O Hábito Faz o Colonizador: Narrativas e Artivismos no Pós-Colonial

18 e 19 de julho de 2024, Departamento de Línguas e Culturas, Universidade de 

Aveiro Site 

Sobre o congresso:

“O hábito não faz o monge”. A antiga expressão popular dizia que as pessoas não deviam ser julgadas somente pela sua aparência, mas também pelos seus atos e condutas. Tempos depois adquiriu uma conotação contrária. Hoje, afinal, também se pode dizer: “o hábito faz o monge”. Como escreveu José de Alencar, em 1854, no folhetim Ao correr da pena: “Hoje, apesar do rifão antigo, todo o mundo entende que o hábito faz o monge. Vista alguém uma calça velha e uma casaca de cotovelos roídos. Embora seja o homem mais relacionado do Rio, passará incógnito e invisível”. Isto é, mais do que uma veste medieval ou terno puído, ontem como hoje, o hábito diz respeito a uma série de costumes, regras, modos e dogmas frequentes e – muitas vezes – permanentes, que induzem maneiras usuais de agir, fazer, sentir e até mesmo de ser. Como postulou Pierre Bordieu, o habitus constitui-se como duro capital simbólico incorporado no modo de agir das pessoas através dos rituais de socialização institucional. Não há, pois, colonialismo nem pós colonialismo fora deste contexto. Escola, estado, trabalho, espaço público têm, assim, a “função de produzir indivíduos dotados de um sistema de esquemas inconscientes, o qual constitui a sua cultura”, as suas crenças arreigadas (Bourdieu, 1974, p. 346). Nesse sentido, o hábito faz o monge. Portanto, o hábito molda o colonizador e enforma também o preconceito.

Neste âmbito, tomamos emprestado esse significativo ditado para pensar criticamente e debater as Narrativas (literárias, performativas e outras) e Arte Ativistas, nos seus múltiplos formatos e suportes – plástico, visual, musical, escrito, videográfico, digital, podcasts e soundscapes diversos (Blaagard et al., 2023), mas incluindo também o próprio corpo, considerado como tela e espaço de criação (Martins & Campos, 2023) – articuladas em torno de conceitos como o Pós-Colonial (Castellano, 2021, pp. 262-264),  o Anti-Colonialismo, a Colonialidade do poder (Grosfoguel, 2008), do saber (Lander et al., 2005) e do ser (Maldonado-Torres, 2007), o Contra-Discurso, a Descolonização, a Decolonialidade (Ashcroft et al., 2000), as Transperiferias Colaborativas (Windle et al, 2020); e linhas de pensamento como a Filosofia da Libertação de Dussel (2016), a Teoria da Dependência de Quijano (2005) e a Categoria Político-Cultural de Amefricanidade de Gonzalez (1988), etc.

Para tal, o evento, propositadamente de banda larga, destina-se a expressões académicas e filosóficas que se alimentem da postura crítica discutida pelas teorias e práticas pós-coloniais organizadas nos temas listados abaixo e outros que se enquadrem nesse âmbito:

– Artivismo pós-colonial transdisciplinar, inter e multiartes;

– Planeamento do território e práticas de resistência à segregação étnica, religiosa, cultura;

– Discursos e intervenções no tema reparações históricas;

– Narrativas nos media e confrontação política;

– A abordagem histórica no aparelho educativo da antiga metrópole e ex-colónias;

– A velha máxima do Luso-tropicalismo e suas ramificações;

– Artistas no exílio e perspectivas (anti-)coloniais, pós ou decoloniais;

Habitus colonial e discursos ideológicos;

– O papel da ficção especulativa em narrativas pós-coloniais;

– Colonialidade do saber, epistemologias subalternas e a legitimidade do conhecimento;

– Colonialidade do poder contra as lutas identitárias de género, raça e classe;

– Colonialidade do ser e a influência das Narrativas em processos de subjetivação.

– Associações artivistas, comunas de artistas, cooperativas e movimentos artísticos unidos em torno de objetivos sociopolíticos;

– O corpo enquanto problemática e ferramenta artivista nos seus diversos usos;

– Estética artística e campo político: intersecções, porosidades, oposições;

– Artivismo vitalista: o corpo e a vida de ativistas enquanto obra de arte, narrativa e ficção vital;

 

Chamada de trabalhos:

 

O congresso irá recorrer ao uso da língua portuguesa como meio de comunicação entre todos os participantes. Ademais se alerta que não serão consideradas comunicações via zoom e também se encontram fora dos parâmetros seletivos o envio de gravações. Em linha com os objetivos deste congresso, pretende-se dar primazia às interações pessoais e, em conformidade, todas as comunicações serão presenciais. 

