Resistência cultural no feminino: legados e heranças intergeracionais

27 Janeiro 2024

Organização: FÓRUM DEMOS; MigraMediaActs, CECS, Universidade do Minho Local do evento: Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga

Link do evento

Horário

15h00 – 15h15: Receção e apresentação do evento por Rosa Cabecinhas.

15h15 – 16h30: À Conversa com: Ana Cristina Pereira Maria Matilde Nicolau Miguel de Barros Teresa de Sousa Álvaro Vasconcelos Moderação: Sheila Khan

(Cada orador será convidado a refletir sensivelmente por 15 minutos)

16h30 – 16h45: Debate com a audiência.

16h45 – 17h00: Reflexão final com Rosa Cabecinhas.

Apresentação

Os 50 anos da democracia em Portugal aproximam-se e trazem para a arena pública a urgência de vários debates e reflexões que procuram promover, estimular e abrir novos espaços de partilha de experiências, emoções e de caminhos feitos de luta, fé, compromisso e, também, de outras dimensões humanas menos felizes. Este encontro procura reavivar as memórias de um longo percurso, este construído, mapeado por mulheres que uniram os seus esforços e compromissos à luta não apenas pela democracia, mas também, por uma cidadania mais inclusiva, consciente e aberta aos desafios contemporâneos.

Os legados destes 50 anos no feminino abraçam, hoje, outros modos de refletir não apenas a questão do lugar da mulher, mas, sobretudo, o debate em torno das questões do género, das opções identitárias e culturais. Esses patrimónios humanos não se colocaram no baú esquecido e poeirento, pelo contrário, pelos vários e diferenciados processos de socialização, as novas gerações sentem como suas essas heranças deste 25 de Abril que as avós, mães, os rostos do Portugal não apenas no feminino conseguiu manter vivo, espelhado pelos atos de uma empatia e fraternidade entre gerações.

Nesse sentido, entre encontro almeja tornar vivas, presentes e audíveis estas vozes, memórias, perceções e reflexões que importam profundamente na construção ativa da resistência cultural e da relevância dos legados e heranças intergeracionais.

Notas Biográficas

Álvaro Vasconcelos é o atual detentor da Cátedra José Bonifácio da Universidade de São Paulo (USP) e professor colaborador da mesma universidade, investigador do CEIS20 da Universidade de Coimbra, coordenador do Fórum Demos. Foi professor convidado do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (2014-2015). Foi Diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia/EUISS (2007-2012) e do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) de Lisboa, desde a sua fundação, em 1980, até 2007. Colunista regular na imprensa, coordenou e editou o relatório que o RUISS produziu para a União Europeia Global Trends 2030 – Citizens in an Interconnected and Polycentric World. Autor do livro La Vague Démocratique Arabe. L’Europe et la question islamiste. Harmattan, Paris, 2014. Coordenador do livro: Tendências Globais 2030 - Os Futuros de Portugal, Fundação de Serralves, 2017 e de Brasil nas Ondas do Mundo, imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. Autor do livro 25 de Abril no Futuro da Democracia, Estratégias Criativas (2019), e dê Memórias em Tempo de Amnésia: Uma Campa em África, Edições Afrontamento, 2022 O seu último livro intitula-se: Memórias em Tempo de Amnésia: Exílio sem Saudade, Edições Afrontamento, 2023.

Ana Cristina Pereira - Kitty Furtado é crítica cultural empenhada na diluição de fronteiras entre academia e esfera pública. Tem curado mostras de cinema (pós)colonial e promovido a discussão pública em torno da Memória Cultural, do Racismo e das Reparações. É doutora em Estudos Culturais, pela Universidade do Minho, com a tese: “Alteridade e identidade na ficção cinematográfica em Portugal e Moçambique” e investigadora do CECS (U. Minho), onde coordena a linha de investigação “Ativismos Migrantes” do projeto MigraMediaActs. Co-editou números especiais de revistas científicas, entre os quais, o n.o 54 da Revista Comunicação e Linguagens - Gender Decolonising: ways of seeing and knowing. Atualmente é coordenadora do Grupo de Trabalho de Cultura Visual da SOPCOM e sub-diretora da VISTA: revista de cultura visual (com Silvana Mota Ribeiro). Juntamente com Rosa Cabecinhas publicou o livro “Abrir os gomos do tempo: conversas sobre cinema em Moçambique” (2022). 

Foi co-coordenadora da rede COST “Social psychological dynamics of historical representations in the enlarged European Union”, rede que envolveu investigadores de 30 países. É coordenadora do projeto “Migrations, media and activisms in Portuguese language: decolonising mediascapes and imagining alternative futures” e é co-coordenadora do projeto “Memories, cultures and identities: how the past weights on the present-day intercultural relations in Mozambique and Portugal?”. A sua tese de doutoramento foi premiada pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (2004) e foi co-recipiente do Gordon Allport Intergroup Relations Prize (2012). Das obras que dirigiu, coeditou ou publicou, destacam-se “Preto e Branco: A Naturalização da Discriminação Racial” (2007, 2a edição em 2017), “Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios” (2008, 2a edição em 2017), e “(In)visibilidades: Imagem e Racismo” (2020) e “Abrir os Gomos do Tempo: Conversas Sobre Cinema em Moçambique” (2020).

Maria Matilde Nicolau, nasci a 11 de janeiro de 1945, Coimbra, onde vivi até 1971, alternando com Braga, após o meu casamento e consequente nascimento das minhas filhas. Entrei na Faculdade de Direito em 1963 e terminei o curso em junho de 1970, dada a minha adesão à greve aos exames, em junho de 1969, na sequência da Crise Académica deste ano em Coimbra (frequentava, nessa altura, como o meu marido, o último ano do referido curso. Ele foi incorporado em Mafra, em setembro de 1969, pela mesma razão). Em 1970, após ter terminado a licenciatura, concorri a um lugar de chefe de serviços da Faculdade de Economia (recém-criada) da Universidade de Lourenço Marques, tendo tomado posse e seguido para Moçambique em maio de 1971. A decisão de ir trabalhar para Moçambique resultou do facto de o meu marido ter como destino quase certo a mobilização para a guerra colonial e de os meus Pais aí viverem, o que aumentava as hipóteses de ele poder ficar mais perto da família. Os cálculos saíram errados, porque o meu marido não foi mobilizado para o Ultramar, ao que julgo, pela enorme mobilização resultante do “castigo” generalizado da crise académica. Apesar disto, no fim do serviço militar, decidimos continuar em Moçambique pelo menos por mais algum tempo.

