Eduardo Viveiros de Castro, 62 anos, é o mais reconhecido e discutido antropólogo do Brasil. Acha que “a ditadura brasileira não acabou”, evoluiu para uma “democracia consentida”. Vê nas redes sociais, onde tem milhares de seguidores, a hipótese de uma nova espécie de guerrilha, ou resistência. Não perdoa a Lula da Silva ter optado pela via capitalista e acha que Dilma Rousseff tem uma relação “quase patológica” com a Amazônia e os índios. Não votará nela “nem sob pelotão de fuzilamento”.
A ler
17.03.2014 | por Alexandra Lucas Coelho
Na actualidade, a situação de subalternidade para onde o capitalismo empurrou todos os subalternos, ou seja, quase toda a humanidade, faz com que pensemos que talvez se esteja a caminhar em direcção a um “devir-negro” à escala global que já não identifica somente todas as pessoas de origem africana mas toda a humanidade que estiver na situação de subalternidade.
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09.03.2014 | por António Pinto Ribeiro
No século XVII um escravo de Angola ajudou a criar o primeiro território livre das Américas. Esta é a história de Matoza e do seu chefe político, Yanga.
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24.02.2014 | por Pedro Cardoso
A representação da favela sustenta-se em torno da equação pobreza-violência-favela e produz uma interpretação caricatural desses territórios: ocupações ilegais em morros, inexistência de lei e ordem, espaços subequipados e locais de concentração de pobres, analfabetos e criminosos. Local de habitações degradadas e precárias, ilegalmente construídas e destituídas de serviços urbanos – água, electricidade, instalações sanitárias, pavimentação – e qualquer tipo de planeamento urbanístico. Não haveria diferença entre as várias favelas, e o seu eixo paradigmático estaria assente naquilo que as favelas, supostamente, não possuiriam quando postas em relação a um modelo idealizado de cidade. Deste modo, a favela é apresentada como lugar de privação, sem Estado, globalmente miserável e local de moradia das chamadas “classes perigosas”.
Cidade
29.01.2014 | por Otávio Raposo
A produção e recepção de imagens do passado − como do presente ou do futuro −, seja ela mais habitada por desejos de ficção ou de realidade, encerra aspirações de autonomia por parte de quem as cria e de quem delas se apropria. Mas será mais autónoma a produção (e a recepção) que se remete para um sistema auto-referencial do que a que a si mesmo se confronta com as múltiplas incrustações nos contextos históricos em que nasceu e em que actua? Reflexões a propósito do filme Tabu, de Miguel Gomes.
Afroscreen
28.01.2014 | por Nuno Domingos
Apesar de entre os anos 80 e os anos 90 do século XX o tráfico ilegal da cocaína ter atingido proporções globais, infiltrando não apenas os mercados tradicionais como o dos Estados Unidos da América e da América Latina, mas também os da Europa ocidental, da Rússia e mais recentemente alguns países da costa ocidental africana, que têm-se tornado em países de “trânsito” dos cartéis da droga. Foi sobretudo no início do novo milénio que a região oeste africana foi marcada por um maior envolvimento no tráfico internacional da cocaína com destino à Europa ocidental.
Palcos
24.01.2014 | por Miguel de Barros e Patrícia Godinho Gomes
Em 1781, o iluminista Condorcet escrevia um violento libelo contra a escravatura, que se converteria numa obra clássica de denúncia. Ensaio intemporal, famoso pela posição veemente do autor e publicado sob pseudónimo, «Reflexões sobre a Escravidão dos Negros» é, em última instância, uma condenação das injustiças e um apelo ao fim da indiferença social, para que cessem os ultrajes aos princípios que norteiam a Humanidade. A presente edição inclui ainda os textos «Ao Corpo Eleitoral, contra a Escravidão dos Negros», destinado a apaziguar os receios económicos dos colonos da época, e «Sobre a Admissão de Deputados dos Plantadores de São Domingos à Assembleia Nacional», que põe em causa o direito dos esclavagistas à representação parlamentar.
