O mundo inteiro em Sines (27 de Julho)
Quarta-feira e Sines preparava-se para abrir o palco do Castelo com um concerto inesquecível dos CRIATURA, grupo de renovação de música tradicional, constituído por onze músicos de raízes em Portugal. A meio do concerto entra pelo palco o Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, e, juntamente com as criaturas fizeram-nos viajar por um imaginário rural idílico e delirante.
A noite seguiu com TRAD.ATTACK! (Estónia), que abriram o palco da Av. Vasco da Gama, e DAKH DAUGHTERS (Ucrânia) que, com os rostos pintados dramaticamente, performaram uma espécie de “cabaret freak”, oscilando entre um registo clássico-teatral e um punk subversivo gritante.
Já eram 23h quando MOH! KOUYATÉ pisou o palco do Castelo, de guitarra na mão e com uma elegância muito própria. Descendente de uma família de griots que remonta ao século XIII, cresceu imerso num universo musical diversificado.
Numa breve conversa com o BUALA, MOH contava que cresceu a ouvir os clássicos de blues, rock e jazz mas revê a sua grande inspiração na tradição mandinga e nos artistas guineense mais antigos. “A minha música tem um estilo muito próprio, proveniente da música mandinga da África Ocidental, da Guiné-Conacri”. Diz-nos também que na sua música procura cantar uma justiça: “canto contra o racismo, contra a mutilação genital feminina, é essa justiça que procuro transmitir”.
Seguiram-se os grandíssimos MBONGWANA STAR (Congo), que protagonizaram o concerto mais dançante da noite. O grupo surge em torno da figura de Coco Ngambali e Theo Nzonza, que faziam parte de Staff Benda Bilili, formado por pessoas a viver nas ruas de Kinshasa, extinto em 2013. Foi em 2015 que, com o produtor irlandês Liam Farrel, se juntaram a músicos congoleses e formaram este projecto musical. O som distorcido que contém elementos do pôs-punk e da eletrónica é engendrado a partir de uma série de instrumentos reciclados do ferro-velho, que a tornam particularmente rica.
Prosseguimos com os concertos na praia Vasco da Gama, ao som dos atípicos NINE TREASURES, uma banda de folk-metal com origens na região chinesa da Mongólia interior. A fechar a noite, o trio português OLIVE THREE DANCE, considerados já uma banda de referência da tribal dance.
(Fotografias dos autores)