O Apelo da Liberdade, de Arlindo Manuel Caldeira

Sobre a resistência dos africanos à escravidão nas áreas de influência portuguesa.

Entre os séculos XV e XIX, quase 13 milhões de africanos, entre homens, mulheres e crianças, foram obrigados a deixar a sua terra, naquela que foi uma das mais numerosas e dramáticas deslocações forçadas da história da Humanidade.

A maioria deles teve de atravessar o Atlântico e tornou-se, no continente americano, a mão-de-obra fundamental nas plantações, nas minas ou nos serviços domésticos.

Mas como encaravam os escravizados a situação que lhes tinha sido imposta? A historiografia tradicional europeia e americana, de uma forma geral, considerou sempre que a atitude comum teria sido a passividade e o conformismo. Não foi, porém, assim. Um número significativo dos escravizados recusou-se a aceitar o estatuto que lhes determinavam e as obrigações a que eram sujeitos. Essa recusa, manifestada logo nos seus lugares de origem, nos navios em trânsito entre continentes ou já nos novos destinos, assumiu formas muito diversas, dos pequenos gestos de resistência até ao suicídio e à rebelião aberta, traduzida na fuga individual e colectiva ou na revolta organizada.

É sobre esses resistentes e o modo como encararam o apelo da liberdade que trata este livro, resultado da investigação inovadora de um especialista nesta área de estudo.

ARLINDO MANUEL CALDEIRA é licenciado em História e investigador do CHAM (Universidade Nova de Lisboa/Universidade dos Açores). Sobre a temática da presente obra, publicou, além de dezenas de artigos em revistas portuguesas e estrangeiras, os livros Escravos e Traficantes no Império Português: O Comércio Negreiro Português no Atlântico durante os Séculos XV a XIX (Lisboa, A Esfera dos Livros, 2013; Schiavi e trafficanti attraverso l’Atlantico, Milão, Mimesis Edizioni, 2020) e Escravos em Portugal: Das Origens ao Século XIX (Lisboa, A Esfera dos Livros, 2017). É também autor de Mulheres Enclausuradas: As Ordens Religiosas Femininas em Portugal durante os Séculos XVI a XVIII (Lisboa, Casa das Letras, 2017).

 

22.04.2024 | par martalanca | Arlindo Manuel Caldeira, liberdade

Abril Independente | Programação Especial Abril na Casa Independente

A CASA INDEPENDENTE APRESENTA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DE ABRIL

Abril Independente
(faccioso e não dormente)

O mês de Abril na Casa Independente, faz abrir muitas portas e janelas, para uma programação que se quer na rua e até ao telhado da Casa.

A data evoca muitas lutas e mais do que recriações este mês procura convulsões, com uma assinatura de programação a 4 mãos, o Take Over* da Casa alargou-se e estendeu-se à programação, que Roger Madureira (da Equipa da Casa) pensou com a Inês Valdez e com a Patrícia Craveiro Lopes, juntando ao trio Renata Sancho (Cineasta Portuguesa e que tem a seu encargo a produtora Cedro Plátano) para uma curadoria de cinema. Com este quarteto de tigresas, apresenta-se sob a égide de “O Serviço de Cirurgia Democrática” as intervenções que vão presentear os dias na Casa, com reflexão, arquivo, memória, luta, resistência e arte.

De 1 a 30 de Abril, os espaços da Casa, da entrada ao telhado, passando pelas varandas e paredes, cobrem-se de intervenções e instalações numa ocupação visual, que traz evocações de Ana Hatherly (1929-2015) à iconografia das pinturas murais revisitadas pelo olhar da equipa, e que reflectem as lutas activas de hoje e relembram a relevância que mantêm desde abril de 74, abordando temas como o colonialismo, a censura, a tortura, o exílio, sem deixar de lado a luta feminista.

