Filmes de Moira Forjaz com presença da realizadora. hoje na Cinemateca às 19h

A TELEVISÃO NO BAIRRO de Moira Forjaz, Licínio Azevedo, Miguel Arraes I Moçambique, 1980 – 27 min

UM DIA NUMA ALDEIA COMUNAL de Moira Forjaz I Moçambique, 1981 – 29 min
MINEIRO MOÇAMBICANO de Moira Forjaz I Moçambique, 1981 – 38 min

Primeiro filme moçambicano realizado, ainda que em parceria, por uma mulher (Moira Forjaz, reconhecida sobretudo pela obra fotográfica), A TELEVISÃO NO BAIRRO documenta o início das sessões experimentais da TV em Moçambique através de entrevistas a pessoas que, em vários bairros de Maputo, assistem pela primeira vez às emissões. É um documento que remete para o entusiasmo com que Godard chegou ao país, pensando nas condições únicas existentes para construir um projeto de “nascimento (em imagens) da nação” moçambicana porque a maioria do seu povo nunca vira imagens em movimento. Moira Forjaz deu grande atenção aos mineiros moçambicanos e sua migração em situação (pós-)colonial.

MINEIRO MOÇAMBICANO documenta o processo de acolhimento de mineiros provenientes das minas sul-africanas e a reorganização dos serviços de receção no posto fronteiriço de Ressano Garcia. UMA DIA NUMA ALDEIA COMUNAL, agraciado com o prémio para melhor documentário no Festival de Cinema de Leipzig, regista o quotidiano na aldeia Vigilância quanto ao trabalho, educação, saúde e lazer, dando especial atenção à condição das mulheres.

22.04.2024 | par martalanca | Licínio Azevedo, Miguel Arraes, Moçambique, Moira Forjaz

RISING UP AT NIGHT de NELSON MAKENGO no Indie Lisboa

República do Congo / Bélgica / Alemanha / Burkina Faso / Catar2024, 95’

Um filme que visita Kinshasa, numa altura em que a República Democrática do Congo, em geral, e a cidade, em particular, estão envoltos em turbulência. O foco do filme é a construção de uma central elétrica, ao mesmo tempo que a cidade está com dificuldades de acesso a electricidade, sendo as noites, metaforicamente e não só, bem mais escuras. O que vem ao de cima é tanto a inconformidade como a resistência desta população, muitas vezes através da força da fé.

Como é que, concretamente, filmamos a ausência de luz? Rising Up at Night é uma espécie de desafio e uma experiência imersiva única. Makengo filma discussões em contra luz, com silhuetas a aparecer na tela. Às vezes, isto é apenas uma tela preta. Mas é também um filme sobre a luz, mesmo frágil e trêmula. A das lanternas apontadas para o crânio como se a cidade estivesse no coração de uma caverna. Mas também luzes mais surpreendentes: as artificiais das guirlandas das ruas, tiaras multicoloridas. São os fogos de artifício que aparecem, os relâmpagos que cortam o céu. “A alegria é trazida pela luz”, ouvimos durante um sermão, e a busca pela luz torna-se realmente uma questão divina. 

Rising Up at Night é sobre como vivemos e como sobrevivemos. Como viver num filme de desastre, quando as inundações aumentam o infortúnio. Como demonstramos uma força vital impressionante? O que podemos ver sob o céu estrelado? O que revelam as primeiras manhãs azuis? A vida cotidiana segue seu curso e se, implicitamente, o filme diz algo político, isso nunca é expresso frontalmente. (Michaël Gaspar)

TÍTULO ORIGINALTongo Saa ARGUMENTO Nelson Makengo FOTOGRAFIA Nelson Makengo SOM Moimi Wezam MONTAGEM Inneke Van Waeyenberghe PRODUTOR Rosa Spaliviero, Dada Kahindo Siku

mais info

TONGO SAA by NELSON MAKENGODocs Against Gravity I Polish premiere I Doc Competition ; First Appearance Award
Seattle FF I Seattle premiere I African PicturesDOXA I British Columbia premiere I Doc Competition

