20h, o bailarino e b-boy Benoît Nieto Duran faz um workshop para estudantes no Estúdio de Dança de Alcanena.

KdeiraZ é um espetáculo de dança para crianças de todas as idades que busca aproximar a pesquisa em dança contemporânea da criação artística para o universo infantil. A cadeira é protagonista nesta viagem. Em cena, as performers deparam-se com cadeiras comuns e fantásticas e ficam curiosas por descobrir quais as possibilidades de brincadeiras que cada uma, com a sua forma e personalidade, pode propor. É apresentado no Largo da Igreja, em Minde, dias 6 (14h30, sessão para escolas) e 7 de outubro (16h para o público, em geral).
 
Mil e Uma Noites é um projeto cívico e artístico de longa duração que, através do teatro radiofónico, resgata do esquecimento a obra de mulheres portuguesas do século XX. Em Alcanena, mulheres de várias gerações foram convidadas a revelar a sua atividade de escrita, mas também a partilhar as histórias e contextos de vida em que a desenvolveram. Depois de uma residência artística e apresentação pública em setembro, a peça de teatro radiofónico criada a partir destas vozes, regressa à Biblioteca Municipal de Alcanena na forma de uma instalação sonora que pode ser visitada até 20 de outubro.  

Mil e uma noites ©Estelle ValenteMil e uma noites ©Estelle Valente
 
Em estreia nacional, a performance instalação Las Lámparas, de Leticia Skrycky é apresentada no Cine-Teatro São Pedro, em Alcanena, no dia 7 de outubro, às 16h30 (repete às 18h e às 19h30).
Há vários anos que esta criadora uruguaia tem vindo a explorar as potencialidades da luz. Como podem os olhos tocar? Como podem os ouvidos ver? Como pode a pele ouvir? Guiada por estas perguntas, associadas a ecosistemas de percepção relacionais, em Las Lámparas procura oferecer um lugar para um olhar periférico e vibrátil. É um convite para um estado de atenção aberto a receber o visível e o invisível. No espaço cénico do teatro, apresenta-se uma coreografia elétrica, onde o som move a luz e a luz, por sua vez, soa, aquecendo todo o meio envolvente.
 
Black Box 2.0 tem origem num projeto de formação e desenvolvimento em criação coreográfica, iniciado pela associação O Corpo da Dança em parceria com o Estúdio de Dança de Alcanena. No âmbito deste projeto, os alunos desenvolvem criações coreográficas e, na semana que antecede a sua apresentação pública, experimentam um período de residência no teatro, trabalhando em conjunto com a equipa de produção deste, ao nível das montagens técnicas.
Nesta edição de 2023, a literatura é o tema genérico de pesquisa para todos os trabalhos coreográficos. As criações que se apresentarão no Jardim da República, no dia 7 de outubro, às 18h, emergem deste tema.
 
Para o público da primeira infância (bebés e crianças até aos sete anos, aproximadamente), a proposta é Traquinar! Esta palavra, que significa “brincar” em calão minderico, denomina o projeto de apoio à integração de crianças na natureza que visa devolver-lhes a possibilidade de brincarem na rua, de forma segura e autónoma. Nos dias 8 e 15 de outubro, entre as 10h e as 12h, o Projeto Traquinar ocupa o Polje de Mira-Minde, com duas sessões. O contacto para mais informações é: projeto.traquinar@gmail.com.
 
Didascálias ou como se constrói uma casa surge do encontro entre Leonor Mendes (PT), Giovanna Monteiro (BR), Vicente Antunes Ramos (BR), conta com a colaboração artística de Isis Andretta (BR) e foi apoiado, em 2023, no âmbito da bolsa Fios do Meio da Materiais Diversos. A sua estreia é dia 8, às 16h30, no Ginásio da EB 2/3 de Minde.
A partir das didascálias de textos clássicos do teatro, este trabalho busca revisitar os espaços domésticos presentes nos textos e o imaginário de “casa” que carregam. Duas intérpretes jogam com as palavras e com o tempo e assim constroem outros espaços, figuras, relações. O desenrolar deste jogo de construir e desconstruir deixa a pergunta em suspenso: o que se pode imaginar a partir dessas palavras que foram escritas para não ser ditas?
 
Também a 8 de outubro, às 18h, no acolhedor jardim do Museu de Aguarela Roque Gameiro, em Minde, Bernardo Branco partilha “Cantar de Ouvido”, álbum a ser lançado brevemente, no qual florescem sonoridades que confluem entre música popular e urbana e que aborda o dia-a-dia, os desamores passados, a queda de cabelo, as festas populares e o êxodo rural.
Na música deste jovem cantautor, as batidas são construídas com recurso a sons da garganta, adufe, um drumkit de hip-hop, ao ritmo quebrado da cana rachada e a ad-libs. O Auto-Tune é usado como recurso expressivo, com o atrevimento de estar presente em alguns dos momentos melismáticos próximos do fado.
 
A 11 e 12 de outubro, para os alunos do Agrupamento de Escolas de Alcanena, há Coreografia em sala de aula. Declinação de Coreografia, de João dos Santos Martins, conta com a participação de Adriano Vicente e coloca em diálogo diferentes linguagens em torno da dança. O desafio é a passagem do corpo para o papel e do papel para o corpo, num jogo de vice-versa: “dançar” uma língua e “falar” uma dança.
 
No dia 12, a programação decorre no Centro Ciência Viva do Alviela. Às 21h30 é projetado o filme Habiter Le Seuil, de Marine Chesnais e Vincent Bruno.
Verão de 2020. Marine Chesnais, coreógrafa e bailarina de dança contemporânea, viaja para a Ilha da Reunião para encontrar baleias-corcundas. Destas interações no azul profundo nasceram danças improvisadas, que serão terreno fértil para a sua próxima criação. Este filme, filmado em apneia, é uma viagem coreográfica e hipnótica que nos leva ao mundo subaquático, sustendo a nossa respiração, seguindo os passos deste projeto original.
Nesta noite, é possível jantar no CCV Alviela (19h30 – 21h), mediante reserva até 24h antes, pelo preço de 8€. O jantar é volante e há opções vegetarianas.
 
