We don't just tell the story we live it

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Hoje entendo que existe de facto um momento nas nossas vidas no qual o adiado, o reprimido, o ignorado e o selvagem vêm ao nosso encontro (à razão) com a força de um Leão para nos salvar. No entanto, depois de o ouvir rugir sem modos, vezes sem conta, é preciso ainda assim integrar de forma mais ou menos elegante este animal. É neste sentido que revejo a minha emergência e subsequente início do processo de diagnóstico de disforia de género e tratamento ou transição

O processo está em curso como uma maré que por vezes me deixa tranquilo e noutras se agita, sem de facto pedir muita licença para me solicitar atenção. Eu, apesar de tudo, ainda e cada vez mais lúcido, vou retirando do seu percurso os obstáculos que me impediram de integrar a minha identidade negada. yes my friends, aos 3/4/5 anos afirmei pela primeira vez haver aqui um equívoco. Paguei caro a surdez familiar. São vários os que se avizinham, mas o principal é, e muito bem apontado no diagnóstico, os ditames de um processo de integração na igreja católica que me deixou interiormente tolhido e exteriormente raptado. O ensino básico nos Salesianos de Campo de Ourique deixou-me, com uma teia de sentires, muito ligado ao colégio e aos católicos, em geral, onde sempre me senti bem, incluindo família. Esta Escola, entenda-se, foi onde tive maior aceitação para as minhas gritantes diferenças na infância e, por esta razão, fiquei com um estranho blind spot. Aqui reside o veneno da benevolência, acho, é que nunca removi algo que aparentemente não me tinha afetado. Quis o destino (é fadista!) que por esta mesma razão não tivesse dificuldade em juntar-me ao Programa de Estudos de Cultura da Universidade Católica, para finalmente fazer o doutoramento, que preparei durante quase duas décadas. A proposta reunia várias ligações internacionais que me interessavam e lá fui com o intuito de contribuir. Still, a vida que nos guia tinha-me reservado outros planos  e foi ali mesmo que o fantasma do pequeno Dina ficou a aguardar o dia e a hora do seu retorno sebastiânico. É importante dizer que, naquele ecossistema, regressaram-me as memórias de um mundo do qual me afastara radicalmente. Mas, pela proximidade da qualidade dos materiais, do cheiro dos corredores, as pessoas, bibliotecas etc, foi uma viagem ao passado e, com tudo isto, voltaram o medo, os pesadelos, as paixões esquecidas, a vergonha, a angústia e a minha adequação cultural sacrificada, por todos, pela fé. Fui sofrendo em silêncio cada vez mais até que tive que sair dali por não aguentar mais tanta dor – chiça!

Fiquei dois meses em casa em recuperação, estando já falido e incapaz de gerir a minha vida e com pouca sensibilidade familiar para isto. Muita acusação, que recai sempre sobre quem fracassa, ou será outra coisa? Antes disso, passaram anos de procura de algo que não conseguia explicar a ninguém. Foi na minha sala que, depois de olhar um ponto fixo durante tantas horas, meses a fio, fiz um buraco no mundo e de lá veio uma verdade que me ardia na mente: EU SOU UM HOMEM (entendam como quiserem esta afirmação…) e não aguento mais viver em negociação com isto, a tentar convencer o mundo que deve mudar e não quer, por razões óbvias, porque lhes assiste o conforto. Tudo o que me retirava e retira do masculino arde-me como uma parede de fogo. Com o tempo, a resistência foi ficando mais difícil. A tolerância. O desconforto. A solidão.

Eu, na era Iphone, iPad, iMac iTudo, escondi-me, e esta era a minha razão. Falei com a minha criança interior durante muitos anos até que, com a alegria de uma criança, disse que era Dino e não Dina. Fui dizendo mas não me ouviam. Riam-se. Acusavam-me. Recusavam-me. Encontrei um nome para a minha solidão mais vasta que o universo: Dino. Porém, esse nome ficará no tempo e para trás com o crime de lesa estima e a vida que não viveu esquecida, com tudo perdoado por ignorância e negligência. O meu nome será Adin, onde espero reciclar o que de melhor a Dina fez para mim. Não tenho mais tempo para estas dúvidas, mas a minha mente ainda procura conciliar-se desesperadamente com a educação religiosa que lhe deram e, está claro, com a família e, com mais este sofrimento, passei tormentos sem fim. Chegou o dia em que, por fim, desisti! Não existe como resolver, por mim, esta questão.