Miguel de Barros é Sociólogo e investigador guineense. É co-fundador do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (CESAC) e membro do Conselho de Pesquisa para as Ciências Sociais em África (CODESRIA). Desde 2012, exerce funções de Diretor Executivo da ONG ambientalista guineense Tiniguena – “Esta Terra é Nossa”, integra a direção da Rede da Sociedade Civil para a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da Guiné-Bissau (REESSAN-GB) e da Coligação para a Defesa do Património Genético Africano (COPAGEN). Tem desenvolvido estudos e intervenções nos domínios de gestão de sítios de património natural, cultural e histórico, comunidades tradicionais, processos participativos, comunicação, género e juventudes, racismo, cooperação e sustentabilidade das organizações sociais. É autor de “A Sociedade Civil e o Estado na Guiné-Bissau: dinâmicas, desafios e perspetivas” (2015), “Juventude e Transformações Sociais na Guiné-Bissau e co-autor de vários livros, entre os quais “Manual de Capacitação das Mulheres em Matéria de Participação Política com base no Género” (2012), “A Participação das Mulheres na Política e na Tomada de Decisão na Guiné-Bissau: da consciência, perceção à prática política” (2013), “Sociedade Civil, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (2014), “Hispano-Lusophone” Community Media: Identity, Cultural Politics and Difference (2018), “Geração Nova da Tiniguena, uma escola para a vida! Uma experiência de educação para o ambiente e cidadania na Guiné- Bissau” (2020). Em 2018 foi distinguido com o prémio panafricano humanitário em “Leadership in Research & social impact”.

Rosa Cabecinhas (1965, Bajouca, Leiria) teve a sua primeira experiência migratória aos cinco anos, quando foi “a salto” para França. Estudou e viveu em vários países. Atualmente é professora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, e investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS). Tem desenvolvido investigação de natureza interdisciplinar e coordenado diversos projetos nacionais e internacionais sobre representações sociais da história, relações intergrupais, diversidade e mudança social.

Sheila Khan é socióloga, investigadora do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, professora auxiliar convidada da Universidade de Trás-os– Montes e Alto Douro e comentadora do painel do programa Debate Africano na RDP África. Doutora em Estudos Étnicos e Culturais pela Universidade de Warwick. As suas mais recentes publicações são: Portugal a lápis de cor. A sul de uma pós-colonialidade (Almedina, 2015); Visitas a João Paulo Borges Coelho. Leituras, Diálogos e Futuros (com Nazir Can, Sandra Sousa, Leonor Simas-Almeida e Isabel Ferreira Gould, Colibri, 2017); A Europa no Mundo, o Mundo na Europa. Crise e Identidade (com Rita Ribeiro e Vítor Sousa, Editora Húmus, 2020); Racism and Racial Surveillance. Modernity Matters (com Nazir Can e Helena Machado, London: Routledge, 2021); Reparações históricas: Desestabilizando construções do passado colonial (com Vítor de Sousa e Pedro Schacht Pereira, Junho 2022) e, finalmente, Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de mundos passados e presentes (com Sandra Sousa, 2022).

Teresa de Sousa começou a sua carreira como jornalista em 1977 no Jornal Novo durante a Guerra Fria. Após passagens pela RDP e Expresso, destacou-se no PÚBLICO, cobrindo eventos históricos como a queda do Muro de Berlim e a implosão da União Soviética. Especializou-se em política internacional, sendo reconhecida como uma das principais jornalistas portuguesas nesse campo. Com formação em Economia pelo antigo ISCEF, escreveu livros, incluindo uma biografia de Mário Soares. A sua carreira inclui entrevistas a intelectuais e académicos, contribuindo significativamente para o jornalismo em Portugal.

Comissão organizadora:

Álvaro Vasconcelos (Fórum Demos)
Rosa Cabecinhas (CECS, Universidade do Minho) Chisoka Paulo Simões (CECS, Universidade do Minho) Sheila Khan (CECS, Universidade do Minho)

25.01.2024 | by martalanca | cultura, mulheres, Resistência

Inquietudes – Conversa sobre herança colonial

Sexta-feira, 12 de Maio, 18h30, em Lisboa, no Hangar

Conversa com Paulo Moreira (INSTITUTO), Isabel Stein (InterStruct Collective), Claudia Henriques (Associação Luso-Africana Ponto nos Is) e Nuno Coelho (Univ. Coimbra, CEIS20RAMPA); e jantar convívio aberto ao público.

Desde 2020, um grupo de entidades e coletivos do Porto tem vindo a desenvolver uma série de projetos colaborativos sobre a herança colonial nos seus contextos. Essas iniciativas têm permitido construir uma reflexão ampla sobre os efeitos desses legados na sociedade atual, aos níveis social, político e urbano. Este evento pretende apresentar os processos, resultados e desdobramentos deste trabalho, e cruzar essas experiências com indivíduos e grupos envolvidos nas lutas particulares do contexto lisboeta.

Em plena pandemia, dedicámo-nos a desvendar, pensar e questionar os vestígios – materiais e imateriais – do passado colonial e suas manifestações nas nossas cidades: desde os monumentos e espaço público, até aos valores culturais e históricos. Ouviram-se testemunhos de várias disciplinas, e a partir de diferentes geografias. O ciclo de debates “Pós-Amnésia – Desvendando Manifestações Coloniais”, realizado em 2021, ganhou vida e inspirou novas iniciativas: publicação, programa público, oficina, projetos de criação artística. Alianças e cumplicidades levaram ao projeto “ThisPlace – Stories of displaced people in Chernihiv, Diyarbakır, and Porto”, realizado entre 2021 e 2022, uma reflexão sobre comunidades deslocadas, discriminadas ou marginalizadas em Ucrânia, Turquia e Portugal.

