“Fim do Mundo” em São Tomé e Príncipe - celebrando as ilhas, a cultura e a sustentabilidade
O Festival das Ilhas do Mundo – Fim do Mundo é uma celebração multidisciplinar em São Tomé e Príncipe, de 5 a 12 de julho de 2025, unindo poesia, literatura, música, dança, teatro, manifestações culturais e um ciclo de conferências dedicado às alterações climáticas. Integrado no programa oficial das comemorações dos 50 anos da Independência de São Tomé e Príncipe, o Festival reafirma o compromisso do país com a cultura, a sustentabilidade e a cooperação internacional entre territórios insulares.
Este é o primeiro festival do seu género no arquipélago e acontecerá entre as bienais de arte e cultura de São Tomé e Príncipe. O evento conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República de São Tomé e Príncipe.
O ciclo de conferências “Alterações Climáticas e o Papel das Ilhas” reune especialistas de diversas áreas para abordar os desafios e oportunidades das ilhas face às mudanças climáticas globais. Interdisciplinar, o evento contempla debates sobre políticas públicas, sustentabilidade ambiental, inovação tecnológica e resiliência climática, promovendo o diálogo entre ciência, cultura, sociedade civil e governos.
A presença de representantes de ilhas como os Açores, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Madeira e Reino Unido enriquece as discussões, permitindo a partilha de boas práticas em conservação da biodiversidade, adaptação climática e inovação social. Embora distintas, estas ilhas partilham a urgência de fortalecer estratégias de resiliência e de salvaguarda dos seus patrimónios naturais e culturais.
O programa das conferências explora ainda temas como justiça climática, energias renováveis, financiamento sustentável, políticas de cooperação internacional e o papel vital da arte e da cultura na consciencialização ambiental. O encerramento será marcado por uma mesa-redonda de síntese e projeção futura, reunindo contributos transversais para responder aos desafios ambientais contemporâneos.
Para além do ciclo de conferências, o festival ocupará diversos espaços simbólicos de São Tomé e Príncipe, como a CACAU, Praça da Independência, Roça São João dos Angolares, Roça Água-Izé, Roça Diogo Vaz, Roça Monte Café, entre outros locais históricos, transformando o país num palco vivo de celebração artística e reflexão ambiental.
As atividades culturais incluem espetáculos de música, teatro e dança, exposições, performances e residências artísticas que dialogam com as temáticas da modernidade, tradição e sustentabilidade. No evento “Comer o Mundo”, será explorada a relação entre alimentação e práticas sustentáveis através de encontros gastronómicos em locais históricos. Já em “Curar o Mundo Através das Artes”, artistas e pensadores irão refletir sobre o papel da arte na transformação social, a partir da poesia, da literatura e de práticas inclusivas.
Entre 5 de maio e 1 de junho, aconteceu um exercício de pensamento com escolas, inspirado na obra Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Ailton Krenak. A iniciativa envolve crianças e jovens numa reflexão coletiva sobre a relação entre humanidade e natureza, imaginando futuros sustentáveis onde o equilíbrio ecológico e a diversidade cultural sejam centrais.
Um dos grandes objetivos do festival é o de promover e valorizar boas práticas ambientais nas ilhas, sublinhando a importância da preservação da biodiversidade e dos ecossistemas insulares. O evento também destaca o reconhecimento da Ilha do Príncipe como Património Mundial da UNESCO, assim como outros patrimónios materiais e imateriais em processo de aprovação, reforçando o compromisso com a proteção ambiental e a valorização cultural.
O festival é ainda palco para o fortalecimento do Laboratório Experimental do Meio do Mundo, um espaço dedicado à investigação, experimentação e inovação em práticas ambientais sustentáveis, posicionando São Tomé e Príncipe como um território pioneiro na construção de futuros ecológicos e inclusivos.
O festival encerra com uma reflexão sobre património, sustentabilidade e cooperação global, reunindo diferentes vozes para uma síntese das aprendizagens e propostas futuras, reforçando um olhar crítico e visionário sobre o futuro das ilhas no contexto global das alterações climáticas.
