CALL ABERTA — Formação em Vídeo-Documentário

Estás interessad@ em cinema, documentário e criação audiovisual?

Esta é a tua oportunidade para integrar um Laboratório de Cinema com realizadores premiados, acesso a formação especializada e a possibilidade de desenvolver o teu próprio projeto!

SOBRE A RESIDÊNCIA

Objetivo: Realização de vídeo-documentário

Tema central: Participação Cívica, Cidadania, Democracia

Formato: Laboratório de Cinema com Prática criativa + Roteiro de filmagem + Edição

Datas: 16 a 19 de junho - 09h às 17h

Local: Espaço de Formação no ISEG, Universidade de Lisboa

Vagas: 10 participantes

Destinatári@s: Videomakers da afrodiáspora (idade a partir dos 18 anos)

Requisitos: Experiência prévia

Formação Gratuita de 32 horas

Certificado de Participação incluído

Formação ministrada em Inglês mas com interpretação ocasional em Português

 fluência em Inglês não é um requisito de participação

O QUE INCLUI:

Acesso a formação em vídeo-documentário com realizadores premiados;

Formação técnica e criativa em documentário;

Licença Adobe para edição disponível;

Acompanhamento na construção de um roteiro e projeto pessoal;

Apoio na apresentação final (vídeo, fotografia, portefólio);

Documentário final a integrar: a exposição multimédia do projeto europeu

“Democracy in Action” em Lisboa e os resultados finais do projeto.

 COMO TE PODES CANDIDATAR?

Envia-nos:

Algo que já tenhas feito (vídeo, fotografia, portefólio…);

Uma breve apresentação pessoal e descrição da tua experiência (vídeo ou texto);

Confirmação da tua disponibilidade entre 16 e 19 de junho (carga horária de 8 horas)

Inscreve-te enviando “QUERO PARTICIPAR” para (email)

Serás contactad@ se fores selecionad@!

SELEÇÃO

Receção de Candidaturas até 8 de Maio

Comunicação dos resultados da seleção - 15 de Maio

Esta residência é uma oportunidade única para explorar o vídeo-documentário de forma intensa e colaborativa. Queremos conhecer a tua voz, a tua visão, a tua história, a tua comunidade.

Sobre os Formadores Michèle Stephenson

A realizadora, artista e autora premiada com um Emmy, Michèle Stephenson, inspira-se na sua herança haitiana e panamiana, bem como na sua experiência como advogada de justiça social, para transformar a narrativa no cinema documental. Cria narrativas emocionalmente poderosas de resistência e cura, destacando as vivências das comunidades racializadas nas Américas e na diáspora africana. Através de uma perspetiva do Atlântico Negro, Stephenson reinventa as formas de contar histórias para provocar reflexão e inspirar ação contra a opressão sistémica, entrelaçando ficção, formatos imersivos, experimentais e híbridos.Em 2023, os seus filmes “Going To Mars: The Nikki Giovanni Project” e “Black Girls Play: The Story of Hand Games” estiveram na shortlist para os Óscares. Going To Mars venceu o Grande Prémio do Júri no Sundance e recebeu o Emmy de

Mérito Excecional em Documentário. Black Girls Play foi amplamente reconhecido, tendo recebido o Prémio Edward R. Murrow de Excelência em Vídeo e o Melhor Documentário Curta-Metragem no Festival de Tribeca.

O seu filme American Promise recebeu três nomeações aos Emmy e venceu o Prémio do Júri no Sundance, enquanto Stateless foi nomeado para o Prémio da Academia Canadiana de Melhor Documentário de Longa-Metragem. Stephenson co-realizou ainda The Changing Same, uma trilogia de realismo mágico em realidade virtual que estreou no New Frontier XR do Sundance, venceu o Grande Prémio do Júri de Melhor Narrativa Imersiva no Tribeca e foi nomeado para o Emmy de Media Interativa Excecional.

Em 2024, foi distinguida com o Prémio de Realização Nancy Malone Muse da NYWIFT e encontra-se atualmente em fase de pós-produção de uma longa-metragem sobre o movimento Black Power no Canadá. É bolseira do Guggenheim, artista Creative Capital e membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Vive em Nova York e vai estar nesta oportunidade única em Lisboa a liderar este Laboratório de Cinema.

Joe Brewster

O realizador premiado com um Emmy Joe Brewster é um psiquiatra formado em Harvard que aplica os seus conhecimentos médicos para explorar questões sociais através do cinema. Estreou-se como realizador com o filme The Keeper (1995), inspirado na sua experiência como psiquiatra numa prisão na Brooklyn House of Detention, obra que recebeu vários prémios e nomeações para os Spirit Awards. Ao longo das últimas três décadas, Brewster tem realizado e produzido filmes de ficção, documentários e obras em formatos imersivos. O seu documentário de longa-metragem American Promise (2014) obteve três nomeações aos Emmy e venceu o Prémio do Júri em Sundance. O filme Going To Mars: The Nikki Giovanni Project esteve na shortlist dos Óscares, venceu o Grande Prémio do Júri no Festival Sundance 2023 e arrecadou mais de 30 prémios, incluindo dois Cinema Eye Awards e o prestigiado Emmy de Mérito Excecional em Documentário.

O filme Black Girls Play: The Story of Hand Games (2023) foi igualmente shortlisted para os Óscares, venceu o prémio de Melhor Curta no Cinema Eye Awards, bem como o Prémio Edward

R. Murrow de Excelência em Vídeo.

Brewster criou ainda a inovadora experiência em realidade virtual The Changing Same, apresentada no Festival Sundance e vencedora do Grande Prémio do Júri para Melhor Experiência Imersiva no Tribeca 2021. Entre os seus projetos em realidade aumentada e virtual destaca-se O-Dogg: On Othello, com a participação de Tariq Trotter, estreado no Oregon Shakespeare Festival.

Além disso, produziu documentários para canais e plataformas como PBS, HBO, Amazon, Al Jazeera, Vice, Sundance Channel, Comcast, Disney e World Channel. Foi bolseiro de instituições como o Sundance Institute, Tribeca Film Institute, BAVC, Fundação MacArthur e a Fundação John Simon Guggenheim. É membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e vencedor de vários prémios Emmy. Vive em Nova York e vai estar nesta oportunidade única em Lisboa a liderar este Laboratório de Cinema.

Trailers das Produções dos realizadores: https://radastudio.org/our-films/

https://www.hbo.com/movies/going-to-mars-the-nikki-giovanni-project https://radastudio.org/black-girls-play/  https://radastudio.org/stateless/

https://radastudio.org/american-promise/ https://radastudio.org/elena/ https://radastudio.org/the-changing-same/

06.05.2025 | par martalanca | cinema, laboratório

Participação de Evan Claver na 1ª Edição Bienal MoAC BISS de Guiné Bissau

Na última quinta-feira dia 1 de Maio, a Fundação Bienal MoAC Biss inaugurou a 1ª Bienal de Arte e Cultura da Guiné-Bissau, sob o lema “Mandjuandadi: Identidades Culturais” e irá decorrer até 31 de maio de 2025, na cidade de Bissau. Como refere a organização a Bienal: “celebra a riqueza, a diversidade e a força da identidade cultural guineense, promovendo o diálogo entre tradições locais e expressões contemporâneas. (A Bienal) Propõe-se como um espaço de afirmação internacional das pessoas, do património colectivo, das referências e da expressão artística da Guiné-Bissau, inspirado nas “Mandjuandadis” (que traduz para “Identidades em Liberdade) e que são espaços tradicionais de criação colectiva e resistência sociocultural”. 

A programação integra mais de 50 actividades em áreas como: música, literatura, artes plásticas e visuais, cinema, artes performativas e conferências. Entre os artistas plásticos internacionais convidados destacam-se: Mónica de Miranda (Portugal), Vhils (Portugal), Sónia Gomes (Brasil) e o nosso Evan Claver (Angola) - todos sob a curadoria do artista renomado guineense Nú Barreto.