De 2 a 30 de abril, às terças-feiras (2, 9, 16, 23 e 30 de abril), às 21H, o ciclo de cinema “Vejam Bem”, pensado e curado por Renata Sancho, oferece-nos um espaço de pensamento, com exibição de filmes seguida de conversa de contextualização e digestão. Neste ciclo procura-se recuperar olhares sobre a liberdade e registos como “O medo à espreita” & “Outra forma de Luta”, entre outros títulos cuidadosamente pensados para este mês e que introduzem diversas questões “quentes” do pós-25 de Abril, como a independência das ex-colónias.

E como Abril se fez e se cumpre na rua, é para a rua que segue a programação deste mês, na noite de 24 para 25 de Abril, sob a denominação de “Por teu Livre Pensamento”. Mais que recriações históricas, procuram-se convulsões heroicas, desse heroísmo que só se faz em modo colectivo, com todos no Largo do Intendente, e de participação aberta a todos, com uma apresentação única de videomapping analógico na fachada da Casa Independente. Um mapeamento de retropojectores, manipulados humanamente e em directo, com muita margem para erros, como a vida, pensando no que seria o videomapping há 50 anos sem os recursos existentes hoje. Uma performance duracional, multidisciplinar, activa e política que a todos convoca para a luta activa contra uma ideia de falsa democracia. Nesta noite com performance e instalações que congrega música e muitas outras intervenções surpresa pensadas para este momento, em que se grita que estarmos vivas e activas na Casa Independente, tem um duplo sentido: a liberdade e a resistência, e o fim de um edifício, mas não o fim de um projecto.

Já depois da meia noite, dentro da Casa Independente, Bruno Huca que é actor e é cantor, sendo os dois apenas este corpo, esta alma com pés no chão e carapinha no céu, apresenta-se em concerto, numa noite que será de entrada livre (até à lotação da Casa). Mais surpresas serão anunciadas em breve.

Para além da programação especial de Abril, que evoca todos os sentidos, a Casa mantém a programação regular que promete transformar as noites de fim de semana em momentos de luta e glória, com as habitués DJ Set pelo mês dentro: SELECTA ALICE (5 Abr), LADYG BROWN (6 Abr), SUGU (12 Abr), FIDJU-FEMA (13 Abr), RITA SÓ (19 Abr), PIRIQUITOS MUITOS (20 Abr), LEO SOULFLOW (26 Abr), SIR SCRATCH + DOM MAC I (27 Abr); todas as sextas e sábados de abril, com bilheteira à porta.

Comecem as mobilizações e as festividades, em Abril, resistências mil, na Casa Independente para toda a gente.

*O Take Over é uma iniciativa interna da Casa, que dá a vez e a voz, mensalmente, a uma pessoa da equipa para assumir a comunicação da programação. Iniciada em Março com Marcos, gerente da Casa, o mês de Abril abre as portas ao Take Over do Roger, que se envolveu também no desenho da programação especial de Abril. Todo o programa foi pensado a partir de elementos físicos e de memória da Casa e edifício, evocando os princípios de luta activa, mais que nunca, e trazendo para as diferentes secções da programação, detalhes da Casa, como por exemplo o facto do edifício ter albergado na sua história a Associação do Livre Pensamento; ou ainda o detalhe da sala de trabalho interna ter sido em tempos o Serviço de Pequenas Cirurgias, entre outros detalhes que nortearam e inspiraram o programa que a equipa agora apresenta.

 

03.04.2024 | par mariana | 25 de abril, 50 anos do 25 de abril, casa independente, inauguração, liberdade

CCB - Ciclo de conferências «Outros Espaços» Tema 2024: «As margens da liberdade»

https://www.ccb.pt/evento/ciclo-de-conferencias-outros-espacos/2024-03-0...

 

DATAS / HORÁRIOS

24 fevereiro, 9 março, 13 abril, 11 maio, 22 junho de 202415:00

Auditório do MAC/CCBA participação será gratuita, mediante aquisição do bilhete de entrada no museu.

