Conversas por Fazer”: Joacine Katar Moreira e Ellen Lima Wassu

Conversas por Fazer”, promovido pelo colectivo O Lado Negro da Força, regressa ao Goethe-Institut no próximo dia 2 de Setembro, às 15h, para mais uma discussão temática. Com o título “Dívida histórica: como reparar os crimes do passado?”, o encontro vai juntar à conversa a historiadora Joacine Katar Moreira, e a poeta e investigadora Ellen Lima Wassu. Enquanto Joacine apresentou na Assembleia da República, em 2020, uma proposta para implementação de um programa de “descolonização da cultura”, prevendo a restituição aos países de origem, de “todas as obras, objectos e património trazidos das ex-colónias”, Ellen integrou a “Oficina de Reparações” que, no passado mês de Julho, emitiu a “Declaração do Porto”, para “alargar e aprofundar o debate sobre reparações históricas em Portugal”. A entrada é livre.

30.08.2023 | par martalanca | Ellen Lima Wassu., joacine katar moreira

Teleteatro de Bissau

Teleteatro de Bissau é uma mostra de teleteatros guineenses, realizados na Guiné-Bissau e na sua diáspora em Portugal. Geradores de fluxos artísticos entre geografias, dão a conhecer, com humor, formas de invisibilidade social, nomeadamente os desafios de quem luta por uma vida melhor, emigrando ou dubriando …. 

Calendarização 

2 de Setembro

Barafunda (2006; 118’) de Mário de Oliveira

Sinopse: História de uma família de classe média baixa de Bissau, em que o pai não consegue mais ser o provedor da família, e a mãe tem de assumir esse papel, vingando na economia informal. Esta foi a história vivida à época por muitas famílias, para responder à crise económica e política que assolou o país, desencadeando transformações estruturais na sociedade.

9 de Setembro 

Lixo de Europa (2022; 8’) de Nbana Kabra & Samba Tenen

Sinopse: Curta-metragem sobre emigrantes respigadores, nos contentores de lixo na zona de Queluz. 

Fera di Bamdé (2018; 10’) de Nelka Lopes

Sinopse: História de uma mulher, que foi repatriada para a Guiné-Bissau. Retratando o quotidiano guineense, o filme foi realizado no Carregado, em Portugal.

A Lisboeta (2023; 28’) de Tcharlaça Comedy Bissau

Sinopse: Depois de viver muitos anos em Lisboa, uma mulher regressa à Guiné-Bissau, para tentar a sua sorte. 

Poder di Tchom (2022; 22’) de Tcharlaça Comedy Bissau

Sinopse: As aventuras de um jovem guineense que deseja imigrar para a Europa.

30.08.2023 | par martalanca | Bissau, Teleteatro

Terra e Democracia

segundas, 19-23h, sala 105,  FFLCH, https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=112797

Jean Tible jeantible@usp.br

Em Discurso sobre a origem os fundamentos da desigualdade entre os homens (1754), Jean-Jacques Rousseau situa a questão da propriedade da terra como cerne da irrupção da desigualdade. Em célebre passagem, o filósofo de Genebra imagina essa virada: “O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, quantas misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, houvesse gritado aos seus semelhantes: ‘Evitai ouvir esse impostor. Estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não é de ninguém!’”

A questão dos cercamentos aparece em contexto bastante distinto, em publicação recente (2010) de um pensamento antigo. O que costumamos chamar de “meio ambiente”, insiste Davi Kopenawa em A queda do céu, é composto tanto por humanos quanto pelos “xapiri, os animais, as árvores, os rios, os peixes, o céu, a chuva, o vento e o sol! É tudo o que veio à existência na floresta, longe dos brancos; tudo o que ainda não tem cerca. As palavras da ecologia são nossas antigas palavras, as que Omama deu a nossos ancestrais”. Os processos de colonização buscam ignorar e aniquilar essa multiplicidade de seres-habitantes dessas espacialidades. Pode-se compreender desse modo o conceito jurídico de terra nullius – clássica aspiração tirânico da página em branco sobre a qual escreve fortes páginas Naomi Klein em A doutrina do choque, analisando os planos neoliberais do poder dos anos 1970 para cá.

