I Encontro das Culturas Negras

Dando sequência ao Encontro Iberoamericano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), realizado em novembro de 2011, em Salvador, Bahia - que exortou governos, sociedade civil e movimentos sociais a promover maior conhecimento e respeito pela herança cultural diversificada das pessoas de ascendência africana -, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia realiza, no período de 08 a 12 de novembro, o I Encontro das Culturas Negras, evento que integra também às celebrações do Novembro Negro, iniciativa do Governo do Estado da Bahia.

I Encontro das Culturas Negras dá início à “Década Afrodescendente”, com o objetivo de sediar na Bahia um grande encontro anual das culturas negras do Brasil, das Américas e do mundo. Aqui, se reunirão criadores, artistas, intelectuais, profissionais da cultura, gestores culturais, pesquisadores, parlamentares, lideranças e representações do movimento cultural negro, ampliando o diálogo entre as culturas negras nacionais e internacionais.

Chico CésarChico CésarA programação compreende mesas temáticas e plenárias em Salvador (dias 08, 09 e 10) e em Santo Amaro (dia 12), para a discussão de temas que possibilitem um maior conhecimento das diversas culturas negras existentes no Brasil e no mundo, em especial na África e nas Américas, visando à criação de articulações, redes e trocas interculturais. Uma variada programação artística, com shows musicais e espetáculos de teatro, dança e exposições de artes visuais também vão acontecer durante todos os dias da programação, entendidas com base em uma noção ampliada de cultura.

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09.11.2012 | par herminiobovino | Africa, Bahía, Brasil, dança, música, teatro

debate sobre fotografia e religiões afro SALVADOR DA BAHÍA

A produção de imagens fotográficas no ambiente dos terreiros é tema de debate no dia 30, das 19h às 21h.  O encontro integra as atividades da oficina Processos do Silêncio, oferecida pela fotógrafa e pesquisadora Denise Camargo, no Centro de Estudos Afro-orientais, em Salvador e tem como convidados a jornalista Cleidiana Ramos (A Tarde) e o pesquisador Marcelo Bernardo da Cunha (CEAO). O debate será transmitido ao vivo pelo site http://www.oju.net.br. O público poderá participar, enviando perguntas via Twitter, seguindo o perfil @ojunet.

Tejo, 1992, foto de Denise CamargoTejo, 1992, foto de Denise Camargo
Processos do Silêncio é um projeto contemplado com o II Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, com patrocínio da Petrobras e  Ministério da Cultura; realização do CADON e parceria da Fundação Cultural Palmares. Tem apoio institucional do CEAO/UFBA. Fabiane Beneti (Empresa Livre) assina a produção executiva. A oficina, gratuita, teve mais de 300 inscrições, o equivalente a dez vezes o número de vagas disponíveis.
No debate, Denise Camargo e seus convidados exibem  imagens e traçam considerações sobre o processo de criação e análise do discurso imagético presente no material apresentado. “A ideia é promover a interação com o público presencial e online e trocar experiências sobre a produção de imagens”, explica a mediadora.
A partir de uma amostra de 20 imagens analisadas na dissertação O Discurso da Luz: imagens das religiões afro-brasileiras no jornal A Tarde, Cleidiana Ramos aborda seu processo de pesquisa e as características da produção e veiculação de imagens das religiões afro-brasileiras em um jornal de grande circulação na Bahia.
Marcelo Bernardo da Cunha fala sobre o processo de realização/direção de um documentário sobre a Festa da Boa Morte em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, centrando sua fala nas questões que envolvem o profano e o sagrado nos bastidores do espetáculo.
Com a transmissão do debate pela internet, o projeto objetiva ampliar o acesso do público, superando a limitação do espaço físico, ao mesmo tempo, e ultrapassar as fronteiras geográficas para favorecer a difusão das informações compartilhadas na atividade.
SOBRE OS DEBATEDORES
Cleidiana Ramos é jornalista, mestre em Estudos Étnicos e Africanos pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA. Trabalha no Grupo A Tarde, onde é editora da Editoria Salvador e realiza cobertura especializada sobre as questões de identidade negra e religiosidade, com destaque para a coordenação de cadernos especiais sobre assuntos de história e cultura afro-brasileira, veiculados anualmente no Dia Nacional da Consciência Negra. Produz o blog Mundo Afro.
Marcelo Bernardo da Cunha é professor do departamento de Museologia (UFBA), do Programa Multidisciplinar de Estudos Étnicos e Africanos do Centro de Estudos Afro-orientais (UFBA) e do programa de Estudos Pós-graduados em Museologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia (Lisboa – Portugal). Doutor em História Social (PUC – São Paulo). Pesquisa as formas de representação dos africanos e afro-brasileiros em museus, no passado e presente, museologia e ações museológicas, com ênfase para a produção e análises de exposições relacionadas ao Patrimônio Africano e Afro-Brasileiro.
SOBRE A MEDIADORA
Denise Camargo é fotógrafa, doutora em Artes (Unicamp), mestre em Ciências da Comunicação (ECA-USP), graduada em Jornalismo (ECA-USP). Bolsista da Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), pelo Premio JT de Jornalismo. Atuou como fotojornalista e editora de veículos especializados na difusão cultural da fotografia brasileira. Foi docente do Bacharelado em Fotografia do Centro Universitário Senac, onde coordenou a Pós-graduação em Fotografia, até 2011. É pesquisadora do Grupo de Pesquisas da Imagem Contemporânea (GPIC) e realiza projetos culturais sobre cultura afro-brasileira, pela Oju Cultural.
Realizou diversas exposições, entre elas: Antologia da Fotografia Africana  (Revue Noire); São os filhos do deserto onde a terra desposa a luz; Herança Compartilhada; Privilégio do objeto, curadoria de Quilombolas, Tradições e Cultura da Resistência e coordenação editorial de livro homônimo. Contemplada com I Prêmio Nacional Expressões Culturais Afro-brasileiras (2010), com o Programa Cultura e Pensamento 2007 (Representação imagética das africanidades no Brasil) e 2010 (Corpo-imagem dos terreiros). Curadora do site www.oju.net.br, especializado em fotografia e representação visual da cultura de matriz africana.
Oficina Processos do Silêncio – Debate  30/08 das 19h às 21 no CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais, Praça Inocêncio Galvão, 42 – Largo 2 de Julho Salvador/BA transmissão ao vivo aqui