O ciclo de conferências «Outros Espaços» é uma parceria entre o Centro Cultural de Belém, a Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação (ECATI) e o Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias (CICANT) da Universidade Lusófona — Centro Universitário de Lisboa.

 

Apresentando-se como um espaço de diálogo plural, esta parceria procura ligar a produção académica e científica à comunidade e proporcionar a transmissão de conhecimento. A ação que cada instituição leva a cabo contempla a ativação de sinergias temáticas entre áreas como as artes visuais, o cinema, as artes cénicas e as artes sonoras, a comunicação e a cultura, a arquitetura e os novos dispositivos digitais.

«As margens da liberdade», 2024

 O tema para a programação do ano de 2024 centra-se no pensamento das margens da liberdade em todas as suas vertentes — das artes visuais, passando pelo cinema, à arquitetura, ao conceito do político e à cultura em geral. Num ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, sem nos querermos sobrepor a programações atinentes às celebrações, propomos pensar como, em momentos de cerceamento da liberdade, em espaços de movimento direcionado, o ser humano foi, tanto individualmente como em comunidades constituídas para o efeito, reagindo aos limites que lhe eram impostos. Dessa forma, criaram-se momentos e espaços em que a experiência individual e coletiva, de forma mais explícita ou mais sub-reptícia, soube alargar as imposições que cada instante histórico e os seus lugares iam condicionando.

 

24 de fevereiro | 15:00

Margens da Igreja durante o Estado Novo: D. António Ferreira Gomes e D. Sebastião Soares de Resende

Conferência por Moisés Lemos Martins

 

Quando das eleições para Presidente da República, em 1958, D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, escreveu uma carta a Salazar que lhe valeu dez anos de exílio, entre 1958 e 1968. O bispo reprovava a situação interna do país: o país «do pé descalço, do maltrapilho, do farrapão» era, além disso, um país sem liberdade.

Por outro lado, D. Sebastião Soares de Resende, que foi o primeiro bispo da Beira, entre 1943 e 1967, em Moçambique, logo em 1944 denunciou «a escravatura» que imperava na Beira. E depois, no Concílio Vaticano II (1962–1965), foi o único bispo português a denunciar as ditaduras e o colonialismo. Os dois bispos representavam, todavia, uma Igreja das margens durante o Estado Novo.

 

Em 1949, Salazar escreveu o seguinte: «Portugal nasceu à sombra da Igreja, e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do carácter do povo português. Nas suas andanças pelo Mundo — a descobrir, a mercadejar, a propagar a fé — impôs-se sem hesitações a conclusão: português, logo católico.»

 

Agradecido a Salazar, o episcopado português sempre demonstrou obediência e reverência ao Estado Novo, uma situação a que apenas o 25 de Abril de 1974 veio pôr cobro.

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9 de março | 15:00

Como defender os direitos humanos na era digital?

Conferência por Maria Eduarda Gonçalves

 

A Internet converteu-se no espaço público do século XXI. Inicialmente apresentada como promessa de maior liberdade de expressão e comunicação, a Internet, na era das plataformas digitais, tem visto crescer uma apreensão generalizada não só quanto aos seus impactos potencialmente adversos na saúde pública, na polarização social e na difusão de fake news e discursos de ódio, mas também quanto ao poder excessivo das big tech que a dominam.

Na União Europeia, a resposta a estes desafios encontrou expressão num corpus legislativo inovador no contexto global em domínios como a proteção de dados pessoais e a regulação dos serviços digitais e da inteligência artificial. Naquilo que se revela uma característica assinalável desta legislação, foram delegadas importantes responsabilidades regulatórias aos próprios operadores tecnológicos em detrimento da autoridade pública — uma opção, todavia, controversa.

 

A este respeito, será legítimo falar de uma mudança do paradigma público convencional do direito e da regulação em virtude de um paradigma de natureza privada? E fará sentido imaginar um novo momento constituinte que permita adaptar às realidades da era digital tanto o regime das liberdades e direitos fundamentais como o controlo dos poderes?

