Os muitos Pidjiguitis da História ** Quem tem medo de um sujeito negro?

OS MUITOS PIDJIGUITIS DA HISTÓRIA

conversa e Exposição benefit para o Observatório do Controlo e da Repressão 

8 de Fevereiro, sexta-feira às 18h30 na Biblioteca (49)

Esta sexta-feira, a biblioteca do RDA 49 irá contar com a inauguração da exposição de desenho de Gonçalo Salvaterra, “OS MUITOS PIDJIGUITIS DA HISTÓRIA”. Os donativos oferecidos pelas obras irão reverter na totalidade para o Observatório do Controlo e Repressão (OCR), que tem apoiado o processo judicial dos jovens da Cova da Moura, alvos de uma violência injustificável por parte da PSP. Para sabermos mais sobre este caso, podemos contar com uma conversa com membros do Moinho da Juventude e com membros do OCR. Até lá, ficamos com a apresentação da exposição:
Lembram-se do Pidjiguiti? Provavelmente não. Eu não me lembro, não era nascido, mas a memória histórica deveria existir. E se essa memória histórica não existe, deveríamos perguntar-nos porquê. Um dia, enquanto caminhava pelo porto de Bissau, vi uma escultura. Um punho cerrado, esculpido em homenagem aos mortos no massacre do cais do Pidjiguiti, que a
3 de Agosto de 1959 vitimou às mãos do fascismo e da sua política colonial entre 40 a 70 marinheiros e estivadores. E porquê? porque se manifestavam em torno de melhores salários. Mas que massacre? Porque não aprendi isso na escola? Acima de tudo, que estórias fazem a história de Portugal? Esta exposição que tem como nome, “Os Muitos Pidjiguitis da História” aborda um passado contestado. O passado colonial que tem vindo a ser discutido um pouco por todo o mundo, mas que em Portugal tem sido atrasado pelo mito do “bom” colonizador. Factos históricos como o massacre do Pidjiguiti, tendem a revelar uma outra face do colonialismo, a sua verdadeira face. A versão de um Portugal heróico feito de descobertas, é aqui contestada. Estas figuras grotescas, carregadas de carvão, e quase monocromáticas, puxam o lado sombrio que a história oficial tende a não querer pegar. Não há aqui espaço para um Portugal branco!
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QUEM TEM MEDO DE UM SUJEITO POLÍTICO NEGRO
conversa com militantes de movimentos anti-racistas

9 de Fevereiro, sábado às 21h30, no RDA 69
Os recentes acontecimentos no bairro da Jamaica vieram, mais uma vez, demonstrar a forma de intervenção da PSP em bairros predominantemente habitados por pessoas pobres e negras. Apesar das imagens filmadas a partir de um telemóvel deixarem pouca margem para dúvidas, o teor das mesmas não pareceu demover uma grande parte dos meios de comunicação social e dos partidos políticos de um discurso que, em termos gerais, criminaliza as vítimas e defende os autores das agressões. A alternativa «à esquerda» a esta narrativa, pressionada pelo calendário eleitoral, limita-se a encarar o caso como um excesso que não representa o importante trabalho desenvolvido pelas forças de autoridade. A violência policial é então reduzida a um problema de caráter de dois ou três agentes, e não a um
problema estrutural, ou seja, a uma prática para-institucional que visa um determinado segmento da população: excluída, excedentária e racializada.
Os acontecimentos verificados no centro da cidade de Lisboa, poucos dias após a divulgação destas imagens, traduzem a afirmação de um sujeito político que recusa este tipo de categorização e intervenção. A um ato explícito de violência racista, este organiza-se, mobiliza-se às centenas, e ocupa pontos centrais da metrópole, onde sabe que tem impacto.
Para trocar umas impressões sobre estes assuntos, o RDA convida todas as pessoas interessadas para uma conversa.