 

23.08.2012 | par martalanca | Bahía, jornalismo, religiões afro, Terreiros

A terceira diáspora, Hermano Vianna

Gosto de ver gente diferente em contato, colaborando para implodir guetos e identidades. Há uma década, Goli Guerreiro lançou A trama dos tambores: a música afro-pop de Salvador (Editora 34), leitura obrigatória para quem quiser falar qualquer coisa menos óbvia sobre o sucesso da revolução estética/industrial/social que ficou conhecida, primeiro pejorativamente, como axé music. Agora ela amplia e radicaliza sua análise dessa impressionante transformação com dois novos livros irmãos: Terceira diáspora: o porto da Bahia e Terceira diáspora: culturas negras no mundo atlântico, originados no blog Terceira Diáspora. São lançamentos, os livros, da editora Corrupio, que já nos brindou com, além de muita coisa essencial de Pierre Verger, alguns clássicos como Carnaval ijexá, de Antonio Risério, e O país do carnaval elétrico, de Fred de Góes. É preciso sempre saudar sua resistência editorialregional, fato raro (e a raridade é lamentável) em outros lugares do Brasil “fora do Eixo”.

Terceira diáspora é conceito para tentar entender o estado mutante das trocas culturais das culturas negras pós-internet. A primeira diáspora foi criada pelo tráfico negreiro. A segunda aconteceu quando populações descendentes de africanos negros se deslocaram novamente por vários continentes, mudando a cara de muitas cidades do mundo: haitianos em Nova York, senegaleses em Paris, surinameses em Roterdã e assim por diante. A terceira diáspora aconteceria agora, quando a comunicação entre todos esses mundos negros é facilitada por vídeos no YouTube, programas da rádio 1Xtra da BBC, arquivos torrent de cinema nigeriano, e muitos outros bytes.
Goli Guerreiro, mestre e doutora em Antropologia pela USP, pós-doutora pela UFBA, percorre as infovias e os caminhos “reais” entre os portos da terceira diáspora com voracidade antropofágica, produzindo novas informações (em textos e imagens), sampleando pensamentos, compondo um panorama ricamente fragmentado de links transculturais recém estabelecidos. Os livros não têm exatamente capítulos; são mais coleções de posts, todos com palavras-chave, remetendo uns aos outros, incentivando o(a) leitor( a)/usuário(a) a continuar a navegação em outras mídias.
No Culturas negras no mundo atlântico, podemos nos transportar do carnaval no casario Ginger Bread de Port of Spain, em Trinidad e Tobago, para o Festival de Vodun, em Uidá, no Benin, antes de mergulhar num maremoto de citações, com falas/escritos (muitas vezes saborosamente contraditórios) de gente como Cornel West e o DJ Thaíde.

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21.02.2011 | par martalanca | África-Brasil, Bahía, diáspora