As propostas devem ter entre 200 e 300 palavras, incluindo palavras-chave. Devem ser enviadas até ao dia 31 de janeiro de 2024, acompanhadas de uma breve nota biográfica (máximo de 100 palavras). O título do ficheiro com o resumo deve obedecer ao seguinte formato: “nomeResumo”. Exemplo: “AndréMirandaSantosResumo”

As comunicações ao congresso terão entre 15 a 20 minutos. Todas as propostas serão analisadas atempadamente e os autores notificados em tempo útil, tão breve quanto possível. As mesmas deverão ser enviadas para o seguinte endereço eletrónico: habitocolonizador@gmail.com

Todas as informações disponíveis em: 

https://ohabitofazocolonizador.wordpress.com/

 

Referências

 

Ashcroft, B., Griffiths, G., & Tiffin, H. (2000). Post-Colonial Studies: The Key Concepts (2a). London: Routledge.

Blaagaard, B., Marchetti, S., Ponzanesi, S., & Bassi, S. (Eds.) (2023). Postcolonial Publics: Art and Citizen Media in Europe. (1 ed.) Edizioni Ca’Foscari, Venice University Press. Studi e ricerche Vol. 30 https://doi.org/10.30687/978-88-6969-677-0

Bordieu, P. (1974). A Economia das Trocas Simbólicas (Introdução, organização e seleção de 

Sérgio Miceli). São Paulo: Perspectiva.  Miceli, S., Barros, M., Catani, A., Catani, D., Montero, P., Durand, J. (trads.)

Castellano, C. (2021). Art activism for an Anticolonial Future. Albany: SUNY Press

Dussel, E. (2016). Transmodernidade e interculturalidade: Interpretação a partir da filosofia da libertação. Sociedade e Estado, 31(1), 51–73. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100004

Gonzalez, L. (1988). A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, 92, 69–82.

Grosfoguel, R. (2008). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, 115–147. https://doi.org/10.4000/rccs.697

Lander, E., Dussel, E., Mignolo, W. D., Coronil, F., Escobar, A., Castro-Gómez, S., Moreno, A., Segrega, F. L., & Quijano, A. (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino- americanas (E. Lander (ed.); J. C. C. B. Silva (trad.)). CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ www.clacso.org

Maldonado-Torres, N. (2007). Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. Em S. Castro-Gómez & R. Grosfoguel (Eds.), El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global (pp. 127–167). Siglo del Hombre Editores.

Martins, J. C. F., & Campos, R. M. de O. (2023). The body as theme and tool of artivism in young people. European Journal of Cultural Studies, 0(0). https://doi.org/10.1177/13675494231163647

Quijano, A. (2005). Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Em E. Lander (Ed.), & J. C. C. B. Silva (Trad.), A colonialidade do saber. Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas (pp. 227–278). CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_...

Windle, J., Souza, A. L. S., Silva, D. N., Zaidan, J. M., Maia, J. O., Muniz, K., Lorenso, S. (2020). Por um paradigma transperiférico: uma agenda para pesquisas socialmente engajadas. Debate: Trabalhos em Linguística Aplicada, 59 (2). https://doi.org/10.1590/01031813749651220200706

28.11.2023 | par martalanca | Artivismo, Narrativas, pós-colonial

Call para revista VAZANTES v. 3, n. 1

A Vazantes – Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC, convida propostas de artigos, ensaios, ensaios visuais, escritas experimentais, entrevistas, resenhas, experimentações artísticas, intervenções e demais formatos de contribuição bibliográfica e não-bibliográfica para seu novo número: Vazantes v. 3. n. 1; Junho/Julho de 2019.