Em seus estudos acerca do sistema político-econômico capitalista ao qual se dedicou toda sua vida, Karl Marx opõe a propriedade comunal – que seria no princípio generalizada – à privada. Se nos Manuscritos Parisienses (1844), o pensador europeu caracteriza “a propriedade fundiária” como “raiz da propriedade privada”, em A nacionalização da terra (1872) defende que “a propriedade do solo é a fonte original de toda riqueza, e ela se transformou no grande problema cuja solução determinará o futuro da classe operária”. Salienta, ademais, que juristas, filósofos e economistas “disfarçam esse fait initial da conquista sob o argumento do ‘direito natural’” – evidentemente direito natural de alguns. Seu primeiro texto sobre uma questão material, no qual acompanha a discussão na Dieta renana para definir se a prática tradicional de colheita da lenha por parte dos pobres configurava-se num roubo ou não. Com a madeira valorizada por sua integração no circuito mercantil, havia uma pressão dos proprietários de terra para transformar a colheita da lenha em delito. A alternativa a isto seria sua manutenção como bem para satisfação de necessidades elementares e um embate, então, ocorre entre duas formas de direito, o de propriedade e o dos costumes, que incluía direito de passagem, de pasto e colheita de lenha. Estava, assim, em jogo a definição da propriedade.

Tal questão da terra é onipresente em certos debates político-intelectuais. Ativo participante da República dos Conselhos da Bavária em 1919, o poeta e anarquista Gustav Landauer percebe “o combate do socialismo” como “um combate pelo solo”. O capitalismo somente existe pelo fato de as “massas serem sem-terra” e a revolução se sintoniza com uma grande transformação no regime da propriedade fundiária, na qual o chão “volta a ser o portador da vida comum e da obra comum”. Em outro contexto, movimentos formulam essa antiquíssima demanda por justiça com o lema de terra e liberdade, do México revolucionário e da resistência ao jugo czarista à Catalunha em ebulição passando pela multiplicidade de mobilizações camponesas atravessando tempos e espaços.

Propõe-se, desse modo, estudar essas questões, da terra e da democracia, articuladas. Tal esforço é efetuado a partir do Brasil, mas em conexão com processos de outras partes do planeta. Num primeiro momento, trata-se de compreender o surgimento do capitalismo e seu longo confronto com práticas de coletividades dissidentes, desde as comunidades anabatistas no século 16 no coração da Europa às organizações comunais dos povos indígenas, quilombolas e camponeses nas Américas. A segunda parte busca apreender a privatização da terra em três sessões: a história do Brasil, desde seu início, como apropriação fundiária; a atuação do ator econômico e político do agronegócio e o caso californiano de articulação entre acaparamento de terras rurais e economia carcerária.

A seção final do curso se dedica a experiências de retomadas, com dois exemplos históricos (a cabanagem, no Pará do início do século 19 e a revolução no México em 1910) e de um caso contemporâneo no extremo-sul da cidade de São Paulo. No fim de sua vida, Marx se debruça, para a redação do volume 3 de O Capital, sobre as sociedades agrárias. Recebe do historiador russo Kovalevsky seu livro Obshchinnoe Zemlevladenie e (re)pensa a distinção entre posse e propriedade da terra e sublinha a impossibilidade de aplicar o mesmo conceito de ‘propriedade’ usado para a Europa, para estudar sociedades onde a terra não pode ser alienada (vendida). Marx troca, num ponto que Oswald de Andrade enfatizará depois, sistematicamente “propriedade” por “posse” nesses chamados Cadernos Kovalevsky, indicando a comunidade/comuna como proprietária, ou melhor, possuidora da terra. À apropriação capitalista, pode ser contraposta outra, a reapropriação como retomada. Essa palavra não diz respeito a um tomar para si e ser dono absoluto de uma terra a ser dominada, mas de conviver e adaptar-se a ela, em consonância com os desafios urgentes (dada a emergência climática) de outras compreensões de naturezas-culturas e com inúmeras práticas cotidianas dos povos da terra. Por fim, a última sessão é dedicada à um debate a respeito dos elos costurados entre lutas pela terra e aspirações democráticas.

14 de agosto

abertura

Davi Kopenawa e Bruce Albert. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami.