Nascido em 1987 em Luanda, Evan Claver é um artista autodidacta. Começou a desenhar desde cedo. Estudou cinema e cinematografia. Peculiar por usar desenhos (rabiscos / ´doodles´) para retratar a dinâmica, o caos e o movimento da vida urbana, ele adopta uma perspectiva de desapego que lhe permite, através das linhas, representar a realidade frenética do quotidiano que observa. 

Como refere o próprio Evan: “recorro principalmente à sátira social e política, questionando a veracidade dos media e a passividade dos observadores.” O Artista cria um reino teatral no qual as imagens servem como armas sedutoras de expressão.

A obra apresentada tem o titulo “Big Kaombo” - numa clara e irónica referência à ´big apple´ da cidade de nova iorque - e trata-se de uma instalação com 24 bidões amarelos - usados no dia-a-dia em Angola para transportar óleo de cozinha, gasolina/gasóleo e água, ou como assento - produzidos pela empresa de direito nacional Topack. Os bidões totalizam um volume de 160 cm de altura por 210 cm de largura, e tem intervenção à frente e atrás a tinta preta de óleo. Enquanto instalação convidam o público a circular em torno e interagir com a mesma.

Em Angola, Evan Claver é um artista em ascensão, tendo participado em inúmeras exposições, nomeadamente: a 1ª Trienal de Luanda - “Dipanda Forever” da Fundação Sindika Dokolo em 2004; Fuckin’ Globo em Luanda em 2016; AMREF HEALTH AFRICA ARTBALL em Nova Iorque em 2017; Sede das Nações Unidas no Brasil em 2017; Beyond Borders da Sotheby’s na Africell Galeria 10A em Luanda em 2024; “Kuduro - a força que não depende da sorte” em Luanda em 2024; a FNB Joburg Art Fair em 2024; a Investec Cape Town Art Fair em 2025; entre outras.

Big Kaombo (de frente), de Evan ClaverBig Kaombo (de frente), de Evan Claver

Big Kaombo (atrás), de Evan ClaverBig Kaombo (atrás), de Evan Claver

Evan Claver trabalha em Angola com as galerias TheArtAffair e a Afrikanizm, e com a produtora MAIA TANNER. As suas obras de arte fazem parte de diversas colecções particulares nacionais e internacionais.

Toda a programação da Bienal é de acesso livre e visa democratizar o direito à cultura, envolvendo activamente o público e as comunidades locais. 

Com o objectivo de partilhar em primeira mão os detalhes da Bienal, convidamos todos os órgãos de comunicação social a contactar: o artista Evan Claver (956 08 95 56) e/ou o responsável de produção Dominick A Maia Tanner (921 58 33 17) para mais detalhes.

 

06.05.2025 | par martalanca | Bienal MoAC, Evan Claver, Guiné Bissau

Ventos de Mudança - Como ler as independências 5 décadas depois

15 e 16 de maio de 2025

Centro Científico e Cultural de Macau (Lisboa)

Os diferentes olhares e perspetivas sobre as independências dão o mote ao programa deste colóquio, organizado pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e o acolhimento do Centro Científico e Cultural de Macau.
O colóquio procura realizar um balanço das conquistas alcançadas nestes países e refletir sobre os desafios que os seus cidadãos hoje enfrentam.
Avaliar os caminhos que conduziram às independências da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Timor-Leste, passa pelo reconhecimento do papel desempenhado pelos movimentos nacionalistas na articulação das aspirações dos seus povos no contexto da luta emancipatória em curso nos continentes africano e asiático e na galvanização de movimentos de mudança. Avaliar estes legados passa igualmente por uma reflexão crítica que promova uma visão inclusiva e sustentável das independências. Revisitar estas memórias questiona a independência como uma condição necessária para o desenvolvimento, a democracia, a paz, os direitos humanos e o meio-ambiente.
As atividades estão estruturadas em torno de quatro temas:
1) Memórias e compromissos das independências;
2) Continuidades dos processos de libertação no Sul global;
3) Legados, heranças e políticas transformadoras;
4) Futuros próximos para redesenhar a democracia, os direitos humanos, o desenvolvimento e o meio ambiente.

Tendo como pano de fundo as independências, o enfoque recai sobre as histórias das lutas pela autodeterminação e os seus percursos complexos e interligados. A história de Timor-Leste, diferenciando-se pelo seu processo de descolonização interrompido em 1975 e pela ocupação colonial pela Indonésia, realça a importância da solidariedade que existiu entre os movimentos pela independência africanos e a resistência timorense. Procura-se assim traçar aspetos comuns e identificar aspetos específicos que assinalam as independências nestes países numa perspetiva cosmopolita e dialógica.

Comissão Organizadora (CES)
Maria Paula Meneses, Margarida Calafate Ribeiro, Marisa Ramos Gonçalves, Miguel Cardina e Natália Bueno.
Estudantes do programa de doutoramento Pós-Colonialismos e Cidadania Global, CES / FEUC, Universidade de Coimbra: Ângela Guerreiro, Celso Braga Rosa, Francisco Sandro Xavier, Jessemusse Cacinda, Joana Simões Piedade, Sandra Inês Cruz. Nuno Simão Gonçalves (fotografia)

Apoio
Com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian à realização de conferências sobre os “50 Anos das Independências dos PALOP” e o apoio institucional do Centro Científico e Cultural de Macau

05.05.2025 | par martalanca | independência

SEMINÁRIO "Como se constroi um país: diálogos interdisciplinares" - Programa

50 anos da Independência de Angola, organização BUALA com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian

PROGRAMA 

Biblioteca Nacional 

DIA 22 MAIO quinta-feira

9.30 - 10.30: Abertura 

Diogo Ramada Curto 

Leopoldina Fekayamãle e Marta Lança

 

10.30 - 11.30: Colonialismo e Luta de Libertação 

Alberto Oliveira Pinto - Concepções coloniais da História de Angola depois da Independência.

Diana Andringa - Era assim, à distância…

Salvador Tito - Um país, uma “independência” utópica: A Geração da Utopia.

11 - 12.30: Debate 

 

14.30 - 15.30: Independência  

Ana Paula Tavares - Das razões de Angola: identidade, pertença e novas formas de nomear o mundo. 

Hélder Bahu - O paradigma da historiografia angolana entre 1975-2002.

Jean Michel Mabeko Tali - A questão da identidade nacional nas transições políticas: meandros e tabus.

15.30 - 16: Debate 

 

16.15 - 17.15 Aprender a democracia 

Israel Campos - Narrativas contestadas: a Imprensa na construção de memórias coletivas. 

Luzia Moniz - Eleições, indústria da fraude e a pobreza. 

Sedrick de Carvalho - Sociedade civil e novas alianças políticas.

17.15 - 18.30: Debate

 

DIA 23 sexta-feira

9.30 - 10.30: Como a nossa história é contada

Sizaltina Cutaia - Cidadãs de segunda classe: a realidade das mulheres.

Vladimir Prata - As barreiras a um jornalismo livre para contar a história.

Zezé Nguelleka - Essa língua que nos une historicamente.

10.30 - 11.00: Debate

 

11.00 - 12: Patrimónios difíceis e Reparações 

Ângela Mingas - Os musseques: a ressignificação da memória urbana e a visão do futuro.

Jonuel Gonçalves - A resistência político-cultural, da Segunda Guerra Mundial à Independência.

Maria João Teles Grilo - Espaço público: reconceptualizações e justiça social.

Suzana Sousa - Histórias emaranhadas: restituição, legados e narrativas históricas.

12 - 12.30 Debate

 

14.30 - 15.30: Angola Urgente 

César Chiyaya - A ilusão democrática: 1992 para a frente. 

Dina Sousa Santos - Vozes da diáspora: perspectivas alternativas de pensar e “escrever” uma nação.  

Elias Celestino - Angolanidade: a superação dos complexos de identidade como fator de desenvolvimento.

15.30 - 16.30 Debate 

 

17.00: Intervenção de encerramento 

Elisabete C. Vera Cruz  - Do pretérito e futuro imperfeito(s), à encruzilhada do presente.

 

19.30: Jantar com os convidados na Casa Mocambo.