 

https://ciencia.iscte-iul.pt/authors/maria-eduarda-goncalves/cv

https://www.researchgate.net/profile/Maria-Eduarda-Goncalves-2

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13 de abril | 15:00

Novilínguas e Liberdade de Expressão: Novas Margens

Conferência por Teresa Maia e Carmo

 

O logro em que se vem transformando a própria designação da liberdade de expressão — direito constitucionalmente garantido, mas hoje atravessado por diferentes apropriações societais moldadas por algoritmos opacos — convoca um revisitar das novas tessituras entre discurso e poder(es) na contemporaneidade mediática.

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11 de maio | 15:00

Pedagogia da memória, lembrar para desaprender:

Notas a partir do projeto Sala Colonial (Lamego, 2021–2024)

Conferência por Catarina Simão

Em 1980, a direção do antigo Liceu de Lamego entregou ao museu da cidade cerca de 300 artefactos africanos que faziam parte do espólio da Sala Colonial existente naquela escola desde 1938. A Sala Colonial foi um modelo escolar de exaltação nacional que, durante o Estado Novo, serviu a propaganda do «Império Português em África». No pós-25 de abril, a desativação dessa sala constituiu um primeiro gesto para se desembaraçar das marcas desse episódio singular de pedagogia fascista e racista. Mas os problemas profundos ligados à descolonização permaneceram no modelo pedagógico de conhecimento «sobre África», estendendo-se transversalmente às práticas museográficas e de arquivo, absorvidas pela inércia geral do modo pensante cristalizado nos instrumentos de classificação e de acesso. Em 2022, a convite do Museu de Lamego e da Escola Secundária de Latino Coelho — o antigo Liceu de Lamego —, este episódio foi problematizado por via de um projeto iniciado pela artista portuguesa Catarina Simão. 50 anos passados sobre o 25 de Abril de 1974, muito tem falhado no exercício de reconhecer e exorcizar o nosso legado colonial. É no aspeto confessional do seu arquivo, no confronto da sua exposição, que deveria, por fim, residir a força para colocar a nossa história ao serviço das exigências antirracistas de hoje.

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22 de junho | 15:00

Margens de certa maneira: revolução no cinema

Conferência por Maria do Carmo Piçarra

Esta conferência aborda imagens cinematográficas revolucionárias invisibilizadas por um certo modo de «governar a memória». Através da análise de imagens, resgatadas da sua «não-inscrição», proponho considerar persistências e ruturas na projeção — nacional e dos países e territórios da CPLP — através do cinema.

16.02.2024 | par Nélida Brito | arte, cinema, internet, liberdade, memória

8 de Fevereiro de 2024 - Inauguração da exposição “Liberdade - Portugal, lugar de encontros” na UCCLA

No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a UCCLA vai inaugurar a exposição “Liberdade - Portugal, lugar de encontros” no dia 8 de fevereiro, às 18 horas. 

Com curadoria de João Pinharanda, a exposição pretende dar voz à expressão artística propiciada pela conquista da Liberdade em Portugal. Com o 25 de Abril de 1974 e o fim da Guerra Colonial criaram-se condições para uma multiplicidade de encontros.

Na seleção curatorial de João Pinharanda são-nos apresentados 28 olhares artísticos contemporâneos, oriundos dos países que se expressam oficialmente em língua portuguesa. Estes artistas têm em comum o facto de terem tido ou ainda terem em Portugal um lugar de encontro e trabalho, que pode não ser central nem determinante no seu olhar, mas que não deixa de ser um laço, com a restante realidade artística. A manifesta pluralidade de perspetivas decorre não só da diversidade de origens geográficas e das vivências pessoais, que moldaram a respetiva sensibilidades e criatividade individual. 