O projeto foi desenvolvido no âmbito do VAHA (VAHA hubs), uma iniciativa da Anadolu Kültür e MitOst e.V. financiada pela Stiftung Mercator e pela European Cultural Foundation.

 

 

12.05.2023 | by mariadias | colonialismo, conversa, cultura, herança, inquietudes

3º Encontro com a Cultura sob o tema Arquivo e Tradição Oral na Guiné-Bissau

No próximo dia 13 de abril, iremos realizar o 3º Encontro com a Cultura sob o tema Arquivo e Tradição Oral na Guiné-Bissau, na Sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Esta atividade será dinamizada no âmbito do projeto “Ur-GENTE – Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau” apoiado pelo PROCULTURA (financiado pela União Europeia e gerido e cofinanciado pelo Camões, IP.), e implementado na Guiné-Bissau pela ONGD VIDA, em estreita parceria com diversas entidades.

Os “Encontros com a Cultura” são uma atividade integrada neste projeto, tendo iniciado em novembro de 2022 na Guiné-Bissau. Com frequência regular, reúnem um coletivo diversificado que se encontra – em presença ou digitalmente – para debater, refletir e gerar novos olhares que resultam do cruzamento que interliga o contexto e vozes da Guiné-Bissau, ao mundo. Com foco em temáticas relacionadas com as áreas artísticas, culturais e sociais, pretendem gerar um movimento contínuo de pensamento, que inspire ações democráticas e inclusivas no planeamento e no desenho estratégico da política cultural da Guiné-Bissau. O 3º Encontro com a Cultura conta com a parceria do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e será dinamizado a partir da Fundação Calouste Gulbenkian em simultâneo com o Centro Cultural Português em Bissau.

Muito gostaríamos de contar com a sua participação! Para se inscrever (apenas para quem assiste presencialmente desde Lisboa), deverá preencher o formulário aqui.


12.04.2023 | by mariadias | cultura, Guiné Bissau, ONGD Vida, tradição oral

O que temos a ver com isto? O papel político das organizações culturais. Uma conversa com Joana Manuel e Maria Vlachou

Quinta-feira, 23 de Fevereiro, às 18h30 na Tigre de Papel 
O livro de Maria Vlachou ‘O que temos a ver com isto? O papel político das organizações culturais’ inclui no final dois textos sobre a guerra na Ucrânia. Esta conversa realiza-se quando se completa um ano da invasão russa, um gesto de amor da autora para os seus amigos e colegas ucranianos. No entanto, não propomos reflectir apenas sobre os desafios que esta invasão trouxe para os profissionais da Cultura, mas também sobre outras questões políticas, sempre actuais – como a emergência climática ou o recente protesto de pessoas trans no Teatro São Luiz –, que colocam as organizações culturais perante as suas responsabilidades políticas, mesmo quando não as querem assumir.O livro foi publicado em Maio de 2022, uma edição da Tigre de Papel e do Buala, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Face ao posicionamento apolítico e distanciado de muitas organizações culturais, os textos reunidos neste livro reflectem sobre missão, liderança, valores, diversidade e inclusão no sector cultural. Analisam diversos casos, em diferentes países, e defendem que os espaços culturais podem e devem ser espaços onde a política acontece, sem oportunismos e populismos, com respeito e amor pela vida, com curiosidade e sabendo assumir algum risco.Tiago Rodrigues, antigo director artístico do Teatro Nacional D. Maria II, escreve no prefácio: «Talvez a mais ajustada tradução do verbo musing seja, afinal, a de sonhar acordada. Nesta colecção de crónicas, a autora sonha acordada. Fá-lo de forma lúcida e, ainda assim, empenhada em utopias. Com os seus textos, permite-nos, aliás, reconciliar a lucidez e a utopia, reivindicando a possibilidade de que estas duas noções sejam compatíveis. Desta forma, Maria Vlachou devolve sentido político às instituições culturais, relembrando-nos do modo como os lugares da Cultura e das Artes podem ser alicerces de novas comunidades, ferramentas para reinventar os significados, possíveis alavancas de mudança. Acima de tudo, este livro tem a coragem de acordar as organizações culturais do torpor da neutralidade na qual muitas vezes se escudam, como se quisessem esconder-se do mundo.»

15.02.2023 | by martalanca | cultura, instituições, Maria Vlachou

Racismo na Praça Pública: Lonnie Bunch, secretário da Smithsonian, vem a Portugal

Lonnie Bunch, que foi o primeiro director do National Museum of African American History and Culture (Washington, DC) e que é actualmente o secretário da Smithsonian Institution, estará em Portugal no dia 7 de Janeiro. Numa conversa intitulada “Racismo na Praça Pública”, que será moderada por Paula Cardoso e Sofia Lovegrove.

A conversa terá lugar na Culturgest, em Lisboa, no dia 7 de Janeiro às 18h30. A entrada é gratuita e os bilhetes poderão ser levantados a partir das 17h30. 

No dia 9 de Janeiro, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, terá lugar o simpósio “Acertando contas com o racismo: a memória social do comércio de escravos”.  

Esperamos poder contar com a vossa presença e ficaríamos muito agradecidos se nos pudessem ajudar a divulgar, partilhando este link.


28.12.2022 | by catarinasanto | cultura, Culturgest, Lonnie Bunch, racismo, Racismo na Praça Pública

Mundo Crítico, conversa imperfeita entre Abdulai Sila e Marta Lança sobre cultura e à volta dos livros de Abdulai Sila com Ana Paula Tavares, Sumaila Jaló e Denis da Silva

15 DE DEZEMBRO

CCCV – Centro Cultural Cabo Verde Rua de São Bento, nº 640, Lisbon, Portugal

17h00 | APRESENTAÇÃO DA MUNDO CRÍTICO N.º 8, COM CONVERSA IMPERFEITA ENTRE ABDULAI SILA E MARTA LANÇA

A cultura é um bem crucial para responder aos desafios do desenvolvimento, sejam eles sociais, económicos ou até mesmo políticos. O potencial da cultura para a transformação social e política tem sido amplamente debatido, porque ela é uma proposta enquanto arma contra a ignorância e a indiferença.
Na oitava edição da Mundo Crítico – Revista de Cooperação e Desenvolvimento (promovida pela ACEP e CEsA/ISEG), é discutido o papel da cultura e apresentadas iniciativas e práticas concretas em diferentes países, que utilizam a cultura como resposta aos desafios. À semelhança dos números anteriores, a apresentação da revista, que decorre a 15 de Dezembro, é pretexto para prolongar a conversa imperfeita, iniciada na edição, entre o escritor guineense Abdulai Sila e a investigadora portuguesa na área da cultura Marta Lança.