PROGRAMA CULTURAL na CASA DO COMUM 

DIA 24 I 17h30 

▪︎ Mulheres de Armas, de Kamy Lara (2012)

▪︎ Independência, Fradique (2015)

Seguido de debate com Elias Joaquim, Magda Burity e Leopoldina Fekayamãle

DIA 25 I 18h

▪︎ Nossa Senhora da Loja do Chines, de Ery Claver (2022) 

Seguido de debate com Eddie Códia, Paulo Casimiro e Marta Lança 

Filmes da Geração 80, sugeridos por Jorge Cohen.

 

Nota de Intenções 

 

Em Novembro Angola completa e celebra os 50 anos de Independência. Contudo, a história de Angola não tem início em 1974, e tão-pouco com os portugueses. Revisitar o passado, desde os inícios da ocupação colonial e, claro está, os últimos 50 anos da sua história, é um imperativo para pensar um país independente e consciente do caminho percorrido entre a utopia e a vivência real, sendo que as dinâmicas desenvolvidas ao longo dos 50 anos de independência são ainda de exclusão e de crise. Olhar criticamente para a história e para a sociedade é a melhor forma de aprendê-la, de transmiti-la e de a desenvolver. Assim, no sentido de abordar a complexidade dos diferentes momentos, convocamos diversas análises e áreas de trabalho, assim como perspectivas intergeracionais para o exercício de pensar em conjunto e a partir de Lisboa para o mundo, aspectos políticos, económicos, sociais e culturais do passado e presente de Angola que, “tal como as buganvílias, floresce no meio da tempestade” - o verso é de Ana Paula Tavares

É cada vez mais urgente colmatar a tendência de contarmos esta história (do colonialismo e das guerras) sempre e apenas na visão do lado português. Considerando a produção de conhecimento sobre Angola e sobre o colonialismo nas universidades portuguesas, é imperativo escutar e saber o que pensam os angolanos, como viveram ou narram os processos de Independência e os percursos da sua história nacional nas diversas áreas, construindo novas mundividências.  Pretendemos contribuir para pensar estratégias e consolidar o conhecimento sobre o país, sob o pretexto do momento fundacional que foi a Independência, proclamada a 11 de Novembro de 1975. A independência foi uma festa onde a celebração sobrepôs-se ao medo do presente a ferro e fogo, e do futuro sempre incerto, pelo menos para os jovens de então. Talvez nunca se reconstituam as peças desses tempos, mas podemos refletir sobre as promessas da Independência que não foram ainda cumpridas.

O Seminário, de participação aberta, acontece nos dias 22 e 23 de maio (mês de África) na Biblioteca Nacional, é organizado pela associação BUALA, nas figuras de Marta Lança, com uma relação laboral e afetiva de longa data com Angola, e das professoras angolanas Elisabete Vera Cruz e Leopoldina Fekayamãle, todas com formação em ciências humanas. 

Os cerca de 30 convidados, na maioria angolanos, de diversas áreas do saber, entre docentes, investigadores, jornalistas e ativistas, farão uma viagem pelas lutas, resistências, feridas e cicatrizes, pelas identidades (re)construídas, pelas expectativas e realidades. As comunicações passarão por tópicos como as concepções da história de Angola sobre o colonialismo, as Lutas de Libertação, a Independência. A guerra civil, A difícil aprendizagem da democracia desde 1992. As questões da transmissão da história, patrimónios difíceis e reparações. Na última fazemos, fazemos uma reflexão apurada sobre Angola atual nas suas urgências em vários setores da sociedade. 

 

02.05.2025 | par martalanca | independência de Angola, seminário

NÓS, POVO DAS ILHAS

Midas Filmes, Portugal
Soul Comunicação, Cabo Verde
Kulunga Filmes, Moçambique

Gostariam de a/o convidar para a estreia no festival INDIELISBOA do filme:

NÓS, POVO DAS ILHAS

de Elson Santos e Lara Sousa

 

Domingo, 4 Maio, 19:30, cinema IDEAL, Lisboa

Este convite só é válido depois de confirmação para o endereço email laura.lomanto@midas-filmes.pt, até Quinta-feira, 1 Maio, 13h00, indicando quantos bilhetes deseja (1 ou 2).

Os bilhetes deverão ser depois levantados na bilheteira do cinema no próprio dia até 15’ antes do início da sessão.

 
 
 
 
 
 

«A partir de uma foto esquecida de um grupo de guerrilheiros cabo-verdianos clandestinos nas montanhas de Cuba, Elson, um jovem cineasta vai em busca dos heróis silenciados desta ousada e pouco conhecida operação militar, cujo principal objectivo era realizar o sonho de Amílcar Cabral de libertar o país das garras do colonialismo.

Num vai-e-vem entre o passado e o presente, o filme estabelece uma conversa com os heróis da Independência do país. Com eles, viaja pelos anos de luta na Guiné e no Cabo Verde pós-independência, reflectindo sobre sonhos, pesadelos e o que é o país hoje, entre a utopia e o esquecimento.»

 

+ saber mais: https://www.midas-filmes.pt/producao/nos-povo-das-ilhas/

29.04.2025 | par martalanca | cabo verde, cinema

ARQUIVOS DA LIBERTAÇÃO

ANTICOLONIALISMOS E MEMÓRIAS DAS INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS

LOCAL: ICS-ULISBOA (metro entrecampos)
SEMINÁRIO: 19 e 20 de Maio. Auditório Sedas Nunes + Híbrido
OFICINA: 21 de Maio. Sala Maria de Sousa (Polivalente) + Híbrido
Os arquivos têm um papel crucial na construção da memória e na pesquisa em história e ciências sociais. Os tempos finais do colonialismo português e os processos de independência dos PALOP geraram documentação sobre as diversas lutas anticoloniais que hoje se encontra dispersa por uma diversidade de instituições e atores, públicos e privados, e precisa de ser mais conhecida. Como se apresentam estas dispersões e como lidar com elas? Quais as disputas políticas e simbólicas que têm acompanhado diferentes histórias de preservação, de abandono ou destruição documental? Que condições de acesso e salvaguarda caracterizam a disponibilização de fontes relativas às lutas africanas de libertação do colonialismo português? Que papel desempenham os arquivos públicos e nacionais, mas também os arquivos privados, pessoais e familiares nestes processos? Que desafios de acesso e análise encontram os investigadores interessados no uso desta documentação para a investigação histórica?
O evento Arquivos da Libertação junta instituições, arquivistas e investigadores com larga experiência de pesquisa em arquivos de países africanos de expressão portuguesa com vista a responder a estas perguntas e a desenhar um roteiro das coleções e arquivos das independências africanas. Este evento pretende, assim, ser um espaço de discussão aberta e de trabalho conjunto sobre o papel dos arquivos na preservação, no acesso e na disseminação da memória das lutas anticoloniais nos PALOPs, bem como na produção de investigações históricas que reavaliam as narrativas oficiais sobre as independências africanas e o fim do colonialismo português.


O seminário é composto por 8 sessões, 4 de painéis com apresentações de investigadores e representantes de instituições arquivistas da sociedade civil; e 2 com mesas redondas, uma debate arquivos portugueses e outra arquivos africanos de expressão portuguesa, relativas aos seus acervos referentes às lutas anticoloniais e da libertação. O evento concluirá com uma oficina com 2 sessões de trabalho envolvendo os oradores e participantes interessados, tendo em vista um roteiro da documentação anticolonial
e das independências africanas dispersa pelos diversos países africanos, Portugal, e demais cooperantes nas lutas anticoloniais.
O evento é organizado pelos investigadores do ICS-ULisboa Inês Ponte e Matheus Serva Pereira e conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Para mais informações consulte a página https://www.ics.ulisboa.pt/evento/arquivos-da-libertacao-anticolonialismos-e-memorias-das-independencias-africanas.

29.04.2025 | par martalanca | arquivos, libertação

Orlando Pantera, de Catarina Alves Costa

Sinopse 

Este filme conta a história de Orlando Pantera, um músico e compositor cabo-verdiano que morreu tragicamente aos 33 anos, em 2001. 