Mukanda
21.01.2014 | por Condorcet
Flor e fruto têm vidas dependentes. A flor é promessa, o fruto é concepção. A flor é receptáculo, o fruto é semente. A vida de um implica a morte do outro. Os dois fazem parte do singular processo de vida da natureza. O homem, como espectador e como actor, intervém, organiza, interpreta, inventa ordenações que tornam o mundo inteligível à sua medida. Projecta-se nesse universo misterioso e preenche-o de linguagens simbólicas. A flora não foge à regra; muito pelo contrário, faz parte desse nosso dia-a-dia de linguagens, gestos e sonhos. Para este estudo, elegemos não a flor, mas o fruto da coleira, a noz de cola, fruto muito expressivo nas sociedades da costa ocidental de África, de onde é originário.
A ler
20.01.2014 | por Maria do Rosário Pimentel
Okaimpas é um grupo de dança guineense da localidade da Adroana (Cascais) que faz parte do colectivo Netos da Amizade.
Palcos
17.01.2014 | por vários
Nesta edição experimental do programa Vozes Globais da Lusofonia, ampliamos para a rádio as vozes de quem vive na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, partilhando as histórias escondidas deste rendilhado de variações linguísticas, as mudanças políticas, o uso das redes sociais a favor dos direitos humanos e as transformações na sociedade.
Palcos
17.01.2014 | por Global Voices (Vozes Globais)
Eusébio é, simultaneamente, o melhor jogador moçambicano de sempre e o melhor jogador português de sempre. A nacionalização de Eusébio, com a sua transladação para o Panteão Nacional, só poderá ser uma matéria tensa. O melhor será devolvê-lo à grande comunidade mundial dos adeptos do futebol e não transformá-lo, mais uma vez, em património nacional.
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10.01.2014 | por Nuno Domingos
Em Cabinda não é só o rap que está em péssimas condições, reflecte-se em todos os estilos musicais, desde o kuduro, kizomba, semba, kintueni e mayeye. Na verdade há pouca divulgação da música feita em Cabinda, temos uma secretaria provincial da cultura fictícia e comunicação social inexistente. Nada justifica que, numa província com artistas de talento, saiam dois álbuns num um ano e que as poucas rádios que temos se recusem a apoiar iniciativas como as nossas e demais personalidades interessadas. O Rap é o menos solicitado nas atividades e comícios governamentais, mas tem muita voz devido ao esforço dos companheiros como: Cabmusic, hip-hop de gavetas, agora a Miller Team e não só. A cada dia que passa surgem novas propostas, novos mc´s e produtoras interessados em dar mais vida ao movimento. Fico feliz com isto.
Palcos
09.01.2014 | por vários
Mais de 5 mil activistas do planeta acorreram à selva para discutir com os zapatistas um conjunto de acções internacionais. Sindicalistas, anarquistas, terceiro-mundistas, ecologistas e alguns astronautas viveram durante uma semana nas aldeias de Oventic, La Garrutcha e La Realidad. Foi nesta última que se deu a conferência de imprensa final. Os jornalistas aproveitaram a ocasião para perguntar a Marcos qual era a sua reacção às declarações do então líder do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva, que se manifestava contra os movimentos de guerrilha e achava que a conferência intergaláctica tinha querido concorrer com o Fórum de São Paulo, encontro de partidos de esquerda de todo o mundo que organizava o PT. Marcos olhou com cara de espanto para os jornalistas, "Fórum de São Paulo? Não conheço, julgava que a gente concorria com os Jogos Olímpicos de Atlanta". Nesta altura, como agora, as revoltas não se decretam, fazem-se, e às vezes acontecem. A força dos zapatistas não estava nas suas armas, mas nas suas ideias e nas populações indígenas que são o próprio movimento.