Dia 13, às 21h30, no Cine-Teatro São Pedro, Gio Lourenço traz-nos Boca Fala Tropa, um espetáculo que parte dos passos e dos códigos do kuduro para cruzar elementos da memória individual com elementos da memória coletiva, colocando assim à vista trânsitos entre Angola e Portugal. O kuduro surge nos anos 90, em Luanda, no contexto da guerra civil angolana. Os códigos específicos deste estilo de música/dança chegavam a Portugal através do corpo e das cassetes dos que transitavam entre estes dois países. É na adolescência, no final dos anos 90 e já a viver em Portugal, que Gio Lourenço entra em contacto com este universo e se torna kudurista, descobrindo um corpo partido – o seu – onde a memória se reinventa no gesto. O espetáculo contará com o músico Xulaji em palco.

Boca Fala Tropa ©Sofia BerberanBoca Fala Tropa ©Sofia Berberan
 
A 14 de outubro, às 16h30, no Ginásio da EB 2/3 de Minde, teremos La Burla, resultado da parceria entre Bruno Brandolino (UY) e Bibi Dória (BR), em colaboração com Leticia Skrycky (UY), e que foi apoiado pelos Novos Materiais em 2021.
La Burla é uma ficção coreográfica que acompanha duas figuras situadas numa realidade distópica. O encontro entre o sagrado e o profano toma forma em rituais e invocações de entidades que emergem das profundezas. Santas, bruxas, videntes, diabos, monstros e heroínas atravessam o imaginário desta peça, dando voz e corpo a um variado repertório iconográfico medieval. O espetáculo é seguido de conversa.
La Burla ©Tristan Perez-MartinLa Burla ©Tristan Perez-Martin
All in the Air is Bird, performance de María Jerez e Élan d’Orphium, parte do pressuposto que nenhuma presença é neutra e entende que os pássaros são seres com quem partilhamos territórios, acontecimentos e histórias, numa invocação em forma de concerto experimental a partir do canto dos pássaros ao pôr-do-sol. Decorre a 14 de outubro, às 18h30, no Museu de Aguarela Roque Gameiro, em Minde.
 
Outra performance, O Banquete das Saudades é uma refeição, uma instalação, uma situação, uma coleção: a receita como reativação de uma “saudade” e motor de uma situação de partilha. Este jantar performance, que acontece na sede do ABC, em Alcanena, também dia 14 com início às 20h, é uma proposta para estimular os sentidos de todas as pessoas. A partir de um pedido de receitas que, de algum modo, transportassem saudades feito à comunidade, Anne Lise Le Gac e uma pequena equipa de cozinheiros amadores de França e Alcanena irá preparar uma seleção destas receitas, cozinhá-las e combiná-las no menu Saudades. Num espaço de acesso aberto, os visitantes, que se tornam convidados, vão experimentar esses pratos. O Banquete das Saudadesdesenrola-se lentamente, com petiscos e degustações, e termina quando os seus recursos se esgotam.
 
No dia seguinte, 15 de outubro, às 16h30 no Polje Mira-Minde, Elizabete Francisca apresenta a peça a besta, as luas. Fortemente baseada no verso “eu não obedeço porque sou molhada”, da canção “Banho”, interpretada por Elza Soares, Elizabete Francisca propõe enunciar, através de gestos e sons, uma representação possível da geografia política de um corpo não submisso. Neste espetáculo de dança, a criadora usa o corpo como arma política e reivindica um lugar de resistência, transformando possíveis fragilidades em flechas e potências.
 
Para encerrar o festival, também no dia 15, às 18h, teremos o concerto de chica, “em banda”, numa das praças emblemáticas de Minde, a Praça Alberto Guedes. As sonoridades do folk, anti-folk e jazz em parelha com o elemento principal da sua música – o diálogo –, compõem o estilo musical de chica.
“Brincar com o Cão” (2020) foi o primeiro single do seu projeto a solo. O EP “Cada Qual no seu Buraco”, composto entre o Minho e Lisboa ao longo de dois anos, foi lançado em 2022. Em concerto partilha as canções que foram sendo escritas e pensadas à sombra do desencantamento sobre a vida adulta, da gestão da sobrevivência, mas também das palavras de Fausto de “que atrás de tempos vêm tempos e outros tempos hão de vir”.

Em parceria com o Movimento Mira-Minde, estão programados três eventos no dia 15. Das 8h às 12h, a proposta é uma Limpeza de Caminhos no Polje Mira-Minde. Das 9h às 15h, na Fábrica da Cultura de Minde, há o Mercado da Bagageira e dos Produtos Locais, concebido sob a política dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, e com a proposta de nos aproximarmos cada vez mais de um estilo de vida sustentável. No mesmo local, das 13h às 15h é hora de almoçar no Eco-Piquenique Partilhado & Sem Desperdício. A ideia é partilhar e construir uma relação saudável com o planeta.

Regressam também as mesas longas, organizadas estreitamente com atores e parceiros locais e, por isso, trazem à discussão temas do seu interesse, como o papel das comunidades de aprendizagem na educação, a conservação dos rios e ecossistemas ribeirinhos, o futuro dos jovens e o papel das instituições culturais.
Continuando a afirmar-se como espaço imersivo e desacelerado para o encontro entre profissionais, o festival realiza este ano o seminário Companheirismo e colaboração — práticas artísticas para a sustentabilidade, que procura fomentar práticas colaborativas de reflexão crítica e experimentação entre as pessoas participantes. A orientar os trabalhos estarão Carolina Cifras, Simone Frangi e Clara Antunes que se debruçam sobre diferentes dimensões, entre elas, as práticas ecossomáticas em torno do ser/corpo, a revisão crítica da noção de hospitalidade no âmbito da curadoria, e a reflexão sobre o papel das práticas artísticas face ao colapso climático e ecológico.

Ponto de Encontro do Festival Materiais Diversos este ano divide-se entre as Festas Populares de Alcanena, no primeiro fim de semana (5-7 outubro) e o Cine-Teatro São Pedro de Alcanena (entre 10 e 14 de outubro). Aqui poderão degustar-se iguarias locais, beber e brindar, conversar e dançar. As noites de 13 e 14 prometem ser longas, alimentadas pela vibração de DJs que prolongam o espírito de cada jornada. No dia 13, às 23h, os DJs Borga e Laurix, com batidas duras e ritmos acelerados, complementados com melodias alegres e imersivas. A 14, à mesma hora, o DJ Kino assume o comando da pista e propõe-nos que voemos com ele. O Ponto de Encontro é o espaço de convívio e encontro entre a comunidade local, a comunidade artística, equipa e parceiros do festival.