Pantera deixou um impacto duradouro na música cabo-verdiana, contribuindo para o renascer das tradições de raiz afro, particularmente da ilha de Santiago, onde nasceu. O filme inclui materiais de arquivo filmados em 2000 pelo cineasta e acompanha hoje os encontros da filha de Pantera, que tinha apenas 6 anos quando o pai morreu, com lugares, pessoas e memórias significativas. O filme explora assim o seu legado, ao mesmo tempo que capta performances musicais únicas no meio das paisagens tropicais e acidentadas do interior da ilha de Santiago, em Cabo Verde. Artistas como Mayra Andrade, Zul Alves, Eneida, Marinu, Fattu Djakité e Princezito interpretam as suas músicas, mostrando como a sua influência continua a moldar a música cabo-verdiana contemporânea. Mais do que uma biografia, esta é uma homenagem a um artista que nunca se tornou uma estrela em vida, mas continua a ser um poderoso símbolo da identidade e cultura cabo-verdiana. 

Pantera morreu em 2001, aos 33 anos, sem gravar qualquer álbum próprio. Esteve sempre nos bastidores, mas estava em fase ascendente quando, uma semana antes da gravação do seu primeiro álbum, morreu. Este tributo resgata-o do anonimato. Um filme cinematográfico e poético, uma viagem sonora ao encontro dos lugares, vozes e figuras que revivem a sua música. A história de como a influência de um músico ecoa através de gerações. 

A realizadora 

Catarina Alves Costa é cineasta e antropóloga. Realizou, entre outros filmes, Margot (2022), Pedra e Cal (2016), Falemos de António Campos (2010), Nacional 206 (2009), O Arquitecto e a Cidade Velha (2004), Senhora Aparecida (1994) e co-realizou Um Ramadão em Lisboa (2019). Recentemente lançou o livro Camponeses do Cinema, editado pelas Edições 70. O seu último filme, Margot, foi exibido em festivais como DocLisboa, DOK.Fest Munchen, ETHNOCINECA em Viena, Festival Internacional de Cinema Etnográfico de Taiwan, Festival VIZANTROP de Belgrado, Ethnofest- Atenas e ganhou o Grande Prémio no Festival de Cinema Documental de Tóquio. É professora na Universidade Nova de Lisboa nas áreas da Antropologia Visual e do Cinema, com uma longa carreira como cineasta internacional. Atualmente dirige o Centro de Investigação em Antropologia, CRIA. 

Sessões no Indie: dia 3 de maio 18:30 Culturgest e 6 de maio 19h Cinema S. Jorge

mais info 

 

25.04.2025 | par martalanca | cabo verde, Catarina Alves Costa, música, Orlando Pantera

PAI NOSSO: Os Últimos Dias de Salazar, de José Filipe Costa

A sessão marcada para 4 de Maio, às 18h, no Grande Auditório da Culturgest (Auditório Emídio Vilar), integra a Competição Nacional da 22ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema e contará com a presença do realizador e da equipa.

SINOPSE
Portugal, 1968. Salazar, o ditador fascista que no mundo mais tempo esteve no poder, cai de uma cadeira e tem um AVC. Quando volta ao palacete de São Bento para convalescer, já não é Presidente do Conselho. Mas ninguém lhe contará a verdade: nem a fiel governanta Maria de Jesus, nem as solícitas criadas Aparecida, Socorro e Teresinha, nem o seu médico pessoal. Deseja Salazar derrotar a morte e perpetuar-se no poder? Saberá ele a verdade, secretamente? Como é possível manter a sanidade mental em São Bento?
PAI NOSSO, produzido por Uma Pedra no Sapato, é financiado pelo Instituto do Cinema e Audiovisual, Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema, RTP, NOS Audiovisuais e Câmara Municipal de Lisboa

25.04.2025 | par martalanca | José Filipe Costa, Salazar

Mário, 14 e 15 de Maio

Integrado nas celebrações do Mês de África, este evento homenageia os 50 anos das independências e o papel da cultura na luta pela libertação colonial

A 14 de maio será exibido o documentário Mário, de de Billy Woodberry, realizador nascido em Dallas e um dos fundadores do movimento cinematográfico L.A. Rebellion, com foco principal nos 50 anos de Independência de Angola, em diálogo com a história e o legado de Mário Pinto de Andrade – pensador, poeta, ativista e fundador do MPLA.

No dia a seguir, terá lugar uma mesa redonda, conduzida através de um debate intergeracional, proporcionando uma reflexão aprofundada sobre a missão crítica e intelectual de Mário Pinto de Andrade. 

O tema da conversa será Revolução, um ato de Poesia – Independência, Cultura e Identidade Africana, e é organizado pelo Africadelic, uma plataforma comprometida com a programação e promoção da criatividade, diversidade e ativismo cultural africano e da diáspora africana nos Países Baixos, em parceria com o Biso, um projeto de vocação educacional, cuja abordagem abrange temas ligados à cultura, política, artes e costumes, com valores filantrópicos e associativos, focado na realidade angolana, com extensão para os PALOP.

O evento irá decorrer no Museu do Aljube, em Lisboa. Será moderado pela professora e investigadora angolana Leopoldina Fekeyãmale, e contará com a presença de Henda Ducados, filha de Mário Pinto de Andrade, José Eduardo Agualusa, jornalista, editor e escritor angolano, e Livia Apa, investigadora e tradutora Italiana. 

Conta ainda com um momento artístico, com recital de poesia e cânticos escritos por Mário Pinto de Andrade, interpretados pelo artista angolano Gari Sinedima. 

Os objetivos são refletir criticamente sobre os 50 anos de independência e seus desafios contemporâneos, analisar a dimensão política, intelectual e o senso humanista de Mário Pinto de Andrade, explorar a relação entre cultura e resistência nos movimentos de libertação, bem como, discutir a identidade africana e os caminhos para o futuro. 

Africadelic, organizado em parceria com a plataforma BISO e Museu do Aljube.


25.04.2025 | par martalanca | angola, independência, Mário Pinto de Andrade

Lançamento do livro GAIA E FILOSOFIA, de Lynn Margulis

A teoria da endossimbiose avançada por Lynn Margulis é hoje amplamente aceite e faz parte dos manuais de biologia, mas foram precisas quinze ou mais rejeições de revistas científicas de renome para que o seu artigo sobre a origem das células eucariotas fosse finalmente publicado. Nos anos 1970, Margulis trabalhou com James Lovelock na hipótese de Gaia, segundo a qual a Terra funciona como um organismo vivo, e todos os elementos interagem e se adaptam, criando mecanismos de autorregulação propícios à existência da vida. O nome Gaia foi proposto pelo escritor William Golding durante um passeio com Lovelock. Anos mais tarde, Lovelock conta que o nome que ouviu inicialmente foi Gyre e não Gaia, deixando para sempre a questão: será que se, ao invés de Gaia discutíssemos Gyre, longe das suas conotações new age, a sua receção seria diferente?

Margulis era mãe e mulher, e isso não é de somenos no panorama das ciências, antes e hoje. O seu entendimento sobre a vida, dentro e fora da academia, não passou despercebido a todos e todas que cruzaram o seu caminho: a busca pela colaboração, incluindo na sua escrita, com Dorion Sagan, filho mais velho; o seu ânimo em sair do laboratório e o seu pragmatismo na abordagem dos seus sujeitos preferidos, as bactérias; enfim, o seu fascínio pelas narrativas sobre o pensamento coletivo e a mudança societal. 

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Dia 22 de abril, a partir das 15h na Biblioteca Nacional, em celebração do Dia da Terra, teremos o lançamento do livro GAIA E FILOSOFIA, de Lynn Margulis e Dorion Sagan. O livro é editado pela Fora de Jogo com o apoio do Laboratório Associado Terra, traduzido por Patrícia Azevedo da Silva, revisto por João Queirós e Ricardo R. Santos, que também assina o posfácio, e conta com ilustrações de Dorion Sagan e Júlia Barata. Antes do lançamento, Dorion Sagan dará uma pequena conferência, seguida de uma discussão entre Sagan, Maria Teresa Ferreira (Laboratório Terra), Patrícia Azevedo da Silva (Fora de Jogo) e Ricardo R. Santos (Terra, ISAMB) sobre ciência, filosofia, e o futuro do planeta. Haverá acepipes e cokctails.