04.02.2019 | par martalanca | colonialismo, história, negro, violência

Mostra internacional de cinema na Cova da Moura

Organizada pelo Coletivo Nêga Filmes & Produções, em parceria com a Associação CulturalMoinho da Juventude, acontece, desde 2016, e durante o KOVA M FESTIVAL.

Indo para a sua terceira edição em 2018, a nossa intenção com a MOSTRA DE CINEMA NA COVA édar visibilidade a uma produção audiovisual que não alcança as salas comerciais de cinema em Portugal, realizada por cineastas negras e negros da contemporaneidade, tanto de África, quanto dasdiásporas.Temos como objetivo principal, disponibilizar este cinema à população que vive e frequenta a Covada Moura, bairro cuja população é majoritariamente negra, a fim também de estimular a produção denovos filmes e mais debates por artistas e estudiosas/estudiosos de cinema, que vivem no bairro, nacidade e que descendem de populações africanas.

Em clima de festival de bairro, o KOVA M FESTIVAL, que recebe a MOSTRA DE CINEMA NACOVA, foi criado em 2012, por jovens moradoras e moradores da Cova da Moura, a fim de incentivara produção cultural e a inclusão social na região, através da arte e do desporto, à população africanae afrodescendente que vive em Portugal e demais interessadas e interessados.Ao final de cada sessão de filme na MOSTRA DE CINEMA NA COVA, temos um espaço paraconversa sobre as obras exibidas, com profissionais das artes da cidade de Lisboa e arredores.

Desde a sua primeira edição, a MOSTRA DE CINEMA NA COVA tem possibilitado um interessante encontro entre África, Europa e Américas, trazendo para a Cova da Moura temas importantespara/sobre África e suas diásporas, através de filmes de diferentes origens, como Brasil, Cabo Verde,Gana, Moçambique, Portugal, Burkina Faso, Guiné Bissau, Kenya, Angola e Costa do Marfim.A programação da MOSTRA DE CINEMA NA COVA é totalmente gratuita para as pessoas queacompanham as atividades do Festival, algo que somente é possível graças ao trabalho comunitárioe de mutirão de moradoras e moradores do bairro.EQUIPE
Curadoria Geral: Maíra ZenunProdução: Flávio Almada e Luzia Gomes- Nêga Filmes https://www.facebook.com/negafilmes/.- Kova M Festival https://www.facebook.com/kovamfestival/.- I Mostra Internacional de Cinema na Cova https://www.facebook.com/events/637256526443894/.- II Mostra Internacional de Cinema na Cova https://www.facebook.com/events/1961063184182644/.- Moinho da Juventudehttps://www.facebook.com/pages/Associação-Cultural-Moinho-Da-Juventude/420091851427591.

23.07.2018 | par martalanca | cinema, Couva da Moura, negro

Musso – Mais um jovem negro morto pela Polícia na Amadora / Another young African murdered by the Police

 

by plataformagueto

Ontem, 12 de Junho, o Bairro 6 de Maio ficou chocado com a notícia da Morte de Musso, jovem negro de 15 anos de idade. Uma pancada na cabeça é a  causa da morte. Segundo os familiares há um mês atrás ele foi levado para a Esquadra da Reboleira e foi torturado pelos agentes policiais. Regressou a casa a queixar-se de uma forte dor de cabeça e contou a família que a polícia o tinha torturado. Dali, foi conduzido para os Serviços de Emergência do Hospital de Santa Maria. Ficou internado, durante uns dias, depois foi mandado para casa. Contudo, as dores não cessaram. O jovem continuou a queixar das dores e foi,  de novo, encaminhado para o Hospital. Desta vez, para o Hospital da Amadora Sintra. Ficou internado durante mais uns dias e ontem veio a falecer devido a uma lesão que acabou por rebentar-lhe uma veia cerebral.

