2029: fábula da extinção

Um novo título da MOSCA-BRABU edições de Bissau|Lisboa (ler sobre o livro de Maria Ampá) acaba de ser produzida. Será lançado em fevereiro de 2017 em Lisboa. Conta com especulações e a colaboração de diversos investigadores, de variados interesses e de diferentes localidades. Uma aventura literária costurada a muitas mãos.


2029 é uma ficção: uma espécie de ‘autobiografia científica’ de um tempo e de uma geração crescida e conformada pelas contradições afloradas no começo do século XXI. Nessa narrativa experimental, os pressupostos de vida anunciados por tal geração foram projetados e imaginados em um futuro próximo. Trata de uma distopia ficcional político-científica anunciante de uma evidência-próxima da extinção da espécie humana sobre o planeta Terra.

Através de um proposto literário, da construção miúda de uma narrativa ficcional, ao contrário da informação produzida, consumida e publicada em profusão via eventos sucessivos, editadas por mídias diversas, e estampadas na lisura brilhante das telas conectadas globalmente, há frestas possíveis para uma aposta na potência das histórias contadas nos livros: __ (…) ‘os livros você pode fechá-los e dizer: Espere um pouco aí…’ (como disse o personagem Faber da ficção de Ray Bradbury em Fahrenheit 451).

E ainda, esse escrito é também um ‘ensaio’ que, diferente dos ‘ensaios acadêmicos’ (muitas das vezes produtores de um discurso cifrado propagador de uma crítica hegemônica, excludente e compartilhada apenas entre seus pares), investiga e produz, através de uma aposta literária e de uma abordagem ficcional, uma crítica aos nossos modos de viver.   

2029 desafia e provoca: __o que esperar dos arquitetos dos nossos próximos dias?

O desenho deste texto literário, aqui desdobrado, é um exercício de ‘tradução’. É ‘tradução’ de um ensaio acadêmico em uma ficção, - de um tempo presente em uma projeção futura, de uma realidade próxima em uma distopia… Como o poeta Ezra Pound em seus ‘Cânticos’, tal ‘tradução’ é parte de uma conversa inventada, de falas esgarçadas, atravessadas por vozes e tempos diversos: __ MAKE IT NEW! E é também, como revelado no ‘enxerto’ de João Queiroz, um delito de ‘traição’: ’TRADITORE >< TRADUTTORE’.

Tal encadeado narrativo também tem a pretensão de conversar com uma ‘literatura menor’, – costurada de modo fragmentado, incompleto, desordenado e inacabado, como Franz Kafka argumentou em seu ‘Diário’ em 1921.        

Aposta-se em um distanciamento legitimado pela ficção. Produzir literatura hoje é uma possibilidade de compartilhar um mundo imaginado, de propor leituras diversas, íntimas e pessoais, – de deslocar o sujeito de seu embotamento cotidiano promovendo a possibilidade de uma reflexão crítica sobre o que estamos vivendo hoje e poderemos ser obrigados a viver amanhã. Abrir uma brecha no tempo para que possamos investigar os nossos desejos e olhar para o nosso modo próprio de viver e de compartilhar este nosso mesmo território comum

Este projeto é parte das investigações desenvolvidas e experimentadas pelo grupo de pesquisa TRADUÇÃO & ARQUITETURA da Escola de Arquitetura da UFMG. 2029 é um exercício de um propósito experimental que vislumbra a prática da arquitetura como uma ação ‘mediadora’ das relações negociadas sobre quaisquer territórios por inventar e habitar. 

Para o desenvolvimento deste propósito, foram provocados alguns pesquisadores (que investigam ou praticam de modo diverso algumas das questões abordadas nessa narrativa) convidados a produzir ‘enxertos’, na forma de pequenos verbetes, e que se apresentam como parte do texto ficcional através de anexos numerados e ‘enxertados’ no corpo original da narrativa. Tais ‘enxertos’ tratam de uma abordagem particular (do conhecimento de cada provocado): __escritos livremente por cada um, de modo consonante ou contraditório ao escrito ficcional de 2029.