Lynn Margulis (1938-2011), a quem os colegas chamaram “a principal arquiteta do reposicionamento da biologia em termos de comunidades que interagem”, e uma “visionária que antecipou como iríamos reconhecer o impacto do mundo microbiano na forma e na função de toda a biosfera, da sua estrutura molecular aos seus ecossistemas”, produziu um impacto nas ciências da vida comparável ao de Charles Darwin. Durante mais de trinta anos, colaborou em projetos de escrita científica e artísticos com o seu filho Dorion Sagan, filósofo, autor e coautor de vinte e cinco livros, traduzidos para cerca de quinze línguas. As suas obras em conjunto incluem Microcosmos, Symbiogenesis, Slanted Truths, What is Life? , Origins of Sex, e Dazzle Gradually.

Patrícia Azevedo Silva

21.04.2025 | par martalanca | Gaia, Lynn Margulis

Programa de apoio à pesquisa das coleções fílmicas da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema (2025)

Estão abertas até 13 de maio as candidaturas ao Programa de Apoio à Pesquisa das Coleções Fílmicas da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema. Nesta edição, o apoio é destinado ao estudo das coleções fílmicas do Instituto de Investigação Científica e Tropical depositadas no arquivo da Cinemateca pelo Museu Nacional de História Natural e da Ciência / Universidade de Lisboa.   O/a investigador/a receberá formação para inspecionar, catalogar e estudar filmes do IICT relativos à Missão Antropológica de Moçambique (1936-1956), à Missão Antropológica de Angola (1948-1955), à Missão Zoológica de Moçambique (1948-1955) e às missões zoológicas a Angola decorridas nas décadas de 1960 e 1970.  Este apoio destina-se a estudantes, investigadores ou académicos. O aviso de abertura pode ser consultado aqui (link para site Cinemateca).   Para informações adicionais sobre o concurso, contacte-nos através do endereço de correio eletrónico: bolsas@cinemateca.pt 

Mais infos.

21.04.2025 | par martalanca | cinemateca, pesquisa

PÓS-MUSEU: 'A' de Ausência

PROGRAMA PÚBLICO

22 abril | terça-feira

Museu Nacional de Etnologia

17h - Visita orientada à exposição pela curadora Sandra Vieira Jürgens

18h - Conversa com Manuel Santos Maia e Liliana Coutinho

Na próxima terça-feira, 22 abril, às 18h, no Museu Nacional de Etnologia, terá lugar uma conversa com Manuel Santos Maia e Liliana Coutinho, no âmbito da exposição “PÓS-MUSEU: ‘A’ de Ausência”.Partindo da obra “Alheava_film“ (2006-2007), que integra a exposição, iremos conversar sobre o projeto “Alheava“ que Manuel Santos Maia tem vindo a desenvolver desde 2002. Através da sua própria história familiar, o artista tem procurado refletir sobre as memórias pessoais e coletivas dos portugueses relativamente ao passado colonial e pós-colonial em África. No mesmo dia, às 17h, terá lugar uma visita orientada à exposição pela curadora Sandra Vieira Jürgens.


Biografias

Manuel Santos Maia, artista plástico, nasceu em Nampula e vive e trabalha no Porto. A sua prática artística está intimamente associada à busca da sua identidade, à memória e história familiar e coletiva da colonização portuguesa em Moçambique.

Liliana Coutinho é programadora de Debates e Conferências da Culturgest, em Lisboa. Doutora em Estética e Ciências da Arte pela Université Paris, é investigadora do I.H.C. – FCSH/UNL e do Institut A.C.T.E – Université Paris.

Entrada livre, sujeita a lotação do espaço.

 

17.04.2025 | par martalanca | etnologia, liliana coutinho

Uma Ecologia Decolonial - Conferência por Malcom Ferdinand

Quinta-feira, 29 de maio, às 19 horas  link

O mundo está no meio de uma tempestade que moldou a história da modernidade ao longo de uma dupla fratura: por um lado, uma fratura ambiental impulsionada por uma civilização tecnocrática e capitalista que levou à devastação contínua dos ecossistemas da Terra e das suas comunidades humanas e não humanas e, por outro, a uma fratura instalada pela colonização e pelo imperialismo ocidental que resultou na escravatura racial, na dominação de povos indígenas e de mulheres em particular.No seu livro “Uma ecologia decolonial – Pensar a partir do mundo caribenho” (prémio da Fundação de Ecologia Política de 2019) Malcom Ferdinand desafia esta dupla fratura, pensando a partir do mundo das Caraíbas. O navio negreiro revela as desigualdades que se mantêm durante a tempestade: alguns são agrilhoados no interior do porão ou até atirados ao mar, às primeiras rajadas de vento. Com base numa investigação empírica e teórica a partir das Caraíbas, Ferdinand desenvolve o conceito “ecologia decolonial” no qual associa a proteção do ambiente às lutas políticas, contra a dominação (pós)colonial, o racismo estrutural e as práticas misóginas. Enfrentar a tempestade ecológica, saindo do porão da modernidade, é uma proposta de reflexão sobre este livro, na construção de um mundo-comum, moldado por humanos e não-humanos, que possam viver juntos em justiça.No âmbito do eixo Memória de Elefante, do ping! dialoga com a exposição Profundidade de Campo da artista Mónica de Miranda, apresentando a conferência de Malcom Ferdinand, um dos pensadores mais importantes da atualidade.

Malcom FerdinandMalcom Ferdinand
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Malcom Ferdinand nasceu em Martinica em 1985. Licenciado em engenharia ambiental pela University College London e com doutoramento em filosofia política e ciência política pela Université Paris Diderot. Recebeu o Prix du Livre de la Fondation de l’Écologie Politique em 2019 pelo livro Uma ecologia decolonial – Pensar a partir do mundo caribenho. Atualmente, é investigador do Centre National de la Recherche Scientifique e no Institut de Recherche Interdisciplinaire en Sciences Sociales da Université Paris Dauphine-PSL.

 

14.04.2025 | par martalanca | Malcom Ferdinand

Curadoras macaenses da Bienal de Veneza apresentam nova mostra

No passado dia 26 de Março, uma nova galeria de Macau, Lotus Art Space (LAS), abriu as suas portas com a exposição de estreia dos artistas macaenses Wong Weng Cheong e Rusty Fox.
Intitulada “Whispers of the Unseen”, a mostra apresenta ao público os trabalhos artísticos de vários representantes da RAEM na Bienal de Veneza. Wong Weng Cheong foi o artista destacado no Pavilhão de Macau no evento italiano do ano passado.
As curadoras do evento no LAS, Chan Chang e Sio Man Lam, assinaram as curadorias das exposições do território na Bienal de Veneza de 2023 e 2019, respectivamente.
Com vinte fotografias expostas, Rusty Fox “capta, através da fotografia, as absurdidades negligenciadas da vida urbana, criando uma poética visual singular”, lê-se num comunicado da organizadora.
Já Wong Weng Cheong “emprega”, nas 14 águas-fortes, “requintadas técnicas de gravura para representar cenas hiper-realistas e, ao mesmo tempo, surreais, revelando desejos subconscientes e conflitos interiores,” realça o LAS.
“Whispers of the Unseen” é também a primeira exposição do “Programa de Promoção Internacional de Artistas de Macau no Estrangeiro”, uma iniciativa da Associação Internacional de Intercâmbio de Artes Lótus, contando com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura de Macau.
Em declarações aos jornalistas, Sio Man Lam afirmou que “o objectivo do espaço artístico é estimular a criatividade e a imaginação através de uma programação diversificada de exposições e eventos, ligando o público local, da Grande Baía e da cena artística internacional.”
O LAS “vai continuar a colaborar com diversas entidades e personalidades para promover o desenvolvimento da indústria criativa e do turismo cultural,” acrescentou a directora fundadora do espaço artístico.
A exposição “Whispers of the Unseen” está patente até ao final deste mês no Lotus Art Space, galeria integrada no Hotel Legend Palace, na Doca dos Pescadores, em Macau.