São Paulo, Companhia das Letras, 2015 [cap. 23. O espírito da floresta].

Gustav Landauer. “The settlement” (1909) em Gabriel Kuhn (org.) Revolution and Other Writings: A Political Reader. Oakland, PM Press, 2010.

Manuela Carneiro da Cunha. “Povos da megadiversidade: o que mudou na política indigenista no último meio século”. Revista Piauí, n. 148, janeiro de 2019.

Habitantes da ZAD, Notre-Dame-des-Landes. Tomar a terra. São Paulo, Glac, 2021 [2019].

José Celso Martinez Corrêa. Sertões: histórias de Canudos. Instituto Moreira Salles, 3 de julho de 2019.

terras cercadas

21 de agosto

cristãos, comunistas, hereges

Friedrich Engels. “As guerras camponesas na Alemanha” (1850) em A Revolução antes da revolução – Vol. 1. São Paulo, Expressão Popular, 2008. [trecho]

Ernst Bloch. Thomas Müntzer, teólogo da revolução. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1973 [1921]. [trecho]

complementar:

Thomas Müntzer. Sermão aos príncipes, 1524.

Dagmar Talga. O Voo da Primavera (2019) - documentário sobre a vida de dom Tomás Balduíno.

28 de agosto

comum contra capital

Karl Marx. Os despossuídos: debates sobre a lei referente ao furto de madeira. São Paulo, Boitempo, 2017 [1842]. [trecho]

Karl Marx. O Capital: crítica da economia política (livro 1: o processo de produção do capital). São Paulo, Boitempo, 2013 [1867] [Capítulo 24 – A Chamada Acumulação Original].

complementar:

Troca de cartas entre Karl Marx e Vera Ivanovna Zasulitch (1881) em Michael Löwy (org.) Lutas de classes na Rússia. São Paulo, Boitempo, 2013. [trecho]

Pierre-Joseph Proudhon. O que é a propriedade? ou Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo. São Paulo, Martins Fontes, 1988 [1840]. [capítulos 1 e 2]                      

4 de setembro

antagonismo ameríndio

com Marina Ghirotto Santos e Salvador Schavelzon

Marina Ghirotto Santos. Conversas com florestas viventes: política, gênero e festa em Sarayaku (Amazônia equatoriana). Tese de doutorado em Antropologia Social, FFLCH/USP, 2023 [cap. 3 Terra: formas de cuidar e viver bonito].

complementar:

Ailton Krenak. “A Aliança dos Povos da Floresta” (entrevista de A. Krenak e Osmarino Amâncio, por Beto Ricardo e André Villas Boas, 10 de maio de 1989) em Sergio Cohn (org.) Encontros. Rio de Janeiro, Azougue, 2015.

Edward Valandra. “Mni Wiconi: water is [more than] life” em Nick Estes e Jaskiran Dhillon (orgs.). Standing with Standing Rock: Voices from the #NoDAPL Movement. Minnesota, University of Minnesota Press, 2019.

11 de setembro

brasil quilombola, terra preta

com Salloma Salomão e Ronaldo Santos

Antônio Bispo dos Santos. A terra dá, a terra quer. São Paulo, Ubu e Piseagrama, 2023.

Mariléa de Almeida. Devir quilomba: antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas. São Paulo, Elefante, 2022. [introdução e capítulo 1]

complementar:

Joelson Ferreira de Oliveira. “Terra Vista, Terra-Mãe: Existência grandiosa no campo”. Caderno de Leituras n. 111 Série Políticas da terra. Edições Chão da Feira, Belo Horizonte, agosto de 2020.

Flávio dos Santos Gomes. Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo, Claro Enigma, 2015. [trecho]

Clóvis Moura. Sociologia política da guerra camponesa de Canudos: da destruição do Belo Monte ao aparecimento do MST. São Paulo, Expressão Popular, 2000. [trecho]

propriedade fundiária, nó do brasil (e do mundo)

25 de setembro

A grilagem como fundamento

com Gustavo Prieto e Douglas Rodrigues Barros

Gustavo Prieto. “Nacional por usurpação: a grilagem de terras como fundamento da formação territorial brasileira” em Ariovaldo Umbelino de Oliveira (org.). A grilagem de terras na formação territorial brasileira. São Paulo, FFLCH/USP, 2020.

complementar:

Ariovaldo Umbelino Oliveira, Camila Salles de Faria e Teresa Paris Buarque de Hollanda. “Registros Públicos e Recuperação de Terras Públicas – Relatório Final”. Série Pensando o Direito n. 48, Brasília, Ministério da Justiça, 2012.