PROGRAMA DO “FIM DO MUNDO”
Festival das Ilhas do Mundo - “Da Poesia às Alterações Climáticas”
Comemoração dos 50 anos da Independência de São Tomé e Príncipe
Datas: 5 a 12 de julho de 2025
Local: CACAU - Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias, São Tomé
5 de julho – Abertura Oficial
17h00 | Cerimónia de Abertura
Performance do Tchiloli
Boas-vindas por João Carlos Silva, presidente da Roça Mundo
Sessão solene presidida por S. Exa. o Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, Eng. Carlos Manuel Vila Nova
18h00 | Alterações Climáticas em Ilhas e Microestados
Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral da ONU
18h30 | Momento musical
Performances: Armindo Silva, Abdulay Brangança e Marta Félix
Batucadeiras de Cabo Verde – Homenagem aos 50 anos da Independência de Cabo Verde
6 de julho – Dia da Agri-Cultura
10h30 | Visita à Roça Água Izé – apresentação do Projeto (re)Inventar Água Izé
João Carlos Silva, presidente da Roça Mundo
Leão Lopes, Ex-Ministro da Cultura de Cabo Verde e fundador do M_EIA
Carlos Gonçalves, presidente da Casa Mendes Gonçalves
Paulo Carvalho, presidente da Câmara de Cantagalo
13h00 | Encontro gastronómico Comemos o Mundo
Almoço na Roça São João dos Angolares: OLGA - Oficina Laboratório de Gastronomia dos Angolares
Tarde (Livre)
7 de julho – Conferências e Debates
09h30 | Painel 1: Políticas Públicas e Sustentabilidade Ambiental
Introdução: Paulo Ferrão, presidente do IN+, IST | Missão Europeia para Cidades Climaticamente Neutras: Aplicações e Desafios em São Tomé
Moderação: Marta Lança, investigadora e editora cultural
Nilda Borges da Mata, Ministra do Ambiente, Juventude e Turismo Sustentável
Luís Amado, ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal | Breve reflexão sobre o fim do mundo
Rita Nabeiro, administradora executiva do Grupo Nabeiro | Empresas, sustentabilidade e propósito
Teresa Fiúza, administradora do Banco Português de Fomento | Banco Soberano de Portugal ao serviço das Empresas e dos Empresários na transição energética
13h30 - 16h30 | Pausa para almoço
16h30 | Painel 2: Justiça Climática e Comunidades Insulares
Moderação: Luís Matos Martins, administrador dos Territórios Criativos
Vera Cravid, Ministra da Justiça, Assuntos Parlamentares e Direito da Mulher | Mudanças Climáticas e Género
Celiza Deus Lima, advogada | Processo de transição energética em São Tomé e Príncipe
Carlo Amado, especialista em Energias Renováveis | Justiça climática e comunidades insulares
Rodrigo Costeira, especialista em Financiamento de Projetos em África | Financiamento de Projetos no Sul Global
8 de julho – Cultura e Património
09h30 | Painel 3: Natureza e Memória - Expressões Artísticas e Mudanças Climáticas
Moderação: Liliana Coutinho, curadora
Carlos Gonçalves, presidente da Casa Mendes Gonçalves | Sem solo, sem futuro: regenerar o planeta para alimentar o futuro
Maria do Céu Madureira, investigadora da Universidade de Coimbra | Tesouros d’Obô: Contributos para a Valorização e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais de S. Tomé e Príncipe
Virgínia Fróis, investigadora da VICARTE | Do meu jardim, vejo o mar
Francisca Pinharanda, antropóloga ambiental | A Ribeira Ausente | Memória ecológica e paisagens em transformação na Ilha Brava, Cabo Verde
11h15 | Coffee break
11h30 | Painel 4: Do Arquivo à Ação
Moderação: Marta Lança
Joel Lima, diretor do Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe
João Moreira da Silva, historiador da Universidade de Cambridge | Almada Negreiros e Mário Domingues: Quem é relembrado em São Tomé e Príncipe?
Emir Boa Morte, diretor da Cultura | Património Rejeitado
René Tavares, artista plástico | Tchiloli Reconstrução da Memória
13h30 - 16h30 | Pausa para almoço
16h30 | Painel 5: Cultura, Património e Sustentabilidade
Introdução: Isabel Castro Henriques, historiadora e investigadora | São Tomé e Príncipe: plantas, patrimónios, globalização
Moderação: Marta Lança
Isabel Viegas de Abreu, Ministra da Educação, Cultura, Ciência e Ensino Superior
Carlos Neves, historiador e investigador | A força aglutinadora da cultura na construção da identidade nacional Santomense
Sónia Carvalho, ponto focal da UNESCO | A preservação e a valorização do Património Cultural e Natural de São Tomé e Príncipe: Desafios e Oportunidades para um desenvolvimento sustentável
Cristina Mão-de-Ferro, arquiteta | A importância do lugar
9 de julho – Curar o Mundo Através das Artes
09h30 | Painel 6: Novas Fronteiras da Criação Artística
Introdução: João Carlos Silva, presidente da Roça Mundo | As Bienais de São Tomé e Príncipe
Moderação: Marta Lança
Adelaide Ginga, diretora e curadora do MACAM | ANTROPOCENO - a palavra que importa conhecer. Curadoria de artes visuais para repensar a crise climática e a criação de futuro.
