King Size, direção Sónia Baptista

6 junho a 15 junho 2025

qui: 21h; sex: 21h; sáb: 19h; dom: 16hSala Estúdio Valentim de Barros

King Size analisa como se constrói a masculinidade, para ressignificar as relações entre natureza, género e sexo. Focando figuras que incorporam os mitos masculinos, bem como as suas revisões paródicas, esta criação encena um jogo de desidentificação que resiste às pressões de binarismo sexual, na sociedade e na arte.

Uma obra que confronta os dispositivos de criação e dramaturgia de performances drag contemporâneas com os códigos rígidos de representação de género, na dança e no teatro tradicionais, e interroga essas representações, esbatendo as diferenças entre o que é natural e o que é construção cultural ou cénica. Espetáculo em inglês e português, com legendas em português.

direção Sónia Baptista
interpretação Ana Libório, Crista Alfaiate, Joana Levi, Maria Abrantes e Sónia Baptista
espaço cénico Raquel Melgue
desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção
vídeo Ana Libório e Raquel Melgue
som Margarida Magalhães
desenhos Bárbara Assis Pacheco 
apoio à dramaturgia Mariana Ricardo
apoio à criação Francesca Rayner, Marcus Massalami, Maribel Mendes Sobreira, Paloma Calle e Vânia Doutel Vaz
apoio ao desenho de luz Pedro Nabais
direção de produção Maria João Garcia 
produção executiva Margot Silva
comunicação Helena César
produção AADK PORTUGAL
tradução Joana Frazão
legendagem Joana Frazão e Sónia Antunes
coprodução Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery/DDD - Festival Dias da Dança, Festival Linha De Fuga
residência de coprodução O Espaço do Tempo
apoio EVC, Alkantara, Devir/Capa, Citemor, Livraria Aberta, Livraria Snob, Gaivotas6, Mala Voadora
agradecimentos Queer Lisboa, Miguel Freitas, Lara Torres, João Caldas, Sérgio Fazenda Rodrigues, Caeiro, Joaquim Fónix, King Molas da Roupa,  A. M. Dickless, Só Carlos, Billie Gnz, Ana Francisca Amaral Correia, José António Cunha, Isidro Paiva, José Capela, Lara Morais, Caio Soares

09.06.2025 | par martalanca | masculinidade, Sónia Baptista

Apresentação e debate da obra “Matchundadi” de Joacine Katar Moreira na UCCLA

Vai decorrer no dia 13 de agosto, pelas 16h30, a apresentação e debate da obra “Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau” de Joacine Katar Moreira, no auditório da UCCLA.

Com a chancela da Nimba Edições, o debate terá como oradores a autora Joacine Katar Moreira, o sociólogo Huco Monteiro e o jornalista Tony Tcheka.

A abertura da sessão contará com as intervenções do Secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho, e do editor Luís Vicente.

Haverá um momento musical pelo músico guineense Guto Pires.

De referir que este evento decorre no âmbito da exposição “Olhares da Guinendade - Artes da Guiné-Bissau” patente na UCCLA - Mais informações aqui.

A sessão terá transmissão em direto da página do Facebook da UCCLA.

Sinopse:

«A cultura di matchundadi tem sido o motor da vida política guineense e sem a exacerbação e a institucionalização desta forma de masculinidade hegemónica, o sumo que tem regado a política guineense desapareceria. Entre tramas, traições, mortes, destituições, eleições, nomeações, transições políticas e golpes de Estado.»

[Joacine Katar Moreira]

Indispensável. Numa palavra seria esta a qualificação do livro de Joacine Katar Moreira que aqui se apresenta. E indispensável por múltiplas razões: porque permitirá à leitora e ao leitor aprender tanto como aprendi eu sobre a história contemporânea da Guiné-Bissau; porque desenvolve uma análise fina e sofisticada de como essa história foi e é, também, organizada por um dos processos primordiais de todas as sociedades humanas – o género; porque aponta claramente um dos elementos centrais, até aqui oculto de toda e qualquer análise sobre a realidade guineense, geradores da instabilidade e violência dos processos sociopolíticos da Guiné-Bissau – as formas de (hiper)masculinidade hegemónica que monopolizam a competição pelo poder estatal.

[Pedro Vasconcelos]

A cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer da matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandi e uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a protecção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadi é altamente performativa mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.

[Joacine Katar Moreira]

Biografia da autora:

Joacine Katar Moreira é historiadora e política nascida na Guiné-Bissau em 1982. É Doutorada em Estudos Africanos, mestre em Estudos do Desenvolvimento e licenciada em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. Foi deputada independente do Parlamento Português durante a XIV Legislatura e candidata às eleições europeias em 2019. Feminista interseccional e anti-racista, as suas áreas de estudo são os Estudos de Género, a violência, a política e a descolonização. Mentora e fundadora do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal, tem participado ativamente no debate público sobre o Colonialismo, a Escravatura e o Racismo. Como política a sua agenda pautou-se pelo alargamento dos Direitos Constitucionais, o combate ao racismo e à pobreza e pela luta contra as alterações climáticas.

02.08.2022 | par Alícia Gaspar | guto pires, huco monteiro, joacine katar moreira, luís vicente, masculinidade, matchundadi, novo livro, tony tcheka, uccla, vítor ramalho

Funaná, raça, masculinidade

O funaná é uma prática de música e dança que foi criada pela população camponesa da ilha cabo-verdiana de Santiago no período pós-escravatura do final do século XIX. Originado nas performances de tocadores de gaita e fero em sociabilidades familiares e comunitárias, foi proscrito por administradores e clérigos durante o período final do colonialismo português. Após a independência de Cabo Verde, o interesse de jovens músicos por esta história marginal motivou a criação de novas estéticas de música popular. Apesar de gradualmente aceite no quadro de uma cultura oficial crioula promovida pelo Estado, o funaná permaneceu uma prática icónica de uma masculinidade entendida enquanto “africana”. Este livro situa o funaná na história social e política colonial e pós-colonial. Questiona em particular de que modo este género de música e dança foi historicamente racializado e que legados deste processo persistem no presente.

Autor: Rui Cidra

Edição: Outro Modo, Le Monde diplomatique – edição portuguesa

2021 | Preço: 14€ (10% de desconto para assinantes)

02.08.2021 | par martalanca | Funáná, masculinidade, raça