Douglas Rodrigues Barros. “O agro realmente é pop: sobre a hegemonia do sertanejo na era da pós-música”. Revista Rosa, vol. 7, março de 2023.

2 de outubro

O agronegócio

com Yamila Goldfarb e Caio Pompeia

Marco Antonio Mitidiero Junior e Yamila Goldfarb. O Agro não é Tech, o Agro não é Pop e Muito Menos Tudo. São Paulo, ABRA e FES Brasil, 2021.

Caio Pompeia. Formação política do agronegócio. São Paulo, Elefante, 2021. [trecho]

complementar:

Yamila Goldfarb. “Reforma agrária como política de reparação histórica para a população negra no Brasil”. Campo-Território: revista de Geografia Agrária, Uberlândia-MG, v.18, n.49, p. 330-344, abr. 2023.

Caio Pompeia. “Uma etnografia do Instituto Pensar Agropecuária”. Mana, 28 (2), 2022.

9 de outubro

Ajuste prisional: terras rurais e economia carcerária

com Bruno Xavier Martins

Ruth Wilson Gilmore. Golden gulag: prison, surplus, crisis, and opposition in globalizing. Los Angeles, University of California Press, 2007. [no prelo, São Paulo, Igrá Kniga, 2023, tradução de Bruno Xavier Martins]. [trecho]

complementar:

Jackie Wang. Capitalismo carcerário. São Paulo, Igrá Kniga, 2022 [2018] [capítulo 4].

terra habitada

23 de outubro

Cabanagem

com Charles Trocate

Pasquale Di Paolo. Cabanagem, a revolução popular da Amazônia. Belém, Cejup, 1990.

Domingos Antônio Raiol. Motins políticos ou, História dos principais acontecimentos políticos da província do Pará desde o ano de 1821 até 1835. Belém, Universidade Federal do Pará, 1970.

Vicente Salles. Memorial da Cabanagem: esboço do pensamento político-revolucionário no Grão-Pará. Belém, Cejup, 1990.

Mark Harris. Rebelião na Amazônia: Cabanagem, Raça e Cultura Popular no Norte do

Brasil (1798-1840). Campinas, Unicamp, 2018.
Décio Freitas. A miserável revolução das classes infames. Rio de Janeiro, Record, 2005.

Célia Maracajá. O auto da cabanagem.

30 de outubro

Tierra y libertad (México, 1910)

com Cassio Brancaleone e Ester Rizzi

Manifiesto de Partido Liberal Mexicano. Regeneración Tomo IV, No. 56 Los Ángeles, California. 23 de septiembre de 1911.

INEHRM (org). El plan de ayala (1911). Mexico, Fondo de Cultura, 2019.

Rubén Trejo Muñoz. “Vínculos entre los zapatistas y los magonistas durante la Revolución Mexicana”, UACM, 2020.

complementar:

Cassio Brancaleone. “Revolução mexicana, magonismo e anarquismo” em Beatriz Silvério e Fernanda Grigolin (orgs.). Infatigável guerrilheira: Margarita Ortega Valdés na Revolução Mexicana. São Paulo, Tenda de Livros, 2022.

Ester Gammardella Rizzi. Revolução Mexicana - O direito em tempos de transformação social. São Paulo, Expressão Popular, 2023. [capítulo 2 “O Direito e a organização fundiária mexicana”].  

6 de novembro

retomadas

com Jerá Guarani, Lucas Keese e Lauriene Seraguza

[domingo 5 de novembro – dia na Kalipety]

Jerá Guarani. “Tornar-se selvagem”. Piseagrama, n. 14, p. 12-19, jul. 2020.

Lucas Keese dos Santos. A esquiva do Xondaro: movimento e ação política entre os Guarani Mbya. São Paulo, Elefante, 2021. [capítulo 4: esquiva e resistência histórica]

Lauriene Seraguza. As donas do fogo: política e parentesco no mundo guarani. Tese de doutorado em Antropologia Social, FFLCH/USP, 2023 [trecho do capítulo 3: corpos de reservas, vidas em retomadas].

