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A obra de Délio Jasse pode ser lida sob o prisma algo complexo da teoria dos discursos pós-coloniais na medida que as suas imagens imanam uma identidade da figura de alteridade. Contudo, esta simplificação pode ser redutora se entrar em dissonância com o discurso artístico onde as suas imagens, obviamente, se inserem.

Contudo, as imagens produzidas por Délio Jasse não estão determinadas, à partida, por uma agenda própria mas sim impregnadas da pluralidade do discurso artístico. Este tipo de discurso, por princípio, não se interessará em ser determinista de uma visão política interessando-se, sobretudo, por destabilizar os estereótipos instituídos, muito pelo discurso documental ou jornalístico.

As fotografias de Délio Jasse são retratos convencionais que revelam a identidade dos seus representados, ecoando dos estudos de antropologia física ou biológica que estivem em voga no início do século XX e alimentados pelos carimbos oficiais identitários. Porém, a realidade está minada pela inebriante técnica fotográfica executada pelo artista. De um modo quase barroco, as fotografias são impressas em papéis de desenho onde a imagem denota um falso tempo, como se tentassem resgatar uma originalidade de um tempo passado – “isto-foi”, Roland Barthes, A Câmara Clara (1980). Este efeito parece querer destabilizar a identidade ou a imagem da pessoa retratada, como se discutisse a veracidade da origem das imagens apresentadas, bem como o objecto documental que elas poderiam alcançar.

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Hugo Dinis