O propósito destes ‘enxertos’ é o de esburacar o texto original, possibilitando leituras perpendiculares à história então encadeada. O resultado é uma colcha-de-retalhos costurados pela narrativa ficcional, – em que cada retalho é produzido de modo autônomo e independente. Pessoas próximas foram convidadas e se dispuseram a especular sobre suas pesquisas, experimentadas singularmente por cada uma delas, e então projetá-las em um futuro próximo sugerido pela ficção.

Outro experimento conduzido é com relação à tradução deste texto, escrito originalmente em língua portuguesa e traduzido para a língua inglesa (há uma nota e uma série de apontamentos quanto a este exercício no final do anexo com os ‘enxertos’). A proposta foi de usar um ‘robô’, no caso o Google Translate, para averiguar as traições e transgreções produzidas sobre o texto original por tal aparato robótico.

Surpreende o resultado em que a linguagem singular articulada pela máquina aparenta a produção manifesta de uma criatura em formação, capaz de produzir singularidades que nem sempre seguem um padrão. O tradutor ‘Google Translate’, dentre outros disponíveis na rede de internet, é um robô e carece ser educado. Para Hans Moravec, professor no Instituto de Robótica da Carnegie Mellon University, os robôs são como nossos filhos. E o cientista provoca: __’como é criar os filhos? É preciso treiná-los para deixá-los ir, isto é inevitável! Se nossos filhos nunca saírem do nosso controle, não só será uma decepção, como também estaremos sendo cruéis com relação as suas possibilidades de vida própria. Para que os filhos possam ser inovadores, imaginativos, criativos e livres, a criança precisa estar fora do controle do seu criador’.

E de certo modo, assim como o gato ‘re-nascido máquina’ da narrativa de 2029, é mais ou menos desta maneira que se comportou tal ‘tradutor robótico de textos’… A tradução, do português para o inglês, produzida por tal sofisticado software, em circunstâncias específicas transgrediu e desconstruiu o sentido anunciado pelo texto traduzido. Assim fazendo, este robô sugere possibilidades de outras leituras, – promovendo fissuras com relação à narrativa original. Assim como o gato mecânico se revelou uma ‘criatura em formação’. Para Wolfgang Wieser (em um ensaio publicado em 1959 com o título Organismos Estruturas e Máquinas), o autor especula sobre a hipótese de que: __as máquinas manifestam sua ‘inteligência própria’ e são ‘criativas’ quando ‘falham’…

É de se atentar também para o fato de que não se conhece muito acerca da produção no Brasil e em países africanos de língua portuguesa de uma literatura reconhecida como de ficção científica. Talvez pelas particularidades culturais destes países, ou por ser o Brasil e as antigas colônias africanas ainda jovens nações, ou até mesmo por singularidades próprias à língua portuguesa… Talvez isto não ocorra pela timidez ou mesmo pela ausência de uma cultura científica, ou talvez pelo modelo de educação praticado nestas nações que sempre separou o campo da engenharia/tecnologia das ciências humanas/artes: __’reforçando preconceitos em ambos os lados’ (como sugerido por Graziele Lautenschlaeger). 

Mas as circunstâncias vividas no Brasil e na África nas duas primeiras décadas do século XXI, pautadas por uma série de eventos nefastos que revelaram países paralisados em uma encruzilhada social e política de suas particulares evolução, murmuram o interesse e a urgência em produzir uma literatura investigativa e disposta a olhar para o nosso futuro próximo de modo crítico e comprometido.

