Sem Título | Davi Pontes

Existe um corpo que está em risco. Sem título é um território para construção de um solo, onde a coreografia é gerada pelo trânsito de referências e memórias de um corpo negro. Esse
território é dividido por lotes, que procura no espaço entre o próprio corpo e o chão, ou na
ficção de uma imagem, “tensionar” a questão da presença desse corpo coexistir nesse mesmo espaço. Existe um corpo que está em risco e que não tolera qualquer tentativa de controlar o que ele produz.
Davi Pontes

Fundação Centro Cultural de Belém | 13 e 14 de Janeiro de 2017 | Lisboa, Portugal
https://www.ccb.pt/Default/pt/Programacao/Danca?A=821

Rua das Gaivotas | 3 e 4 de Fevereiro de 2017 | Lisboa, Portugal
http://ruadasgaivotas6.pt/sem-titulo-davi-pontes/

Foto de Miguel BonnevilleFoto de Miguel Bonneville

 

Coreografia e interpretação Davi Pontes   
Acompanhamento Artístico Miguel Bonneville  
Música Original Challenger (Luís Kasprzykowski)  
Desenho de Luz Nuno Patinho   
Registo Vídeo e Fotográfico Joana Linda   
Produção Executiva: Cristina Correia

11.01.2017 | by marianapinho | Angela Davis, Davi Pontes, Espaço de risco, Frantz Fanon, Sem Título

Documentário inspirado nas ideias de Fanon

Concerning Violence é um documentário “em nove cenas sobre a autodefesa contra o imperialismo”. Usa filmagens feitas em África por equipas suecas, entre 1966 e 1984, inscrevendo frases da obra mais conhecida do Frantz Fanon, Os Condenados da Terra, o livro que o psiquiatra martiniquês escreveu em 10 dias, já perto da morte,depois do golpe dos generais e da repressão sangrente de 17 de Outubro de 1961, em Paris, opondo a polícia francesa aos manifestantes argelinos.

O filme traz à tona a crueldade do colonialismo em África, repensando as complexidades e efeitos devastadores deixados aos povos colonizados.

Frantz Fanon nasceu na ilha caribenha da Martinica em 1925, e cresceu no império francês. Quando veio da ilha da Martinica para a metrópole França na Europa, compreendeu, através do envolvimento no exército frances por todo o lado, que esta classe privilegiada sobre o seu povo negro não queria dizer nada no país dos principais colonizadores – ele não era nada senão um homem negro. Num famoso capítulo no seu livro Peles Negras, Máscaras Brancas (rejeitado como dissertação por uma universidade francesa), menciona o seu choque quando uma criança francesa grita à sua mãe – “Mamã, olha um preto”. Mas Fanon passa deste choque para uma tentativa de compreender a colonização por todo o mundo.

 We can do anything today provided we do not ape Europe, provided we are not obsessed with catching up with Europe. Europe has gained such a mad and reckless momentum that it has lost control and reason and is heading at dizzying speed towards the brink from which we would be advised to remove ourselves as quickly as possible.

(…)
If we want to turn Africa into a new Europe, let us leave the destiny of our countries to Europeans. They will know how to do it better than the most gifted among us. But if we want humanity to advance a step further, if we want to bring it up to a different level than that which Europe has shown, then we must invent and we must make discoveries. For Europe, for ourselves, and for humanity, comrades, we must turn over a new leaf, we must work out new concepts, and try to set afoot a new human being.

Lauryn Hill é a narradora do filme. O autor do filme lembrou-se de convidar a cantora americana que, na altura, estava presa por problemas fiscais. Sabia que era leitora de Fanon.

Göran Olsson tinha já realizado The Black Power Mixtape, em 2011, sobre a evolução do movimento Black Power nos EUA entre 1967 e 1975 que já era um filme de arquivos. Concerning Violence, apresentado no último festival Sundance e na Berlinale em Fevereiro.

Revemos os movimentos de libertação de Angola e Moçambique, a luta da independência da Tanzânia, imagens de missionários suecos misturados com cenas da vida quotidiana filmadas em África entre 1966 e 1984.