Núria Enguita, diretora artística e Marta Mestre, curadora do MAC/CCB | Nutrir um novo chão: caminhos entre museus, coleções e pessoas
Liliana Coutinho, curadora da Culturgest | Fins presentes, potências futuras: curadoria da encruzilhada
11h15 | Coffee break
11h30 | Painel 7: Práticas Artísticas, Espiritualidade e Comunidade
Moderação: Liliana Coutinho, curadora
Joana Henriques, coordenadora dos programas públicos do MAAT | Entre a Arte e o Cuidado: Museus como Espaços de Reparação
Sónia Vaz Borges, historiadora interdisciplinar militante | Pensar hi-stórias interlaçando os tempos
Jorge Bruno, presidente do Cine-Clube da Ilha Terceira | Do cinema para um mundo melhor
13h30 - 16h30 | Pausa para almoço
16h30 | Painel 8: Reinventar Lugares a Partir das Práticas Artísticas
Moderação: Marta Lança
Leão Lopes, Ex-Ministro da Cultura de Cabo Verde e fundador do M_EIA | Cultura e Património: caminhos para (re)inventar lugares
Kwame Sousa, artista plástico e fundador do Atelier M | A importância da investigação no domínio da educação artística
Ricardo Barbosa Vicente, curador da X Bienal de São Tomé e Príncipe | Práticas e Processos Regenerativos
Pedro Mba, realizador
10 de julho – Literatura, Tradição e Modernidade
09h30 | Painel 9: Poesia, Literatura e Sustentabilidade
Introdução: Conceição Lima, poeta | Poesia do Centro do Mundo
Moderação: Marta Lança, investigadora e editora cultural
Ivanick Lopandza, escritor | O fim de qual mundo?
Carlos Cardoso, poeta | A Poesia é o Grito que nos Liberta
Pedro Sequeira, advogado e poeta | Escrever o (re)início do mundo
Cláudia Pinheiro, criadora do Festival Travessia das Letras | Quem conta história constrói futuro?
Rui Lourido, historiador e coordenador cultural da UCCLA (vídeo) | Prioridade ao Conhecimento e à Cultura no diálogo intercivilizacional
13h30 - 16h30 | Pausa para almoço
16h30 | Painel 10: Media Enquanto Agente de Transformação
Introdução: Abel Veiga, diretor do jornal Téla Nón | 25 anos de existência da imprensa digital em São Tomé e Príncipe
Moderação: Josimar Afonso, jornalista da RSTP
Marta Lança, investigadora e editora cultural | Media colaborativos e práticas feministas, o caso do BUALA
Mateus Ferreira, diretor da Rádio Nacional
João Ramos, diretor da TVS
18h00 | Oficina de encenação e direção artística de João Branco11 de julho – Juventude, Educação Climática e Media
09h30 | Painel 11: Juventude, Educação Climática
Introdução: Carlos Boa Morte, presidente da Associação de Jovens Empresários de São Tomé
Moderação: Pedro Sequeira, advogado e poeta | Escrever o re(início) do mundo
Nuno Soares, presidente da Tratolixo | Gestão de Resíduo como uma oportunidade de criação de Valor
Sulisa Quaresma, diretora do Ambiente e Ação Climática | A integração da educação climática nas escolas
Litoney Oliveira, diretor Executivo da Fundação Príncipe | Conservação com pessoas e para as pessoas
11h15 | Coffee break
11h30 | Painel 12: Poesia da Roça Língua
Moderação: Pedro Sequeira, advogado e poeta
Jovens convidados: Mentes Soltas, Clube dos Poetas dos Angolares e Associação dos Jovens de Angolares
13h30 - 16h30 | Pausa para almoço
16h30 | Visita à Fábrica de Chocolate Claudio Corallo
18h00 | Leitura Teatral Dramatizada: Krenak – Adiar o Fim do Mundo
Leitura Teatral Dramatizada da obra de Ailton Krenak “Ideias para adiar o fim do mundo” por Miriam Freeland e Roberto Bomtempo (adaptação Flávia Lins e Silva, Ana Carolina Dias e Teresa Cris Tavares)
12 de julho – Encerramento
17h30 | Sessão de Encerramento: As Ilhas como Faróis de Esperança
João Carlos Silva, presidente da Roça Mundo
Intervenção do Presidente do Governo Regional do Príncipe, Dr. Filipe Nascimento
18h30 | Encerramento Oficial, por S. Exa. Primeiro Ministro e Chefe do Governo, Dr. Américo Ramos
19h00 | Momento musical