Como escreveu Breno Silva (um leitor de Georges Bataille e investigador acerca da produção de ‘experiência’ na contemporaneidade): __”2029 são vários livros abertos e friccionados simultaneamente: uma fábula, com suas lições críticas dos animais em um silêncio humanizado; o ensaio acadêmico, repleto de referências de pensadores e escritores que pulsam na narrativa, além das próprias referências dos pares convidados, escritas especialmente para essa edição; a ficção científica, com a especulação distópica sobre um futuro arruinado e aparentemente sem saída; a experimentação literária, no jogo da tradução maquínica e criativa proposto por este projeto; mas, fundamentalmente, uma escrita litânica, cujas invocações do solista encarnado na figura do Personagem se associam as várias vozes produzindo um efeito encantatório. Efeito de multiplicidade cujos coros vão da insubordinação radical a um modo de vida imposto ao kyrie eleison (‘rogai por nós’) diante de um futuro que já acontece. É nesse emaranhado que o autor com destreza literária desenrola uma escrita de poética barroca feita da fricção de outras vozes.

Nessa ficção científica uma das vozes dominantes são as dos homens do futuro. Os homens prateados vindos de longe do tempo e do espaço – mesmo que isso sejam só uns 13 anos adiante –, repentinamente chegaram desnudos aos dias de hoje. Sem a indumentária que nos faria reconhecê-los como homens do futuro, no arrombo da visita intempestiva, eles fazem de si o nosso reflexo entranhado no cotidiano burocrático e dirigido de Personagem. Personagem é esse homem tipificado que representa uma subordinação ao futuro estéril e já dado, – do qual, talvez, nos identifiquemos parcialmente. Através da possessão sobre a vida de Personagem, as vozes dos homens do futuro nos apontam e nos acusam de todos os crimes, privações e mazelas que eles sofrem nos alhures em que habitam. Mas porque vieram de outro tempo para nos acusar? Isso resolveria os problemas vitais deles ou, quem sabe, os nossos?

Quando a acusação se confunde com a conscientização, as prerrogativas são progressistas. Nesse empenho os homens do futuro promovem um alarde em torno do aquecimento do planeta, da extinção de espécies animais e vegetais, da escassez dos recursos naturais, associados a uma piora exponencial na qualidade de vida da humanidade. E a conscientização, nesses termos, se confunde com o assombro paralisante na evidência irremediável da extinção da humanidade. Mas, talvez, se esteja falando da extinção de uma certa humanidade demasiado auto-referenciada a ponto de considerar seu devir como seu fim. Como os japoneses que não cessam de querer se auto-eliminar nos seriados de Godzillas. Mesmo que os heróis robotizados sempre vençam – e, talvez vençam, por serem homens do futuro – os monstros não cessam de reaparecer para destruir as cidades nipônicas.

A destruição das cidades alargada à dimensão global equivale à destruição daquilo que essa certa parte da humanidade construiu para si enquanto técnica de vida, enquanto um modo de se apropriar do planeta que a difere do restante dos seres. Sobre essa detecção, acrescente-se o aforismo de Georges Bataille no verbete Arquitetura de que ‘no desenvolvimento morfológico os homens só representam uma fase intermediária entre os macacos e os grandes edifícios’. E pode-se considerar tal ocupação do planeta uma forma de firmar seus domínios, de dizer que além daquela humanidade auto-referente e tecno-progressista não pode haver mais nada. Nesse sentido, não há futuro, mesmo para uma evolução da espécie enquanto pós-humanidade, que não seja mediado pelo avanço tecnológico que empreendem contra a natureza, a animalidade e, às vezes, contra si mesmos na ruptura de paradigmas culturais.

Apertando o tempo num futuro próximo, o livro 2029 nos faz lembrar que nossa passagem por aqui é curta, tanto enquanto espécie como na presença efêmera de cada um.  E essa lembrança converge com a pouca importância que o ser humano teve em preservar o planeta em que vive. Somente a partir do século XX que um certo tipo de homem vem se preocupando em preservar o meio ambiente. E suas variações vão desde os ativismos mais ou menos radicais e suas ações para ‘salvar as baleias’; passam pela responsabilidade socio-ambiental das empresas que subsiste enquanto modalidade lucrativa e de auto-promoção; e, nesse ínterim, na consciência ecológica arraigada no cotidiano de cada um, numa sociedade ‘classe média global’ que não joga lixo no chão, recicla alguma coisa, mas que produz cerca de um bilhão e meio de toneladas de resíduos com perspectivas de chegar a dois bilhões em 2029.