Numa viagem recente, num diálogo interno que me rasgava esta dimensão 3D, despedi-me do nome Dina (bíblico) e com ele vai também o fantasma de um imprint de procura de aceitação de onde ela nunca virá, pelo menos não através do meu esforço. Fica ela também com o homicídio do Dino para trás no tempo sem aparente resolução feliz. É o material de combustão para a vida que me resta. A Fenix.

Renuncio assim e publicamente à religião judaico-cristã e ao Downtown Abbey. Este sendo o primeiro desfecho de um processo de revisão dos meus alicerces. E, por fim, tomo com vontade um nome Adin, sendo primeiro uma reciclagem da Dina e, segundo, paródia para quem sabe o que o nome significa. A vida por mais difícil que seja, sem bom humor não vale a pena ser vivida!

LACRIMOSA O TANAS. Rejoice!


A aprendizagem desta vivência é enorme. Se por um lado existe uma marcada oposição, ao mesmo tempo tudo salta como faíscas de um fogo aceso e vibrante. Tenho por momentos a sensação de me ir alinhando com o destino e caminho com descobertas que me deixam estupefacto e, algures, até com dificuldade em acreditar que de facto estão a acontecer. Saem-me as palavras, os saberes e as memórias para juntar peças que até então não conseguiam encontrar resolução. Estou entregue a tudo isto e com dificuldade em manter os antigos regimes pessoais de trabalho, sociabilidade e, enfim, contacto ligeiro. Estas são experiências em que chego a entender o divino ou uma percepção do que poderá ser o divino. É como um sentido que me faltava e que vai chegando devagar, por vezes atrapalha, noutras alegra. Vejo nos meus gestos diários muito conteúdo quando a presença do Adin está forte e ninguém me castra, incomoda, prende, nega etc. Não consigo ainda vislumbrar o que será a adequação do corpo a este estado de presença O CÉU? I’m here apetece-me dizer, I’m really here! É que algures o Homem também é uma criação, sendo que tem como pressuposto e característica o estado de real ou autêntico, ou seja, a Mulher é uma criação do Homem e então, o Homem sim, é verdadeiro, e por tal não precisa de validação dos outros (yeah right! Tal qual o pai natal…)

Talvez por ter passado tantos anos a questionar a masculinidade (sombra) não me fixo no evidente, ou seja, nos WCs ou nos pronomes. Tudo ainda é in between, apesar de ter tido na vida uma postura e experiência muito ligada ao masculino, vejo-o mais pelo prisma do papel protetor (modo segurança e coragem física) ou pelo pensador (modo trouble-shooting) ou ainda cuidador (modo olho lúcido). Substituí o futebol faz muito tempo com outras preocupações, mas por vezes sinto saudade daquele descanso de ver uns jogos e respirar do mundo. Nada disto me parece não ser acessível a mulheres, porque não seria? É algo muito mais interno em mim que me faz dizer ‘homem é um sentido’, um sentir e uma adequação “entre intenção e gesto” para parodiar o Chico Buarque. Depois de engolir todos os “ismos” não tenho mais ilusões quanto a isto, mas a coisa persiste apesar de todas as consumidas teorias (já não as aguento) e justificar é o que acho que não quero fazer, mas resvalo ainda muitas vezes.

I am what I am digo, o que sou e o que quero ser não carece de selo e sim de vontade e coragem. É isso. Sei que algo está agora dentro de mim, a criança que ri, apesar destas maldades todas que me têm seguido desde a viragem. Sou capaz de sentir alegria no momento mais desafiador como agora mesmo em que a minha família, por default, me acusa de tudo o que de mal lhe acontece (incluindo assaltos nas redondezas) e me quer pôr na rua. Se manifesto alegria chamam a polícia para prender o maluco. Quando vou ao café dos velhos (lol) e me sento a ouvir o que não precisava, ainda assim viro e giro a alegria para onde me apetecer, um texto, um vídeo, um passeio etc. Anda por aqui uma criança que desconhecia, um estado puro que parece transparecer nos meus olhos e vejo também nos olhos dos meus amigos do GRIT que é o grupo de partilha da ILGA. Está lá uma luz que não reconheço noutros lados. Segundo os católicos, é o Diabo, mas o que eu vejo é puro, não é sacanagem I know the difference. Sacanagem também é bom, mas isto que vejo nos olhos deles e delas é pureza. E agora? Mistério!