Há cerca de 8 anos, no mesmo Bairro, o jovem Teti , também de 15 anos de idade, morreu da mesma forma. Já vai em 15 o número de jovens, negros e pobres , que morrem nas mãos da polícia Portuguesa   e nunca há uma condenação.  Recentemente, o agente que, em 2009, matou Élson Sanches “Kuku”, jovem negro de 14 anos,  foi absolvido da acusação de homicídio por negligência. Segundo a polícia científica, a arma foi disparada a 15 cm de distância da cabeça do jovem Élson.

A violência policial é a forma da violência mais visível que o governo português tem lançado sobre a comunidade negra em consonância com o Racismo Institucional e o terrorismo laboral. As mortes  são os casos mais extremos da violência policial que, diariamente, são perpetrados nos nossos bairros.  Já que a polícia faz o que quer nos nossos Bairros – em vez de garantir a segurança gera insegurança – e nunca é responsabilizada por aquilo que faz cabe à nossa própria comunidade auto-organizar-se e criar as condições para se defender da bestialidade policial e de outros afrontamentos.

Sem Justiça Não Há Paz

 

Another young African murdered by the Policeby plataformagueto

Yesterday, June 12th , the community of the Bairro 6 de Maio, in Amadora[1] (Lisbon) was horrified  with the new of Musso’s death, a 15 years old black male. A blow in his head is the cause of death. According to his relatives one month ago he was taken to the police station  and tortured by the police officers. He came back home complaining of strong headaches and told his family that he was tortured by the police. They took him to the Emergency Services of Saint Mary´s Hospital[2]. He stayed in the hospital for several days and was then sent home.  However, the pain didn’t stop. He kept complaining and was sent again to the hospital, this time was the Amadora-Sintra Hospital[3]. He stayed in the hospital until he died yesterday due to injuries that lead to a burst vein in the brain.

Eight years ago, in the same community, young Teti, also with 15 years old, died the same way. It is up to 15 (that we know), the number of young black and poor killed by the Portuguese police in the last ten years, without a single conviction.

Last December, the police officer that killed 14 years old Elson Sanches “Kuku” in 2009, was acquitted of the accusation of  homicide by negligence. According to the scientific police the gun was shot at the distance of 15 cm (about 6 inches) of Elson’s head living, in our and in any decent persons judgment, no doubt that it was an execution.

This acquaintance was just another white card for the police to carry on killing black youth, unpunished and with the endorsement of Mainstream Media and the Portuguese society.

Police violence is the most visible form of the Estate violence developed by the Portuguese Government against the black community in consonance with the Institutional Racism and Labor Terrorism. The deaths are just the most extreme cases of the violence perpetrated on a daily basis in our community.

Given that the police does whatever they want in our communities – in stead of guarantee our security they generate insecurity – and is never liable for their acts, it is our community’s duty to self organize and ensure the conditions to defend it self from the police brutality and other affronts.

 

Justice and Peace

14.06.2013 | par martalanca | gueto, negro, polícia

O QUE É SER NEGRO NO TEATRO? no Câmara Clara, RTP2

PRÓXIMO PROGRAMA
15 DE ABRIL, 2012
O QUE É SER NEGRO NO TEATRO?

CONVIDADOS: ROGÉRIO DE CARVALHO E ZIA SOARES
Um dos mais prestigiados decanos da encenação em Portugal, Rogério de Carvalho, é negro. A atriz e encenadora Zia Soares é negra. Juntos integram a equipa que está a montar Faz Escuro Nos Olhos, um espetáculo intenso em que dos seis atores em cena, cinco são negros. Um caso muito raro em Portugal. Em Portugal, os atores negros raramente são escolhidos para trabalhos em telenovelas ou peças de teatro ou filmes. E das poucas vezes em que o são, são-no para fazerem de escravos, ou de criados, ou de qualquer outro estereótipo sobre o que é ser “negro”. A Associação Cultural Griot foi criada para ultrapassar esta situação. Uma conversa intensa sobre discriminação e humanidade, teatro e vida, Portugal e a África de língua portuguesa.

13.04.2012 | par martalanca | negro, teatro