18h30 | CONVERSA À VOLTA DOS LIVROS DE ABDULAI SILA
Após a apresentação da revista, vamos conversar sobre a obra de Abdulai Sila, a partir de leituras realizadas por diversos convidados, entre os quais a escritora Ana Paula Tavares, e os investigadores Sumaila Djalo e Denis Augusto da Silva. O escritor guineense é autor de livros como A Última Tragédia, Mistida ou Memórias SOMânticas, fundador da editora guineense Ku Si Mon e da Associação de Escritores da Guiné-Bissau. Uma iniciativa ACEP e BUALA.

07.12.2022 | by martalanca | Abdulai Sila, ACEP, Ana Paula Tavares, cultura, Denis da Silva, literatura, Mundo Crítico, Sumaila Jaló

'Having a Voice' - 16 a 19 Novembro

A conferência reúne em Lisboa investigadores de dois projetos distintos - ‘Stronger Peripheries: A Southern Coalition’ e ‘BeSpeCTAtive’ -, em diálogo com a comunidade artística e cultural de Lisboa, para um debate sobre questões no campo cultural, com um enfoque especial nas periferias. Com sessões de destaque, como a de Márcia Tiburi, André Amálio, Gerty Dambury, Attaher Maiga

A sessão de Márcia Tiburi, tem como tema: ‘Thinking change/enacting change: culture’s role in tackling social transformation’. 

A diversidade de formas e origens do que chamamos ‘periferia’ no mundo contemporâneo obriga a refletir em profundidade sobre a mudança que é simultaneamente necessária, possível e adaptada a todas as formas de perifericidade. Como pensar sobre as relações entre as diferentes questões de afastamento, dominação, reconhecimento que estão, hoje em dia, no centro de o nosso desenvolvimento cultural? Mas não é suficiente ‘pensar’ a mudança. 

Pode consultar o programa completo em havingavoice.eu

10.11.2022 | by catarinasanto | conferência, cultura, having a voice, ISCTE, marcia tiburi

Programação Alkantara Festival 2022

O Alkantara Festival 2022 aproxima-se. De 11 a 27 de novembro, criamos espaços para a fruição, reflexão e participação em 13 espetáculos, 5 conversas - 4 após espetáculos e uma ágora junto ao rio-, 3 workshops e 3 conferências, 2 festas e ainda 3 partilhas de processos de criações que estreiam no próximo ano. Propostas para que em conjunto possamos observar, caminhar, dançar, experimentar e refletir sobre como podemos agir sobre o passado e construir novos futuros. 

Nesta edição procuramos ainda identificar e diminuir barreiras para que uma maior diversidade de pessoas possa acompanhar o programa, apresentando vários espetáculos com recursos de audiodescrição, LGP e legendas para pessoas surdas. Temos também sessões descontraídas e políticas de bilhetes acessíveis.

Conhece o programa do Alkantara Festival 2022 em alkantara.pt.


28.10.2022 | by Alícia Gaspar | alkantara festival 2022, conferências, conversas, cultura, espetáculos, festival, workshops

Convite para a apresentação final de 'Mulheres no Vale'

No próximo dia 29 de outubro, sábado, convidamos todas as pessoas a participar na apresentação final de MULHERES DO VALE. 

Esta atividade resultou de uma parceria da  Associação Agropecuária do Calhau e Madeiral e o projeto independente Neve Insular e foi financiado pelo Instituto Camões, Cooperação Portuguesa. 

Junte-se às 7 mulheres do Madeiral que participaram, estes meses, no Ciclo de Algodão-Agroecologia para uma tarde que reserva alguma conversa, atividades focadas em práticas que podem ser levadas para casa, bem como a partilha de um momento de ritual, entre outras surpresas.

A produção disponibilizará transporte coletivo gratuito. A partida será às 15h00, em frente ao atelier/loja Vanessa Monteiro Design, na Rua da Moeda, nº 22A. Caso esteja interessado, pfv, confirme presença até 28 de outubro, 12H, em neve.insular@gmail.com, via DM no instagram ou através do contacto telefónico 5897958.

26.10.2022 | by Alícia Gaspar | convite, cooperação portuguesa, cultura, Instituto Camões, mulheres do vale, neve insular, participação

Movart na AKAA 2022 - Art & Design Fair

Para esta edição, a galeria irá expôr obras dos seguintes artistas:

 

 

Fidel Evora na IDEM PARISFidel Evora na IDEM PARIS

O artista Fidel Évora estará presente no stand da MOVART na AKAA Paris 2022,  e em  residência artística durante o mês de outubro, no âmbito da parceria entre a Movart e Association des Amis d’Idem, o patrocinador do projeto de residência artística no Idem Paris, uma gráfica de arte construída em 1881 e localizada no coração do bairro de Montparnasse, em Paris.

A Idem Paris é um ponto de encontro de grandes artistas franceses e internacionais que colaboram com esta gráfica para criar edições especiais. Este local histórico abriga as prensas litográficas de Fernand Mourlot que trabalhou com Matisse, Picasso, Miro, Chagall, Braque, Giacometti, e os principais artistas do século XX. Um lugar de inspiração e criação numa vasta oficina de 1.400 m2 sob uma bela cobertura de vidro, onde as pessoas se encontram e trocam histórias.

17.10.2022 | by Alícia Gaspar | akaa 2022, alice marcelino, art and design fair, arte, cultura, fidel evora, Keyezua, kwame sousa, movart, movart paris

Alkantara Festival 2022

De 11 a 27 de novembro, o Alkantara Festival convida artistas e públicos para uma programação internacional de dança, teatro, performance e encontros, distribuída pela cidade de Lisboa. Apresentam-se projetos que partem de investigações artísticas, políticas, culturais e sociais para experimentar formatos e possibilidades de diálogo. Alimentam-se espaços de reflexão para que o conhecimento e os sentidos ganhem novas estruturas de referência.