Essa necessidade de preservar o planeta talvez seja um reflexo de que na cabeça desses homens esteja tudo dominado, seja na superfície, no ar ou nas profundezas da Terra. E, talvez, essa ideia de preservação tem mais a ver com a conservação dos domínios. Como uma forma de garantir, para aqueles que virão, a perpetuação dos domínios mais do que da espécie que, para tanto, deve ser superada. O rastro individual diante da idade da Terra é demasiado curto para requerer o futuro próspero para os outros sem requerer o poder e o saber na sua própria duração. Assim, acusar para dominar, é uma estratégia humana de poder sobre o semelhante e sobre o mundo circundante mais antigo que os brados ecológicos. Domínio que pode ser antevisto desde os apocalipses e seus planos de fins-de-mundo prenhes de promessas para os eleitos-dominadores.

2029 também nos faz lembrar que atualmente mais de dois terços da humanidade sobrevivem miseravelmente (os que não são eleitos), e que quase a totalidade dos homens não consegue ver estrelas no céu devido a poluição atmosférica. A coincidência não é fortuita. Trata-se do encontro da atualização distópica em que fora das bolhas de prosperidade a miséria prevalece, e que mesmo de dentro das bolhas não se consegue visualizar nada que não seja auto-referenciado na espécie dominante. Tal visão limitada faz os homens do futuro esquecer a condição dos dominados enquanto esquivam de uma visão da dimensão sideral que, talvez, tenha mais influência nos humores do planeta Terra do que a devastação que um certo tipo de homem provoca.

Bastaria olhar para as estrelas para, como um poeta Sufi, ir de encontro aos desejos mais recônditos? Não se trata de uma saída ou solução, mas nesse encontro desejante a dimensão sideral nos desvelaria para o dispêndio improdutivo, para uma produção de restos inimagináveis em uma festa cósmica. Seria, então, o caso de um afrontamento reativo à atitude de acusar um futuro infeliz para reforçar domínios, e desfrutar o que a Terra ainda nos oferece, mas também praticar a dádiva e deixá-la nos desfrutar? Uma atitude hedonista, amorosa e de dispêndio sem a finalidade do domínio para com os recursos, aproveitar com abundância aquilo que resta e produzir outros restos abundantes ao invés de lixo. E, numa ruptura prática e de consciência, contestar a escassez e a carência como um projeto audacioso dos homens de futuro para uma obsolescência programada da humanidade que seria uma forma de vender o plano de uma pós-humanidade em continuidade dominada. Uma ruptura de paradigma que no desvio dos princípios e das finalidades abalaria a humanidade hegemônica.

No imaginário do domínio, o futuro é quase sempre pior que o presente. Por isso as futurologias estão sempre a exterminar a humanidade que encadeia livremente o tempo. E isso corresponde à limitação da linguagem, esse acontecimento diferencial da espécie, como detecta William Burroughs: __produto de uma simbiose com um vírus extra-terrestre que avariou nosso sistema biológico possibilitando sua ocorrência. O mundo hegemônico re-atualizado vive de seu próprio engano, subsiste na ilusão da linguagem enquanto estrutura ideológica de dominação em uma tessitura de mudança para que as coisas continuem como estão. Na problematização desse aspecto, 2029 pode ser lido como uma meta-narrativa em que o escrito, na voz ambígua entre Personagem e seu gato androide, provoca nas notas de desdobramento – como se quisesse perguntar aos próprios Personagens na realidade presente o desfecho da suas predestinações –, que figuram como uma dobra do tempo que faz do futuro algo já um tanto mal-passado. Dessa junção no exercício da linguagem entre o presente e o futuro, a narrativa enuncia a extinção da humanidade que já estaria dada, mas a essa crença no encadeamento retroativo, associa o acidente que instaura a dúvida sobre o por vir.