13 de novembro

debate de encerramento ao ar livre na casa líquida [perto do metrô Sumaré]:

apropriação coletiva e territórios libertos

com Mauro William Barbosa de Almeida

11.08.2023 | par martalanca | ameríndio, antagonismo, comunistas, cristãos, curso, democracia, hereges, terra

Em Tempo de Erros (1992), Muhammad Chukri

 

«Procurei o jogo da vida e os seus símbolos, não a sua verdade: a obscuridade e o enigma em vez do claro e do simples, o desconhecido em vez do óbvio, a miragem em vez da água.» 

Em Tempo de Erros (1992), Muhammad Chukri prossegue o duro relato autobiográfico iniciado em Pão SecoNesta história de uma vida no fio da navalha, assistimos aos anos de aprendizagem do autor, à sua crescente obsessão pela leitura, num quotidiano de pobreza e delinquência, e ao advento de um escritor. Entre a família em Tânger e a escola em Laraxe, preenchem os seus dias uma galeria de almas perdidas, amigos e amantes com a marca da loucura e, diz-nos, «bárbaros com quem vivi de noite em estreitas ruelas e tabernas duvidosas». Num país onde «os inteligentes enlouqueceram e deliram pelas ruas, e os que merecem ficar aqui emigraram», Chukri revisita a doença, a idade adulta e as amizades com os marginais estrangeiros atraídos por Tânger, reiterando a impossibilidade de aniquilar os desejos que o movem.

TÍTULO ORIGINAL ﺯﻣﻦ الأخطاء (Zaman al-Akhṭāʾ), TRADUÇÃO DO ÁRABE Hugo Maia, ILUSTRAÇÃO DA CAPA Gonçalo Duarte.

07.08.2023 | par martalanca | árabe, literatura, Marrocos, Muhammad Chukri

Johnson Lowe Gallery presents Ilídio Candja Candja: O Silêncio Negro em Forma de Chocolate [Black Silence in the Form of Chocolate]

On view August 4 – September 9, 2023

“Can we intervene in the future, in the near future? We certainly can. Not in the sense of determining it, shaping it, prophesying it, or grounding it in utopia or dystopia. But we know that each of us, or all of us together in the daily decisions, acts, episodes, constructed fictions and updates of the reality we produce, is incidentally interfering in the future.” – António Pinto Ribeiro, 2009

Atlanta, Georgia — Johnson Lowe Gallery is pleased to announce an exhibition of work by Mozambican artist Ilídio Candja Candja: O Silêncio Negro em Forma de Chocolate [Black Silence in the Form of Chocolate]. This exhibition features a series of the artist’s latest large-scale paintings that, while chromatically vibrant and compositionally poetic, critically investigate the structural mechanisms used in the perpetuation, suppression,

and silencing of the Indigenous populations on the continent of Africa in the colonial era. Elements of pre-colonial African sculpture and devices utilized in the subordination of these communities are [dis]placed across heavily collaged, seismically shifting abstract backgrounds, laying the bedrock for Candja Candja’s constellation of revisionist realms.

Candja Candja strategically inserts various instruments of torture and control into his compositions, underscoring the lasting effects of a colonial system historically built upon the manipulation and commodification of existing communities. Chocolate appears, in subtle references, as a pacifying element, palliating the saccharine whiteness of an economy entirely reliant on exploitation through the farming of ‘white gold’ — ivory, sugar, or cotton — and revealing hidden facets relating to the history of slavery in Mozambique.

The multi-tiered dimensions of the artist’s frenetically charged paintings materialize a deliberate visual schema mirroring the structure found in some vernacular African architecture, underscoring the sophisticated blend of mathematical principles and local building techniques inherent in these traditional styles. Such elements of visual representation provide a foundation for the audience to contemplate imaginative territories of empyrean order.