A mostra assume-se como uma exposição de cruzamentos e de encontros, daqueles que partiram e regressaram, dos que chegaram e ficaram, ou partiram de novo, ou nunca mais regressaram… Mas todos eles olharam para Portugal e registaram um encontro em imagens; ou olharam, a partir de Portugal, para os seus próprios mundos. Fizeram-no com Liberdade criativa e crítica, oferecendo-nos peças de um puzzle que outros artistas completarão e que nós próprios somos chamados a completar.

De destacar as múltiplas as técnicas utilizadas na produção das peças expostas, que incluem pintura, serigrafia, fotografia, escultura, azulejo e tapeçaria.  

As obras presentes permitem-nos viajar à descoberta de um mundo onírico e de criatividade onde se percecionam muitas das influências que inspiraram estes artistas e as respetivas gerações, com especial destaque para a expressão da liberdade e do espírito anticolonial, as influências espirituais ou religiosas, as influências culturais e literárias e as questões relacionadas à identidade.  

 

A entrada é livre.

A exposição engloba um núcleo no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), que será inaugurado no dia 15 de fevereiro. 

 

Lista de artistas expostos:

Abraão Vicente Alfredo Cunha

Ana Marchand

Ângela Ferreira

António Ole

Carlos Noronha Feio

Cristina Ataíde

Emília Nadal

Eugénia Mussa

Fidel Évora

Francisco Vidal

Gonçalo Mabunda

Graça Morais

Graça Pereira Coutinho

Herberto Smith

Joana Vasconcelos

José de Guimarães

Keyezua

Manuel Botelho

Mário Macilau

Nú Barreto

Oleandro Pires Garcia

Pedro Chorão

Pedro Valdez Cardoso

René Tavares

Vasco Araújo

Vhils (Alexandre Farto)

Yonamine


Morada:

UCCLA - Avenida da Índia, n.º 110 - Lisboa

CCCV - Rua de São Bento, n.º 640 - Lisboa

Horário:

UCCLA - 8 de fevereiro a 10 de maio de 2024 

Segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas

CCCV - 15 de fevereiro a 15 de abril de 2024 

Terça a quinta-feira, das 12 às 19 horas; Sexta e sábado, das 13 às 20 horas

 

30.01.2024 | par mariana | 25 de abril, 50 anos do 25 de abril, exposição, liberdade, uccla

