Periferias, de Carlos No

Série de esculturas da autoria de Carlos No, Villa Bidão deu origem uma exposição onde cada peça é uma inquietação em potência. O trabalho de Carlos No tem uma forte componente de crítica e denúncia social, mas as esculturas que agora se mostram não pertencem à linha panfletária que se limita e enumerar problemas, elencando os podres de que o mundo é feito. Pelo contrário, a denúncia, aqui, é um gesto de reflexão, dando ao visitante os elementos e as ferramentas para olhar de frente temas como a pobreza, a exploração, as diferenças sociais reflectidas em aspectos como a habitação ou a vivência do espaço público, sempre de um modo capaz de fazer pensar.

A inquietação despertada por cada um destes trabalhos deve-se mais a esse processo de reflexão que é sugerido do que à simples referência de uma determinada injustiça social, pelo que Periferias é uma exposição para ver com calma, permitindo o tempo necessário para que as ligações nasçam na cabeça de cada um. As referências às favelas, à fome, a toda a espécie de discriminações sociais são temas que podiam figurar em qualquer jornal diário, mas Carlos No retira-lhes o imediatismo noticioso - que tantas vezes se esboroa pouco tempo depois, com a notícia seguinte - e transforma-as em objectos cheios de dúvidas, denúncias, comoções, tudo atravessado por uma vontade implícita de apontar o dedo  a quem, no centro, contribui para que tudo fique na mesma, deixando o resto do mundo do lado de fora, numa das muitas periferias que compõem o quotidiano.

 

MU.SA- Museu das Artes de Sintra (antigo Museu Berardo)

Av. Heliodoro Salgado

2710-575 Sintra

Portugal

Tel. (351) 219 236 151

 

Inauguração: Sábado, 26 SET 2015 às 16h 

de 26 SET a 25 NOV 2015

Terça a sexta-feira das 10h às 20h

Sábados e domingos das 14h às 20h

Encerra às segundas-feiras e feriados

 

por Sara Figueiredo Costa
Vou lá visitar | 10 Outubro 2015 | Carlos No, escultura, periferia