No Teatro São Luiz, quatro projetos convocam os públicos para movimentos e experiências: entre diásporas, exílios e sacrifícios; encontros em torno de processos de desflorestação, monoculturas e estratégias de regeneração; e corpos onde as memórias se reinventam a partir dos gestos.

18 a 20 novembro

Conversas
Refloresta
Plataforma Terra Batida
Coordenação: Rita Natálio

 

19 e 20 novembro

Dança
Sacrifico Enquanto Estou Perdido na Terra Salgada
Hooman Sharifi

 

24 a 26 novembro

Teatro
BOCA FALA TROPA
Gio Lourenço

 

26 e 27 novembro

Dança
NEVER ODD OR EVEͶ
De Filiz Sizanli & Mustafa Kaplan / Sofia Dias & Vítor Roriz

Mais informações aqui.

17.10.2022 | by Alícia Gaspar | Alkantara, alkantara festival, artes, conversas, cultura, dança, lisboa, teatro

Maria Gil estreia "Avieiras, Viagem de Lamas"

As pessoas continuam a relacionar-se com e a preservar as suas histórias. Este espectáculo é sobre ouvir histórias para voltar a contá-las com tudo o que se acrescenta mas também com tudo o que fica nos esquecimentos. Alguém disse, uma rede é uma colecção de buracos.

— Maria Gil

Avieiras, viagem de Lamas tem como ponto de partida relatos e testemunhos actuais de mulheres pertencentes a comunidades avieiras das aldeias Palhota e Escaroupim e ainda de Vila Franca de Xira e da Praia da Vieira de Leiria. Trata-se da continuação de um projecto de etnografia artística desenvolvido por Maria Gil desde 2018 (Mulheres em Terra, Homens no Mar), junto a mulheres de comunidades piscatórias e ligadas ao mar. O espectáculo parte ainda do trabalho realizado pela jornalista Maria Lamas em, As Mulheres do Meu País, para apresentar uma visão contemporânea do processo emancipatório da condição feminina dentro destas comunidades desde a segunda metade do século XX até aos dias de hoje. Após uma primeira apresentação na aldeia de Palhota para a comunidade local, o espetáculo terá estreia em Sintra, na Casa de Teatro de Sintra/Chão de Oliva a dia 28 de outubro. Os bilhetes para a data de Sintra custam €7,50 (bilhete normal) e €5 (com descontos), podendo ser reservados através do email teatrodosilencio@gmail.com. A peça ficará em cena até dia 6 de novembro.  

A comunidade avieira era constituída sobretudo por famílias de pescadores da Praia da Vieira de Leiria, mas também da zona da Murtosa que, quando o mar estava bravo durante o inverno, se deslocavam em carroças, barcos, e até a pé, na direção do Tejo, para aí se dedicarem à pesca. Inicialmente, viviam dentro das embarcações - os saveiros - mas com o passar dos anos acabaram por se fixar ao longo das margens, onde construíam casas de madeira, cobertas com caniços e assentes em palafitas, que os protegiam das cheias do rio e dos efeitos do solo arenoso. As mulheres avieiras sabem pescar, lançar, lavar, coser e remendar as redes. Eram elas quem remava o barco e ainda quem carregava o peixe à cabeça para o ir vender de porta em porta, pelos caminhos ou junto aos mercados - tudo a pé.
Partindo da realidade desta comunidade, este projecto visa incentivar e envolver as comunidades a apropriarem-se crítica e criativamente do seu património imaterial. Para tal, a par de todo o trabalho de recolha e investigação dos testemunhos e histórias de vida, a comunidade terá a oportunidade de ver o espetáculo final e participar de um debate sobre o mesmo.

Datas e locais 
21 outubro às 19h00 | 22 Outubro e 23 de outubro às 18h00
Casa do Avieiro/Projecto Palhota Viva, Aldeia da Palhota, Valada, Cartaxo
Acesso livre
28 e 29 outubro, 4 e 5 de novembro às 21h30 | 30 de outubro e 6 de novembro às 16h00
Casa de Teatro de Sintra/Chão de Oliva, Sintra
Preço:
7,50€ (bilhete normal) 
5,00€ (Bilhete desconto - grupos + de 5 pessoas; <25 anos; >65 anos; profissionais e estudantes de Artes Performativas) 

26 Novembro às 16h00
Centro Cultural de Escaroupim, Escaroupim, Salvaterra de Magos
Acesso livre
Reservas e marcações
e-mail - teatrodosilencio@gmail.com
telm. - + 351 91 463 26 75 - produção Teatro do Silêncio

{…}
«Desembaraçadas e aguerridas, as mulheres da Praia de Vieira são das mais corajosas, na luta pela vida, e também das mais sacrificadas. Para elas não há limite de trabalho nem escolha de tarefas…»
«A avieira é verdadeiramente, a camarada do marido, a sua companheira de todas as horas, trabalhando com ele e suportando as mesmas agruras que ele suporta. Não é camponesa nem nasceu na região. Veio de longe, da praia de Vieira, mas fica ali, às vezes, o resto da vida. O lar é o barco, no barco lhe nascem os filhos, e raramente consegue construir uma casa - suprema aspiração de todas. Quando o rio não lhe dá peixe e a fome é a mais trágica realidade, a avieira vende fruta, trabalha no campo ou no que lhe apareça. É das figuras mais impressionantes e corajosas do nosso povo! »
—Maria Lamas, As Mulheres do Meu País, p.331 e p.297

Ficha Artística |
Criação, dramaturgia e interpretação: Maria Gil
Realização de vídeo e edição de imagem: Joana Linda
Sonoplastia e desenho de luz: Maria Gil
Apoio à dramaturgia: Tiago Pereira
Apoio ao desenho cénico: João Ferro Martins
Mediação/apoio à produção e à criação: Aleixa Gomes, Beatriz Baião
Comunicação: Sara Cunha
Produção: Teatro do Silêncio 2022
Parceria: Projecto Palhota Viva, Chão de Oliva - Casa de Teatro de Sintra
O Teatro do Silêncio é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa-Cultura/Ministério da Cultura - Direcção-Geral das Artes e pela Junta de Freguesia de Carnide

11.10.2022 | by Alícia Gaspar | arte, avieiras viagem de lamas, cultura, documentário, etnografia artística, Maria Gil, mulheres, teatro, Teatro do silencio

Manifesto a Crioulização, uma Poética de Partilha para Multiplicar

Manifesto por Mário Lúcio Sousa.