Comemorações do 25 de Abril

A um ano de comemorarmos o 50.º aniversário do 25 de Abril, aqui estamos de novo parafestejar esse heróico levantamento militar do Movimento das Forças Armadas que pôs fim a48 longos anos de obscurantismo e ditadura fascista.Comemorar o 25 de Abril é festejar aquela madrugada por que tanto esperava o povoportuguês para emergir da noite e do silêncio e poder construir, em liberdade, uma sociedadedemocrática, justa e inclusiva. Por isso o povo saiu à rua e juntou-se aos heróicos capitães paradar corpo à Revolução de Abril: conquistaram-se liberdades e garantias, direitos políticos,económicos, sociais e culturais, afirmou-se a soberania e independência nacionais – princípios,direitos e garantias consagrados na Constituição da República Portuguesa.Uma sociedade democrática, justa e inclusiva constrói-se ou desconstrói-se conforme asopções de políticas públicas e a capacidade de participação dos cidadãos. Por isso, desde o 25de Abril de 1974, tem havido avanços e recuos nessa construção. Persistem discriminaçõespor género, idade, deficiência, origem étnica ou carências de ordem socioeconómica que seagravaram com a pandemia COVID 19 e com o recente, aumento do custo de vida que está acriar cada vez mais desigualdades em Portugal. São de valorizar e continuar a defender osavanços nas garantias e liberdades individuais, no reconhecimento dos direitos das minorias edo direito à diferença.Há, pois, que continuar a lutar para cumprir Abril porque cumprir Abril é garantir que todos osportugueses tenham acesso a pensões, reformas e salários dignos, à saúde, educação, cultura,habitação porque, como diz o poeta, sem isso não há liberdade a sério. Cumprir Abril écontribuir para a construção de uma sociedade em que se possa viver com dignidade, nummeio ambiente amigo da natureza, em que a Paz, o diálogo e a cooperação entre as Nações eos Povos sejam uma realidade.Para cumprir Abril é preciso defender e reforçar o Serviço Nacional de Saúde, essa construçãomaior da democracia, sem o qual teria sido impossível combater eficazmente a pandemia doCOVID 19, dotando-o dos meios necessários e compensando os profissionais de saúde deforma digna e consistente.Para cumprir Abril é preciso investir na Educação, respondendo ao clamor dos seusprofissionais de forma a poder aplicar-se efetivamente os desígnios da Escola Inclusiva.Para cumprir Abril é preciso investir na Cultura, pois é pela Cultura que se preserva a memóriaidentitária dos povos, sem a qual o futuro fica comprometido, não esquecendo que a práticado desporto é um fator dinamizador da consciência coletiva, sobretudo na juventude.Para cumprir Abril é preciso garantir o direito à habitação, em condições de habitabilidade ede acessibilidade.Para cumprir Abril é preciso combater a pobreza e o agravamento das desigualdades sociais.Nesse combate ocupa lugar de destaque a valorização dos direitos laborais, pondo fim àprecarização do trabalho e aos baixos salários, mas, também, é preciso aumentar as reformase pensões e garantir uma efetiva proteção dos grupos sociais mais vulneráveis emarginalizados.Para cumprir Abril deve ser reconhecido o combate às alterações climáticas, entendendo quepartilhamos todos o mesmo desafio existencial e que temos uma responsabilidadeintergeracional, de deixarmos um mundo melhor para as próximas gerações.Para cumprir Abril é preciso que a todos seja garantido o direito de acesso à Justiça.Em todas estas dimensões é preciso avançar.


As enormes marcas negativas que a guerra colonial deixou na sociedade portuguesaprovocaram no nosso povo um profundo sentimento de defesa da Paz, objectivo assumido naConstituição da República Portuguesa que garante a soberania e independência , preconizandoa criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entreos povos e os Estados, em particular no reforço da identidade Europeia e nos laçosprivilegiados de amizade e cooperação com os países de Língua Portuguesa.Face ao recrudescimento de expressões reacionárias de cariz racista, xenófobo,antidemocrático e fascista, afirmamos que estamos unidos na convicção de que os valores deAbril estão bem presentes na história, na identidade de Portugal e dos portugueses e que tudofaremos para combater ideias e acções que ataquem Abril e a Constituição da RepúblicaPortuguesa que corporiza os seus valores.A todos quantos se revejam nos valores constantes neste Apelo da Comissão Promotora dasComemorações Populares do 25 de Abril, que se juntem e participem no Desfile Popular, às 15horas do dia 25 de Abril de 2023, no Marquês de Pombal/Avenida da Liberdade.Viva o 25 de Abril!

24.04.2023 | par mariadias | 25 de abril, desfile, liberdade, participação

Terra (In)submissa, instalação de Bruno Moraes Cabral e Kiluanji Kia Henda

Relatórios oficiais inéditos sobre os estabelecimentos prisionais portugueses em Angola e Moçambique revelam condições de detenção desumanas. Com o advento das lutas independentistas, o regime lança grandes empreendimentos para criar novos estabelecimentos modelo, mas neles famílias inteiras são reclusas e forçadas ao trabalho. Esta vídeo-instalação também reflete, de forma mais poética, sobre a ideia de liberdade e resistência. Uma narração fictícia intemporal, que cria um contraponto com as imagens de arquivo e a sua dimensão histórica. Uma obra de Kiluanji Kia Henda e Bruno Moraes Cabral sobre a privação de liberdade mais extrema da época colonial e, ao mesmo tempo, a ficção como o derradeiro espaço de resistência.

