Anabela Roque conversa com Verenilde Pereira sobre o seu percurso e ativismo.
Verenilde Pereira (Manaus, 1956) é jornalista, indigenista e a pioneira do movimento literário afro-indígena no Brasil. Autora do romance Um Rio Sem Fim, publicado em 1998, uma obra que ganhou novo fôlego ao ser redescoberta pela crítica literária em 2022, e que será reeditada em breve pela editora Companhia das Letras. A autora lançou ainda, em 2002, a coletânea de contos Não da Maneira Como Aconteceu.
Um Rio Sem Fim retrata os impactos devastadores vividos pelos povos tradicionais após a chegada de uma missão religiosa salesiana ao norte da Amazónia, na década de 1980. Trata-se de um romance intemporal que capta uma realidade ainda hoje persistente na Amazónia e no Brasil, revelando as consequências contínuas da colonização e da intervenção religiosa sobre as culturas indígenas.
Verenilde Pereira personifica o espírito da mulher amazónica. Filha de mãe negra e de pai indígena do povo Sateré Mawé, para a escritora, escrever é um ato político, e a literatura, um instrumento de preservação das suas próprias memórias. Através da sua escrita, dá voz às histórias dos povos indígenas e afrodescendentes, que durante séculos foram silenciados ou marginalizados. A sua obra é, assim, uma ferramenta de resistência e sobrevivência, criando um espaço de afirmação das culturas e dos povos que representa.
A sua paixão pela palavra escrita foi o caminho que lhe permitiu aceder a uma educação mais qualificada, conduzindo-a ao jornalismo, ao ensino, à escrita literária e ao ativismo como indigenista, ao lado de líderes indígenas como Ailton Krenak e Davi Kopenawa. Estes serão os itinerários para a conversa com Verenilde Pereira, na quarta-feira, 16 de outubro, às 17h30, no Fólio, na Livraria Santiago, em Óbidos.