Tomar este caminho neste momento de retorno dos regimes ao mundo, é simplesmente o menos sensato que alguém pode fazer, se não fosse sim impossível não o fazer. Será uma revolução? Volto a dizer-me: foi uma emergência de algo que não podia mais esconder, primeiro de mim e depois do mundo. Em nada me sinto especial, privilegiado ou escolhido. Sou sim, de facto, uma surpresa, volto a dizer, primeiro para mim próprio. Família. Amigos. Bairro. etc. E não estou a viver isto ainda como adequação cultural, talvez mais tarde, neste momento ainda estou em estado bruto em busca de existir e de resistir aos passos de fé que vou fazendo.

As mulheres revelam-se agora também a meus olhos com outro brilho. Sempre tive desejo por mulheres, mas agora apanho-lhes algo por detrás disso num sorriso ou numa mentira mal contada, um gosto seu de querer ser esperta, boas e mal dizentes, oh dear sempre. Sinto amor por aquilo nelas, diverte-me, mas também me desafia a tolerância para lá dos limites confortáveis. Os ais intermináveis da minha mãe que quer ser de novo atendida, como era quando era jovem e loura. A minha sobrinha que ainda não sabe o que fazer com tanta beleza, inteligência e coração e, principalmente, com aquele pai possessivo que até a mim me barra de contato com ela. Vejo-as assim. A minha irmã mais nova que apanha-me as lições e aplica-as logo em mim, a achar que não a estou a ver. Vejo os olhares de troca entre os balcões, no banco da Transilvânia, em Bucareste onde tinha conta, com a miúda que sempre me atendia muito bem e se desfazia em mel comigo sem saber porquê, e eu também não lhe poderia explicar. Linda, como a morena mais romena pode ser, de cabelo negro negro e tez branca com brilho amêndoa. Segurei-me ao balcão pela vida, quando finalmente me deu sinal que aguardava um convite, mas então estava de partida e tinha alinhado com o meu destino.

Vejo-os a eles também, aos outros homens, a engolir em seco e a fazer malandrices de gozão porque já não lhes resta muito se não gozar, por vezes mais agressivos ou mesmo invejosos, mas ainda assim vivos. Os morenos e os loiros, alguns acham que são a cura mas com a idade, ufa alas, já não tanto. Sem dúvida, um dos benefícios da idade para mim. O sexy por vezes magoa-os, mas isso entendo, caraças, foram mesmo proibidos de se verem como objectos de desejo, no presente, e agora sim, mas ainda não sabem bem como.