STLOUIS’DOCS I African premiere I International Competition

IndieLisboa I Portuguese premiere I International Competition

Margaret Mead I US premiere I Filmmaker Award; Audience Award; Filmmaker Award Contenders

Kunstenfestivaldesarts I Belgian Premiere I expanded cinema version

HotDocs I North American Premiere I World Showcase

Visions du Réel I International Premiere I International Competition

Berlinale I World Premiere I Panorama

22.04.2024 | par martalanca | Congo, Kinshasa, Nelson Makengo

Artista moçambicana vence prémio internacional Prince Claus

A artista multidisciplinar Yara Costa foi recentemente premiada com o Prémio Prince Claus Fund 2023, um reconhecimento anual a 100 artistas e profissionais culturais que inspiram mudanças positivas e imaginam novas realidades através de suas obras. 

A nomeação e vitória de Costa refletem o impacto de sua abordagem única que entrelaça arte e activismo para questionar e desconstruir estereótipos sociais.

Segundo escreve a BANTUMEN, Yara Costa “Acredito que esta nomeação é fruto dos questionamentos e das intervenções artísticas que realizamos com o objetivo de gerar mudança social. É urgente a necessidade de uma arte que desafie o status quo e esteja disposta a romper com paradigmas nocivos à sociedade.” Esta declaração ressalta o compromisso da artista em usar sua voz e talento para provocar reflexão e ação entre as comunidades globais.

O projeto que lhe rendeu este prestigiado prémio, “Nakhodha e a Sereia”, é uma instalação imersiva situada na Ilha de Moçambique. Ela oferece uma experiência multisensorial que inclui áudio em 360 graus, vídeo mapping e realidade virtual para contar histórias das comunidades costeiras africanas e sua relação milenar com o mar, agora ameaçada pelo aquecimento global.

Yara CostaYara Costa

fonte: Xigubo

18.04.2024 | par martalanca | mar, Moçambique, Yara Costa

Cineasta Margarida Cardoso fala sobre Histórias (de)coloniais

No dia 18 de abril, pelas 18h30, a cineasta Margarida Cardoso vai estar na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto, a participar numa aula aberta sobre “Histórias (de)coloniais - À deriva entre a memória e o esquecimento”.


“Ao longo destes 35 anos de trabalho tenho vindo a explorar temáticas relacionadas com a violência colonial. Sempre partindo de universos íntimos e singulares, fui tentando criar um conjunto de peças de reflexão que pudessem servir para manter em vida aquilo que facilmente se esquece; o mal, a culpa, a dor dos outros e a nossa própria dor,” refere Margarida Cardoso, realizadora, argumentista e professora do Mestrado em Cinema da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa.

Ao longo da aula aberta, a argumentista vai explicar o seu processo e responder a questões como: “O que a câmara mostra ou oculta ao revisitar o passado? Entre o meu primeiro documentário “Natal 71” (1998) e o filme de ficção “Banzo” (2024) muitas coisas mudaram na relação que mantemos com a construção das narrativas coloniais. O que mudou? O que foi dito e o que resta ainda por contar? E que forma poderão tomar essas narrativas?”

Margarida Cardoso trabalhou, entre 1982 a 1995, como assistente de realização, anotadora e fotógrafa de cena em mais de 50 filmes portugueses e estrangeiros. A partir de 1995, tem realizado filmes de ficção e documentários, afirmando-se como um dos nomes mais relevantes do cinema português. Os documentários “Natal 71 “, “Kuxa Kanema – O nascimento do cinema” e as ficções “A Costa dos Murmúrios” e “Yvone Kane” estão entre os seus filmes mais reconhecidos, explorando assuntos que cruzam a sua história pessoal com questões proeminentes na História recente de Portugal, como a guerra colonial em África, a revolução e o fim da era colonial.

