Mais activista, mais politizada, mais feminista e mais negra. É também assim a América, que defende a cultura da inclusão e diversidade, da justiça social e racial e onde a academia está consciente das desigualdades e empenhada em desafiá-las. Como se coaduna isto com a presidência de Donald Trump?
A ler
23.03.2017 | por Filipa Lowndes Vicente
Alguns factos: a formação dos presídios do Kwanza, iniciados com Paulo Dias de Novais em 1575; a aliança entre os Imbangala e os portugueses no início do século XVII; a coligação de Estados africanos liderada pela rainha Njinga Mbandi entre 1635 e 1648; as campanhas militares de Luís Lopes de Sequeira, o “Mulato dos Prodígios”, que desmantelou os Estados do Congo, do Ndongo, do Libolo e da Matamba; a terrível guerra civil no Congo na viragem para o século XVIII; a Independência do Brasil em 1822 marcou uma viragem na política colonial portuguesa em relação a Angola e São Tomé.
Cara a cara
22.03.2017 | por Marta Lança
De uma primeira época de protestos vigorosos, até ao final 2012, com uma dimensão de massas e de transformação do quadro da correlação de forças na sociedade portuguesa, passa-se a uma fase de emudecimento, mas continuidade, que vem a ser por fim abandonada e substituída por formas de protesto significativamente diferentes. O protesto passa a estar ligado a causas pontuais e específicas, de menor presença nas ruas, com novas linguagens e as comunidades que o organizam perdem a transversalidade desenvolvida entre 2010 e 2012.
Vou lá visitar
21.03.2017 | por Catarina Leal e Miguel Carmo
O trabalho de um artista, como o de qualquer trabalhador imaterial, implica portanto recusar o status quo, isto é, a obrigação de “fazer sem pensar, sentir sem emoção, se mover sem fricção, se adaptar sem questionar, traduzir sem pausa, desejar sem propósito, se conectar sem interrupção.” De forma a inverter esse processo, poderíamos começar por reclamar empatia com a imaginação não-humana e inumana dos mundos, tendo em conta que a aliança e a empatia fazem parte do processo enraizador da imaginação na política.
A ler
21.03.2017 | por Ritó aka Rita Natálio
Diversas narrativas literárias e artísticas da época colonial refletem o trabalho do colonialista que coleta informações na floresta e as depõe em vitrinas de museus. O esforço para realizar um Museu de História Natural torna-se simétrico à narrativa hostil do olhar forasteiro, que coloniza mantendo-se à distância, remetendo um continente inteiro a Lugar das Trevas. A paisagem concebida pelo homem torna-se aqui ponto de partida para uma visão crítica que, para além de levantar questões sobre a narrativa histórica, rebate o discurso político que tem enorme impacto na construção de identidades modernas em África.
Mukanda
20.03.2017 | por Kiluanji Kia Henda e Lucas Parente
Convidamos todas as pessoas que estudam e trabalham, ou que já estudaram e já trabalharam na FCSH a juntarem-se a nós no dia 21 de março, pelas 16h na esplanada da faculdade. Para que esta celebração da Primavera seja um momento de afirmação de que o fascismo não passará na FCSH.
Cara a cara
17.03.2017 | por vários
Mesmo nas filmagens correu tudo espantosamente bem. Mas houve também muito cuidado da nossa parte. Estávamos em terreno desconhecido, com hábitos particulares. É preciso ter sensibilidade e ter em conta tudo isso. Tivemos sempre essa preocupação: não era chegar a um sítio e filmar tudo o que nos apetecia como se estivéssemos à porta de nossa casa. Não agimos assim. Tento sempre filmar da mesma forma que filmaria aqui numa aldeia: falar com as pessoas primeiro e perceber que espaço tenho para fazer o que gostaria, e adaptando-me sempre a essas sensibilidades. E fazendo assim as coisas acabam por correr bem.
Cara a cara
14.03.2017 | por Mariana Pinho
Cantautores, DJs, MCs, solistas, compositores, multi-instrumentistas, enfim, músicos de corpo inteiro e mente aberta. São assim as primeiras confirmações “no masculino” da programação do FMM Sines - Festival Músicas do Mundo 2017, que se realiza de 21 a 29 de julho em Sines e Porto Covo.
Palcos
07.03.2017 | por vários
A série foca-se no ciclo africano do império português, e esse é um século marcado por violência. O colonialismo é uma forma de violência, uma forma de domínio de sociedades que eram dominados pela superioridade militar, técnica e económica das civilizações europeias. E esse domínio exerceu-se de forma violenta. Restringindo e esmagando os direitos das populações autóctones e imponde-lhes um modo de produção injusta, de forma a assegurar a acumulação do sistema colonial.
Cara a cara
06.03.2017 | por Mariana Pinho
O argumento central deste artigo é que a descolonização, ao exigir o direito à história, para além da narrativa eurocêntrica, desdobra-se em dois desafios principais: um, de natureza ontológica - a renegociação das definições do ser e dos seus sentidos - e, outro, epistémico, que contesta a compreensão exclusiva e imperial do conhecimento.