Em Bucareste via os putos do meu bairro Piazza Uniiri a apanharem dicas, o que me fez feliz. Desprezados de estilo e iniciação, os miúdos na flor da idade. Really? Que fazem os homens mais velhos? Pois, futebol e pouco mais. Mas nada se compara ao que vi na cama da minha ex durante o período em que fizemos outra tentativa fracassada. Vi uma mulher de quase 50 anos que amei, de corpo transformado e amadurecido e como aquilo era novo, aquela sensação de estar na cama com uma Mulher vivida e não uma jovem aspirante a Mulher. Apeteceu-me acordá-la para lhe dizer aquilo. Olha, chegaste! Estás aqui, tu também. “Estou-me a vir” ganha uma dimensão muito mais interessante, saravá Caetano! I see you and it’s beautiful. Still, no way to combine us in Peace. Ficou casada com outro ex. Fiquei apenas a ver os miúdos que se faziam a ela, sem ela dar por isso. Desconhece a esperteza de um bom moço que quer aprender melodias. Tudo o resto é dela e não meu. A sua estória. Vi o que queria rever - o melhor dela. Eu sei que soube amar mulheres melhor que muitos, e é isso que inquietou aquela rapariga no balcão da Transilvânia em Bucareste, ela também sabe. É assim que sei que sou homem e, no entanto, que estúpida a sociedade que julga em moeda de WC. São os segredos caraças! O gesto de uma Professora que desviava o cabelo da testa de um modo que me deixava sem sopro nem palavra. O olhar em que rodava todo o torso para ver quem estava atrás, e a timidez quando encontrou o meu olhar e soube, ali, que era eu que procurava apesar de não o querer. Apetece-me dizer a um rapaz: se não vês isto ainda não és homem. Se não vês com as narinas, também ainda não és macho o suficiente. Se não te tiraram a força toda com um só olhar traidor, e ainda assim de amor, ainda não és amante. Se ainda não mordeste o pescoço a uma mulher como se fosses o próprio Drácula, num momento de paixão ainda és o menino Jesus. Se não te encheram as moléculas de coragem até à medula ainda não conheceste o teu destino. E o TRANS SOU EU? Se deixaste de ser a própria vida que lhes entra pela porta, pois estás castrado com pénis, o que é ainda mais trágico do que nascer sem ele, para um aspirante a homem. Se não sabes o que é a perseverança, o doce e a manhã do pássaro, pois a terra ainda não te abriu o seu ventre e meu amigo por mais ginásios que faças, por mais miúdas que compres, por bifes que comas e por mais piropos ordinários que mandes, tu mesmo ainda não sabes quem és. Se só sabes engendrar porcaria pois ficarás nas noites dos pilantras e dos carrascos de mulheres (que trataste como galinhas porque as reduziste à tua dimensão) e sem saberes quem és, morrerás no espasmo de nunca teres assobiado exatamente como se fosses o teu pai ou avo e, acredita, eles ouvem, estão ali nesse momento estão em ti. Morrerás ignorante apesar de teres consumido toda a informação do Facebook. Acorda, diria, pobre rapaz, ACORDA! Lembra-te disto por favor; serás tu não porque querias ser, ou porque tinhas dinheiro para ser, ou músculo, ou esperteza. Serás tu, porque te descobriste ali, a ti mesmo a fazer o que era preciso ser feito. Sem saberes que sim, és apanhado em flagrante como um ladrão na noite. Virão a ti as palavras dos grandes homens da tua terra, da tua língua, do teus sonhos e todos os caminhos que pareciam nunca acabar. A tua confissão de amor será como um - chiça que me apanharam! Era o teu segredo que nem a ti mesmo confessaste. Nessa manhã do pássaro serás homem! És o malandro do planeta e todos os outros cegos. Nesse dia terás visão e no dia seguinte medo, porque o mundo que se abre não era nada o que vias antes. Depois terás de começar do zero e esperar bom guia porque, my friend, é um novo mundo e um novo dia. E quando vierem por ti carrascos de ocasião, e virão muitas vezes por mandato, saberás quem são, mas eles não saberão quem tu és, porque servem e não sabem a quem. Gritarás ALAS SOU PRETO. E mais não digo, porque não me compete. Os modelos que nos assentam não são opressivos apenas para os oprimidos, mas principalmente para quem os confronta, gentileza e não ódio é preciso, e isso só entendi do outro lado do muro. Pronto Transética entregue.

Este esforço de distribuir o que é recebido na medida justa é o meu caminho e ser Transman em nada o vai alterar. O tempo o fez e eu já sigo e sinto o tempo em mim e não em Greenwich. A transição trouxe-me surpresas não menos mind blowing mas o contato com o meu Shaman não esperava. Assim, até posso dizer o importante não é mais o Transman e sim o Shaman, estão ligados numa dança e num cuidado mosaico de mim que vou descobrindo e isto deixa-me em estado de alegria e pureza “como um nino friente a dios”. Bolas, como desejo a todos descobertas como esta! Venham de uma igreja, mesquita, bordel ou dos céus de Bucareste. Rejoice, you are here! When you are finally here rejoice! Querem o espírito, trabalhem o cálice! e deixem-se de merdas! A revolução aqui é de mérito, e isto sim, já não era sem tempo. Buttler is correct, in all the wrong ways, mas isto tudo é muito mais antigo do que pensamos e muito mais espiritual do que nos é permitido admitir. De facto o Diabo é o produto da perseguição judaico cristã a tudo o que é diferente apenas para submeter a um esquema de vivências que exclui os que não aceitam serem sujeitos e criados, diria facilitadores mesmo, deste sistema de valores, por isto são eles próprios os seus criadores e por consequência o mal que o alimenta. As adições, abusos, maus tratos, pobreza etc advêm toda desta profunda desconexão e exclusão da teia de afectos em presença da nossa verdadeira natureza. No matter how foreign or disconcerting it might be to your self impose rightousness, by accepting us you might just get rid of the evil you create everyday, but I guess that doesn’t sell too well right? You rather sell girls and lottery tickets all the same. O problema não é sermos parvinhos, o problema é que o fruto da nossa suposta insanidade deixa tudo exposto e isso não interessa nem ao menino Jesus!