Doca dos PescadoresDoca dos Pescadores

10.04.2025 | par martalanca | Bienal de Veneza

Paisagens de Fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal

A 24 de Abril realizar-se-á a conferência final do projecto ‘Paisagens de Fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal’, que decorrerá no auditório da BNP, em Lisboa. Iremos apresentar os principais resultados alcançados e, durante a tarde, serão apresentadas outras perspectivas e geografias do fogo, onde se procurará discutir e desenvolver um quadro global multidisciplinar.

Durante pouco mais de três anos, submetemos o atual regime de grandes incêndios em Portugal a uma investigação histórica sobre a sua origem e desenvolvimento ao longo do século XX. Sem deixar de parte a incidência crescente dos incêndios rurais nas últimas quatro décadas, amplamente estudada pelas ciências ecológicas e florestais, a equipa do projecto analisou maioritariamente o período do Estado Novo, mapeando, por um lado, a emergência do problema dos incêndios nos discursos político e científico e, por outro lado, a transição entre as agriculturas do fogo e o incêndio florestal no período 1950–1980. Estas duas paisagens de fogo, fundamentalmente distintas, foram analisadas em dois espaços de montanha, as serras contíguas da Lapa e da Nave, a Norte, e a serra de Monchique, a Sul.Anúncio e apresentação da conferência aqui: https://ihc.fcsh.unl.pt/events/paisagens-fogo-2025/

07.04.2025 | par martalanca | floresta, incêndios, Portugal

7th Queering Afro-Luso-Brazilian Studies Conference

Organizado desde 2014, com edições em França (Sorbonne Université), na Suécia (Dalarna University), no Reino Unido (Birmingham University), em Portugal (Universidade do Porto) e no Brasil (Universidade de São Paulo), o colóquio internacional “Queering Afro-Luso-Brazilian Studies” retorna a Portugal para a sua sétima edição, a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com organização do Quir Research Hub (CITCOM-CECOMP).

A conferência propõe-se a revisitar o cânone literário, artístico e cultural de países de língua portuguesa, assim como as práticas e arquivos de escritoris e artistas historicamente invisibilizades, cujas trajetórias insinuam potenciais contra-cânones de língua portuguesa, e tradições culturais subrepresentadas e subarticuladas enquanto tal.

Centrando-se nos estudos literários e artísticos, e em representações da dissidência sexual e da desobediência de género em corpos textuais diversos, a conferência procura aproximar pesquisadoris, escritoris, artistas, ativistas e outres agentes culturais cujas práticas e pesquisas promovam, de diferentes modos, ruturas importantes com ordem dominante de sexo-género, como configurada no paradigma moderno-colonial.

A interrogação queer (ou quir) de histórias textuais em disputa ata-se, assim, a uma crítica mais ampla e interseccional da monormatividade, do binarismo de género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade - bem como da homonormatividade, do homonacionalismo, e de novos ideais regulatórios emergentes em culturas textuais contemporâneas.

Chamada de Artigos

A organização convida a submissão de propostas de trabalhos que investiguem a literatura e outras artes (com particular ênfase em conexões interartes) a partir de perspetivas queer, transfeministas e/ou decoloniais, e que visem a desconstrução da ordem de género colonial, profundamente estruturada a partir da mononormatividade, do binarismo de sexo/género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade. 

Damos também as boas-vindas a leituras e intervenções sobre imaginários, práticas, e possibilidades alternativas ao regime moderno-colonial, incluindo resistências, subversões, e perversões da norma sexopolítica no contexto dito “pós-”colonial.

Temas e linhas sugeridas:

  • Leituras queer, transfeministas, e/ou decoloniais do cânone literário e artístico, tal como de obras e de autoris historicamente marginalizades pelos sistemas literário e artístico;
  • Genealogias e arqueologias literárias e artísticas: correntes e tradições contra-canónicas;
  • Arquivos Queer e LGBTQIA+: culturas materiais, éticas do passado, e políticas da memória;
  • Literaturas, cinemas e outras artes LGBTQIA+;
  • Novas normatividades: modelos, ideais e estereótipos no marco do homonacionalismo e do neoliberalismo;
  • Migrações, deslocamentos e diásporas LGBTQIA+;
  • Sexualidades e comunidades sexo-dissidentes: narrativas, performances, representações artísticas e estudos de campo;
  • Literaturas, imaginários, e linguagens não-binaries;
  • Fissuras, ruturas e fabulações críticas na colonialidade do género;
  • Modos de vida, práticas e perspetivas liminares, borderline ou fronteirizas;
  • Ativismos e artivismos queer, quir cuir;
  • Performances e performatividades queer: corpos, comunidades, e praxis;
  • Historicizações da cisgeneridade e heterossexualidade compulsórias;
  • AfroQueer: centrando a geopolítica do continente africano e da diáspora afrodescendente;
  • Estudos críticos das masculinidades;
  • Outras.

Comissão organizadora:

  • Helder Thiago Maia (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Luísa Semedo (Universidade Paris-Sorbonne, França)
  • Marzia D’Amico (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Salomé Honório (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Sofia Zanini (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)

Comissão científica:

  • Alberto da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Alda M. Lentina (Dalarna University, Sweden)
  • Anna Klobucka (UMass Dartmouth, USA)
  • Fernando Curopos (Université Sorbonne Nouvelle, France)
  • Maria Araújo da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Mário Lugarinho (Universidade de São Paulo, Brasil)
  • Paulo Pepe (University of East Anglia, UK)

Línguas de trabalho:

  • Português, Inglês, Galego.

Inscrições:

  • Envio de resumos para: quir.hub@gmail.com
  • As propostas devem conter nome, filiação institucional (se existir), título da proposta e resumo.
  • Resumo com até 1000 caracteres, 5 palavras-chave, indicação de tema/linha sugerida, e bibliografia.
  • Indicação de preferência de participação: presencial ou online.
  • Importante: à partida, apenas investigadoris em formação e/ou pessoas com dificuldades de acesso poderão optar pela participação online (via Zoom). Em caso de dúvida, por favor contactar a organização.

Calendário:

Data-limite de envio dos resumos: até 20 de Maio de 2025.

  • Data-limite para aceitação dos resumos: até 20 de Junho de 2025.
  • Pagamento da inscrição: até 30 de julho de 2025.
  • Taxas de Inscrição:
    • Até dia 15 de Julho: Professoris e investigadoris com vínculo institucional: 30€; Estudantes: 10€.
    • Até dia 30 de Julho: Professoris e investigadoris: 60€; Estudantes: 20€

[Sítio oficial do CECOMP][Substack do Quir Research Hub][Para mais informações: quir.hub@gmail.com]

03.04.2025 | par martalanca | Queering Afro-Luso-Brazilian

Hanami, a primeira longa-metragem da realizadora Denise Fernandes, Cabo Verde

 sessões especiais nos dias 12 e 13 de abril em Cabo Verde, país coprodutor do filme juntamente com Portugal e Suíça. 

Com a coprodução do Batalha Centro de Cinema e com o apoio da Embaixada de Portugal em Cabo Verde e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, o filme terá sessões especiais em Cabo Verde, para que os actores não profissionais que participaram no filme e a comunidade local possam assistir ao mesmo, uma vez que há uma ausência de cinema comercial no país. 