A aula aberta “Histórias (de)coloniais - À deriva entre a memória e o esquecimento” faz parte do ciclo “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões”, um programa com co-curadoria de Lilia Schwarcz (antropóloga e historiadora brasileira) e Nuno Crespo, que contempla uma agenda de concertos, conferências, exposições e performances, que vão decorrer entre 16 de fevereiro e 24 de maio. O ciclo é organizado pela Escola das Artes, em parceria com a Universidade de São Paulo (Brasil) e a Universidade de Princeton (EUA).

18.04.2024 | par mariana | antropologia, Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, Histórias coloniais, Lilia Schwarcz, Margarida Cardoso, Nuno Crespo

“Cartas para a Minha Avó” de Djamila Ribeiro.

Enquanto escrevia essas cartas para você, meu irmão Denis, o mais velho, me enviou uma foto sua, vó. Você estava toda altiva, usando roupas brancas e com um turbante na cabeça. Fiquei observando cada detalhe da imagem, me demorei imaginando quais histórias havia por trás das rugas em seu rosto, quantas vidas tinham sido afetadas por aquelas mãos calejadas que curavam cobreiros e davam esperança aos que foram benzidos. Mas nada me chamou mais atenção do que seus olhos. Um olhar penetrante, forte e, de novo, altivo. Minha mãe carregava o mesmo olhar, apesar de ele ter sido encurvado pelo tempo.

Às vezes ela falava só com olhares, e eu aprendi a decifrar cada um deles: «Saia daqui», «Fique quieta», «Não se meta, é conversa de adulto», «Quando seu pai for trabalhar, você vai se ver comigo».

Sobre a autora

Nascida em 1980, Djamila Taís Ribeiro dos Santos é graduada em Filosofia e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de- São Paulo. É coordenadora do projeto Feminismos Plurais, que compreende uma coleção de livros publicados sobre raça e género por pessoas negras, bem como um instituto de acolhimento a mulheres em situação de vulnerabilidade social.

É autora de quatro livros editados no Brasil e, desde 2022, ocupa a cadeira n.º 28 da Academia Paulista de Letras, sucedendo à escritora Lygia Fagundes Telles. É colunista semanal do jornal Folha de S. Paulo e, em 2019, foi laureada pelo Prémio Príncipe Claus, concedido pelo Reino dos Países Baixos e considerada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.

Em 2020, ganhou o Prémio Jabuti, o mais importante do meio literário brasileiro, na categoria de Ciências Humanas. Em 2021, foi a primeira brasileira da história homenageada pelo BET Awards, concedido pela comunidade negra estadunidense. Em 2023 recebeu oPrémio Franco-Alemão de Direitos Humanos. É professora convidada da New York University (NYU).

Cartas Para a Minha Avó, 15,90€, LeYa | Editorial Caminho – Direção de Comunicação

14.04.2024 | par martalanca | Djamila Ribeiro

à Horta! | 20 abr. | Roda de conversa sobre o livro Sisal em carne viva...

Dia 20 de abril, sábado, vamos à horta saltar do passado colonial para os dias recentes (e os que estiverem por vir), diluída a viragem do tempo nas suas continuidades, em cruzamentos vários com racismo, agroecologia, migrações e trabalho. Tudo salpicado de política, mais ou menos identitária, ou não fosse Abril.
E o que pode uma horta contra a grande plantação?
Pode ser que não chova, e daí venha a alegria de juntar à conversa uma mão cheia de gente, a pretexto do meu livro, Sisal em carne viva: Ciência, poder e o problema do trabalho numa economia de plantação (Moçambique, c. 1930-1960), publicado pela Outro Modo, com a edição do Nuno Domingos.

Acolhe-nos a Horta Alto da Eira, que a Regador mantém na Penha de França, em Lisboa, contando com a ilustre presença de:

 

• Flávio Almada (Lbc Soldjah) | rapper e mestre em relações internacionais, profundo conhecedor da teoria anti-colonial e suas lutas, é membro da Vida justa;• Josina Almeida | historiadora de arte e feminista de colectivo, interessa-lhe trazer a política das identidades à luta de classes (onde sempre esteve);• Paulo Torres | dínamo da horticultura urbana em comunidade, fundou e movimenta a Associação Regador;• Pedro Varela | antropólogo e arquiteto paisagista, tem-se debruçado sobre periferia, agricultura urbana, circuitos artísticos, racismo e história da luta anti-racista.