Museu do Aljube, Lisboa, de 23 de fevereiro a 31 de março


22.02.2023 | par martalanca | Bruno Moraes Cabral, instalação, kiluanji kia henda, liberdade, prisão, video

REVOLUÇÃO, HISTÓRIA E DEMOCRACIA - Programa de Iniciativas do IHC pelo Aniversário do 25 de Abril

Ciclo de iniciativas do Instituto de História Contemporânea, a pretexto de mais um Aniversário do 25 de abril de 1974.

Todas as iniciativas serão transmitidas no canal youtube do Instituto. Participam nas iniciativas: José Pedro Castanheira, Amália Rodrigues, Manuel Deniz Silva, Miguel Carvalho, Nuno Domingos, Raquel Ribeiro, Flávio Almada (lbc), Inês Galvão, Amílcar Cabral, Susana Peralta, Ana Ferreira, Cláudia Ninhos, Jorge Pedreira, Inês Brasão, João Leal, Inácia Rezola, Pedro Rei Silva, Edgar Silva, Pedro Ramos Pinto, Madalena Meyer Resende, António Costa Pinto, Pedro Aires de Oliveira, Rita Narra Lucas, Luís Trindade, Ricardo Noronha, Rita Luís, Rui Lopes.

09.04.2021 | par Alícia Gaspar | 1974, 25 de abril, democracia, história, instituto de história contemporânea, liberdade, revolução

A transfiguração do “Globo”

A 3ª edição do F. Globo acontece de 26 a 31 de Janeiro próximo, no Hotel Globo, na baixa de Luanda. Mais de uma dezena de artistas multidisciplinares desafiados e inspirados pela liberdade apresentam uma mostra colectiva inusitada. 

Criações sem fronteiras, despojadas, provocadoras e indiferentes a regras de qualquer espécie, são o cunho F. Globo. Numa rota única, contrária ao convencional, instituída por curadores e galerias, os artistas são o elemento activo, entregues à transformação influenciada pelos seus parceiros, o espaço, o meio ambiente…

Nesta 3ª edição há mais artistas e mais quartos de hotel abertos à criatividade desprendida. Sem uma predefinição temática, a curadoria serve apenas para criar uma dialéctica entre os trabalhos desenvolvidos por cada artista durante o período do evento. Sendo que o ponto de partida da produção artística é a interacção, o diálogo e a partilha de ideias de um colectivo que nesta edição é composto por:
João Ana e Elepê
Alekssandre Fortunato        
Keyezua                     
Ery Claver
Tho Simões   
Daniela Vieitas + Muamby Wassaky                      
Toy Boy
Kiluanji Kia Henda  + Colectivo Verkron
Edson Chagas                        
Gretel Marin
Kalaf Epalanga e João Ana (Curadores)
André Cunha (Produção)

A mostra temporária decorre em cinco dias. A partir do dia 26 de Janeiro a exibição inicia-se todos os dias às 19 horas, até 31 de Janeiro. A entrada é livre.
O F. Globo vai além do simples acto de pendurar quadros numa parede ou sequer existe para fins comerciais. É o espírito voluntário dos artistas que financia a iniciativa e, desta forma, garantem independência total em relação às instituições ou patrocínios, permitindo-lhes uma abordagem autónoma sobre temas culturais, sociais e políticos, arriscando apresentar novos sentidos estéticos e conceptuais.
A primeira edição do F.Globo em Dezembro de 2015 contou com a participação de 6 artistas: Kiluanji Kia Henda, Edson Chagas, João Ana, Elepê, Orlando Sérgio e Marcos Kabenda. A segunda edição ocorreu em Julho de 2016 e participaram 9 artistas: Keyezua, Kiluanji Kia Henda (curador), André Cunha (curador), João Ana, Elepê, Angel Ihosvanny, Thó Simões, Ery Claver, Irina Vasconcelos e Muamby Wassaky.

24.01.2017 | par marianapinho | espaço, fronteiras, Fuckin' Globo, galeria, Hotel Globo, liberdade, Luanda, meio ambiente

Metade do Mali agora independente!