03.10.2023 | by martalanca | Materiais diversos

Teleteatro de Bissau

Sinopse: 

Teleteatro de Bissau é uma mostra de teleteatros guineenses, realizados na Guiné-Bissau e na sua diáspora em Portugal. Geradores de fluxos artísticos entre geografias, dão a conhecer, com humor, formas de invisibilidade social, nomeadamente os desafios de quem luta por uma vida melhor, emigrando ou dubriando …. 

Calendarização 

4 de Outubro

Lixo de Europa (2022; 8’) de Nbana Kabra & Samba Tenen

Sinopse: Curta-metragem humorística sobre emigrantes respigadores, nos contentores de lixo na zona de Queluz. 

Nunde Independência (2023; 4’) de Axy Demba

Sinopse: Reflexão crítica sobre as conquistas alcançadas pela independência. 

Poder di Tchom (2022; 22’) de Tcharlaça Comedy Bissau

Sinopse: As aventuras de um jovem guineense que deseja imigrar para a Europa.

02.10.2023 | by martalanca | Teleteatro de Bissau

Mulheres nas descolonizações, modos de ver e saber

II Encontros

“Descolonizar, dizem elas” *
(*a partir de Destruir, diz ela, Duras, 1969)

Hangar, 29-30 de Setembro

Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)

A segunda edição dos Encontros MULHERES NAS DESCOLONIZAÇÕES. MODOS DE VER E SABER junta criadorxs, curadorxs e investigadorxs para uma reflexão sobre os olhares, saberes e práticas de mulheres nas libertações e nos processos decoloniais, e sobre como, partindo destes, encetando novas práticas artísticas e comunicacionais, e potenciando novas perspectivas identitárias, se (re-)imagina o (pós-)colonialismo
Programa de investigação-acção, parte das práticas artísticas, de novos modelos de comunicação e da reflexão sobre os mesmos para questionar “políticas da memória” e identidade, ensaiando gestos de restituição. A reflexão sobre e a afirmação de modos de ver e fazer no feminino são centrais num processo necessário de cura e restituição.

Curadoria: Maria do Carmo Piçarra

Doutorada em Ciências da Comunicação, Maria do Carmo Piçarra é professora na Universidade Autónoma de Lisboa, investigadora contratada no ICNOVA e programadora de cinema. Tem investigado propaganda cinematográfica e a censura durante o Estado Novo, o cinema militante africano e os modos de ver e conhecer das mulheres durante os processos de descolonização. Entre outros livros e artigos, é autora de Olhar de Maldoror. Singularidade de um cinema político (2022), Projectar a ordem. Cinema do Povo e propaganda salazarista 1935 – 1954 (2020), Azuis ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo” (2015). Coordenou, com Jorge António, a trilogia Angola, o nascimento de uma nação (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, (Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire (2017). Dinamiza a Aleph – Rede de Acção e Investigação Crítica da Imagem Colonial.

DIA 29

Identidade e memória nas práticas artísticas e da comunicação

10h-11h15: Sobre o colonialismo português tardio: uma breve imersão

Apresentação e conversa com Rita Cássia Silva

Rita Cássia Silva iniciou-se nas artes cénicas aos doze anos. Natural de Salvador-Bahia-Brasil, radicou-se em Portugal, a partir de 2000. Escolheu Lisboa enquanto primeira morada. Lagos e Mértola enquanto recônditos afetivos cruciais. Mãe de Martim. Escreve, interpreta, encena, pratica artivismo, intervém educacionalmente. Licenciada em Antropologia pelo ISCTE-UL. Doutoranda em Ciências da Comunicação – Comunicação e Artes, pela Universidade Nova de Lisboa. Integra o ICNOVA, Projeto Photo Impulse. Bolseira do Programa Aliança EUTOPIA (FCT / NOVA / CY CERGY PARIS). Curadora participativa da exposição “O Impulso Fotográfico (des) Arrumar o Arquivo Colonial”, patente temporariamente até 31 de Dezembro de 2023, no MUHNAC, Lisboa. As suas áreas de interesse situam-se na pesquisa baseada em criação artística, cruzamentos disciplinares, autoetnografia, género, comunicação, pensamento decolonial e cultura visual.

11h15-11h45: As donas da Casa: A presença (in)visível das mulheres na Casa dos Estudantes do Império

Apresentação por Vânia Maia, seguida de debate

Vânia Maia iniciou-se no jornalismo aos microfones de rádios locais. Para a imprensa escrita, fez reportagens na Central Nuclear de Chernobyl, em campos de refugiados no Uganda ou em áreas devastadas por ciclones, em Moçambique. Integra a bolsa de formadores da Associação Literacia para os Media e Jornalismo. Os seus trabalhos receberam mais de uma dúzia de distinções — seis delas relacionadas com a cobertura da pandemia. No 30.º aniversário do Prémio Lorenzo Natali, promovido pela Comissão Europeia, venceu na categoria Europa. Ganhou uma Bolsa de Investigação Jornalística pela Fundação Calouste Gulbenkian, que deu origem a uma grande reportagem sobre a presença feminina na Casa dos Estudantes do Império.

12h-13h30: Análise da iconografia da mulher negra na banda desenhada de Casa Grande & Senzala – em quadrinhos (Livia Sampaio), O feminismo é uma prática (Lorena Travassos) e Afrolis: jornalismo com cor e sotaque (Amina Bawa)

Apresentações por Livia Sampaio, Lorena Travassos e Amina Bawa, seguidas de debate

Livia Sampaio é brasileira, formada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Veio para Portugal para fazer o mestrado em Estudos Africanos no ISCTE com a dissertação Mulheres negras e o cabelo: Racismo, sexismo e resitência defendida em 2021, e, desde então, vem se dedicado no estudo do reflexo do racismo e misoginia no corpo da mulher negra em Portugal. Co-editora do livro Uma História com mulheres e autora do capítulo “Como o status social colonial é refletido no cotidiano das mulheres negras”. É doutoranda no curso de Media e Sociedade no Contexto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da Universidade Autónoma de Lisboa.

Lorena Travassos é fotógrafa, livreira e investigadora do ICNOVA. Actualmente é docente convidada no ICNOVA e investiga o arquivo a partir das questões decoloniais e de género. É fundadora da livraria feminista Greta em Lisboa.

