A-terrar

A-terrar Embora desapossada do olhar colossal que a navegação espacial lhe trouxe nos anos 70, a ideia de humanidade enquanto espécie converte-se progressivamente em colosso geológico imanente capaz de influenciar ritmos cardinais do mundo, ou pelo menos assim é descrito o seu alcance. Antropoceno é a época geológica da espécie humana, dizem, e a prova são os depósitos sedimentares que se originaram a partir dos anos 50 com os primeiros experimentos nucleares. Ignora-se claro que essa “espécie” foi inseminada artificialmente pelo casamento normativo e cisgénero da modernidade e da colonialismo, e que a visão colossal ainda se crê parada de fora e em frente ao globo, mesmo que, a bom ver, muitxs chafurdem na lama, em especial xs que não foram inclusos dentro dessa ideia unificadora de humanidade.

Mukanda

10.07.2019 | por Ritó aka Rita Natálio

A humanidade que pensamos ser

A humanidade que pensamos ser Assim como nós estamos hoje vivendo o desastre do nosso tempo ao qual algumas seletas pessoas chamam Antropoceno. Para a grande maioria está sendo chamado de caos social, desgoverno geral, perda de qualidade no quotidiano, nas relações, estamos todos jogados nesse abismo.

Mukanda

26.10.2017 | por Ailton Krenak

Porquê Antropoceno? - projeto ANTROPOCENAS

Porquê Antropoceno? - projeto ANTROPOCENAS Politizar o Antropoceno implica resignificar a noção de humano e fazer uma reflexão mais abrangente sobre as relações entre humanidade e poder, humanidade e natureza, ecologia e política. Implica mudar as palavras. E começar a reflexão a partir de uma escuta de posições não vistas.

A ler

22.10.2017 | por Ritó aka Rita Natálio

Retomar a Terra ou como resistir no Antropoceno - projeto ANTROPOCENAS

Retomar a Terra ou como resistir no Antropoceno - projeto ANTROPOCENAS A resistência no Antropoceno não consiste numa negação absoluta da cidade como lugar de realização da barbárie capitalista, mas sim na criação de interstícios capazes de abrigar novos modos de existência, novas formas de vida e de vinculação com a terra. É da conexão jamais unificante entre diferentes modos de reativar, retomar o que foi ou o que está sendo ameaçado que uma criatividade política mais potente poderá emergir.

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17.10.2017 | por Renato Sztutman

O que estamos vendo no planeta hoje é um combate de povos e não de classes. Ou as classes estão voltando a se redefinir como povos.

O que estamos vendo no planeta hoje é um combate de povos e não de classes. Ou as classes estão voltando a se redefinir como povos. O antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro esteve em Lisboa para o ciclo “Questões indígenas: ecologia, terra e saberes ameríndios” do Teatro Municipal Maria Matos, no qual também participou o líder indígena Ailton Krenak. De uma longa conversa para o BUALA ficam fios de reflexões sobre antropoceno, apocalipse, crise da antropologia, noções de humano, antropomorfismo, reindigenização da modernidade, devir índio, os povos por vir e os direitos da natureza.

Cara a cara

18.05.2017 | por Ritó aka Rita Natálio e Pedro Neves Marques

Não é o Antropoceno, é a cena da supremacia branca ou a linha divisória geológica da cor

Não é o Antropoceno, é a cena da supremacia branca ou a linha divisória geológica da cor Este ensaio é, ao mesmo tempo, uma provocação e também uma abertura para uma discussão muito mais ampla. É o resultado da pergunta: “o que quer dizer #BlackLivesMatter (referência ao movimento iniciado nos EUA e que pode ser traduzido como #VidasNegrasImportam) no contexto do Antropoceno?” Hoje, de acordo com o senso comum, o Antropoceno é a denominação de uma nova era geológica, a era humana mais recente. Esse entendimento se baseia na identificação de “uma única manifestação física de mudança registrada em uma seção estratigráfica, muitas vezes, refletindo um fenômeno de mudança global”

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23.04.2017 | por Nicholas Mirzoeff

É preciso olhar para cima, o céu está a cair: Humanidade antes e depois do fim do mundo

É preciso olhar para cima, o céu está a cair:  Humanidade antes e depois do fim do mundo Enfim, o fim do mundo não é um assunto multicultural, mas sim multinatural. Claramente, fé nos híbridos não é o suficiente. O mesmo se poderá dizer do elogio da diferença. Em contraste com os discursos do inhumano ou do anti-humano, será possível sugerir, como acontece em sociedades animistas, que tudo é humano? Será tal palavra sequer relevante para lá do sentido histórico que lhe foi atribuído a partir do Renascimento? Manter essa palavra implicaria não apenas uma humanidade para lá da espécie, mas também para lá da modernidade. Mas isso seria um oximoro: uma humanidade amoderna? Quem sabe no fim do dia estas sejam as perguntas erradas. Mas sejamos claros, reconhecer a agência dos não-humanos não faz de nós animistas. O animismo é simplesmente a palavra antropológica para a crença em uma humanidade outra à qual os modernos têm sido fieis. E, no entanto, as ontologias não são fixas, elas mudam e se transformam, confrontam-se e negociam-se entre si. É isto que, de um ponto de vista multinaturalista, o fim do mundo quer dizer: entrar na cosmopolítica.

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18.10.2016 | por Pedro Neves Marques