Rising above turbulent, expressive seas awash with vibrant hues of yellow, red, green, and black, among others — evocative of the Mozambican Flag of Independence — African masks, sacred power objects, maps, and figures associated with wayfinding, ceremony, and celebration pair with various apparatuses historically employed to assert physical and psychological dominion, suggesting a complex interplay between tradition and a desire for progress. These symbols, inalienable from vast histories across the African continent, coalesce into unpredictable, rippling scales that delicately balance one another. Within these cosmic systems lie the blueprints for utopian futures envisioned through the eyes of this Mozambican futurist.

This will be the artist’s first exhibition at Johnson Lowe Gallery following notable solo exhibitions, Octopus & Myopia, Galerias Municipais (2021), and Magnificência Luz e Fusão, Galeria São Mamede (2022), both held in Lisbon, Portugal. The exhibition is accompanied by an essay by Titos Pelembe titled O Silêncio Negro em Forma de Chocolate [Black Silence in the Form of Chocolate].

Ilídio Candja Candja’s Black Silence in the Form of Chocolate will be on view from August 4, 2023, through September 9, 2023.

764 Miami Circle NE, Suite 210, Atlanta, GA 30324
O. (404) 352 8114 info@johnsonlowe.com johnsonlowe.com

About Johnson Lowe Gallery

Johnson Lowe Gallery is devoted to championing emerging, mid-career, and established artists from diverse cultural backgrounds. The gallery’s program is built upon a reverence for the alchemical nature of artistic expression, with the intention to honor the profound nature of visual language and the role it can play in affecting paradigm shifts at both personal and societal levels.

Johnson Lowe Gallery is committed to presenting work across all media, including but not limited to painting, sculpture, installation, and photography. Alongside a commitment to support and foster the Atlanta arts community, our curatorial and programming initiatives aim to facilitate cross-cultural and global dialogues.

The gallery was founded in the summer of 1989 in Atlanta, Georgia, by Bill Lowe. Longtime artists in the gallery program include Thornton Dial, Michael David, Todd Murphy, Jimmy O’Neal, and Kathleen Morris. The gallery’s exhibition history includes internationally renowned artists such as Ida Applebroog, Markus Lupertz, Dale Chihuly, Hiro Yamagata, and Leiko Ikemura.

Notes to Editors
Title: Ilídio Candja Candja: O Silêncio Negro em Forma de Chocolate

Dates: August 4, 2023 – September 9, 2023

Address:
764 Miami Cir NE #210, Atlanta, GA 30324

Hours:
Tuesday – Friday | 10:00 AM – 5:30 PM Saturday | 11:00 AM – 5:30 PM
Sunday, Monday, and Evenings by appointment

Instagram Facebook

For all media inquiries, please contact Pelham Communications: Emma Gilhooly | emma@pelhamcommunications.com | +1 929 613 9790

Alison Andrea Lopez | alison@pelhamcommunications.com | +1 917 378 0172

764 Miami Circle NE, Suite 210, Atlanta, GA 30324
O. (404) 352 8114 info@johnsonlowe.com johnsonlowe.com

06.08.2023 | par martalanca | Ilídio Candja Candja

Former Portuguese Colonies: Media and Decolonization

International conference (Dec. 12-13) / Film Retrospective (Dec. 10-13)

Rome, venues to be determined


The independence of the Portuguese colonies came at the end of the long process of decolonization of African nations: the last countries on the continent to free themselves from European colonialism were Angola, Cape Verde, Guinea-Bissau, São Tomé and Príncipe, and Mozambique between 1973 and 1975, after long wars against Portugal. After the 1974 Carnation Revolution in Portugal, former Portuguese colonies in Africa achieved independence, most recently Angola and Mozambique in 1975. Fifty years later, we want to remember these events by looking at them through the role of film and media.