Amina Bawa é jornalista, produtora cultural e mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade de Lisboa. No Brasil, trabalhou em áreas diversas como comunicação sindical e na produção de museus e espaços de cultura. Em Portugal, trabalha como Gestora de Conteúdo, Marketing e Comunidade na Associação Afrolis e como professora de Tecnologia da Informação e Comunicação na escola de circo do Chapitô. É Produtora Editorial no Gerador, além de ser co-fundadora do observatório de tendências brasileiras, Brasil Mood.

Modos de ser e fazer. Práticas artísticas

15h-16h15: Museu Pessoal

Performance e conversa com Gisela Casimiro

Gisela Casimiro é escritora, artista, performer e activista. Formou-se em Estudos Portugueses e Ingleses pela NOVA/FCSH. Trabalha sobre identidade, corpo, memória, trauma, racismo, pós-colonialismo e quotidiano. A sua prática envolve escrita, fotografia, instalação, colagem e som. É autora de Erosão e Giz (poesia), Estendais (crónicas) e Casa com Árvores Dentro (dramaturgia, encenado por Cláudia Semedo/Companhia de Actores). Em teatro foi co-criadora e actriz de SET THE TABLE, de Raquel André e Cristina Carvalhal. Participou em exposições no Armário, Galerias Municipais do Porto e de Lisboa, entre outros. Integra a Coleção António Cachola. Coordena, com Teresa Coutinho, o Clube de Leitura do Batalha Centro de Cinema. É membro fundador da UNA – União Negra das Artes. De momento faz o apoio à dramaturgia de BLACKFACE!, de Marco Mendonça, a estrear em 2023.

Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)

DIA 30

Modos de ser e fazer. Práticas artísticas

10h-11h15: Mankaka Kadi Konda Ko

Performance e conversa com Filipa Bossuet

Filipa Bossuet (1998) Licenciada em Ciências da Comunicação e aluna do mestrado em Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo, na NOVA FCSH. Utiliza a performance, a pintura, a fotografia e o vídeo experimental para retratar processos de identidade, negritude, memória e cura.

Luta e luto. Entre passado e presente

11h30-12h45: Mulheres de fogo, no lodo

Apresentação e conversa com Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca

Catarina Laranjeiro (1983) estudou Psicologia Social na FPCE-UL (Lisboa), Cinema/Imagem em Movimento no Ar.Co (Lisboa), Antropologia Visual na FU (Berlim) e doutorou-se em Pós-Colonialismo e Cidadania Global no CES-UC. É investigadora no Instituto de História Contemporânea da NOVA-FCSH. Tem autoria e colaboração em diversos projetos que aliam a investigação à criação artística, cruzando a antropologia, o teatro e o cinema. Realizou o filme PABIA DI AOS (2013).

Daniel Barroca estudou Artes Plásticas na Escola de Arte e Design das Caldas da Rainha e no Ar.Co. Foi artista residente na Künstlerhaus Bethanien em Berlim, na Rijksakademie em Amesterdão, no Ashkal Alwan em Beirute, e no Drawing Center em Nova Iorque. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Botin e da Comissão Fulbright, entre outras. Neste momento, desenvolve uma pesquisa doutoral sobre imagem antropológica e guerra colonial. Ao longo do seu percurso artístico, tem desenvolvido projetos de cinema expandido e experimental, que têm sido apresentados em festivais de cinema e espaços de arte contemporânea em diversas partes do mundo.

14h30-15h30: “Eu sou a rixa”: traçando a evolução da identidade da segunda geração no Reino Unido através dos arquivos audiovisuais

Apresentação e conversa com Ana Naomi de Sousa

Ana Naomi De Sousa é uma realizadora e jornalista independente. Realizou os documentários The Architecture of Violence, Angola – Birth of a Movement; Guerrilla Architect; e Hacking Madrid – todos exibidos na Al Jazeera em inglês. Colaborou com Forensic Architecture e Amnesty International, no documentário interativo Saydnaya sobre uma prisão militar síria, tendo vencido um prémio Peabody em 2017. Escreve sobre a política pós-colonial, espacial e cultural para diversas plataformas, incluindo The Funambulist, The Guardian, e Al Jazeera. Colabora como realizadora na rede de ‘Decolonizing Architecture’, e como tradutora no projeto ‘Traduzindo Ferro, Transformando Conhecimentos’, entre outros. Actualmente, está a realizar a sua primeira longa-metragem.

16h00-17h30: Projecção de Entre Eu e Deus (Yara Costa Pereira, 2018, 60), seguida de conversa (via zoom) com Yara Costa

Yara Costa (1982) nasceu em Moçambique. Depois de ter terminado o ensino secundário na África do Sul, estudou jornalismo na Universidade Federal Fluminense, no Brasil. Após um mestrado em cinema documental na Universidade de Nova York, frequentou um curso de cinema em Cuba.


29.09.2023 | by martalanca | Descolonização, mulheres

etceteras, festival feminista de design e edição

Apresentamos: etceteras: uma celebração das muitas mãos que circulam textos feministas! Casa Comum, Praça Gomes Teixeira, Porto, Portugal,  5–7 outubro 2023.

Totalmente aberto e gratuito, este festival de três dias inclui palestras, workshops, conversas, performances, projecção de filmes, tour feminista, e uma Feira do Livro. 

Feminismos são redes colectivas de literacia. É através dos esforços interligados de escritoras, editoras, designers, artistas, impressoras, livreiras, distribuidoras, tradutoras, investigadoras, bibliotecárias, contrabandistas—e tantes outres—que as ideias feministas circulam. E quando o fazem, movem-nos e criam movimentos.

As palestrantes Bec Wonders, Hilda de Paulo, Loraine Furter, Raquel Lima, e Sharmaine Lovegrove, exploram histórias de mulheres na publicação, ferramentas editoriais feministas, imprensa LGBTQIA+, contrangimentos na escrita académica, e muito mais. As conversas com Ellen Lima Wassu, Paula Guerra, Carla Fernandes e outres mergulham nos mistérios da tradução, nas plataformas digitais feministas e na pesquisa de arquivos marginalizados. As exibições de filmes permitem-nos espreitar as histórias escondidas de editoras, jornalistas e escritoras na sua conquista de espaços de disseminação de mensagem radicais e anti-hegemónicas.