Quem tiver curiosidade sobre o livro, ainda vai a tempo de o encontrar nalguma livraria independente (já foi visto na Casa Comum e na Meia Volta de Úrano - Casa das Artes, por exemplo). Também pode ler a sua introdução na Buala. Ou esperar pelo dia 20, para o adquirir numa banquinha com uma seleção especial de livros da Outro Modo.

Inês Neto Galvão

 

12.04.2024 | par martalanca | cisal em carne viva

60th International Art Exhibition of La Biennale di Venezia curated by Adriano Pedrosa

Kiluanji Kia Henda
at
the 60th International Art Exhibition of La Biennale di Venezia
curated by Adriano Pedrosa

Kiluanji Kia Henda, Courtesy of the ArtistKiluanji Kia Henda, Courtesy of the Artist

“I grew up in country where the generation of my parents were busy drawing a new flag, composing a new anthem, creating an identity for a brand new country, and this is very exciting for someone who aims to be an artist. The fact of not having the cruel weight of history on my back, gave me the huge freedom to invent my own history.”

                                                                                               Kiluanji Kia Henda

 

Kiluanji Kia Henda
GALLERY EXHIBITIONS
2022 – There are days that I leave my heart at home… (Selected works from 2006 – 2009)
2016 – Concrete Affection
2010 – Self-Portrait As A White Man
2007 – 
Between the two red telephones

ART FAIRS SOLO PRESENTATIONS
2023 – Artissima, Turin
2022 – ARTBO, Bogotà
2014 – Frieze Art Fair, London
2012 – ART|43|BASEL, Basel

BIENNIALS
upcoming – 60th International Art Exhibition of La Biennale di Venezia curated by Adriano Pedrosa
upcoming – Manifesta 15, Barcelona
2024 – Refuge, Lagos Biennial 2024, Nigeria
2023 – Sharja Biennial 15: Thinking Historically in the Present, Emirates of Sharja
2021 – Musing the Borders, Lagos Biennial, Nigeria
2018 – 2nd Yinchuan Biennale, MOCA Yinchuan, China
2018 – Busan Biennale, Busan, South Korea
2018 – Gwangju Biennale, Gwangju, South Korea
2014 – Producing the Common, Dak´Art - 11th Biennale of Dakar, Dakar
2013 – Redesign Sintese, 7ª Biennial of Sao Tome e Princepe, Sao Tome e Princepe São Tomé
2013 – Mondays Begins On Saturday, First Bergen Triennial – Bergen Assembly, Bergen
2012 – Les Atliers de Rennes-Biennale of Contemporary Art, Les Praires, Rennes
2011 – Synchronicity, Galerie Baudoin Lebon –Exhibition Program of PhotoQuai - Bienal des Images de Munde, Paris
2010 –There is always a cup of sea to sail in, 29a Bienal de Sao Paulo, Brazil
2010 – PICHA-Recontre de Fotografie, 2nd Bienal of Lumumbashi, RDC
2010 – Geográfias Emocionais_Arte e Afectos, II Trienal de Luanda, Luanda
2008 – Farewell to post-colonialism, 3rd Guangzhou Triennal, Guandong Museum of Art, Guangzhou, China
2007 – I Trienal de Luanda, Luanda

PRIZES
2017 – Frieze Artist Award 
2014 – Nominated as one of the 100 Leading Global Thinkers by Foreign Politics

2012 – Winner of the “National Prize of Art and Culture, awarded by the Ministry of Culture, Luanda

COLLECTIONS
Tate Modern, Collection of Contemporary Art, London, England
Centre Pompidou, Paris, France
MADRE Museum, Naples
Pérez Art Museum Miami (PAMM), USA Frac
Grand Large - Hauts-de-France, France Kadist, Paris, France
Migros Museum, Zürich, Switzerland
Calouste Gulbenkian, Coleçõe de Arte Moderna,Lisbao