RUA! E os Anéis de Saturno.

Gritou aqui a vizinhança de ocasião no Murtal Parede. Sou mais um. Os da rua. São eles os demasiado estranhos, escuros, pobres, demasiado sensíveis ou de firme carácter. Somos a RUA! Há dois anos atrás como lésbica e assumida estava a tirar o doutoramento na Católica e razoavelmente aceite na família desde que me calasse aos insultos a outros e cumprisse rituais. Hoje, estou á cerca de um mês a comer arroz. Tenho os amigos cansados de tentar apoiar o desgraçado e sem sentirem melhoras, as instituições pouco operantes e muito vagas no apoio, os corredores de influencia que habitava fugiram pela vida, os familiares mais que convencidos que fiz um cancro á minha mãe, e ela própria também. Os vizinhos acham que sou o ladrão que apareceu por aqui na mesma altura que eu. Perante tanta violência também já me vou sentindo mau, é verdade que sim. Vou as hospitais porque não me sinto bem, e sempre me dizem que está tudo bem. O sorriso americano branquinho de quem é capaz de abandonar quem não interessa ao sistema de saúde. Lúcido oh yes! Procuro uma luz e caminho. Quero partir mas sei que seria apenas outra fuga da minha questão. Os habitantes do meu grupo da ILGA passam uns melhores e outros piores. Falávamos da associação fácil desta identidade com a industria da pornografia – lá está reduzem tudo á sua dimensão pois tentação is also on the eye of the beholder as mulheres objetificadas de ocasião sabem muito bem disto (e isto é tudo o que entendem desta condição). Mas vou entendendo como lá vão parar estas industrias estes seres que escorraçados do céu e esmagados com todo o lixo que não lhes cabe, se encontram entre dois caminhos prováveis o da prostituição ou trafego de droga. E, meus amigos também os pretos, os que não se calam! Também os pobres! Também os de firme carácter! Podes sempre entrar pela Santa Casa que é a porta das traseiras da Igreja, dos miseráveis que ela própria cria, não falemos de pedofilia nem deste prazer perverso que é castigar o Outro né! As velhas (e os tiranos) até lhes salta a febre de tanto gosto e vivificante tesão quando mal dizem, perseguem e condenam com sucesso. São como orgasmos sádicos para já tão velha carne. Mas lá está os tarados somos nós. Homens do lixo, digo eu. Existe aquela música da Elis Regina que não me esqueço, aliás como se tem evidenciado sábios para mim nestes últimos tempos, como distingo no barulho a verdadeira e útil palavra, “o sinal está fechado para nós” já passei sinais vermelhos, laranjas e verdes também com segurança, foram pequenos treinos de uma vida dedicada á liberdade sensata. A China promove sistemas de controle das populações e no dia que formos obrigados a fazer chichi para a direita, pois mijarei para a esquerda! E se formos obrigados a mijar para a esquerda pois mijarei para a direita. Assim ganhei eu o pássaro e a lei da natureza, apesar de dizerem o oposto, aquela que prezo é esta em termos de leis. Acredito que o que de mais profundo e selvagem que existe em mim, é bom e não mau. Amo me e confio no que me deu o grande céu e a terra, e na sabedoria das fontes e do amor, e do respeito entre os diferentes seres, culturas e anatomias. Acredito na integração da ciência ao serviço das muitas e diferentes gentes. Acredito que todo este lixo que nos mandam não é nosso, mas com ele faremos uma orquestra de excelência e viramos ao futuro com a certeza que um dia a menos é um dia ganho pela simples capacidade de querer existir, e existir é preciso mais que nunca. To be or not to be é sim a questão para o século XXI. A esperança não morre ela sim, é a força vital do planeta, sem ela estamos todos condenados a ser o penico do Donald Trump ou do Putin ou de qq representante da brutalidade daqueles que nasceram sem a mesma esperança ou a perderam pelo caminho do forte. O divino não está numa cruz e sim nas mãos de quem por força da vontade, e por oposição ao careta, dá a mão nem que seja á loucura, ás estrela, á rua para segurar a possibilidade e a semente de um novo sol. A minha luta pessoal é assim que a entendo é uma luta pelo planeta livre, belo, diverso com pinceladas de beleza e feiura all the same, cyborg e deusas, travestis, pretos e proxenetas e morrerei a amar tudo isto! E acreditem neste momento viro qualquer um deles ou vários combinados. For I am with HER. A regimes de verdades, onde se aplicam soft exclusions, moldes de repetição e aniquilação não me converto mais. ASSIM ESPERO AINDA CONTRADIZER TUDO O QUE DISSE AQUI. Posto isto deixo a questão será que sou acima de tudo um artista? Ah pois! Artista no campo da Cultura e Caldeirão.  Investigação pura e direta estilo Serpico, onde vale tudo menos tirar olhos. É que a liberdade para mim é uma coisa muito séria e as resmas de ordens religiosas a entrar na política nas Américas e elsewhere é como uma vaga de merda que nos limpa o sebo é a todos. Como diz o Seal não vamos aguentar se não ficarmos todos a bit crazy!