3 de Outubro de 2022 às 18h no Teatro Garcia de Resende. 

03.10.2022 | by Alícia Gaspar | Crioulização, cultura, literatura, manifesto, Mário Lúcio Sousa, poética

Festival Imaterial | Património pensado e vivido

1 — 9 OUT 2022
Évora, Portugal

Em época de globalização, é comum pensar-se que o mundo cabe no ecrã de qualquer telemóvel. Mas a imensa riqueza das culturas e dos povos que se espalham pelo planeta, e as suas formas de expressão só são verdadeiramente partilhadas quando público e artistas se olham e estabelecem um diálogo real.

O Imaterial acredita que é nessa presença que a escuta se apura, que as barreiras se destroem, que as diferenças e as afinidades se tornam uma ponte capaz de ligar duas margens. Uma ponte entre lugares e visões da vida, mas também entre passado e presente, entre os legados recebidos de gerações anteriores e reinventados para o agora.

No Imaterial, o “outro” só existe enquanto espelho de cada um. Só existe na descoberta de que o muito que nos separa é, afinal, aquilo que mais nos aproxima.

Programa


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03.10.2022 | by Alícia Gaspar | artes, ciclos de cinema, cinema, conferências, cultura, évora, festival imaterial

Teatro GRIOT apresenta "No meio do caminho"

No Meio do Caminho, o próximo espectáculo do Teatro GRIOT — que parte de Dante Alighieri e da sua A Divina Comédia e tem encenação de Miguel Loureiro — estreia em Loulé, no Cineteatro Louletano dia 7 de outubro (onde também se apresenta dia 8, sempre às 21h00).

Depois disso, continua carreira em Odivelas, no Centro Cultural Malaposta, nos dias 22 e 23 de outubro

No Meio do Caminho tem como base A Divina Comédia, epopeia medieval que narra a viagem de Dante pelos três lugares do Além — Inferno, Purgatório e Paraíso. Três actores estão num lugar impreciso, uma sala, um gabinete, um estúdio ou nada disto, em que vão tentando reproduzir o texto, as personagens, os mitos e os vícios de raciocínio ligados a esta obra-prima, que não foi originalmente pensada para ser drama, para ser cena. Uma certeza, atravessar três projecções metafísicas: Inferno, lugar de condenação e de dor; Purgatório, onde o humano se penitencia e purifica; e Paraíso, pináculo de redenção e meta da aventura. Sustentam-se as coordenadas desta empreitada nos seguintes pontos: o ponto da fábula, a peregrinação de Dante ao Centro do Mundo, com os diálogos, as acções, as passagens de um círculo ao outro, etc., que poderia bem configurar um drama medieval em estações, à semelhança de obras sacras do teatro litúrgico da época; o ponto moral, questão central na obra. Como dialogar com a moral cristã nos nossos tempos fortemente seculares?; o ponto da alegoria, em si, as questões das personagens, o que representam de nós, como nos aproximamos desta escrita alegórica e a reclamamos para nós, nem que seja por uns momentos?; por fim, o ponto simbólico, tornar em matéria teatral tudo o que na obra se joga no oculto, a começar desde logo pelo número 3: Santíssima Trindade, os 33 cantos, as tercenas… as espirais, os vórtices, os estreitos, as bifurcações e os passos em falso deste lugar, a meio do nosso caminho de criadores.

Ficha Técnica e Artística 

Texto: Dante Alighieri

Dramaturgia: Miguel Graça, Miguel Loureiro

Interpretação: Daniel Martinho, Tiago Barbosa, Zia Soares

Cenografia: André Guedes

Iluminação: Daniel Worm

Figurinos e Adereços: Neusa Trovoada

Sonoplastia: Mestre André

Movimento: Miguel Pereira

Fotografia: Joana Linda

Vídeo promocional: António Castelo

Produção Executiva: Aoaní d’Alva

Produção: Teatro GRIOT

Coprodução: Cineteatro Louletano

Apoios: Batoto Yetu, Câmara Municipal de Loulé, Centro Cultural da Malaposta, DeVIR/CAPa - Centro de Artes Performativas do Algarve, Junta de Freguesia da Misericórdia, Khapaz, Polo Cultural Gaivotas Boavista

O Teatro GRIOT é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa

22.09.2022 | by Alícia Gaspar | a divina comédia, arte, cultura, miguel loureiro, no meio do caminho, teatro, teatro griot

Céline Sciamma abre ciclo de cinema no Porto, a 24 de setembro

Entre setembro de 2022 e janeiro de 2023, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, em parceria com o Cinema Trindade, vão promover sessões de cinema seguidas de debate com nomes fundamentais do cinema contemporâneo. Os realizadores Céline Sciamma, Lucrecia Martel, Atom Egoyan, Marco Martins e João Canijo integram o programa.

No dia 24 de setembro, às 21h30, será exibido o filme Retrato da Rapariga em Chamas (2019), com a presença de uma das mais promissoras realizadoras francesas Céline Sciamma. No final da sessão, a realizadora participará numa conversa com o público. Um filme de 2019, que conta a história de Marianne, uma pintora encarregue de fazer o retrato de casamento de Héloïse, uma jovem que acaba de sair do convento. Com este filme, a cineasta surpreendeu o mundo cinéfilo, fazendo um drama queer no universo do filme de época (final do século XVIII), que estreou na competição oficial de Cannes. Outras obras que demonstram uma vontade de olhar para o universo feminino e para a fluidez das suas identidades são os filmes Bando de Raparigas (2014) ou Petite Maman (2021).

“Mais uma vez, a Escola das Artes, agora em parceria com a Fundação Gulbenkian, proporciona, ao público do Porto, o contacto direto com obras e autores tão relevantes como Lucrecia Martel, Céline Sciamma ou Atom Egoyan. É um verdadeiro privilégio tê-los connosco e partilhar com eles as suas visões do cinema,” salienta Daniel Ribas, coordenador do Mestrado em Cinema da Escola das Artes.

