Lançamento de "Angola Degredo Salvação" de Nuno Milagre

Após a independência do Brasil, Angola ocupou a posição de colónia principal, pivô do sistema colonial português. Perante a falta de autonomia financeira de Portugal no final do século XIX, a imaginação metropolitana previu com nitidez que Angola se encarregaria de gerar os recursos para a salvação das finanças portuguesas. Angola Degredo Salvação investiga e discute a atividade portuguesa por volta de 1900, no seu empreendimento transcontinental de converter recursos de Angola em ganhos materiais para Portugal. Identificam-se representações de Angola que provocavam repulsa ou atração pela colónia, condicionando a agenda, a presença e a intervenção portuguesa. Confronta-se a continuidade do envio de degredados para a colónia com a expectativa de que essa mesma colónia viesse a gerar riqueza para a salvação de Portugal. Analisa-se a discussão sobre a concessão do Caminho de Ferro de Benguela a um britânico, e os riscos e benefícios de financiar o progresso angolano com capital estrangeiro. A averiguação das formas de uso de Angola para benefício da metrópole põe em causa a validade do lema que preconizava o «desenvolvimento material das colónias» como orientação principal da política colonial portuguesa.

24.11.2023 | by martalanca | angola, Angola Degredo Salvação, colonialismo, degredo, Nuno Milagre

ANGOLA DEGREDO SALVAÇÃO - Defesa de Dissertação

Possibilidades, agência, quimera: Angola na imaginação e na ação portuguesa c. 1900 

Autor: Nuno Milagre

RESUMO

Após a independência do Brasil, Angola ocupou a posição de colónia primeira e principal, pivô do sistema colonial português. A sua enorme dimensão e potencial gerou expectativas em torno do impacto que a transferência de recursos poderia vir a ter em Portugal. Nesta dissertação identificam-se fatores da conjuntura geopolítica e decisões da política ultramarina portuguesa que nas últimas décadas do século XIX reforçaram o valor diferencial de Angola por comparação com as outras colónias africanas.

Partindo deste lugar principal ocupado por Angola, esta dissertação discute a eficiência da agência portuguesa para a rentabilização da colónia com aproveitamento da metrópole, concentrando o objeto de estudo entre 1892 e 1903. Fazemos o levantamento de algumas das imagens que povoavam o imaginário metropolitano sobre Angola, produzindo atração e repulsa pela colónia e gerando condicionantes à agenda e à agência portuguesa em Angola. Confronta-se o envio de degredados para a colónia com a expectativa que essa mesma colónia viesse a gerar riqueza para a salvação de Portugal. Analisa-se a discussão sobre a concessão do Caminho de Ferro de Benguela a um britânico, custos e benefícios de concessionar o progresso de Angola ao capital estrangeiro.

Identifica-se a justificação e a função de dois discursos contraditórios: o que sobrevalorizava o grau de implantação portuguesa em Angola e o que declarava a fragilidade da sua colonização. A investigação sobre as formas de uso de Angola para benefício português, fez questionar a validade do estafado mote que preconizava o «desenvolvimento material das colónias» como princípio geral da política colonial portuguesa.

Palavras-chave: Portugal, Angola, degredo, agência colonial, ferrovias, emigração, concessões ultramarinas

FCSH, Av de Berna, 26C, Torre B, 2º andar, sala B211
Sexta-feira, 10 de dezembro, às 15h


04.12.2021 | by Alícia Gaspar | agência colonial, angola, concessões ultramarinas, defesa de dissertação, degredo, emigração, ferrovias, Portugal