Os workshops com Alícia Medeiros, Flavia Doria, Gabriela do Amaral, Isabeli Santiago, MACHEIA, Mio Kojima, Parasto Backman, e Susana Carvalho oferecem novas competências e perspectivas sobre escrita criativa, tipografia, criação de zines, espaço urbano e muito mais. A Feira do Livro reúne 26 editoras, livreiras, e colectivos editoriais de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Holanda, Suécia, México, Uruguai e mais além. Ao final do dia 7 de outubro, sábado, o festival termina com uma perfomance de voz e áudio pela artista Ece Canlı.

A equipa de curadoria do etceteras é formada pela designer e investigadora Isabel Duarte, pela antropóloga, designer e educadora Maya Ober, e pela designer e editora Nina Paim, apoiada pela produção executiva da investigadora Geanine Escobar. etceteras é co-produzido pela Associação Cultural Calote Esférica e pela plataforma feminista Futuress

Marquem nos vossos calendários, passem a palavra, e venham reunir-se connosco para que o etceteras seja um evento inesquecíve!

Geanine, Isabel, Maya e Nina

Palestras

  • As redes de publicação da segunda onda feminista com a historiadora Bec Wonders.
  • O percurso de Sharmaine Lovegrove desde livreira até se tornar directora da Dialogue Books.
  • Entraves, barreiras e constragimentos na edição académica pelos olhos da poeta
    e investigadora Raquel Lima.
  • Ferramentas editoriais feministas com a designer Loraine Furter.
  • processos de exclusão de pessoas trans e travestis no mercado literário português dissecados pela artista Hilda de Paulo.

Workshops e Tours

  • escrita de correspondência com a designer Mio Kojima.
  • Artesania e autoria coletiva com o coletivo MACHEIA.
  • tipografias contra-hegemônias com a designer Parasto Backman.
  • Wikipedia, edição e ativismo com a jornalista Flavia Doria.
  • Silêncios, maternidade e a procura de uma nova língua com a poeta Gabriela do Amaral.
  • Fanzines mão-na-massa com a designer Susana Carvalho do atelier Carvalho-Bernau.
  • Tour Feminista do Porto com a arquiteta Alícia Medeiros e a curadora Isabeli Santiago.

Conversas moderadas

  • Arquivismo e narrativas fora da história instituída com a socióloga Paula Guerra e a historiadora Joana Matias.
  • Práticas de tradução que aproximam mundos com a editora Maria Múr Dean e a poeta
    Ellen Lima Wassu.
  • Tecnologias e plataformas digitais na organização e mobilização feminista com Carla Fernandes da Afrolis.pt e Zinthia Alvarez Palomino da Afrofeminas.com.

Filmes

  • Para Não Esquecer Virgínia Quaresma acompanha a vida de Virgínia Quaresma uma activista negra e lésbica, considerada a primeira mulher jornalista em Portugal.
  • O que Podem as Palavras é um relato em primeira mão das três autoras do livro As Novas Cartas Portuguesas, de 1972, que foi censurado em Portugal e criou uma onda de solidariedade com feministas de todo o mundo. 
  • The Books We Made conta a história de Kali for Women, a primeira editora feminista da
    Índia fundada por Urvashi Butalia e Ritu Menon em 1984.

Feira do Livro 

Nas bancas da Feira do Livro poderá descobrir-se o legado da literacia feminista através de livros, revistas, fanzines, edições, cartazes, jornais, ilustrações e muito mais! A Feira centra-se em editoras, livreiras, e coletivos editoriais que amplificam perspectivas historicamente marginalizadas, incluindo Almanac Press, “Amor?Luta!”, Archive Books, Cahiers des typotes, culturala, Edições Afrontamento, Félixe Kazi-Tani, ​​Girls Like Us magazine, ​​gentopia, Greta Livraria, Revista Leonorana, Hangar Books, Hopscotch Reading Room, Important & Stupid, microutopías, Mujeres negras que cambiaron el Mundo, Occasional Papers, Page Not Found, Roxanne Maillet, Sapata Press, Sismógrafo, Sold Out.

Créditos

Curadoria: Isabel Duarte, Maya Ober & Nina Paim

Produção Executiva: Geanine Escobar

Design gráfico: Joana & Mariana

Website: ReadyMag, a tool for creating websites without code.

Tipografia: Parallel, Joana Siniavskaja

Revisão: Susana Camanho (PT) & Sacha Fortuné (EN)

Consultadoria Curatorial: Isabeli Santiago

Local: Casa Comum, Universidade do Porto

Produção: Calote Esférica & Futuress.org

Apoio: Criatório, dgArtes, Graham Foundation & ProHelvetia

O nosso website foi desenvolvido e desenhado pela Readymag, uma ferramenta intuitiva que oferece composição livre e configurações de tipografia avançadas 

Design gráfico: Joana & Mariana; Tipografia: Parallel, by Joana Siniavskaja; © etceteras: festival feminista de design e edição

29.09.2023 | by martalanca | edição, feminismos

Open Restitution Africa

No âmbito das atividades do Grupo de Trabalho – Reparação e Restituição do GI-Práticas e Políticas da Cultura do Centro em Rede de Investigação em Antropologia CRIA no dia 25 de setembro, das 16h às 18h na Associação Passa Sabi, terá lugar a apresentação do projeto OPEN RESTITUTION AFRICA. 

O projeto, liderado por Áfrican*s, reúne dados sobre os atuais processos de restituição em todo o continente africano, serve como portal de estudos de caso e exemplos de melhores práticas, e incentiva um debate baseado em dados, aprofundado e desafiador sobre as complexidades, responsabilidades e imperativos éticos da restituição. O projeto é impulsionado pela necessidade de tornar central e acessível a amplitude do conhecimento que está a ser construído em torno dos debates sobre restituição, mas também para a urgência de uma abordagem afro-centrada conduzida pelos próprios africanos. 

Por que é importante?

Atualmente, a informação disponível para os profissionais, as partes interessadas e para o público em geral é escassa, sobre o atual estatuto internacional da restituição – debates, políticas e práticas no continente. Por causa disso, não somos capazes de observar tendências, mudanças e impactos objetivos, e permitir que mais pessoas operem a partir de uma posição de conhecimento. 

O que precisamos de saber?