In recent years, film and media studies has been increasingly concerned with anticolonialism, Third-Worldism, and internationalism, as part of a larger push to include topics such as migration, colonialism, and postcolonialism in this field. At the same time, scholarly investigations into the role of cinema during the Cold War are also finding new outlets particularly with regard to dynamics of transnational solidarity, internationalism, anticolonialism, and more generally the anti-imperialism of the long ’68. This conference takes its cue from these new areas of study, but seeks to approach them from an angle that has received relatively little attention: the relationship between the media (cinema, television, photography) and the former Portuguese colonies. Building on recent studies (such as those by Maria do Carmo Piçarra, Teresa Castro, Catarina Laranjeiro, and Ros Gray) and the recent rediscovering of the photographic and cinematographic work of Augusta Conchiglia, with this conference we aim to highlight these topics and to spotlight new, hitherto marginalized films that will be screened during the conference and in the days leading up to it. If in fact the works of foreign filmmakers such as Sarah Maldoror or Mario Marret, or of Angolan, Cape Verdean, Guinean, and Mozambican filmmakers (Ruy Duarte, among others) are relatively popular, practically unknown is the role of Italian filmmakers in narrating the wars of independence and their afterlives. The photographs of Uliano Lucas, Bruna Polimeni, Augusta Conghiglia, and movies like Labanta Negro! (Piero Nelli, 1966) circulated widely at the time, just as with the films by Valentino Orsini and Alberto Filippi (I dannati della terra, 1969), Lionello Massobrio, Joaquin Jorda, Elena Bedei, Sergio Spina (preserved at AAMOD, the Audiovisual Archive of the Workers’ and Democratic Movement in Rome), and even Carlo Lizzani, who in 1976 made a film for RAI on Angola, Black Africa, Red Africa.

Non-governmental organizations and Italian militants, filmmakers included, played an important role in the solidarity for and with the peoples struggling against colonialism, hosting, among other things, two conferences with the participation of former Portuguese African leaders (in Rome, 1970 and Reggio Emilia, 1973). Our conference aims to broaden the gaze and reopen the debate on the relationship between media (not only Italian) and former Portuguese colonies, in search of those “affinities”—or rather “intimacies” (according to Lisa Lowe’s definition)—between continents united in capitalist oppression and anticolonial solidarity.

We would like to solicit proposals in Italian or English that address queries around media and its relationship with the former Portuguese colonies. We suggest the following topics for participants to consider:

– Representations, renditions, and narratives of the wars of independence;

– Travels of filmmakers and photographer(s);

– Recycling and circulations of images;

– Internationalist solidarity through the media;

– Cinema’s role in Portuguese decolonization;

– Archives and methods of anticolonial studies and work;

– Feminist and gendered approaches to the colonial and anticolonial question;

– Reportage, investigations, and other forms of documentary filmmaking for television.

– We also invite artists to submit works of research-creation, or more generally works of creative artistic practices, that engage with the topics of this conference.

Have confirmed participation: Livia Apa (Centro Studi sull’Africa Contemporanea dell’Università di Napoli L’Orientale),  Andrea Brazzoduro (Università degli Studi di Napoli L’Orientale), José Manuel Costa (Cinemateca Portuguesa, tbc), Ilaria Ferretti (Home Movies), Mario Lanzafame (archivist and researcher), Mariano Mestman (Universidad de Buenos Aires), Carlo Podaliri (archivist and researcher), Roberto Silvestri (film critic), Vincenzo Russo (Università degli Studi di Milano Statale), Masha Salazkina (Concordia University, Montreal), Mariamargherita Scotti (Istituto de Martino), Gabriele Siracusano (CNR e Fondazione Gramsci), Alessandro Triulzi (Università degli Studi di Napoli L’Orientale), and the filmmakers Elena Bedei, Filipa César, Augusta Conchiglia. The retrospective will include films (short, medium, and feature length) rarely screened and/or recently found.

Proposals for papers (20 minutes max.) for the Rome conference may be sent in the form of abstracts of 150-200 words, along with a brief bio (100 words max.) no later than September 22, 2023. The official language of the conference will be English, but there will be sections in Italian with simultaneous translation provided.

The conference is part of the project “A Forgotten History: Italian Cinema and the Decolonization of the Former Portuguese Colonies” promoted by AAMOD, and it is organized as part of the series “The Project and Forms of a Political Cinema.”

Convenors: Luca Caminati (Concordia University, Montreal), Damiano Garofalo (Sapienza University of Rome), Luca Peretti (University of Warwick), Paola Scarnati (AAMOD) with Maria do Carmo Piçarra (ICNOVA-UNL).