Colecgao BESA Banco Espfrito Santo, Angola
Kadist Foundation, Paris, France/San Francisco, USA

Museum of Modern Art, Warsaw, Poland
Fondazione di Venezia, Public Collection, Venice, Italy
Queensland Art Gallery | Gallery of Modern Art, Brisbane, Australia
Ellipse Foundation, Collection of Contemporary Art, Lisbon, Portugal
Collezione Sciarretta (Nomas Foundation), Private Collection, Rome, Italy
Metropolitana di Napoli, Public collection, Napoli, Italy
PLMJ Foundation, Public Collection, Lisbon, Portugal
Emile Stipp, Video Art Collection, Johannesburg, South Africa

Rui Costa Reis, Collection of Contemporary Art, Luanda, Angola

11.04.2024 | par Nélida Brito | Art exhibition, kiluanji kia henda

Paradigmas em crise: Diálogos sobre Literatura, Género e Sexualidade

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA 

CENTRO DE ESTUDOS COMPARATISTAS 

GRUPO MORPHE

Subgrupo GENORE – Género, Normatividade, Representações

Seminário Permanente: Paradigmas em crise: Diálogos sobre Literatura, Género e Sexualidade

Organização: Inocência Mata e Helder Thiago Maia

O objectivo deste Seminário Permanente, realizado no âmbito do projecto GENORE (Género, Normatividade, Representações), e do projecto individual Fissuras na colonialidade de género: representações de género, afecto e sexualidade pré-coloniais no alvorecer do Império colonial português, ambos sediados do Grupo MORPHE, é reunir professores, investigadores, activistas e escritores, cujo foco das suas actividades se relacionem com os estudos literários e interartes em língua portuguesa e os estudos de género e sexualidade nas suas mais diferentes perspectivas teóricas.

Nesta primeira edição recebemos os professores Jorge Vicente Valentim, da Universidade Federal de São Carlos/Brasil, e Rosangela Sarteschi, da Universidade de São Paulo/Brasil, que estão a desenvolver pesquisas de pós-doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas, da Universidade de Lisboa.

Oradores: Rosangela Sartheschi (USP, Brasil) e Jorge Vicente Valentim (UFSCar, Brasil)

Mediação: Helder Thiago Maia (CEComp/FLUL)

10.04.2024 | par Nélida Brito | diálogos, FLUL, género, literatura, sexualidade

FeLiCidade - Festival da Língua e da Liberdade na Cidade

Mais de 100 nomes num festival que junta música, literatura, performance e cinema, com entrada livre

 CCB . 4 e 5 maio . sábado e domingo . 10h00 à 01h00 . em vários espaços

No ano em que se assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos, e no âmbito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, o CCB promove FeLiCidade – Festival da Língua e da Liberdade na Cidade, que se realiza nos dias 4 e 5 de maio, das 10h00 à 01h00, em vários espaços do Centro Cultural de Belém, com entrada livre. Uma celebração, um questionamento e uma festa da língua como casa.

FeLiCidade é um festival que está assente no diálogo entre os países que utilizam a língua portuguesa, explorando as suas diversas disposições, a sua desconstrução e as suas possibilidades, na literatura, na música, no cinema, em cena. Dezenas de falantes e ouvintes de todas as geografias ajudam-nos a refletir sobre uma relação de centenas de anos, a discutir a pluralidade de raízes e identidades, sem rasurar a complexidade, a violência e a exclusão da História.

Na música, há concertos de Nenny, La Familia Gitana, Puta da Silva, Titica, Luca Argel & Filipe Sambado, Meia/Fé, Lula Pena & Braima Galissá, Acácia Maior, Missy Bitty, Vaiapraia, Scúru Fitchádu & Azia, Baque de Mulher b2b Batucadeiras das Olaias, Trypas Corassão, Coletivo Gira, Madu, Phoenix RDC convida Valete, Lia de Itamaracá, MADU, Banda B’Leza, Lia de Itamaracá, Mynda Guevara, Juana na Rap e G Fema.