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07.01.2014 | por Nuno Ramos de Almeida
Porquê que é que em Angola, país de muitas línguas, os escritores apenas utilizam o português? Procurando contrariar o fenómeno, ao longo do ano de 2013 surgiram várias iniciativas online, criadas por jovens que olham para as tecnologias como um desafio para a promoção e salvaguarda das línguas nacionais. Um projecto ainda em fase inicial que promete fomentar a aprendizagem das línguas nacionais angolanas de uma forma inovadora, sem custos e ao alcance de todos que tenham acesso à internet é o Evalina, uma página de Facebook onde são disseminados conteúdos, estímulos à aprendizagem e lições sobre línguas nacionais. Até à data de publicação deste artigo havia lições de umbundu, a segunda língua mais falada a seguir ao português, e de kimbundo.
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02.01.2014 | por Global Voices (Vozes Globais) e Mário Lopes
Entendemos a fronteira não como um sulco mas como um programa “cujo funcionamento investe e percorre todo o conjunto das relações sociais”, como uma polícia especializada em separar quem é de quem não é, como uma operação que está permanentemente a ser reactualizada no espaço, nas disciplinas, nos saberes e nos nossos próprios actos, como uma linha que nos atravessa a todos e de que é importante falar.
Jogos Sem Fronteiras
30.12.2013 | por Ana Bigotte Vieira
"Eu não considero o Brasil tão diferente de Angola culturalmente falando. Aliás, Angola consome actualmente muita cultura do mundo inteiro. Principalmente os mais jovens. Nem a língua chega a ser um entrave à compreensão das tirinhas que faço."
Cara a cara
18.12.2013 | por Luís Henrique e Global Voices (Vozes Globais)
Ainda antes de os filmes terem sido usados, em Angola, como uma arma pelos movimentos de libertação, já um cinema de causas – militante – ensaiara um contributo para a criação de um verdadeiro cinema angolano. Será abusivo afirmar que a primeira causa do movimento cineclubista em Angola foi a de, através da educação para o cinema e pelo cinema, criar um cinema angolano?
Afroscreen
18.12.2013 | por Maria do Carmo Piçarra
“Sum Pontes”, um dos mais experientes e respeitados curandeiros de São Tomé e Príncipe, recita as palavras que emprega neste ritual. Não é fácil entendê-las, mas é uma nítida adaptação de uma prece católica, num misto de latim e crioulo. “É para planta ter bênção. Senão planta não cura”, explica.
Plantas que curam doenças é o que não falta na rica flora de São Tomé. Há cerca de 350 espécies diferentes e mais de 1000 receitas de como empregá-las. São tradições com séculos de existência e que até hoje perduram, num país onde 40% da população não têm acesso a serviços regulares de saúde.
Vou lá visitar
17.12.2013 | por Ricardo Garcia
Nelson Mandela morreu. Tornou-se um ícone, um símbolo unanimemente celebrado pelo mundo fora. No entanto… Quem se recorda das décadas em que a França, de Charles de Gaulle a Valéry Giscard d’Estaing, cooperava com o regime do Apartheid? Quem se recorda de a Amnistia Internacional não o ter adaptado como prisioneiro de consciência por ele não ter rejeitado a violência? Ou que ele foi um «terrorista», denunciado como tal por Ronald Reagan e Margaret Thatcher, porque ele sabia que a violência faz parte das armas dos oprimidos para derrubar o opressor?
Cara a cara
10.12.2013 | por Achille Mbembe
Este trabalho, estas palavras, estas melodias e sonoridades são originalmente o que me sobrou da perda de meu pai, da perda do meu pai e de todas as memórias que se avivaram em mim depois dessa perda. Dos lugares, dos cheiros, do tempo que tinha muito mais tempo dentro de si, mas principalmente das pessoas. Das pessoas de meu pai, assim crédulas, próximas umas das outras. Avivaram-se memórias dos casamentos de três dias em que o meu pai tocava (dj) nos quintais da cidade...
Palcos
29.11.2013 | por Paulo Flores