The conference is promoted by AAMOD, in collaboration of Fondazione Gramsci, Sapienza-University of Rome, Concordia University, Montreal, University of Warwick, in partnership with

ICNOVA-UNL, Cattedra Antonio Lobo Antunes (Università degli studi di Milano- Istituto Camões di Lisbona), Centro Sperimentale di Cinematografia – Cineteca Nazionale, Istituto De Martino, Centro Studi sull’Africa Contemporanea (CeSAC) dell’Università di Napoli L’Orientale, Centro Amilcar Cabral di Bologna, Fondazione Lelio e Lisli Basso onlus, Casa del Cinema di Roma, and Consulta Universitaria Cinema.

more info.


01.08.2023 | par martalanca | international conference, Media and Decolonization

Para o Porto ficar Odara

Casa Odara inaugura esta semana na Mártires da Liberdade

A Casa Odara chega ao Porto em agosto deste ano como um espaço múltiplo dedicado às artes, ao corpo e à gastronomia. Localizada na região central da cidade, na área pedonal da rua Mártires da Liberdade, a Casa irá abrigar um estúdio de cabeleleires, um café e uma constante programação cultural. De modo abrangente e plural, o espaço se propõe a ser um reduto para a diversidade e a resistência, seja por meio do enfoque em cabelos naturais e colorações artísticas, seja pelo trabalho com artistas imigrantes, LGBTQIA+ entre pautas feministas, antirracistas e decoloniais.

Inspirada na canção de Caetano Veloso (1977), o nome Casa Odara evoca a beleza e a festa tropicalista que convoca Odara como estado de espírito, qualidade de um corpo que canta e dança, que sonha e reluz. Celebra o encontro, a diversão, o prazer e o conhecimento como formas de empoderamento e resistência. Odara é entidade, é proteção, é caminho, corpo vivo e pulsante. Isso tudo dentro de uma casa-aconchego, um refúgio para a diversidade e o culto às artes.

O projeto foi idealizado por um conjunto de mulheres imigrantes que juntam-se para dar corpo ao espaço. À frente da equipe está Gabriela Barbosa que, há cerca de uma década, vem construindo uma trajetória única no trabalho com cabelos naturais, questionando a hegemonia de padrões estéticos que reprimem e invisibilizam a beleza que reside na diversidade de formas, cores e curvas. Há cerca de seis anos, Gabriela vive e trabalha no

Porto, sendo hoje considerada uma das principais referências no país quanto ao corte e tratamento de cabelos naturais.

A partir do dia 8 de agosto o espaço já estará aberto ao público, com o estúdio de cabelelereires onde colaboram diversos profissionais além de Gabriela. A programação cultural também inicia já neste momento com a exposição Qualquer coisa que se sonhara, apresentando o trabalho das artistas Karla Ruas, Najla Leroy, Samuel Wenceslau, com a curadoria de Gabriela Carvalho. A exposição é composta por obras em diferentes formatos que traçam um paralelo entre corpos humanos e vegetais a partir das raízes e rizomas, evocando a ideia de ancestralidade. Dentro de algumas semanas também já será possível acessar o café e a continuidade do programa cultural, com grupos de leitura, workshops, concertos, debates e exposições.

Para agendamentos, visitas e para acompanhar a programação do espaço, basta acessar as redes sociais @casaodara.pt ou entrar em contacto pelo e-mail cultura.casaodara@gmail.com.

Sobre Gabriela Barbosa

Gabriela Barbosa é artista dos cabelos, escritora e licenciada em Biomedicina. Possui uma vasta formação no tratamento de cabelos naturais e trabalha nesta área há cerca de uma década. Colaborou com uma série de profissionais e espaços como o Circus Hair, uma referência quanto ao trabalho especializado nas artes do corte e pintura dos cabelos em São Paulo. Já em Portugal criou e mantém o espaço Cozy Hair e atuou por anos em espaços especializados em cabelos naturais. Co-fundadora da Casa Odara em colaboração com a gestora administrativa, Janaína Kruger.

Serviço

Casa Odara
Rua dos Mártires da Liberdade, 126, Porto/PT 10h00-18h00 de terça-feira a sábado. A partir do dia 08 de agosto de 2023

Contacto para Imprensa: Gabriela Carvalho (gestora cultural)

cultura.casaodara@gmail.com +351 910969768

Contacto para Gestão: Janaína Kruger (gestora administrativa) casaodara.pt@gmail.com +351 934729637

01.08.2023 | par martalanca | Casa Odara, porto