Dossiê temático: Imagens Pós-Coloniais, Anti-Coloniais e Decoloniais <<fratura interseccional>>

Editores do dossiê: Michelle Sales (UFRJ), Kaciano Gadelha e Pablo Assumpção PRAZO DE SUBMISSÃO: 01 Março de 2019 (UFC)

Performance 'The Colonial Wound Still Hurts' by Jota Mombaça, Venice, 11 October 2015Performance 'The Colonial Wound Still Hurts' by Jota Mombaça, Venice, 11 October 2015

A colonização, como forma de poder constituinte próprio à modernidade, desencadeou alucinações e paradoxos incalculáveis. Em Crítica da Razão Negra, Achille Mbembe nos ensina que a expansão territorial, econômica e política da Europa através dos vários continentes do planeta arrastou consigo um complexo de fantasias e delírios da onipotência e da imaginação europeia cujos efeitos aparentemente insondáveis coincidiram com o trabalho da morte. O poder da representação na materialidade histórica do colonialismo não se separa facilmente da captura, do esvaziamento e da coisificação dos muitos corpos encontrados pelo caminho, um escândalo que revela a força constitutiva e ao mesmo tempo devastadora dos signos, das ideias e das imagens no campo da economia política. Acreditamos que a crítica da modernidade, do imperialismo e do colonialismo permanecerá inacabada, portanto, enquanto negligenciarmos os diversos modos como a arte e a produção do sensível coincidem com a reprodução escandalosa do “alterocídio” (Mbembe, Crítica da Razão Negra), do racismo e, em última instância, da proliferação da morte como modo de governança.

É com certo atraso histórico que a reflexão sobre o colonialismo no campo das artes no Brasil assume os limites incontornáveis que agora pulsam nas veias produtivas de inúmerxs artistas brasileirxs, ainda marginalizados pelas estruturas hierarquizantes e elitistas da vida artística no país. O senso comum que sempre relegou aos povos originários, aos afrodescendentes e aos negros, o lugar esvaziado da representação/ilustração da vida brasileira é duramente questionado pela potência do debate, por exemplo, em torno da noção do “lugar de fala”. Esse conceito operativo surge no contexto do feminismo interseccional americano para reivindicar a diferença/alteridade dos sujeitos falantes – em detrimento de um sujeito que fala em nome de um saber “universal” – e para reivindicar a diferença reconhecida dos lugares de onde partem os discursos, marcados pela raça, pela classe social, pelo gênero e por outros diversos modos de “negatividade” social.

Algumas artistas e feministas negras brasileiras, como Jota Mombaça e Djamila Ribeiro esgarçam este conceito, levando o questionamento em torno do “lugar de fala” no Brasil para um debate que questiona os traumas, as fobias, os desejos e as pulsões advindas de um passado colonial e o racismo estrutural que marca a sociedade brasileira, heranças do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas oriundas de África para as Américas e o Caribe como parte do desenvolvimento do projeto moderno da exploração econômica colonizadora. A certeza de que é preciso, se quisermos romper com o complexo imaginário, simbólico e afetivo da colonização, uma rotura com o modelo colonialista patriarcal, eurocêntrico, judeu-cristocêntrico e heterossexual, move, nos dias de hoje, uma significativa parte da produção artística no Brasil com a qual queremos aqui aprofundar debates e estabelecer leituras.

De forma diferente, porém relacionada, a produção de uma série de artistas africanos move-se também na direção de temáticas e procedimentos que pretendem rever os discursos coloniais e reorganizar as referências culturais, simbólicas e afetivas que fizeram do continente africano, ao mesmo tempo, uma máquina desenfreada da significação onírica europeia e uma ferida aberta na crise moral, política e semiótica das noções modernas de responsabilidade e justiça. Em Angola, por exemplo, artistas como Kiluanji Kia Henda, Yonamine Miguel, Mónica de Miranda, dentre outros, produzem, na diáspora, olhares inquietantes desse passado colonial e, ao serem absorvidos pelo sistema das artes, impõem novos olhares, outras vozes da história e uma produção artística que redimensiona a maneira com a qual o circuito europeu relaciona-se com a arte “africana”.

O contexto cultural de disputa discursiva também se intensifica na antiga metrópole. Apesar dessas questões em solo europeu causarem repercussões distintas, é cada vez mais evidente artistas portuguesas – como Grada Kilomba, Ângela Ferreira e Filipa César, por exemplo – que se posicionam criticamente em relação ao olhar eurocêntrico e, nomeadamente, à branquitude do sistema das artes, complicando as relações culturais já esgarçadas entre a ex-metrópole e as ex-colônias.