O imaginário do domínio também engendra a promessa de emancipação e de liberdade da humanidade que vem pela tecnologia. Nele proliferam os slogans de menos trabalho – basta lembrar dos computadores pessoais –, associados às hibridizações como aquela entre a robótica e a biologia. Parece que as vozes dos homens de futuro, dizem de uma aproximação mais ‘humanizada’ com as máquinas aplicadas à vida. Dizem de sistemas híbridos expandidos, por exemplo, na produção do meio ambiente, para se pensar e produzir o futuro das cidades ‘como querem que sejam’. Estamos diante de uma tentativa coercitiva de que o que virá será melhor, ou ao menos, inevitável. Mas na dúvida instaurada em 2029, no silencio do animal-robô sobre a possibilidade do acidente, é que se subvertem os domínios do progresso tecnológico em sua insistência de auto-conservação de uma certa humanidade. Possibilidade acidental que recai sobre a escritura de 2029 no procedimento criativo da máquina – aquilo que talvez nos remeta a algum outro traço criativo sobre a aridez da vida –, e naquilo que a literatura irrompe contra os dispositivos da máquina: __na redução da ‘linguagem’, mas também na sua reinvenção dominante.  O procedimento de dispositivo sobreposto à criação é o que ensina a meta-narrativa na tradução do Google Translate revisada, ou revisitada pelo tradutor humano: __seria um acidente ao domínio?

Em 2029 o acidente é aquilo que é mais desejado para acabar com a acusação dos homens de futuro. É na crise de consciência, que é crise da consciência no acidente, que Personagem, esse ser genérico de mais para não ser encontrado por ai, se contra-humaniza. Sobressai um lampejo de expectativas – para não dizer esperança –, de uma outra cultura. Espécie de barbárie positiva indiciada na falência de um modelo cultural que se pretende o único ou o melhor para todas as humanidades. Tal barbárie provoca a emancipação de qualquer humanidade ainda que valendo-se da ‘linguagem’ – e aqui se reafirma a dúvida: __a ‘linguagem’ é mesmo humana? – no ‘eu não te pertenço’ como moral de fábula. Talvez a crise de consciência do animal e robô não-humano ressoaria noutra combinatória enigmática mais condizente ao silêncio dos gatunos: __ ‘nada é próprio de ninguém’.

Por fim, 2029 nos lança, fazendo lembrar para o futuro, a seguinte questão: __seria a ‘propriedade’ aquilo que garante a espécie humana? Essa capacidade extra de articular não só o espaço, mas também o tempo, e que provoca incessantemente à ‘linguagem’?”

 

ficção > adriano mattos corrêa;

apresentação > breno silva;

enxertos > graziele lautenschlaeger + joão queiroz; > mariana lage + rebecca monteiro

+ bruna piantino + barbara tortato; > eduardo jorge de oliveira; > gerson trombetta + feira de tudo; > cláudia vilella; > ana gandum; > marcos bortolus; > fernando lara; > cláudia mader + cláudia de paula; > maurício leonard + marcelo aragão + cozinha kombinada; > micrópolis + manuel bivar + miguel carmo + priscila musa; > daniel carneiro; > roberto romero;

tradução > experimento: google translate; > apontamentos: tradução&arquitetura  EA|UFMG.

contatos > adrianoarquiteto@yahoo.com.br ou moscabrabu2013@gmail.com

por Adriano Mattos Corrêa
Mukanda | 17 Janeiro 2017 | classe média, Edições Mosca-Brabu, espécie, extinção, ficção científica, globalização, humanidade, planeta, Terra