Cineasta Margarida Cardoso fala sobre Histórias (de)coloniais

No dia 18 de abril, pelas 18h30, a cineasta Margarida Cardoso vai estar na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto, a participar numa aula aberta sobre “Histórias (de)coloniais - À deriva entre a memória e o esquecimento”.


“Ao longo destes 35 anos de trabalho tenho vindo a explorar temáticas relacionadas com a violência colonial. Sempre partindo de universos íntimos e singulares, fui tentando criar um conjunto de peças de reflexão que pudessem servir para manter em vida aquilo que facilmente se esquece; o mal, a culpa, a dor dos outros e a nossa própria dor,” refere Margarida Cardoso, realizadora, argumentista e professora do Mestrado em Cinema da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa.

Ao longo da aula aberta, a argumentista vai explicar o seu processo e responder a questões como: “O que a câmara mostra ou oculta ao revisitar o passado? Entre o meu primeiro documentário “Natal 71” (1998) e o filme de ficção “Banzo” (2024) muitas coisas mudaram na relação que mantemos com a construção das narrativas coloniais. O que mudou? O que foi dito e o que resta ainda por contar? E que forma poderão tomar essas narrativas?”

Margarida Cardoso trabalhou, entre 1982 a 1995, como assistente de realização, anotadora e fotógrafa de cena em mais de 50 filmes portugueses e estrangeiros. A partir de 1995, tem realizado filmes de ficção e documentários, afirmando-se como um dos nomes mais relevantes do cinema português. Os documentários “Natal 71 “, “Kuxa Kanema – O nascimento do cinema” e as ficções “A Costa dos Murmúrios” e “Yvone Kane” estão entre os seus filmes mais reconhecidos, explorando assuntos que cruzam a sua história pessoal com questões proeminentes na História recente de Portugal, como a guerra colonial em África, a revolução e o fim da era colonial.

A aula aberta “Histórias (de)coloniais - À deriva entre a memória e o esquecimento” faz parte do ciclo “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões”, um programa com co-curadoria de Lilia Schwarcz (antropóloga e historiadora brasileira) e Nuno Crespo, que contempla uma agenda de concertos, conferências, exposições e performances, que vão decorrer entre 16 de fevereiro e 24 de maio. O ciclo é organizado pela Escola das Artes, em parceria com a Universidade de São Paulo (Brasil) e a Universidade de Princeton (EUA).

18.04.2024 | por mariana | antropologia, Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, Histórias coloniais, Lilia Schwarcz, Margarida Cardoso, Nuno Crespo

Dia 01 de março em Lisboa| Apresentação do livro de Nuno Crespo

Apresentação do livro de Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes, dia 01 de março, às 19h

Textos Públicos – Arte Portuguesa Contemporânea 2003-2023

Apresentado pela Bárbara Reis e pelo José Pedro Cortes

Apesar do subtítulo “Arte Portuguesa Contemporânea 2003-2023”, o livro Textos Públicos não pretende fazer a história destes cerca de 20 anos expositivos. O objetivo é contribuir para a construção da memória dos diferentes momentos e contextos artísticos, ajudando a perceber aquilo que foi, em linhas gerais e necessariamente incompletas, a receção do trabalho de um conjunto de artistas e, assim, contribuir para uma história da arte portuguesa contemporânea nos primeiros 20 anos do seculo XXI.

Os textos são todos de ocasião: responderam a momentos expositivos e disseram sempre respeito a escolhas pessoais. A estas duas circunstâncias junta-se o constrangimento (mas também a sorte) de quase todos terem sido escritos para o jornal Público. Desta forma, este livro não é só sobre presenças, mas também sobre ausências: faltam artistas, exposições e obras, fundamentais não só no contexto da arte portuguesa contemporânea, mas também na maneira como são referências, ainda que invisíveis e discretas, no modo de ver e entender muitas das exposições aqui presentes,” indica Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa.

Nuno Crespo é curador, crítico de arte e investigador português, que se tem dedicado ao estudo dos cruzamentos entre arte, filosofia e arquitetura, e a autores como KantWittgensteinWalter BenjaminPeter Zumthor ou Adolf Loos. Licenciado e doutorado em filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é também professor universitário e diretor da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e colaborador habitual, enquanto crítico de arte, do suplemento cultural Ípsilon (Público), tendo sido membro do seu conselho editorial.

Ainda segundo o autor, “Este é um exercício permanente de, à maneira de um esgrimista, para usar a poderosa metáfora de Walter Benjamin, encontrar a distância certa relativamente às obras e aos artistas; depois saber encontrar a melhor forma de ataque, tendo a consciência de que deste jogo — que é igualmente uma luta, para continuar com Benjamin — se sairá sempre perdedor: as obras ganham sempre, por mais certeiros que sejam os golpes críticos, elas sobrevivem sempre. As palavras são somente formas tímidas e sempre provisórias de aproximação.”

Editado pela Documenta, a apresentação do livro de Nuno Crespo, acontecerá no próximo dia 01 de março, às 19h, na Brotéria, em Lisboa, e contará com a presença de Bárbara Reis e de José Pedro Cortes.

28.02.2024 | por Nélida Brito | apresentação livro, arte, artistas, memória, Nuno Crespo