Cosmogony, exposição de George Lilanga na Influx, em Lisboa

Shetani é uma palavra swahili que significa espírito ou diabo. Deriva do árabe, Shaitan. Os shetanis são criaturas mitológicas, geralmente malévolas, à volta dos quais se gerou uma importante tradição oral nalgumas regiões da África oriental. Podem aparecer sob diferentes formas, cada um com diferentes funções e “poderes” e são considerados pelas populações locais como os principais causadores de adversidade.  

Os shetanis são tradicionalmente representados pelo povo Maconde do sul da Tanzânia e norte de Moçambique sob a forma de figuras antropomórficas, distorcidas, assimétricas e com características físicas extremamente exageradas. 

Na cosmogonia Maconde, existem vários tipos de shetanis: o perigoso ukunduka, que se alimenta através das relações sexuais, o shetani-camaleão, um carnívoro voraz com características de réptil ou o inofensivo shuluwele, que colhe ervas medicinais na floresta, são alguns exemplos.

Os shetanis de George Lilanga, no entanto, não são assustadores ou malvados. A cosmogonia de Lilanga inclui os impecavelmente-bem-vestidos-shetanis-yuppies, os shetanis-com-telemóvel ou os shetanis-futebolistas, numa crítica divertida e mordaz às contradições da sociedade tanzaniana actual.

George Lilanga (1934-2005) nasceu em 1934 na aldeia de Kikwetu,no sul da Tânzania.  

influx

08.12.2010 | par franciscabagulho | George Lilanga, influx contemporary art