A proposta da Revista Vazantes com o dossiê Imagens Pós-Coloniais, Anti-Coloniais e Decoloniais: fratura interseccional, é fomentar e ampliar uma discussão política do campo das artes no espaço linguístico e geopolítico dos países de língua portuguesa mas não só, capaz de fazer levantar não apenas questões estéticas prementes, como também aspectos políticos em comum, remodulando o campo da pesquisa em artes e desenhando um espaço imaginário comum. Os temas de interesse e a formas de publicação para este dossiê são múltiplos e incluem:

.Práticas e poéticas decoloniais e anti-coloniais hoje

.Relações entre África e arte: da representação, da des-fetichizaçãoArte luso/afro/brasileira e racismo
.Branquitude
.Contrametafísicas nativasFeminismos negros, indígenas e descoloniais: contranarrativas e novos espaços de produção e circulação de imagens

.O corpo e o sagrado na arte e na cultura africana e diaspórica
.Teorias e contrateorias da imagem na África e na diáspora

.Comunidades, memórias, saberes ancestrais
.Cinema negro
.Movimentos queer e anticoloniais na arte e na vidaPedagogias anticoloniais e decoloniais

A Revista Vazantes é uma publicação semestral vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Cultura e Artes, da Universidade Federal do Ceará. Normas de submissão de propostas

Propostas, dúvidas e conversas sobre este número, favor endereçar para:revistavazantes@gmail.com

PRAZO FINAL PARA SUBMISSÃO: 01 de Março de 2019

Michelle Sales: Professora Adjunta da Escola de Belas Artes da UFRJ na área de Teoria da Imagem, exerceu diversas funções na área da gestão, da extensão e da pesquisa em universidades públicas e privadas no Brasil. Desde 2014, quando foi bolsista do Programa para Investigador Estrangeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, atua também no campo das artes visuais como curadora independente e pesquisadora. É atualmente investigadora de pós-doutoramento no Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra, e coordena o seminário temático “Cinemas pós-coloniais e periféricos” da Socine, Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, além de integrar a Direção da AIM, Associação de Investigadores da Imagem em Movimento de Portugal. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Lisboa. 

Kaciano Gadelha: Sociólogo, pesquisador e curador em arte contemporânea. Foi bolsista PNPD CAPES do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC (2015-2018). Doutor em Sociologia, magna cum laude, pela Universidade Livre de Berlim. Foi docente convidado para o curso “Humilhação, nojo e repúdio no fazer social” no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional (UFRJ), em 2017. Participou de festivais, exibições e mostras de arte no Brasil e no exterior como palestrante, tais como transmediale – Festival for Art and Digital Culture (Berlin, 2014), Valongo Festival da Imagem (Santos – 2018), Mostra Motumbá – Memórias e Existências Negras (Sesc Belenzinho, SP, 2017), entre outros.

Pablo Assumpção: Professor do Programa de Pós-Graduação em Artes e da Graduação em Dança da Universidade Federal do Ceará, Coordenador Editorial da Revista Vazantes (PPGArtes UFC). Pesquisa e escreve sobre práticas de etnografia experimental, teorias do corpo, performance, espaço urbano e teorias queer. Atuou em 2017 como Global Visiting Scholar no Center for the Study of Gender and Sexuality da Universidade de Nova York. Vive e trabalha em Fortaleza, Ceará.

Equipe Editorial da Revista Vazantes:

Pablo Assumpção (Coordenador Editorial), Patrícia de Lima Caetano (Editora), Deisimer Gorczevski (Editora) e Claudia Marinho (Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC)

o v.2. n.2 (2018) da Vazantes saiu durante as férias e merece atenção. O dossiê “Políticas do Sensível: Sensorialidades, Sensualidades, Corporeidades” foi editado por Patrícia Caetano e Pablo Assumpção, professores do PPG Em Artes da UFC e traz rico material interdisciplinar para complexificar as discussões sobre estudos somáticos na pesquisa em artes.
ACESSO AQUI
Há traduções de Erin Manning, Jill Green, artigos, ensaios e proposições poéticas de Bia Medeiros e AllA Soub, Beth Pacheco (et al), Walmeri Ribeiro, Andreia Oliveira e Tania Galli, Dani Lima, Luciana Hoppe, Joana Ribeiro, Tiago Fortes, Sofia Karam, Catarina Resende, Ruth Torralba, Patricia Caetano, Carlos Alberto Ferreira, Robson Loureiro (et al), Juliano Gadelha, Mara Leal, Kaciano Gadelha, Silvia Figueroa, Kleyton Ratts, Lailah Garbeiro e Ronaldo Fortes,  Ariel Cheszes, Valéria León, Felipe Andrés e Andrea Rey.

