Cinema e memória das independências em debate na 3ª edição dos Encontros do Património Audiovisual
A cidade de Maputo acolhe, entre 27 e 31 de Outubro, a terceira edição dos Encontros do Património Audiovisual, iniciativa que promove a reflexão em torno da memória cinematográfica dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Com o tema O Cinema e as Independências dos PALOP, o encontro propõe revisitar o ambiente pré e pós-independência através de exposições, mostras de cinema, visitas guiadas, lançamento de livros, debates e workshops com investigadores nacionais e estrangeiros.
O evento, organizado pela Associação dos Amigos do Museu do Cinema em Moçambique (AAMCM), decorre no Cine-Teatro Scala, no Centro Cultural Franco-Moçambicano e no Centro Cultural Português.
Entre os destaques da programação estão as apresentações de livros das investigadoras portuguesas Raquel Schefer, Maria do Carmo Piçarra e Rosa Cabecinhas, e da brasileira Michelle Sales, além de workshops orientados pela cineasta Mila Turajlić (Sérvia/França) e pela brasileira Rosana Miziara. Pesquisadores de Moçambique, Portugal, Brasil, Alemanha e Estados Unidos também participam com artigos e comunicações.
As mesas redondas, com figuras como o guineense Sana na N’Hada, o cabo-verdiano Leão Lopes e o angolano Ery Claver, abordam temas como O Papel do Audiovisual nas Independências dos PALOP; Acervos e Projectos de Digitalização, que discute o arquivo como produto político; e Modos de (Re)Ver Moçambique, Objeto Fílmico e Activismo Cultural, com investigadoras portuguesas.
Um dos debates mais aguardados é sobre O poder do cinema na propaganda política: uma análise de Kuxa Kanema e Noticieros, Moçambique e Cuba, que contará com especialistas de Cuba, França, Portugal e Brasil, além de testemunhos de cineastas e pesquisadores moçambicanos.
O ciclo de debates encerra com a mesa Cinema, História e Ensino, que reúne nomes como Michelle Sales (UNICAMP – Brasil), Paulo Cunha (UBI – Portugal) e Inês Godinho (Lusófona - Portugal).
Diana Manhiça, da AAMCM, explicou que os debates serão realizados em formato híbrido, presencial e online, pretendendo ser um espaço de intercâmbio de ideias e investigação em torno do património audiovisual, com especial atenção ao papel do cinema na construção da memória das independências africanas, frisou.
Um dos pratos fortes dos Encontros do Património Audiovisual é a exposição que revisita a história do cinema nacional, através de fotografias documentais e arquivos audiovisuais. Com a curadoria da AAMCM, a mostra estará patente no Cine-teatro Scala, e assinala os períodos e os marcos históricos do cinema feito em Moçambique, com destaque para o marco dos 40 anos do filme O Tempo dos Leopardos.
Além disso, em paralelo nos CCFM e Cine-Scala, existirá espaço para um ciclo de cinema, com exibição de filmes históricos escolhidos a dedo e arquivos da Cinemateca Portuguesa nunca antes projectados em Moçambique.
Os Encontros do Património Audiovisual, que já vão na terceira edição, surgiram em 2023 e assinalam anualmente o Dia Internacional do Património Audiovisual, contando habitualmente com apresentações de artigos académicos, conversas com cineastas, técnicos e artistas visuais que trabalham com arquivos, debates sobre temas relacionados com os Direitos de Autor e sessões de cinema.
Este ano, o evento é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e apoiado pelo Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), pela Embaixada de França, através do programa FEF Création Africa, e pelo Institut Français, através do programa AOCA, e conta com o apoio institucional do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas de Moçambique.
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