Olsson explicava ao Libération: «O texto [de Fanon] é muito revelador sobre aquilo que se passa hoje em dia. não se trata dos mesmos países nem dos seus exércitos, mas de multinacionais que exploram as matérias-primas. No Ocidente, vivemos numa mentira total: nunca tentamos compreender onde são fabricados os nossos telefones ou as nossas tshirts. Fiz um filme enquanto europeu do Norte dirigido, principalmente, a outros europeus do norte e para tentar compreender este mecanismo.» Olsson constata que, mais de cinquenta anos depois da descolonização, África deve sempre fazer face aos mesmos efeitos nefastos e à violência que Ganon denunciava nessa altura: «Temos regras sobre o comércio: por exemplo, penso que o importante que um sociedade mineira sueco possa estabelece no Congo se quiser […]. A livre-troca de bens e serviços é primordial. Mais, nos factos, ninguém podo passar as margens do Mediterrâneo para ir do Sul em direcção ao Norte, lá viver e lá trabalhar. Se estamos no livre-mercado, deve-se poder implantar minas no Congo e os congoleses devem poder, também eles, ficar em Estocolmo e abrir uma mercearia.»

Enraivecido pelo racismo que ele testemunhou na Martinica durante a Segunda Guerra Mundial, Fanon examina o papel de classe, cultura e violência e expressa a sua profunda alienação desde a ideia de colonialismo e a sua sangria.

30.09.2014 | by martalanca | Frantz Fanon

"A universalidade de Frantz Fanon", de Achille Mbembe

Vale a pena ler no Artafrica este ensaio sobre Fanon… 

 

1. Esquecemo-nos com demasiada frequência que Frantz Fanon pertence a uma geração que passou, por duas ou três vezes, pela provação do desastre e, através da experiência de fim do mundo que toda a catástrofe consigo acarreta, indivisamente, pela provação do mundo. Poderia ter facilmente podido contar-se entre as inúmeras vítimas da segunda guerra mundial em que participou com dezanove anos de idade; e nunca teria sido questão de Pele negra, máscaras brancas, nem d’Os Condenados da terra. Conheceu a colonização, a sua atmosfera sangrenta, a sua estrutura de asilo, o seu quinhão de feridas, os seus modos de arruinar a relação com o corpo, a linguagem e a lei, os seus estados inauditos, a guerra da Argélia.
Estas duas provações - o nazismo e o colonialismo -, a que haveria que acrescentar o encontro amargo com a França metropolitana e os primeiros clarões das independências africanas, não constituem apenas experiências fundadoras, chaves de leitura de toda a sua vida, do seu trabalho e da sua linguagem. Fanon surge, inteiro, no molde desses acontecimentos e mantém-se erguido, firme, no intervalo que, a um tempo, os separa e os une2 . É aí, nessas três clínicas do real, que nasce, cresce e se esgota o nome de Fanon. É a essas três cenas - e, face a elas, à obrigação de cuidar que todas atravessa - que se deve o essencial da sua palavra, semelhante, na sua beleza dramática, na sua fulgurância e no seu brilho luminoso, ao verbo em cruz do homem-deus ameaçado de loucura e de morte.

 

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28.01.2013 | by martalanca | ACHILLE MBEMBE, artafrica, Frantz Fanon

Fanon. Et après? / Is Fanon Finished?

L’Université Américaine de Paris a le plaisir d’accueillir une conférence internationale bilingue autour de la pensée de Frantz Fanon (organisation: Lisa Damon, Sousan Hammad, François Huguet). La conférence, ouverte à tous, aura lieu à AUP et au Lavoir Moderne Parisien.

Vendredi 30 Mars 9:30 – 17:30, American University of Paris, 31 ave. Bosquet 75007 Paris

Samedi 31 Mars 10:00 – 17h30, Lavoir Moderne Parisien, 35 rue Léon, 75018 Paris

Cinquante ans après les luttes de libération africaines, sud américaines et asiatiques qui ont abouti à la naissance de nations indépendantes, une nouvelle vague de soulèvements et de mouvements sociaux émerge aujourd’hui dans le monde entier afin de renverser les régimes dictatoriaux et les derniers vestiges du colonialisme. Afin de marquer le 50ème anniversaire de la mort de Frantz Fanon et de la publication des Damnés de la terre, nombreux ont été les évènements dédiés à sa vie, à son œuvre et à l’actualité de sa pensée.