 

Programa do dia 

16.00-16.05 Introdução por Laura Burocco

16.05-16.40 Apresentação ORA Report por Molemo Moiloa com tradução consecutiva do Inglês pelo Portuguese da Lara Menezes do NEAL-NOVA e Bernardo Smith Lima do NEAISCSP-UL

16.40-17.40 Debate

18.00 Encerramento

Dia : Segunda 25 de Setembro de 2023 

Local :  Associação Passa Sabi -  R. Augusto Abelaira 1600, Lisboa

Horário: 16.00-18.00 

Promotores : CRIA através do seu Grupo de Trabalho - Reparação e Restituição

Parceiros : NEAL-NOVA-Núcleo de Estudos Africanos e Lusófonos da Nova; ISCSP - UL -Núcleo de Estudantes Africanos; Mamadou Ba- SOS Racismo; Apolo de Carvalho; Associação Passa Sabi. 

Molemo Moiloa lidera a pesquisa na Andani.Africa. Vive e trabalha em Joanesburgo, em diversas funções na intersecção da prática criativa e da organização comunitária. O trabalho académico de Molemo centra-se nas subjetividades políticas da juventude sul-africana. Colabora artísticamente com MADEYOULOOK, que explora imaginários populares do cotidiano e suas modalidades de produção de conhecimento. Foi Diretora da Rede de Artes Visuais da África do Sul (VANSA). Molemo também trabalha com o Market Photo Workshop, os departamentos da Escola de Artes e Antropologia Social da Universidade de Witwatersrand, entre outros. Possui bacharelado em Belas Artes e mestrado em Antropologia Social pela Wits University.

MADEYOULOOK foi indicado para o Prêmio Vera List Center de Arte e Política 2016/17 na New School, Nova York. Molemo foi Chevening Clore Fellow 2016/17 e vencedor do Prêmio Vita Basadi em 2017.

20.09.2023 | by martalanca | Open Restitution Africa

Chamada de Trabalhos | Reparar (n)o Irreparável (N.º 13) |

De 18 de setembro a 31 de dezembro de 2023

Editoras temáticas: Ana Cristina Pereira (Universidade do Minho, Portugal), Gessica Correia Borges (Universidade do Minho, Portugal) e Marta Lança (BUALA)

Propomos, neste novo número da Vista, pensar as reparações do mundo estilhaçado em que vivemos enquanto um programa de contravisualidade, no sentido em que procura compreender a mentira instituída pela visualidade e propor-lhe alternativas (Mirzoeff, 2011, 2023). Esta sugestão comporta a consciência da sua própria impossibilidade conceptual e ética, uma vez que implicaria acabar com este mundo para que uma nova possibilidade de vida pudesse emergir (Ferreira da Silva, 2022; Mbembe, 2020/2021). No entanto, a consciência do direito à reparação é tão antiga como o colonialismo e a escravatura, e tem sido uma demanda das vítimas desses processos históricos (Araujo, 2017; Azoulay, 2019; Savoy, 2022). Face à impossibilidade de reparar a brutalidade da violência colonial (Mbembe, 2020/2021) — a ocupação, a espoliação, o etnocídio, o desenraizamento, os raptos, as violações, o epistemicídio, o saque em grande escala, e o extrativismo — é preciso, ainda assim, fazer a sua “necrologia” (Hicks, 2020), insistir no gesto de reparação, através de uma “ética da incomensurabilidade” (Tuck & Yang, 2012), parte essencial de um processo de cura e cuidado permanentes.

Hoje, por todo o mundo, governos de antigas potências coloniais e instituições — como a universidade e o museu — estão a ser pressionados para estabelecer políticas de reparação. Nestas se incluem acautelar os direitos dos descendentes de espoliados e escravizados, pedidos de desculpa pelas atrocidades do colonialismo e pela prática da escravatura em larga escala, a implementação de políticas afirmativas (por exemplo, quotas étnico-raciais no acesso à universidade e aos lugares de decisão nas estruturas), a revisão das narrativas históricas e, consequentemente, dos curricula (através da inclusão de narrativas, sujeitos históricos e artistas até agora excluídos), a devolução de objetos saqueados, a descolonização do espaço público (por exemplo, através do desmantelamento de estátuas racistas e a memorialização às vítimas da escravatura), o perdão de dívidas odiosas e o pagamento de indemnizações.

A discussão sobre os processos de reparação não é de hoje, mas tem vindo a ganhar preponderância à escala mundial, e em Portugal aparecem pontualmente vozes que querem participar nessa conversa global, sobretudo na academia, mas também fora dela, como na Assembleia da República, no meio artístico e no ativismo. Destacamos, neste âmbito, o “IV Encontro de Cultura Visual” e a Oficina de Reparações organizados por Ana Cristina Pereira e Inês Beleza Barreiros, coordenadoras do Grupo de Trabalho de Cultura Visual da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, em colaboração com o teatro da mala voadora (Porto), entre 23 de junho e 8 de julho de 2023, onde se procurou articular práticas artísticas, académicas e do ativismo social em torno do tema reparações. O presente número da Vista pretende também ser uma continuação do trabalho desenvolvido durante esse período.

Convidamos à submissão de trabalhos (que podem ser disruptivos relativamente ao formato tradicional de textos em revistas científicas) que contribuam para o debate crítico e contra-hegemónico, sobre:

  • Reparar restituindo: sobre as restituições dos objetos roubados, adquiridos em circunstâncias pouco claras ou no âmbito de uma relação de poder colonial (Figueiredo, 2022), e a repatriação de restos humanos. Sobre como descolonizar os museus e “curadorias do desconforto” (Vlachou, 2022);
  • Reparar o espaço público: sobre as políticas de memória no espaço público, sejam as estátuas, os nomes das ruas, decoração de espaços de poder, entre outros. Sobre o “trabalho da memória como reparação” (Sturken, 2022);
  • Reparar a narrativa histórica: sobre os programas escolares, os compêndios e as suas imagens, as fontes (visuais) da narrativa histórica e a representatividade (Sousa et al., 2022);
  • Reparar a paisagem: sobre ecologia e política, o extrativismo e como combatê-lo. Sobre formas de “justiça reparativa” que contemplem também a natureza;
  • Reparar através da arte: sobre o papel da produção artística e das práticas culturais nestes processos (Demos, 2020; Eugénio, 2019). Como estes estão a ser trabalhados e com que resultados;
  • Outros temas que possam contribuir para a reflexão sobre reparações e visualidade.