Nas aulas & glossários, celebram-se os 500 anos de Camões (Frederico Lourenço remonta ao estudo do autor, e José Luiz Tavares desafia-nos a conhecer o Camões Crioulo), os 100 anos de Alexandre O’Neill, os 100 anos do surgimento de Ricardo Reis (numa aula sobre o heterónimo de Pessoa e outra sobre o Ricardo Reis de Saramago), estudamos o potencial poético e literário das canções Mulheres de Atenas. de Chico Buarque (por João Constâncio e Luísa Buarque) e Língua, de Caetano Veloso (por Eucanaã Ferraz e Pedro Duarte), bem como aulas sobre Rui Knopfli, Mário Domingues, Ruy Duarte de Carvalho e outros autores africanos. De referir ainda o curso A Felicidade e a Vida, por Gonçalo M. Tavares.

As conversas são marcadas, pela primeira vez, exclusivamente pela quadrangulação Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor. Todas as histórias contam, todas se cruzam e fundem. Três escritores, de cada um dos vértices transoceânicos, conversam. Daniel Munduruku, escritor, ativista indígena, brasileiro, Francisco Bethencourt, historiador português, Mário Lúcio Sousa, escritor e cantautor cabo-verdiano. Ana Margarida de Carvalho, escritora portuguesa, Germano Almeida, escritor cabo-verdiano, Luís Cardoso, escritor timorense, Joana Bértholo, escritora portuguesa, José Eduardo Agualusa, escritor angolano, Socorro Acioli, escritora brasileira, Noemi Jaffe, escritora brasileira, Susana Moreira Marques, escritora portuguesa, Telma Tvon, escritora e rapper angolana, Andréa del Fuego, escritora brasileira, Conceição Lima, poeta são-tomense e Isabela Figueiredo, escritora portuguesa. A anteceder cada encontro há canções de boas-vindas e cordialidade; no final, há sessões de autógrafos.

Várias sessões de spoken word são apresentadas por Sitah Fayah X Spock, Rodrigo Brandão, Marina Campanatti, Alice Neto de Sousa, Maria Giulia Pinheiro, Muleca XIII, Marinho de Pina DJ Huba.

Há leituras encenadas, que partem do encontro de duplas de artistas, colocando em diálogo propostas desenhadas em torno de temas como género, autoria, construção, ancestralidade, escrita e vibração com: com várias duplas: Raquel Lima e Aoaní Salvaterra, Keli Freitas e Carolina Parreira, Jota Mombaça e Nádia Yracema, Cláudia Jardim e Cláudia Semedo, Sara Carinhas e Selma Uamusse, Tita Maravilha e Nuna.

Nas performances, a língua lê-se em voz alta, mexe-se, materializa desejos, esculpe páginas. A língua é performativa. No espaço público do CCB, durante todas as horas dos eventos, encontraremos performances inéditas de durações variadas, ativadas por artistas e para o público do FeLiCidade. Os corredores, os jardins, os elevadores e garagens serão marcados tanto pelas palavras de Salette Tavares como pela escrita que surge no próprio momento.

No cinema, são apresentados filmes em torno de nomes da literatura escrita em língua portuguesa, nomeadamente as estreias, em formato instalação, dos filmes O Marinheiro, do franco-japonês Yohei Yamakado, e Heterofonia, de Afonso Mota, a partir dos poemas homónimos de Fernando Pessoa e Alberto Pimenta; a estreia da nova cópia digital de O Primo Basílio, de George Pallu (1923), com a composição original inédita de Filipe Raposo, que a interpretará pela primeira vez ao piano. Entre outros filmes, são de destacar a apresentação integral da série documental Herdeiros de Saramago, da autoria de Carlos Vaz Marques e realizada por Graça Castanheira, que nos traz obras de, por exemplo, Andrea Del Fuego, Afonso Reis Cabral, Julián Fuks, Ondjaki, Valter Hugo Mãe, Adriana Lisboa, José Luís Peixoto, na presença dos autores, bem como o filme Anquanto La Lhéngua Fur Cantada, de João Botelho (2012), um hino à língua mirandesa, e MHM, de André Godinho, sobre o editor Manuel Hermínio Monteiro, apresentados pelos realizadores.