Mais que veut-on faire dire à Fanon ? Quelles sont aujourd’hui les résonnances de sa pensée à la lumière de notre actualité ? Prenant comme point de départ les nombreux travaux récemment réalisés afin d’analyser et de situer sa pensée et sa pratique en tant que psychiatre, révolutionnaire et théoricien anticolonialiste, nous voulons amener ces différentes théories à la rencontre du présent. Que peut on traduire et que doit on rejeter ? Ecrivain radical, engagé dans les problématiques de son époque ; y a t-il quelque chose à actualiser de sa praxis ? Ses multiples trajectoires (Martinique, France, Algérie, Tunisie, Ghana), son anticipation des problèmes auxquels feront face les états postcoloniaux et sa conceptualisation d’un sujet libre et universel, ont tendance à parler plus facilement par delà le demi-siècle qui nous sépare de lui que ses prescriptions normatives à propos de la sexualité ou de sa conception d’un futur qui ne peut qu’advenir par la rupture violente avec le passé. Avons nous vraiment fini de suivre les lignes de sa pensée?

Parmi les intervenants figurent, entre autres:

Alice Cherki, biographe et camarade de lutte de Fanon en Algérie, auteur de “Frantz Fanon, portrait” et “La Frontière invisible, violences de l’immigration”.

Nigel Gibson, militant et chercheur, auteur d’un ouvrage récent sur l’influence de Fanon en Afrique du Sud.

Nacira Guénif Souilamas, chercheuse à l’Université Paris 13, auteur de “Les féministes et le garçon arabe” et “La république mise à nu par le fils d’immigration”.

Ghassan Hage, professeur à l’Université de Melbourne

Ella Shohat, professeur à New York University.

Mais également David Nowell-Smith moderator, Nils Schott, George Ciccariello-Maher, Feargal Ionnrachtaigh, Alain Anselin, Norman Ajari, Omar El Khairy, Will Hansen & Umma Aliyu, Donna-Dale Marcano, Olivier Hadouchi & Marguerite Vappereau

Programme:

Vendredi, 30 Mars AUP

09:30-09:45 Ouverture par Dean Neil Gordon

09:45-11:15 Engaging the Absence / Engagement et absence

Modérateur: David Nowell-Smith

Ghassan Hage: Fanon and Negritude: a multirealist re-assessment

Nacira Guenif: Fanon est mort algérien…

11:30-13:30 From Alienation to Reinvention/ De l’aliénation à la réinvention

Modératrice: Rachel Veroff

Nils Schott: Fanon’s Theoretical Theater

Feargal Mac Ionnrachtaigh: An Ghaeilge Faoi Ghlas – The Irish Language Revival in the North of Ireland – Power, Resistance and Decolonisation – A Fanonian Interpretation

George Ciccariello-Maher: Jumpstarting the Decolonial Engine: Fanon in Latin America

13:30 – 14:30 Pause déjeuner

14:30 – 16:00 What is France doing with Fanon?/ Qu’est-ce que la France fait de Fanon?

Modératrice: Lotte Arndt

Alain Anselin: Les vrais enfants de Fanon

Norman Ajari: Fanon en héritages: conjoncture philosophique et recherche théorique postcoloniale

16:15 – 17:45 Translating Fanon in Palestine/ Traduire Fanon en Palestine

Modérateur: Eyal Sivan

Ella Shohat: Black, Jew, and Arab: Fanon in Translation

Omar El-Khairy: The Pitfalls of Palestinian National Consciousness: Sovereignty and Freedom in a Carceral Archipelago

17:45 – 19:00 Réception

Samedi, 31 Mars LMP

 10:00 – 12:00  “The Rationality of Revolt”/ “La rationalité de la révolte”

Modératrice: Erin Salokas

Nigel Gibson: Fanon practices?

William Hansen& Umma Aliyu: Fanon, the Wretched and Boko Haram

12:15 – 13:15 Pause déjeuner

13:15 – 15:15 Teaching Fanon Today/Enseigner Fanon aujourd’hui

Modératrice: Lisa Damon

Alice Cherki: Pourquoi enseigner Fanon aujourd’hui?

Donna-Dale Marcano: TBC

15:15 – 17:00 Fanon: Trajectories in Film/ Fanon: trajectories cinématographiques

Modérateur: François Huguet

Olivier Hadouchi: Esthétique et libération(s): Deux ou trois choses sur Fanon et quelques films du tiers-monde en lutte

Marguerite Vappereau: Vies parallèles: Jean Genet et Frantz Fanon

Pour toute info supplémentaire: fanon.at.aup@gmail.com

18.03.2012 | by martalanca | Frantz Fanon, post colonial