 

DATAS IMPORTANTES

Submissão (texto completo): de 18 de setembro a 30 de novembro de 2023
Publicação do número: edição contínua (janeiro a junho de 2024)

LÍNGUA

Os artigos podem ser submetidos em inglês ou português. Os artigos selecionados para publicação serão traduzidos para português ou inglês, respetivamente, devendo ser publicados integralmente nos dois idiomas.

EDIÇÃO E SUBMISSÃO

Vista é uma revista académica de acesso livre, funcionando de acordo com exigentes padrões de revisão por pares, operando num processo de dupla revisão cega. Cada trabalho submetido será enviado a dois revisores previamente convidados a avaliá-lo, de acordo com a qualidade académica, originalidade e relevância para os objetivos e âmbito da revista.

Os originais deverão ser submetidos através do website da revista (https://revistavista.pt/). Se está a aceder à Vista pela primeira vez, deve registar-se para poder submeter o seu artigo (indicações para se registar aqui).

O guia para os autores pode ser consultado aqui.

Para mais informações, contactar: vista@ics.uminho.pt

 

REFERÊNCIAS

Araujo, A. L. (2017). Reparations for slavery and the slave trade. Bloomsbury.

Azoulay, A. A. (2019). Potential history: Unlearning imperialism. Verso.

Demos, T. J. (2020). Beyond the worlds’ end: Arts of living at the crossing. Duke University Press.

Eugénio, F. (2019). Caixa-Livro AND. Editora Fada Inflada.

Ferreira da Silva, D. (2018, 4 de outubro). A dívida impagável. Bualahttps://www.buala.org/pt/mukanda/a-divida-impagavel-lendo-cenas-de-valor...

Figueiredo, J. (2022). Falling into history: A case for the restitution of Mbali tombstones and the revival of the realms of memory of the enslaved. Postcolonial Studieshttps://doi.org/10.1080/13688790.2022.2152163

Hicks, D. (2020). The brutish museums. The Benin bronzes, colonial violence and cultural restitution. Pluto Press.

Mbembe, A. (2021). Brutalismo (M. Lança, Trad.). Antígona. (Trabalho original publicado em 2020)

Mirzoeff, N. (2011). The right to look: A counterhistory of visuality. Duke University Press.

Mirzoeff, N. (2023). White sight. Visual politics and practices of whiteness. MIT Press.

Savoy, B. (2022). Africa’s struggle for its art: History of a postcolonial defeat. Princeton University Press.

Sousa, V., Khan, S., & Pereira, P. S. (2022). Reparações históricas: Desestabilizando construções do passado colonial. Comunicação e Sociedade41, 11–22. https://doi.org/10.17231/comsoc.41(2022).4039

Sturken, M. (2022). Terrorism in American memory: Memorials, museums, and architecture in the post-9/11 era. New York University Press.

Tuck, E., & Yang, K. W. (2012). Decolonization is not a metaphor. Decolonization: Indigeneity, Education & Society1(1), 1–40. https://jps.library.utoronto.ca/index.php/des/article/view/18630

Vlachou, M. (2022). O que temos a ver com isso? O papel político das organizações culturais. Buala; Tigre de Papel.

mais informações.

18.09.2023 | by martalanca | Reparações

Bustagate, de Welket Bungué

Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Eis um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses. 

Bustagate é um filme híbrido, que mistura textualidade e três narrativas visuais para contar e asfixiar o público, fingindo colocá-los no mesmo lugar que a nossa defraudada Sociedade, personificada pela nossa heroína Cláudia Simões. Bustagate, surge um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa). Através dos comentários do artista como agente político em nome do Ministério Público Português, Welket faz o recorte de um panorama escandaloso e desajustado de violência e desigualdade social em Portugal. Antes da estreia  em festival, a crítica ao filme feita pelo website Hoje Vi(vi) Um Filme diz “Desde o sentimento de pertença/não pertença ao país que é nosso mas não nos tem como seus, ou ao país que nos acolhe mas onde há alguém que prefere usar da violência e do preconceito para não nos tratar como iguais, retirando direitos a quem os detém, Bustagate clama a defesa dos que foram e ainda são oprimidos pela brutalidade retrógrada. Clama Liberdade, Igualdade e Justiça.” Assim sendo, a estreia do filme é assumida através das redes sociais, num momento em que o mundo clama por um sentido democrático de direitos que se desvanece, através de uma mobilização gobal massiva pelo movimento #blacklivesmatter que em Portugal despertou as silenciadas indignações da diáspora africana e portuguesa, que conhece bem o que é dor e perda. Aqui está um filme-intervenção póstumo ao personagem imaginário aqui chamado Pretugal (personificando o Luís Giovani Rodrigues), dedicado ao povo português (aos tradicionalmente “nativos” e aos descendentes do continente africano que nasceram aqui). Esta criação segue o assunto principal retratado no filme-manifesto Eu Não Sou Pilatus (Seleção Oficial DocLisboa - Competição Internacional, 2019).

Um curta-metragem de Welket Bungué, baseado em fatos reais do caso de “Brutalidade policial contra Cláudia Simões” (Amadora, Portugal, 19 de janeiro de 2020). Com a participação de Isabél Zuaa e Cleo Tavares. Criação da KUSSA PRODUCTIONS, filmado em Cabo Verde, com imagem e som de vídeos virais online de vários autores. In memoriam Luís Giovani Rodrigues, o estudante caboverdiano que morreu em Dezembro de 2019, após ter sido agredido por pelo menos dez homens em Bragança (norte de Portugal).

‘Bustagate’ is a hybrid movie, mixing textuality and three visual narratives to tell and asphyxiate the audience, pretending to put them in the same place as our deflated heroine (society).

“We will try to understand what are the civil rights problems in our society. We still believe that our domination over four centuries in Africa, South America and everywhere else was an important mission that bridged the humanity, although we don’t know why they still come to our country P*rtugal.” ‘Bustagate’ is a hybrid movie, mixing textuality and three visual narratives to tell and asphyxiate the audience, pretending to put them in the same place as our deflated heroine (society). ‘Bustagate’ emerges one year after the incident in the neighborhood of Jamaica (south bank of Lisbon). Through the artist commentaries as a politician agent on behalf of the Portuguese public prosecutor, Welket reports a scandalous and misfit panorama of violence and social inequality in Portugal. Here is a posthumous interventional film for this imaginary character called Pretugal (as Luís Giovani Rodrigues), dedicated to the Portuguese people (“natives” and the descendants of the African continent who born here). This creation follows the main subject of the previous manifesto-film ‘I Am Not Pilatus’ (Official Selection DocLisboa - International Competition, 2019).