Esta iniciativa da Escola das Artes e da Fundação Calouste Gulbenkian, com o Cinema Trindade, tem início a 24 de setembro, às 21h30, no Cinema Trindade, no Porto. Em outubro será a vez de Lucrecia Martel, em novembro de Atom Egoyan, em dezembro de Marco Martins e em janeiro de 2023 o ciclo de cinema termina com João Canijo (janeiro 2023).

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16.09.2022 | by Alícia Gaspar | céline sciamma, cinema, cultura, escola das artes, universidade católica do porto

Retrospetiva Ariel De Bigault Na Cinemateca

Inserida no programa da Temporada Portugal-França 2022, “Margens Atlânticas” desdobra-se em duas programações paralelas. Para além do ciclo de filmes exibidos pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, entre 19 e 24 de setembro, é apresentada, no Espaço Espelho d’Agua, uma exposição de Ariel de Bigault e Francisco Vidal (17-29 de setembro).

Ariel de Bigault é uma realizadora francesa, profunda conhecedora da história e da cultura portuguesas, que tem levado a cabo uma das mais consistentes e empenhadas indagações cinematográficas sobre a história do racismo que liga Portugal ao resto do mundo lusófono. Remonta aos retratos que fez de artistas afro-brasileiros, em 1987, ÉCLATS NOIRS DU SAMBA, entre eles, de Paulo Moura e Gilberto Gil, esse questionamento crítico das raízes da discriminação racial que ainda hoje persiste e, com essa tomada de consciência, sobreveio a vontade de dar visibilidade às comunidades em sofrimento e marginalizadas.

De qualquer modo, antes de ter partido para o Brasil, a sua primeira preocupação foi a de filmar, em registo de cinema vérité, MULHERES EM LUTA (título raro, filmado em 8 mm, que por razões de preservação não será exibido neste ciclo), no Portugal sob o efeito da Revolução de Abril; documentou ainda o mundo de duas crianças com síndrome de Down, numa produção que intitulou EDUARDO E FERNANDO, e, por fim, em ESTÃO A VER-NOS?, deu expressão aos sonhos de uma criança cega. O título deste filme é premonitório de muito do que se seguiu, ainda que seja sobretudo na voz, e não nos olhos, que Bigault encontrou as principais formas de resistência ao racismo. Aliás, a arte costuma surgir nos seus filmes como um modo de libertação e denúncia de situações, mais ou menos veladas, de injustiça, de desespero e de pobreza.

Não menos importante que o seu trabalho no cinema são as duas coletâneas de música caboverdiana e angolana que ajudou a editar nos anos 90 do século passado. Por “estar tudo” na música cantada por homens e mulheres africanos ou descendentes de africanos, Bigault preencheu uma parte importante da sua carreira “colecionando” as vozes de quem se expressa fundamentalmente através de canções: em MARGEM ATLÂNTICA, após um retrato multigeracional de imigrantes africanos vivendo em Lisboa chamado AFRO LISBOA, Bigault regressou à capital para falar com músicos de ascendência africana, ao passo que, em CANTA ANGOLA, encontrou em Luanda ecos do passado esclavagista e tons que vibram perante o sofrimento dos nossos dias. FANTASMAS DO IMPÉRIO, em certa medida, substituiu a música pelas imagens do cinema, aquelas que ainda vão resistindo ao processo de não-inscrição do passado colonial no nosso imaginário coletivo: um filme que diz “olhem para o passado” ou, citando o seu filme iniciático, “estão a vê-lo?”. 

Aquando da passagem de FANTASMAS DO IMPÉRIO, em 2020, na Cinemateca Portuguesa, Ariel de Bigault explicitou deste modo o que constitui para si o espaço do documentário: “O filme é um espaço de encontro e de diálogo de obras, de pessoas, de criadores. Todos os meus filmes são muito diferentes na forma, mas não têm comentário, porque é o meu olhar, não é um ponto de vista. O meu olhar abrange vários olhares. (…) Através desses diálogos, o espectador pode criar o seu ponto de vista.” 

Programa

 

Segunda-feira 19, 19h00

Fantasmas do Império (2020) 112 min

 

Terça-feira 20, 19h30

Eclats Noirs Du Samba (série) 1987

Cariocas, Les Musiciens De La Ville – 58 min

Paulo Moura, Une Infinie Musique – 56 min

duração total 114 min

 

Quarta-feira 21, 19h30

Eclats Noirs Du Samba (série) 1987

Gilberto Gil, La Passion Sereine – 57 min

Zézé Motta, La Femme Enchantée – 56 min

duração total: 113 min

 

Quinta-feira 22, 19h30

Eduardo e Fernando 1981- 45 min

Estão a Ver-nos? 1982 - 60 min

duração total 105 min

 

Sexta-feira 23, 19h30

Canta Angola 2000 – 59 min

Si Manera e Feia 1990– 2 x 4 min

Tito Paris 2002 – 12 min

Madredeus, La Sirène Du Tage 2005 – 15 min

duração total 95 min

 

Sabado 24, 18h

Esplanada da Cinemateca

Debate: Das Margens para o Foco

 

Sabado 24, 19h30

Afro Lisboa, 1996 – 60 min

Margem Atlântica, 2006 – 58 min

duração total 118 min

 

**Todos os filmes são em português, alguns legendados em francês**

13.09.2022 | by Alícia Gaspar | Ariel de Bigault, cinema, cinemateca portuguesa, cultura, evento, Francisco Vidal, pós-colonialismo

20ª edição do Doclisboa

 

Em Outubro, o Doclisboa comemora 20 anos e apresenta uma edição especial com a realização das sessões de abertura e encerramento em simultâneo nas cidades de Lisboa (abertura no Cinema São Jorge e encerramento na Culturgest) e do Porto (Cinema Trindade).

sessão de abertura realiza-se no dia 6 de Outubro com a estreia portuguesa de Terminal Norte, de Lucrecia Martel. A reconhecida cineasta está de volta ao cinema documental com uma curta realizada durante a pandemia, onde acompanha a cantora Julieta Laso nos seus vários encontros com um extraordinário grupo de artistas argentinos na região de Salta. Entre copleras - cantoras de música popular -, uma pianista de música clássica, uma rapper de música trap, um dueto feminino, a primeira coplera trans, o reconhecido guitarrista Bubu Rios, entre muitos outros, a câmara de Martel vai registando sessões de improviso e conversas sobre música e identidades, construindo um retrato íntimo destes artistas que, num período em que todas as portas se fecham, aqui encontram um espaço de libertação. 