Por fim, vamos falar de “Beleza Pura Dinheiro Não, a Pele Escura Dinheiro Não!” Está tudo dito. Tendo passado grande parte da minha vida a downplay a minha beleza por verdadeiramente não ter vontade alguma de ser por ai mercado de carne em salões, ou seja boa filha, acabei por ficar refém de outra viragem a gestão do desejo de se fazerem acompanhar de uma beleza menor, o que em termos de comparação “faz ou não uma beldade?” Infelizmente atrai muitas mulheres com este objectivo traiçoeiro mas entendo é por necessidade (lol!). I Love them all the same. Neste processo de transição caíram me os dentes e a violência geral ajuda ao estado liminal é bem visível, (everyone tells me that the Portuguese are very soft lol!) e junto os pêlos que já se revelam vão curiosamente acompanhando a queda social. Vindo de uma família de mulheres de grande beleza e culto da mesma, fica difícil falar de outra coisa se não disso – ou é porque és feia ou és porque é bonita demais e escondes, enfim mais uma vez reduzir tudo á dimensão do prato de um pastel de nata.  É o que conhecem de ser mulher, e a nossa Paula Rego explica o resto, para quem entender para quem não, eu explico, ela faz “coelhinhos que vão com o pai natal no comboio ao circo” ou seja Incesto, e acho eu, Asfixia ou Aprisionamento da Família, Casa, Pátria e Patriarcado, nada de pastéis de nata para o Cavaco. Makes Big Brother a pervert of sorts o que é a mais pura das verdades. Um Peeping Tom. ) Fora disto, noutro prato, tenho muita curiosidade de saber como vou Olhar de Cam depois da transição mais ou menos completa porque a minha paixão é esta, o Cinema, isso e Fado, ou melhor entender o puzzle do Fado as Popular Memory. Que Cineasta serei depois de ter uma outra imagem? – agradeço esta questão e este brilhantismo à Prof Isabel Gil (Reitora da UCP) que além de linda é mesmo um génio mal pago, porque talvez por ser boa gestora, lá está produtora cliché, está muito escondida de ser revelar o bom génio que temos na nossa praça e podíamos ver brilhar no mundo. Seria um Ronaldo da Teoria para quem precisa de ponte. Enfim, infelizmente tem outros génios pessoais menos bons, mas também isto caracteriza uma mente brilhante – não é só cliché. Esta questão para mim é mais interessante porque afeta a expressão do sujeito e não como objecto - alas existimos, sim. Chamem lhe uma forma de otimismo, So What? diria o Warhol reencarnado na Lana (Trans de serviço a Hollywood) realizadora do Sense8. IT’S A REVOLUTION! diria. E, será que sou eu? E o povo diz não e eu digo SSSIIIIIMMMMM!!!

A maior lição pessoal da transição, no seu modo de luta social marcial, é curiosamente o full entendimento da grande afirmação do Bruce Lee – Be Water My Friend! É que sem espaço, sem podermos afirmar a nossa individualidade resta-nos escorregar pelo mundo em busca de saídas, até ao dia, que acredito virá, esse dia em que poderei viver este processo com um pouco mais de respeito social e íntimo.

Vou ligar ao 144. Saravá Poetas!

por Adin Manuel
Corpo | 1 Junho 2019 | desconstrução, existência, homem, individualidade, mulher, poesia, Queer, transexsualidade