A short film by Welket Bungué, based on true facts from the case of “Police brutality against Cláudia Simões” (Amadora, Portugal 19th January 2020). Performed by Isabél Zuaa & Cleo Tavares. A KUSSA PRODUCTIONS’ creation, filmed in Cape Verde, with image and sound from online viral videos by several authors. In Memoriam of Luís Giovani Rodrigues, the Cape Verdean student who died after been assaulted by at least ten men in Bragança (North of Portugal).

Kussa Productions © ALL (CIVIL) RIGHTS MUST BE (P)RESERVED, 2020

16.09.2023 | by martalanca | Bustagate, Cláudia Simões, Welket Bungué

LIBERTAR A MEMÓRIA Ciclo de Cinema

Junho a Setembro 2023 DESTAQUE - SESSÃO 23 DE SETEMBRO

Curadoria: KITTY FURTADO

SÁBADO - 17:30

Entrada livre com pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt

Seguir Evento: fb.me/e/567I8wmo3 | Vídeo-Trailer Libertar a Memória

Filmes:

Eu não sou Pilatus / I’m not Pilatus (2019) - Portugal, DOC, 11min

Realização, montagem e edição: Welket Bungué

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Monumento Catástrofe (2022) - Portugal, DOC, 69min

Realização: Colectivo Left Hand Rotation

Produção: Cósmica

Música: Daniel Birch, Fuck Buttons 

Eu não sou Pilatus (2019) de Welket Bungué (Guiné-Bissau, 1988) é um manifesto artístico antirracista, feito através do diálogo entre dois vídeos de telemóvel, difundidos nas redes sociais, que testemunham dois olhares distintos e opostos sobre Portugal, a democracia e as suas instituições. Um destes vídeos expressa a total rejeição de uma manifestação por direitos civis na Avenida da Liberdade, em Lisboa. O outro é a denúncia da carga policial no Bairro da Jamaica, que deu origem à referida manifestação. A montagem reflexiva de Bungué chama-se Eu não sou Pilatus – Dizer eu não sou Pilatus é desde logo um posicionamento político. Eu não sou Pilatus quer dizer eu não lavo as minhas mãos como Pilatus; eu não me abstenho, eu não enfio a cabeça na areia, eu não olho para o lado, eu não ignoro o problema. Ao dizer eu não sou Pilatus, Welket Bungué deixa implícita uma pergunta: e vocês?

Monumento Catástrofe (2022) do coletivo Left Hand Rotation é um road-movie, em Portugal, que mapeia uma parte da construção do espaço público de forma crítica, partindo da ideia de Catástrofe, que está também relacionada com fatores locais e globais e relações de poder. O que é uma Catástrofe? Quem nomeia um dado acontecimento como Catástrofe? Quem decide memorializar determinadas Catástrofes, como e para quê? Para quem? Monumento Catástrofe forma um díptico com o livro A volta ao Mundo em 80 catástrofes – especial Portugal, que é editado como um guia turístico e revela o fenómeno natural, o capitaloceno, a necropolítica e o acidente enquanto produtores das catástrofes.

Os monumentos, incluindo memoriais, podem funcionar como ativadores da memória que desvelam discursos e atrocidades passadas. Como nos diz Patrícia Freire, da Cósmica – a produtora, narradora e chofer desta viagem - «Não esquecer é um ato de resistência e o monumento também cumpre essa função de “despertar as centelhas da esperança” ao contribuir para que os erros do passado não ressurjam».

A comunidade que se cria numa sala de cinema pela partilha de um filme pode virtualmente transformar o mundo. Assim, ainda que a história partilhada venha do passado o cinema projeta-se no futuro como o melhor companheiro para o presente.

Kitty Furtado sobre Libertar a Memória - Sessão 23 de Setembro 

Aveiro, 2023

O Cineclube de Faro traz este ano à Fortaleza de Sagres o ciclo de cinema Libertar a Memória, com coordenação artística de Luísa Baptista que decorre uma vez por mês, sempre aos sábados, pelas 17:30h durante os meses de Junho a Setembro, com entrada livre através de pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt

Através de escolhas de um grupo de curadores convidados vamos abordar o tema Patrimónios (des)confortáveis do DiVaM 2023, com os contributos de Gisela CasimiroLuca ArgelSuzano Costa e Kitty Furtado que em cada mês serão responsáveis pelo conteúdo a exibir. Temas como (des)colonização, escravatura, segregação social, lugares e identidades, formas de organização, dicotomias sociais e culturais, aqui numa pluralidade de perspectivas e visões alternadas de questões fragmentárias da sociedade, que à luz dos acontecimentos actuais, sugerem que talvez a História não esteja assim tão bem contada.

Haverá também uma curadoria literária da responsabilidade de Marta Lança e do projecto Buala - livros escolhidos para enquadrar, desafiar e abrir novos caminhos e que poderão ser adquiridos em cada sessão

 

Agradecemos a vossa divulgação desta iniciativa e convidamos desde já a estarem presentes nas próximas sessões.


 Downloads_Press Kit: press release editável, imagens e todos os materiais exclusivos para Imprensa nesta pasta: 


 Press-kit - 23 de Setembro - Libertar a Memória

Mais informações:

Comunicação: Luísa Baptista - 966 803 707

E-mail: ccf@cineclubefaro.pt

Site: https://www.cineclubefaro.pt/libertar-a-memoria

Facebook: www.facebook.com/cineclubefaro

Instagram: www.instagram.com/cineclube_faro/

Youtube: www.youtube.com/@cineclubedefaro8605

 

Libertar a Memória é um projeto do Cineclube de Faro, com a coordenação e direção artística de Luísa Baptista, apoiado pela Direção Regional de Cultura do Algarve / DiVaM - Dinamização e Valorização dos Monumentos.

Conta com BUALA e a livraria A Internacional como parceiros e com apoio da Multicópias - Centro de Soluções Gráficas.

 

14.09.2023 | by martalanca | libertar a memória