Um festival destinado a todas as idades, para todos os públicos, com programação para o público adulto, mas também destinado a crianças, com contadores de histórias (Miguel Sermão) e oficinas (por Catarina Câmara e Dina Mendonça). E porque o FeLiCidade é também uma festa, haverá um mercado e gastronomia, com produtos e comida de vários países, aberto das 12h00 às 21h00.

Com direção de Aida Tavares, a equipa curatorial é constituída por Anabela Mota Ribeiro, André e. Teodósio, Gonçalo Riscado, Nádia Yracema, Sara Carinhas, Tiago Bartolomeu Costa, sendo a programação desenvolvida por: CTL/Musicbox - Gonçalo Riscado, Pedro Azevedo, Inês Henriques, com BANTUMEN - Eddie Pipocas, Vanessa Sanches, Rainner Brito & VALSA - Marina Ginde, Nika Serafim (música); Anabela Mota Ribeiro e André e. Teodósio (conferências, lições, glossários, performance); Aoaní Salvaterra, Carolina Parreira, Cláudia Jardim, Cláudia Semedo, Jota Mombaça, Keli Freitas, Nádia Yracema, Nuna, Raquel Lima, Sara Carinhas, Selma Uamusse, Tita Maravilha (leituras encenadas) e Tiago Bartolomeu Costa (cinema).

No Dia Mundial da Língua Portuguesa (assinalado no dia 5 de maio), entende-se a língua como um motor de mudança e de transformação, discutem-se os modos de ser comunidade e vincam-se os compromissos com os valores de abril – com um cheirinho de alecrim.

A programação completa pode, desde já, ser consultada em www.felicidadefestival.com.

Em breve, haverá também uma App disponível para Android, iOS e Windows Phone.

10.04.2024 | par Nélida Brito | cinema, FeliCidade, festival, literatura, música, performance

Paula Rego: Manifesto

A CASA DAS HISTÓRIAS PAULA REGO ASSINALA OS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL COM A EXPOSIÇÃO “PAULA REGO: MANIFESTO” - 18 DE ABRIL a 6 DE OUTUBRO 2024

A nova exposição da Casa das Histórias Paula Rego evoca a primeira mostra individual da artista, apresentada em 1965 na Sociedade Nacional de Belas-Artes, para relembrar, nos 50 anos do 25 de Abril, os temas e acontecimentos marcantes da história recente de Portugal que Paula Rego, destemidamente, explorou nas suas obras. 

Paula Rego: Manifesto” tem curadoria de Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira e estará patente na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, de 18 de abril a 6 de outubro 2024. A exposição é realizada numa iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus, que assim prosseguem a ambiciosa política cultural que em conjunto definiram.

Paula Rego: Manifesto” parte da recriação da primeiríssima exposição individual de Paula Rego, apresentada há quase 60 anos, numa altura marcada pela intensificação do ambiente repressivo e persecutório da ditadura. A partir de 18 de abril, dezoito das dezanove pinturas que compunham aquela mostra histórica, criadas entre 1961 e 1965, estarão novamente reunidas e poderão ser vistas na Casa das Histórias Paula Rego.

Algumas das obras que integram “Paula Rego: Manifesto” foram localizadas apenas recentemente, depois de anos em paradeiro incerto, fruto de um minucioso trabalho de investigação, ainda decorrer, que ambiciona catalogar todos os trabalhos conhecidos que Paula Rego produziu entre as décadas de 1950 e 1960. As obras em empréstimo são provenientes das coleções de instituições nacionais como a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação de Serralves, além de coleções particulares portuguesas, inglesas e francesas.