Today, 6 of April 2012 the National Movement of the Azawad (MNLA) stoped all military operations and has proclaimed the independance of the Azawad

05.04.2012 | par ritadamasio | independência, liberdade, mali, rebelião

A Libertação pela Revolução

A revoluçao tunisina, como aliàs a egípcia, foi desencadeada pelos jovens das camadas mais desfavorecidas da sociedade, oriundos muitas vezes das regiões mais pobres do pais. No entanto, mesmo antes destas revoluções terem resultado na demissão ou na fuga dos respectivos ditadores, os americanos (oportunistas como são), através da influência sobre os tecnocratas em exilio (formados no seu território), fizeram tudo para recuperar os frutos dos sacrifícios do povo. Estes tecnocratas, agora em função nas altas instâncias do Estado aproveitam-se da tranformação do regime, guardando os seus interesses intactos assim como os dos seus protectores oficiais.

Nada de novo, nada de complexo, nada de insólito (as maneiras de agir dos americanos já foram desmontadas de A a Z).


O mais interessante disto tudo, nem são tanto os mecanismos pelos quais os tecnocratas dos novos regimes sao submetidos à influência do poder americano, mas o processo pelo qual as reivindicações de base destas revoluções foram reduzidas, pelo intermediário entre outros dos media, ao simples ideal de Liberdade à maneira ocidental. O slogan em comum destas duas revoluções abrangia um espectro muito mais amplo de projecto de sociedade como a justiça, a dignidade e a independência nacional. Esta última reivindicação, longe de se esgotar nas fronteiras de um Estado-Nação, diz respeito acima de tudo a uma soberania nacional (do povo, da cultura arabo-muçulmana) anti-imperialista. Em países com um passado colonial pesado e cujas formas e organização social autóctone foram destruídas, a liberdade como bem absoluto individual só faz sentido se a colectividade « maitrise » os seus próprios valores (a todos os níveis) : « Faire sauter le monde colonial est désormais une image d’action très claire, très compréhensible et pouvant être reprise par chacun des individus constituant le peuple colonisé. ” Frantz Fanon
Hoje, na Tunísia pós-eleitoral, os franceses foram desonrados e os islamistas Ennahda (força liberal) constituem um prolongamento do poder dos países do eixo petrodollar. No Egipto, em particular, o exército está associado aos americanos desde a presidência de Muḥammad as-Sādāt em 1970 até aos « negociatas » e políticos corruptos de Hosni Moubarak. A uma semana das eleições, o povo ocupa novamente a Praça « Tharir » (praça Emancipação/Libertação) consciente do papel da ingerência americana no exército e nos seus aliados políticos (protesto que começa a alastrar-se por outras regiões). O exemplo máximo desta ingerência são as armas (made in USA) utilizadas hoje para punir o povo na praça (ouvido numa entrevista a um manifestante). As reivindicações destes novos ocupantes insistem sobretudo em dois pontos : criar um organismo apto a julgar os políticos e « negociatas » corruptos ; criar uma presidência civil contra a oligarquia militar.
As previsões eleitorais são óbvias : os islamistas liberais (partido da Liberdade e da justiça) vão sair vencedores no Egipto. Partido da mesma tendência do Ennahda na Tunisia, ou seja, agentes políticos do movimento dos « irmãos muçulmanos » diferente do movimento islamista jihadista anti-americano. Excusado seria dizer que o partido da liberdade e da justiça faz aliança com os militares. Estes mesmos que o povo quer desarmar.
Enquanto o governo provisório já se demitiu, os militares abriram retoricamente um antecedente perigoso : « um milhão, dois milhões na rua não representam o povo egípcio ». Os indignados em Madrid ou em NY também não…. Não somos de facto os 99%.

Shift no Spectrum

22.11.2011 | par martalanca | Egipto, liberdade, primavera árave. revolução, Tunisia