O filme Hanami foi filmado integralmente na Ilha do Fogo, São Filipe e Chã das Caldeiras. A quase integralidade das personagens ficcionais do filme, foram interpretadas por pessoas locais que durante o processo de preparação do filme foram ensaiadas pela nossa equipa para poderem ser atores. Fazer este filme tratou-se de uma experiência única do ponto de vista humano e que mobilizou e entusiasmou as populações dos locais. - refere o produtor português, Luís Urbano

Nos dias 12 e 13 de abril, haverão sessões de projeção na Ilha do Fogo, em São Filipe, na Casa das Bandeiras, às 10h00, 15h00 e 18h00, e na Praia, no Centro Cultural Português, às 19h00, respectivamente. O evento culminará ainda com uma projeção em Mindelo, no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência de Cabo Verde, cuja data será anunciada em breve. 
principal motivação desta nossa iniciativa é partilhar o filme com as pessoas que connosco fizeram o filme e com as comunidades locais que nos ajudaram a realizá-lo. O filme é nosso, mas também é deles. Trata-se, pois, de uma devolução do filme ao local e às pessoas que connosco o fizeram. Por outro lado, sendo a realizadora Denise Fernandes também cabo-verdiana, assumimos desde o início deste projeto o compromisso moral de levar o filme a Cabo-Verde, comenta ainda Luís Urbano.  
Hanami conta a história de uma menina chamada Nana que vive numa remota ilha vulcânica, de onde todos querem sair, mas a pequena Nana aprende a ficar. A mãe, Nia, que sofre de uma doença misteriosa, partiu logo após o seu nascimento. Quando Nana começa a ter febres altas, é enviada aos pés de um vulcão para ser curada. Lá, encontra um mundo suspenso entre sonhos e realidade. Anos mais tarde, quando Nana é adolescente, Nia. 
O filme teve a sua estreia mundial no Festival de Locarno na secção Cineasti del Presente onde venceu o Prémios de Melhor Realizador Emergente,  Prémio Boccalino de Melhor Argumento e obteve uma  Menção Especial do Júri “Primeira Longa-Metragem”. Hanami  continua a circular por todo o mundo e já ganhou mais de 10 prémios em festivais.            
Em Portugal, Hanami chega às salas de cinema a 15 de maio pela distribuidora Desforra Apache.  

Sobre Denise Fernandes
Denise Fernandes (1990) nasceu em Lisboa de pais cabo-verdianos e cresceu na Suíça. A sua última curta-metragem, Nha Mila (2020), foi apresentada no Festival de Locarno na secção Pardi di Domani. Nha Mila foi finalista dos European Film Awards 2020 e exibida em mais de 40 festivais internacionais de cinema. Foi nomeada na categoria Melhor Curta-metragem nos Prémios Sophia 2021 e convidada pelo MoMA e pelo Lincoln Center de Nova Iorque para o festival New Directors/New Films. 
Hanami, filmado em Cabo Verde, é a sua primeira longa-metragem.    

Produção: Alina Film, O Som e a Fúria  
As sessões especiais em Cabo Verde têm coprodução do Batalha Centro de Cinema e o apoio da Embaixada de Portugal em Cabo Verde e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua    
Apoios à divulgação: RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O filme é uma coprodução entre Cabo-Verde, Portugal e Suíça.

03.04.2025 | par martalanca | cabo verde, Denise Fernandes, Hanani

António Jacinto: Poeta e Guerrilheiro

COLÓQUIO INTERNACIONAL | 04 abr. | 14h00-19h00 | Auditório | Entrada Livre - Biblioteca Nacional

No ano em que se comemora o 50.º aniversário da Independência de Angola e o centenário do nascimento de António Jacinto, a Biblioteca Nacional de Portugal organiza um colóquio de evocação e celebração de “António Jacinto: poeta e guerrilheiro”. Esta iniciativa é coordenada pelo escritor Zetho Cunha Gonçalves, organizador da edição da sua obra completa.

O colóquio será constituído por três partes. Numa primeira parte, vários investigadores e professores que estudam a obra de António Jacinto e a literatura angolana do século XX apresentarão os resultados das suas investigações mais recentes: Ana Paula Tavares, David Capelenguela, Francisco Soares, Francisco Topa, José L. Pires Laranjeira. Numa segunda parte, vários escritores e amigos do poeta darão o seu testemunho: Jacinto Rodrigues, João Melo, Luandino Vieira, Manuel F. Martins e Sofia do Amaral Martins. Uma terceira parte será constituída pela transformação do colóquio num livro de homenagem editado pela Biblioteca Nacional de Portugal. Nele constarão os estudos e testemunhos acompanhados das suas mais importantes fotografias.

Resumos

Linguagem literária e tradução em Fábulas de Sanji de António Jacinto | Ana Paula Tavares

Entre fórmulas fixas e jogos de palavras, António Jacinto persegue, neste livro, a memória coletiva de uma determinada sociedade e inscreve o seu repositório no património da oralidade da sociedade angolana.

Atravessando novas propostas teóricas para lá das fontes e da construção do texto vamos deter-nos na tradução e nos diferentes trânsitos entre línguas, personagens e géneros implicados. Trata-se de acompanhar a fixação pela escrita de textos da oralidade e ao mesmo tempo do edifício de reoralização da escrita como lugar de investimento e significado dos nós temáticos que enformam os trabalhos incluídos no livro.

A força do Movimento dos novos Intelectuais: O caso de António Jacinto e a Fundação da União dos Escritores Angolanos | David Capelenguela

Este trabalho procura compreender como é que o “movimento de libertação nacional angolano, concebido a partir de movimentos culturais, ter contado com a presença de escritores entre os principais fundadores e líderes. Escritores que deram sua contribuição das mais variadas formas possíveis: no front da batalha comandando tropas”; e como é que, a partir da prisão, esses escritores produziram obras literárias de mensagem anticolonial que levaram à consciencialização e encorajaram os angolanos, a partir de uma manifestação de projeto estético-literário que realçava o que de mais importante deveria ser matéria-prima para a sua poesia: a realidade angolana, a sua vida social, em especial a condição do homem negro, e as suas belezas e riquezas.

Por fim, faz-se ainda uma análise da forma particular como a produção literária de António Jacinto, enquanto integrante do Movimento dos Novos Intelectuais, auxiliou a metaconsciência e a determinação do povo angolano para a luta de libertação contra o colonialismo português até à independência em 11 de novembro de 1975 e  para que “uma das primeiras medidas tomadas pelo governo do MPLA ao assumir o poder, constituindo como presidente da república o poeta Agostinho Neto, fosse a criação de um órgão editorial que pudesse viabilizar a publicação de inúmeras obras escritas durante o período colonial (…), a União dos Escritores Angolanos (UEA)”. [Hamilton, pp.167-8], em 10 de dezembro de 1975.

Uma arte poética experimental | Francisco Soares

A lírica e a narrativa de António Jacinto, como também os sinais de um pensamento sobre a poesia como arte (em geral, ou seja, narrativa e lírica) apontam para uma constante busca de modelos, soluções ou sínteses entre várias hipóteses de trabalho no contexto específico da angolanidade artística do seu tempo. Tal busca não se completou, não chegou a realizar-se, apenas ficaram tentativas dispersas.

Esta situação proporciona a oportunidade única para estudar o ambiente literário no qual os primeiros poetas independentistas buscavam conseguir expressão própria.

Comparando, de passagem, com o percurso literária do Viriato da Cruz e de Agostinho Neto, testar-se-á, uma vez mais, o conceito de inquietação estética na obra de António Jacinto.

Um Pitigrilli do Oriente ou uma adaptação com sabor a Jacinto | Francisco Topa (CITCEM - FLUP)

Partindo do conto Em Kiluanji do Golungo, de 1984, abordar-se-á a origem da narrativa e o modo como António Jacinto a adaptou, permeando-a de provérbios de origem vária. Será salientada a ligação da narrativa à poética do autor, marcada pela certeza de que “Também entramos na história”.

Liberdade, encarceramento, poesia e cumplicidade | José L. Pires Laranjeira

Liberdade, prisão e denúncia em António Jacinto e breve aproximação a António Cardoso - da MENSAGEM à CULTURA, IMBONDEIRO, CEI e MENSAGEM - a mesma luta discursiva por uma nova cultura e independência nacional.

Nota biográfica

António Jacinto (Luanda, 28 de setembro de 1924 - Lisboa, 23 de junho de 1991) foi um dos mais destacados poetas e ficcionistas da modernidade literária angolana.

Fundador, em 1948, com Viriato da Cruz e Agostinho Neto, entre outros, do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, para o qual a Cultura era um meio para a consciencialização política e de luta para a conquista da independência nacional de Angola.

