Fotografia contemporânea polaca na Alemanha

Naturalmente, a co-produção internacional entre a Alemanha Ocidental, a Itália e a França com o título oficial em português “Os Corruptos”, de 1967, não podia ter o título “O Inferno de Macau” - quando estreou no Portugal salazarista.

Untitled from the series It’s hard to slay the dragon, but you must try (New Athens)Untitled from the series It’s hard to slay the dragon, but you must try (New Athens)

O filme, com o título da República Federal da Alemanha “Die Hölle von Macao” (ou seja, “O Inferno de Macau” em alemão), que já evocámos no Jornal Tribuna de Macau, foi parcialmente rodado no bairro da capital da RFA-República Federal da Alemanha, Spandau de Berlim Ocidental, nos CCC-Studios.

Para além do “Inferno de Macau” que “existiu” nesta parte excêntrica de Berlim, o distrito municipal de Spandau tem um “China-Restaurant Macao”.

Untitled from the series The horse you see is the horse you get (New Athens) Untitled from the series The horse you see is the horse you get (New Athens)

Untitled from the series It’s hard to slay the dragon, but you must try (New Athens)Untitled from the series It’s hard to slay the dragon, but you must try (New Athens)

O mesmo distrito tem ainda a sua Zitadelle (cidadela), uma fortificação com mais de 800 anos de história e hoje um dos principais lugares de eventos culturais e artísticos da capital alemã, que, apesar de ser maior, me faz lembrar a Fortaleza do Monte em Macau.

No mês de Setembro, foram aqui inauguradas duas exposições de arte. Uma foi a exposição de arte jovem de Berlim co-organizada pela conhecida Escola Superior de Arte Weissensee. A outra foi “Stage of Emergency: Polish Photo Arte Today”, fruto da curadoria de Grażyna Siedlecka, fundadora da plataforma fotográfica polaca “Fresh From Poland” e Jens Pepper, especialista alemão de fotografia.

Dxs 27 fotógrafxs representadxs e que são internacionalmente reconhecidxs destaco: Aneta Grzeszykowska e Michał Szlaga já exibiram trabalhos em Hong Kong, enquanto Diana Lelonek já foi apresentada no Festival de Fotografia de Lìshǔi. Filip Berendt, Piotr Zbierski e Witek Orski expuseram trabalhos em Kaohsiung, Taipé ou Xangai. Agnieszka Rayss fotografou Pequim, Lánzhōu e Dūnhuáng em 2016, num intercâmbio institucional entre a China e a Polónia. Também Adam Lach, Kuba Dąbrowski, Łukasz Wierzbowski, Weronika Gęsicka ou Zuza Krajewska, são conhecidos na grande esfera de língua chinesa através de críticas ou meios de comunicação. 

A exposição, que visa dar voz a uma jovem geração de fotógrafxs da Polónia, inclui ainda o trabalho de Irena Kalicka, jovem artista crítica à tendência do seu país em virar para a extrema-direita. Tive a oportunidade de apresentar uma fotografia dela na revista “Fantasia Macau” no ano passado.

Untitled from the series It’s hard to slay the dragon, but you must try (New Athens)Untitled from the series It’s hard to slay the dragon, but you must try (New Athens)

Sete fotografias de Kalicka “ilustram” com muita ironia, várias passagens de “Nova Atenas”, uma enciclopédia polaca escrita no século XVIII, encontrando-se em exposição na Cidadela de Berlim até ao primeiro dia do próximo ano. Cinco das mesmas estão disponíveis na biografia da autora no culture.pl, página electrónica promovida pelo Instituto polaco Adam Mickiewicz, equivalente ao Instituto Camões de Portugal.

Aqui apresento algumas fotografias de Kalicka e deixo-as “falar” axs leitorxs de BUALA.

Untitled from the series The horse you see is the horse you get (New Athens) Untitled from the series The horse you see is the horse you get (New Athens)

*Artigo originalmente publicado no Jornal Tribuna de Macau, Outubro 2022.*

O autor expressa o seu agradecimento a Jorge Veiga Alves pelas suas sugestões a fim de melhorar a redação em língua portuguesa deste artigo. No entanto, o autor assume a total responsabilidade pelo conteúdo.

por Cheong Kin Man
A ler | 13 Outubro 2022 | alemanha, Europa, Fotografia, fotografia contemporânea polaca, polónia