Sobre a Vazanteshttp://periodicos.ufc.br/vazantes/about

Vol. 1 N. 1: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/566

Vol. 1 N. 2: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/567

Vol. 2 N. 1: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/703

Vol. 2 N. 2: http://periodicos.ufc.br/vazantes/issue/view/760

07.02.2019 | par martalanca | Imagens, pós-colonial, vazantes

Palestra de Françoise Vergès“L’Atelier e outras práticas artísticas decoloniais. Fomentando o anti-capitalismo e o anti-racismo político”

18h30, 27 de novembro, 2018

Hangar – Centro de Investigação Artística, Lisboa
Françoise Vergès examinará algumas das práticas culturais e artísticas que tem desenvolvido nos últimos quinze anos: o museu sem objectos, “Banana and Imperialism: A Travel Across Time and Space”, “The Slave in the Louvre: An Invisible Humanity”, e L’Atelier, um workshop colectivo e colaborativo com artistas negros em Paris.
Françoise Vergès é uma académica feminista e anti-racista, que tem escrito profusamente sobre Frantz Fanon, Aimé Césaire, memórias da escravatura, o museu decolonial e feminismo. No seu livro mais recente, “The Black Women’s Womb. Capitalism, Race, Feminism” (2017), explora a política racial do controle da natalidade desde o tráfico de escravos até aos dias de hoje, e critica o feminismo branco e burguês.Vergès passou a sua infância na Reunião, e viveu na Argélia, em França, no México, em Inglaterra e nos Estados Unidos. Depois de ter trabalhado como jornalista e editora no movimento feminista francês, mudou-se para os Estados Unidos em 1983, onde trabalhou antes de se inscrever na universidade. Licenciou-se summa cum laude em Ciência Política e Estudos de Género em San Diego, e doutorou-se em Ciência Política em Berkeley, Califórnia (1995). A sua tese “Monsters and Revolutionaries. Colonial Family Romance”, com que obteve o prémio de melhor tese em teoria política, foi publicada pela Duke University Press (1999). Leccionou na Universidade de Sussex e no Goldsmiths College em Inglaterra. Tornou-se membro do Comité pour la mémoire et l’histoire de l’esclavage (Comité para a memória e a história da escravatura) em 2004 (Taubira Act de 2001), e foi sua presidente entre 2009 e 2012. Entre 2003 e 2010, desenvolveu o programa científico e cultural para um museu para o século XXI na Ilha da Reunião. É igualmente membro de várias instituições que trabalham para a prevenção da discriminação e do racismo; pertence à direcção da Galerie Bétonsalon e ao conselho científico da Fondation Lilian Thuram – Éducation contre le racisme. Vergès foi também directora do Programa Global South(s) no Collège d’Études Mondiales de 2014 a 2018. 
As suas publicações incluem: “Décolonisons les Arts!”, L’Arche, Paris, 2018, com Leïla Cukeirman e Gerty Dambury; “Le ventre des femmes. Capitalisme, racialisation, féminisme”, Albin Michel, Paris, 2017; “Exposer l’esclavage: méthodologies et pratiques. Colloque international en hommage à Édouard Glissant”, Africultures, Paris, 2013; “L’Homme prédateur. Ce que nous enseigne l’esclavage sur notre temps”, Albin Michel, Paris, 2011; “Ruptures postcoloniales: Les nouveaux visages de la société française”, com Nicolas Bancel, Florence Bernault, Pascal Blanchard, Ahmed Boubakeur e Achille Mbembe, La Découverte, Paris, 2010. 
Organização: Ana Balona de Oliveira (CEC-FLUL & IHA-FCSH-NOVA).Evento integrado no ciclo de conversas e palestras ‘Pensando a Partir do Sul: Comparando Histórias Pós-Coloniais e Identidades Diaspóricas através de Práticas e Espaços Artísticos’.
Apoio: Centro de Estudos Comparatistas, Universidade de Lisboa; Instituto de História de Arte, Universidade Nova de Lisboa; Fundação para a Ciência e a Tecnologia; Direcção Geral das Artes.

fotografia de Cyrille Choupas. Cortesia Françoise Vergès.fotografia de Cyrille Choupas. Cortesia Françoise Vergès.