Esta foi a sua luta, de uma vida inteira, pelo que pagou o alto preço da prisão política, em 1961, acabando por ser desterrado, como tantos outros nacionalistas angolanos do chamado «Processo dos 50», para o Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, onde chegou a 13 de agosto de 1964, e de onde só foi libertado, juntamente com o também escritor e nacionalista angolano José Luandino Vieira, a 15 de junho de 1972.

Conseguindo sair clandestinamente de Portugal, juntou-se às forças da guerrilha do MPLA, tendo sido, até aos acordos de cessar-fogo entre o exército português e o MPLA, em outubro de 1974, diretor do Centro de Instrução Revolucionária Kalunga, na fronteira da República do Congo com Cabinda.

No primeiro governo de Angola independente, desempenhou o cargo de ministro da Educação e Cultura. Publicou os seguintes livros: Poemas, 1961; Vôvô Bartolomeu seguido dos poemas Era Uma Vez… e Outra Vez Vôvô Bartolomeu, 1979; Em Kiluanji do Golungo, 1984; Sobreviver em Tarrafal de Santiago, 1985; Prometeu, 1987; Fábulas de Sanji, 1988.

Em 1979 foi agraciado com o Prémio Lotus, pela Associação dos Escritores Afro-Asiáticos, «pela sua contribuição para a cultura universal e para o esclarecimento da luta travada pelos Povos em prol da sua libertação, do progresso e da paz, e ainda pelo engajamento direto no combate contra o imperialismo e o racismo, que comprometem os valores humanos e culturais da humanidade.»

Na sequência da publicação de Sobreviver em Tarrafal de Santiago, foi agraciado com o Prémio NOMA e a atribuição, pelo Conselho de Estado de Cuba, da Ordem Félix Varela de 1.º Grau, que recebeu das mãos de Fidel Castro. Em 1987, recebeu o Prémio Nacional de Cultura, o mais importante galardão literário angolano.

+ info no site da Biblioteca Nacional. 

28.03.2025 | par martalanca | António Jacinto

7th Queering Afro-Luso-Brazilian Studies Conference

Organizado desde 2014, com edições em França (Sorbonne Université), na Suécia (Dalarna University), no Reino Unido (Birmingham University), em Portugal (Universidade do Porto) e no Brasil (Universidade de São Paulo), o colóquio internacional “Queering Afro-Luso-Brazilian Studies” retorna a Portugal para a sua sétima edição, a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com organização do Quir Research Hub (CITCOM-CECOMP).

A conferência propõe-se a revisitar o cânone literário, artístico e cultural de países de língua portuguesa, assim como as práticas e arquivos de escritoris e artistas historicamente invisibilizades, cujas trajetórias insinuam potenciais contra-cânones de língua portuguesa, e tradições culturais subrepresentadas e subarticuladas enquanto tal.

Centrando-se nos estudos literários e artísticos, e em representações da dissidência sexual e da desobediência de género em corpos textuais diversos, a conferência procura aproximar pesquisadoris, escritoris, artistas, ativistas e outres agentes culturais cujas práticas e pesquisas promovam, de diferentes modos, ruturas importantes com ordem dominante de sexo-género, como configurada no paradigma moderno-colonial.

A interrogação queer (ou quir) de histórias textuais em disputa ata-se, assim, a uma crítica mais ampla e interseccional da monormatividade, do binarismo de género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade - bem como da homonormatividade, do homonacionalismo, e de novos ideais regulatórios emergentes em culturas textuais contemporâneas.

Chamada de Artigos

A organização convida a submissão de propostas de trabalhos que investiguem a literatura e outras artes (com particular ênfase em conexões interartes) a partir de perspetivas queer, transfeministas e/ou decoloniais, e que visem a desconstrução da ordem de género colonial, profundamente estruturada a partir da mononormatividade, do binarismo de sexo/género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade. 

Damos também as boas-vindas a leituras e intervenções sobre imaginários, práticas, e possibilidades alternativas ao regime moderno-colonial, incluindo resistências, subversões, e perversões da norma sexopolítica no contexto dito “pós-”colonial.

Temas e linhas sugeridas:

  • Leituras queer, transfeministas, e/ou decoloniais do cânone literário e artístico, tal como de obras e de autoris historicamente marginalizades pelos sistemas literário e artístico;
  • Genealogias e arqueologias literárias e artísticas: correntes e tradições contra-canónicas;
  • Arquivos Queer e LGBTQIA+: culturas materiais, éticas do passado, e políticas da memória;
  • Literaturas, cinemas e outras artes LGBTQIA+;
  • Novas normatividades: modelos, ideais e estereótipos no marco do homonacionalismo e do neoliberalismo;
  • Migrações, deslocamentos e diásporas LGBTQIA+;
  • Sexualidades e comunidades sexo-dissidentes: narrativas, performances, representações artísticas e estudos de campo;
  • Literaturas, imaginários, e linguagens não-binaries;
  • Fissuras, ruturas e fabulações críticas na colonialidade do género;
  • Modos de vida, práticas e perspetivas liminares, borderline ou fronteirizas;
  • Ativismos e artivismos queer, quir cuir;
  • Performances e performatividades queer: corpos, comunidades, e praxis;
  • Historicizações da cisgeneridade e heterossexualidade compulsórias;
  • AfroQueer: centrando a geopolítica do continente africano e da diáspora afrodescendente;
  • Estudos críticos das masculinidades;
  • Outras.

Comissão organizadora:

  • Helder Thiago Maia (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Luísa Semedo (Universidade Paris-Sorbonne, França)
  • Marzia D’Amico (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Salomé Honorio (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Sofia Zanini (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)

Comissão científica:

  • Alberto da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Alda M. Lentina (Dalarna University, Sweden)
  • Anna Klobucka (UMass Dartmouth, USA)
  • Fernando Curopos (Université Sorbonne Nouvelle, France)
  • Maria Araújo da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Mário Lugarinho (Universidade de São Paulo, Brasil)
  • Paulo Pepe (University of East Anglia, UK)

Línguas de trabalho:

  • Português, Inglês, Galego.

Inscrições:

Envio de resumos para: quir.hub@gmail.com

  • As propostas devem conter nome, filiação institucional (se existir), título da proposta e resumo.
  • Resumo com até 1000 caracteres, 5 palavras-chave, indicação de tema/linha sugerida, e bibliografia.
  • Indicação de preferência de participação: presencial ou online.
  • Importante: à partida, apenas investigadoris em formação e/ou pessoas com dificuldades de acesso poderão optar pela participação online (via Zoom). Em caso de dúvida, por favor contactar a organização.

Calendário:

  • Data-limite de envio dos resumos: até 20 de Maio de 2025.
  • Data-limite para aceitação dos resumos: até 20 de Junho de 2025.
  • Pagamento da inscrição: até 30 de julho de 2025.
  • Taxas de Inscrição:
    • Até dia 15 de Julho: Professoris e investigadoris com vínculo institucional: 30€; Estudantes: 10€.
    • Até dia 30 de Julho: Professoris e investigadoris: 60€; Estudantes: 20€

[Sítio oficial do CECOMP][Substack do Quir Research Hub][Para mais informações: quir.hub@gmail.com]

22.03.2025 | par martalanca | Conference, queer

III Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA

28 – 30 mar / Entrada livre

Entre 28 e 30 de março, a Fundação acolhe a III Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA, um programa de dança contemporânea que reúne os artistas Nuno Barreto, Djam Neguin e Rosy Timas, de Cabo Verde, e Pak Ndjamena, Mai-Júli Machado e Francisca Mirine, de Moçambique. São apresentadas criações recentes, que resultam do trabalho realizado nas residências promovidas pelo programa de mobilidade de artistas PROCULTURA.

Este é um programa vibrante, que dá a conhecer um conjunto de práticas coreográficas de artistas africanos, no cruzamento entre tradição e dança contemporânea. A mostra promove um espaço de apresentação e partilha destas criações e o diálogo com outros contextos de criação contemporânea, incentivando a circulação internacional dos artistas participantes.

+ info

21.03.2025 | par martalanca | Gulbenkian, procultura