TEMPO ZERO
Aawah Walad nasceu em 1990 nos campos de refugiados saharauis, no seio de uma família de artistas. Na sua obra inclui a realidade vivida nestes acampamentos de refugiados localizados na região de Tindouf, na Argélia, onde ainda hoje permanecem mais de 173 mil pessoas em condições precárias. “TEMPO ZERO, nem paz nem guerra” é uma mostra de 20 quadros, promovida pela Associação de Amizade Portugal–Sahara Ocidental, em parceria com a Associação de Amigos e Amigas do Povo Saharaui de Villafranca de los Barros e a Associação Rimal Sahara–Tormes, com o apoio da Representação da Frente POLISARIO em Portugal
Aawah Walad já expôs em Espanha, Suíça, França, Alemanha, Itália, México, Panamá e África do Sul, explorando através da sua arte as vivências do povo saharaui. Apesar do Tribunal Internacional de Justiça ter reconhecido o seu direito à autodeterminação, em 1975, este continua a sofrer repressão, tortura e violações constantes dos seus direitos, por parte do reino de Marrocos, a potência ocupante.
Esta exposição é um trabalho sobre a vida da Mulher saharaui exilada há 50 anos no deserto mais inóspito do planeta. Cada peça apresenta uma imagem da realidade que as mães saharauis viveram durante um verão e um inverno, no deserto hamada. “Esta coleção conta uma história de resistência que perdura há mais de cinquenta anos, convidando o público a entender uma realidade frequentemente ignorada. É uma oportunidade única de aproximação à riqueza cultural e humana do povo saharaui, despertando empatia e reflexão através da arte.”, declara o artista plástico.
No dia 12 de setembro, às 18h30, será ainda promovida uma conversa com Aawah Walad na Casa do Comum, no Bairro Alto, sobre genocídio cultural. Segundo o artista, Marrocos tem realizado uma ocupação ilegal “não apenas pela presença militar, mas também através da manipulação e falsificação do seu património cultural”. Acrescenta, “o país ocupante organizou milhares de festivais culturais nas cidades ocupadas, criando roupas, joias e utensílios domésticos com um toque de falsificação, com o objetivo de apagar a verdadeira identidade saharaui. Esta estratégia visa garantir que as novas gerações percam as suas referências culturais, essenciais para manter vivas as suas história, cultura e dignidade. Queremos refletir sobre como essas ações constituem uma tentativa de genocídio cultural e a importância de defender e preservar a autêntica cultura saharaui perante estes ataques”.
Os retratos das vivências nos campos de refugiados na Argélia pela exposição do artista Aawah Walad, do Sahara Ocidental (a última colónia em África), podem ser vistos na Livraria Ler Devagar (LxFactory), de 9 e 14 de setembro, entre as 10h30 e as 20h30. Há ainda uma conversa com o artista na Casa do Comum, 12 de setembro às 18h30, acerca de genocídio cultural.
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