Lecture by Françoise Vergès “L’Atelier and other artistic decolonial practices. Fostering anti-capitalism and political anti-racism”

6.30 pm, 27 November 2018 Hangar – Artistic Research Centre, Lisbon.
Françoise Vergès will discuss some of the cultural and artistic practices she has been developing in the last fifteen years: the museum without objects, “Banana and Imperialism: A Travel Across Time and Space”, “The Slave in the Louvre: An Invisible Humanity”, and L’Atelier, a collective and collaborative workshop with black artists in Paris.
Françoise Vergès is an anti-racist feminist scholar who has written extensively on Frantz Fanon, Aimé Césaire, memories of slavery, the decolonial museum, and feminism. In her most recent book, “The Black Women’s Womb. Capitalism, Race, Feminism” (2017), she explores the racial politics of birth control from the slave trade to today, and criticizes white bourgeois feminism.Vergès spent her childhood in La Réunion, and has lived in Algeria, France, Mexico, England and the United States. After having worked as a journalist and editor in the women’s liberation movement in France, she moved to the United States in 1983, where she worked before enrolling in university. She obtained a dual Bachelor’s degree summa cum laude in Political Science and Women’s Studies in San Diego, then a Doctorate in Political Science at Berkeley, California (1995). Her thesis “Monsters and Revolutionaries. Colonial Family Romance”, for which she obtained the award for the best thesis in political theory, was published by Duke University Press (1999). She has taught at Sussex University and Goldsmiths College in England. She became a member of the Comité pour la mémoire et l’histoire de l’esclavage (Committee for the remembrance and history of slavery) in 2004 (Taubira Act of 2001), and was its president from 2009 to 2012. Between 2003 and 2010, she developed the scientific and cultural programme for a museum for the 21st century on the island of La Réunion. She is also a member of several institutions working to prevent discrimination and racism; she sits on the board of the Galerie Bétonsalon and on the scientific council of the Fondation Lilian Thuram – Éducation contre le racisme. Vergès was also chairholder of the Global South(s) Chair at the Collège d’Études Mondiales from 2014 to 2018. 
Her publications include: “Décolonisons les Arts!”, L’Arche, Paris, 2018, with Leïla Cukeirman and Gerty Dambury; “Le ventre des femmes. Capitalisme, racialisation, féminisme”, Albin Michel, Paris, 2017; “Exposer l’esclavage: méthodologies et pratiques. Colloque international en hommage à Édouard Glissant”, Africultures, Paris, 2013; “L’Homme prédateur. Ce que nous enseigne l’esclavage sur notre temps”, Albin Michel, Paris, 2011; “Ruptures postcoloniales: Les nouveaux visages de la société française”, with Nicolas Bancel, Florence Bernault, Pascal Blanchard, Ahmed Boubakeur and Achille Mbembe, La Découverte, Paris, 2010. 
Organisation: Ana Balona de Oliveira (CEC-FLUL & IHA-FCSH-NOVA).Part of the talk and lecture series ‘Thinking from the South: Comparing Post-Colonial Histories and Diasporic Identities through Artistic Practices and Spaces’.
Support: Centre for Comparative Studies, University of Lisbon; Institute for Art History, New University of Lisbon; Foundation for Science and Technology; Direcção Geral das Artes.Photo: © Cyrille Choupas. Courtesy Françoise Vergès.

20.11.2018 | par martalanca | decolonial, escravatura, Françoise Vergès, pós-colonial

Jornadas de estudo: nação e narrativa pós-colonial angolana e moçambicana

Estas jornadas integram-se numa reflexão mais ampla relativa às “Identidades em Migração no Espaço Lusófono”. As sessões terão lugar no Auditório 2 do ISEG, Rua do Quelhas nº 6, Lisboa, de 30 de Junho a 2 de Julho de 2011.

27.06.2011 | par martalanca | pós-colonial