Em obras como “Manifesto por uma causa perdida” (1965), “Cães famintos” (1963), “Alegoria Britânica” (1962-63), “Tarde de Verão” (1961) e “Fevereiro 1907 (O Regicídio) (1965), Paula Rego, corajosamente, afirmava uma atitude de resistência contra a ditadura, que considerava anacrónica e absurda. As pinturas exibidas em 1965 e novamente em 2024, comunicavam a sua experiência enquanto artista e mulher e revelavam a violência da realidade vivida, que incluía a Guerra Colonial Portuguesa, que a artista também criticou. Para ressaltar a importância daquela exposição no panorama cultural português da época, “Paula Rego: Manifesto” integra documentos daquele período relacionados com a organização e a receção crítica da mostra de 1965.

Paula Rego, Manifesto por uma causa perdida, 1965Paula Rego, Manifesto por uma causa perdida, 1965

As pinturas em exposição também revelam como o experimentalismo plástico confundiu a censura e colocou em causa as convenções artísticas, políticas e sociais da época. As curadoras da exposição de 2024, Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira, observam que “a técnica plurimaterial que a artista então desenvolvera, utilizando materiais heterogéneos — tintas, papéis recortados e colados sobre a tela — e os temas abordados, que sugerem um posicionamento crítico e de desafio em relação à autoridade, manifestam uma atitude de resistência política através da prática criativa. A sua primeira exposição individual criou, por isso, nesse ano sombrio de 1965, um espaço de dissensão, confronto e liberdade”.

Contudo, a recriação da exposição original ocupa apenas 1 das 8 salas da Casa das Histórias Paula Rego dedicadas à mostra que será inaugurada a 18 de abril. A segunda parte da exposição apresenta cerca de 60 obras e propõe um aprofundamento crítico, através do olhar e da experiência de Paula Rego, sobre temas como o contexto pós-revolucionário, assim como a intervenção cívica da artista no seu país de origem. As curadoras também salientam: “pela primeira vez reúne-se um conjunto de obras que comentam a Revolução de 25 de Abril de 1974 e a persistência de elementos icónicos da ditadura na sociedade portuguesa em democracia”. 

A segunda parte da exposição apresenta ainda as obras em que Paula Rego aborda temáticas relativas aos direitos das mulheres, um assunto que tratou durante toda a sua carreira, desde as suas primeiras provocações sobre o prazer feminino, a constante denúncia sobre a repressão, violência e discriminação contra as mulheres, às séries mais recentes, como “Mutilação genital feminina” de 2009. Destacam-se os desenhos em que confronta a indiferença dos portugueses, traduzida na grande abstenção ao referendo de junho de 1998, sobre a questão da despenalização do aborto. Com estas obras, a artista interveio mais diretamente na discussão política em Portugal e “contribuiu decisivamente para consciencialização da opinião pública sobre a necessidade de uma tomada de posição, que viria acontecer no terceiro referendo realizado em 2007 e que veio finalmente alterar a legislação portuguesa”, recordam as curadoras.

Para Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira, Paula Rego foi uma artista contrahistoriadora: “a narrativa sobre a ditadura e o processo de democratização têm sido dominados pela perspetiva e ações masculinas. Em contracorrente, a obra de Paula Rego inscreve na abordagem crítica desses momentos históricos não só a experiência feminina, mas também o papel das mulheres na luta pela democracia e pelos seus direitos. O trabalho criativo e a intervenção cívica da artista recordam-nos ainda que a democracia é um projeto em construção e tem que ser revista e promovida constantemente”.

Para mais informações, agendamento de entrevistas e reportagens:

Samir Menezes                                                                                                                            samir.menezes@terraesplendida.com | TEL.| (+351) 934 706 848 

Carlota Garcia

carlota.garcia@terraesplendida.com | TEL. (+351) 919 041 519

INFO SpeedFacts:

Exposição de arte

Casa das Histórias Paula Rego 

Avenida República, 300 – 2750-475 Cascais, Portugal

+351 214 826 970

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Abertura ao público: Terça-feira a domingo, das 10h às 18h (última entrada: 17h40)

Admissão: 5 euros (permite acesso à Casa das Histórias Paula Rego)

09.04.2024 | par martalanca | Paula Rego