Em Lisboa, a abertura conta ainda com um preâmbulo protagonizado por Lula Pena, para dar início à celebração da 20ª edição do Doclisboa. Uma experiência sonora surpresa preparada pela compositora e cantora portuguesa a descobrir na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge.

encerramento do festival está marcado para dia 15 de Outubro, na Culturgest e Cinema Trindade, e fica a cargo de Objectos de Luz, de Acácio de Almeida e Marie Carré, que aqui encontram o mote para formular a sua declaração de amor à fotografia e ao cinema. 

Acácio de Almeida, um dos mais importantes directores de fotografia da cinematografia portuguesa, estreia-se na realização para nos oferecer o seu olhar afectivo sobre a luz na sua obra e no cinema, percorrendo este passado de memórias e homenageando as actrizes e actores cujos rostos iluminou, como Isabel Ruth, Beatriz Batarda, Luís Miguel Cintra e José Mário Branco, entre tantos outros. Objectos de Luz é uma ode à história do cinema português e um testemunho da sua paixão pela arte da imagem em movimento a partir da luz. 

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12.09.2022 | by Alícia Gaspar | cinema são jorge, cinema trindade, cultura, Culturgest, DocLisboa, lisboa, porto

Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental

Sarah Maldoror, Maya Mihindou, Chloé Quenum, Anna Tje.

Patente até 27.11.2022

Horário: Terça a domingo das 10h-13h e 14h-18h

Local: Torreão Nascente da Cordoaria Nacional

As Galerias Municipais apresentam no Torreão Nascente da Cordoaria a exposição “Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental”, organizada pelo Palais de Tokyo, Paris, e pelas Galerias Municipais, Lisboa, no âmbito da programação da Temporada Portugal – França 2022. A exposição foi apresentada no Palais de Tokyo entre 25/11/2021 e 13/03/2022.

A obra da cineasta Sarah Maldoror encontra-se associada às lutas de libertação de várias nações do continente africano nas décadas de 1960 e 1970, as quais constituem o tema e pano de fundo de muitos dos seus filmes. Nascida em Gers, em 1929, a cineasta emerge na cena cultural parisiense em meados da década de 1950, utilizando já o nome adotado de Maldoror em alusão ao herói maléfico dos Cantos de Maldoror (1868) do Conde de Lautréamont, redescobertos e celebrados pelos poetas surrealistas e nos quais Aimé Césaire encontrava “o homem de ferro forjado pela sociedade capitalista” (in Discurso sobre o Colonialismo, 1950).

À época, Sarah Maldoror fundava Les Griots, a primeira companhia de teatro de atrizes e atores afrodescendentes em França, que se tornou famosa com a escandalosa produção de Os Negros, de Jean Genet. Porém, Maldoror já se encontrava noutro lugar, a Leste e a Sul: em África, com o seu parceiro Mário Pinto de Andrade, em Moscovo para estudar cinema, e depois em Argel, antes de se instalar em Saint-Denis, perto de Paris, a partir de onde continuaria a viajar, pelas Caraíbas e pelos continentes africano e americano.

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10.09.2022 | by Alícia Gaspar | cinema, cinema tricontinental, cultura, pós-colonialismo, Sarah Maldoror

"Fanun Ruin", de Zia Soares

Sáb, 10 set 2022 / 19:30 – 20:30
Bilhetes

Concebido no âmbito da programação paralela da exposição Europa Oxalá, este espetáculo prolonga reflexões sobre o passado colonial e os seus efeitos no presente, suscitando questões em torno da memória, da identidade e do luto.

Cortesia António Castelo.Cortesia António Castelo.

FANUN RUIN começa no encontro com os crânios timorenses em Coimbra. Começa no revoltoso timorense desterrado para Angola e na angolana que se desterra. Começa nas perguntas.

Como eram os rostos dos decepados? Onde estão os restos dos corpos dos crânios?

Quando retornam os ossos usurpados? Quem os espera?

Quem ainda se lembra? Quem quer esquecer?

Como encarnar os ossos?

A atriz fala. Põe na voz a vida.

0: Ritos de Lorosae.
1882: Desterramento.
35: Crânios.
1959: Revoltosos.
1959: Desterramento.
1974: Autodesterramento.
2021: Ossos usurpados.
2022: FANUN RUIN

Cortesia Neusa TrovoadaCortesia Neusa Trovoada

Ficha Técnica

Autoria, Direção e Interpretação Zia Soares

Direção de arte Neusa Trovoada

Cocriação de vídeos António Castelo

Música Xullaji

Cocriação de movimento Lucília Raimundo

Iluminação Mafalda Oliveira

Elenco de vídeo Agostinho de Araújo, Aoaní Salvaterra, Domingos Soares, Fátima Guterres, Lídia Araújo, Lucília Raimundo, Manuel de Araújo, Priscila Soares

Assistência à cenografia Carlos Trovoada, Nig d’Alva

Técnico de som Luís Moreira

Fotografia António Castelo

Assistência geral Aoaní d’Alva

Cabelos Zu Pires

Maquilhagem Ana Roma

Produção Fundação Calouste Gulbenkian, SO WING

Apoios Centro Cultural da Malaposta, Polo Cultural Gaivotas Boavista

Zia Soares é uma artista apoiada pela apap – Feminist Futures, um projeto cofinanciado pelo Programa Europa Criativa da União Europeia

Agradecimentos Domingos Soares e Priscila Soares, Agostinho de Araújo, Ana Alves, António Soares Nunes, Bruno Sena Martins, José Amaral, Luís Costa, Manuel de Araújo

 

31.08.2022 | by Alícia Gaspar | cultura, europa Oxalá, fanun ruin, Fundação Calouste Gulbenkian, Identidade, luto, memória, Zia Soares