A ler
27.02.2017 | por Maria Paula Meneses
“Fuckin Globo III” não é uma exposição ao uso: situada à margem das instituições, privilegiando o papel criador e produtor dos artistas, revalorizando um espaço que foi nobre no tempo colonial mas passou a ser decadente no pós-independência e, sobretudo, visando um público sensível e conhecedor, marca uma reviravolta ainda maior no universo das profundas transformações culturais de Angola.
Vou lá visitar
21.02.2017 | por Adriano Mixinge
Duplo vê é, ao mesmo tempo, o nome em extensão da letra W (inspirado no título de George Perec, W ou les souvenirs d’enfance) e também o “duplo ver” de um Deus vesgo. Duplo vê poderia ter um subtítulo: ensaio sobre o estrabismo de Deus.
Mukanda
17.02.2017 | por Mattia Denisse
Há desde retratos feitos durante o transe xamânico até um conjunto de ações que o fotografado desempenha para a câmera. A busca é por aquilo que é pessoal em cada retratado, incluindo rosto e corpo, mas também ornamentos que conferem pessoalidade na construção do indivíduo.
Vou lá visitar
06.02.2017 | por Instituto Inhotim
O azeite do olival intensivo esventrou de vez os solos do nosso futuro, os frutos vermelhos das estufas plastificam a nossa paisagem e a destruição do território e do nosso horizonte humano é assumida entre dois campos separados: as lutas dos imigrantes e as lutas ambientais contra a imposição da agroindústria devastadora. A urgência de olhar de forma abrangente para essas lutas levou-nos dos olivais de Ferreira do Alentejo e Beja às estufas de Odemira e aos pomares do Algarve.
A ler
31.01.2017 | por Filipe Nunes
sei que não nomear e / ou reivindicar o ponto de vista possibilita que se abra espaço para que essa posição seja infiltrada por pessoas, instituições e ideias que só pensam nas nossas subjetividades como metáforas para outra coisa. É tão necessário salvaguardar termos como "o Sul" como ser vigilante sobre a forma como são usados para descrever e/ou discriminar.
Cara a cara
31.01.2017 | por Gabi Ngcobo e Katerina Valdivia Bruch
“Espera, espera…” é a única resposta que recebem do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que em 2016 entendeu fechar ainda mais as portas da Europa-fortaleza. Tão fácil e popular é o medo e a paranoia securitária, que veem terroristas em cada semblante vindo de fora, mesmos naqueles que jazem no fundo do mar Mediterrâneo.
Jogos Sem Fronteiras
30.01.2017 | por Filipe Nunes
Para combater o oportunismo, o chauvinismo implícito ou explícito desses militantes, a Internacional comunista procedeu à estruturação de uma série de organizações transnacionais, encarregadas de coordenar a atividade revolucionária em torno da «questão negra»: África do Sul, colónias da África negra, segregação nos Estados Unidos, etc. Hakim Adi conta agora esta história inédita, a de um encontro original entre o comunismo, o nacionalismo negro e o panafricanismo.
Cara a cara
29.01.2017 | por Hakim Adi
O nosso contacto com a informação geopolítica aumentou, mas é cada vez menos íntimo e, o vocabulário, convocado para definir toda estas exterioridades, começa a desgastar-se. Os corpos que recebem este mar de notícias da frente tornaram-se inorganizáveis. Os olhares repousam sobre os ecrãs. Recordações-ecrãs, imagens-ecrãs: a realidade fragmentada dá origem a novas necessidades de diversão. As nossas percepções apenas se alinham esporadicamente: este é o efeito mais devastador e inédito desta guerra.
A ler
23.01.2017 | por Claire Fontaine
Para escrever um texto que fala das relações entre arte e luta necessitaria de uma língua estrangeira dentro da própria linguagem, uma língua de saltimbancos que materialize a possibilidade de dançar numa corda bamba e de combater. Ao invés, tenho apenas os trapos de palavras gastas que tento coser à volta dos problemas. Por exemplo, o problema de nem sequer conseguir pensar em atravessar a ponte que liga a arte e a vida, se ela alguma vez existiu, sem cair nos braços da lei. E de não conseguir admitir este estado de coisas sem me deixar cair em cobardia ou depressão.
A ler
19.01.2017 | por Claire Fontaine
Este tipo de greve que interrompe a mobilização total a que todos estamos submetidos e que permite que nos transformemos pode ser chamado de greve humana, pois é a mais geral das greves gerais e o seu fim é a transformação das relações sociais informais que constituem a base da dominação. O carácter radical deste tipo de revolta reside no seu desconhecimento de qualquer tipo de resultado reformista com que pudesse ficar satisfeita.
A ler
18.01.2017 | por Claire Fontaine