Episódio #4 "Herdar o Império" Paulo Faria

 
Em Memória da Memória.Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Em memória da memória, conversamos com Paulo Faria.

Paulo Faria nasceu em Lisboa em 1967. É escritor e tradutor literário e é muitíssimo provável que já se tenham deparado com o seu nome impresso lá em casa mais do que uma vez, nalgum dos livros de Cormac McCarthy, Charles Dickens ou George Orwell que verteu para português. Em memória da memória do pai, mas também de um passado do qual se assume como sujeito implicado, escreveu dois romances – e outros textos – em torno dos legados da guerra colonial.

No podcast do projeto MAPS conversamos com Paulo Faria sobre silêncios, heranças e sobre as razões que explicam como para descobrir o pai, foi preciso primeiro descobrir a guerra: uma guerra contra o esquecimento, uma guerra com o luto, uma guerra contra o trauma, uma guerra consigo mesmo, uma guerra contra os modos como ainda hoje se pensa e conta este acontecimento em Portugal. Sobre tudo isso nos falará Paulo Faria no Em Memória da Memória.

A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.
 

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© Imagem: Márcio de Carvalho (cortesia do artista)

Realizado no âmbito do projeto de investigação “MAPS – Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial”, coordenado pela investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o podcast vai contar com 18 episódios e vai ficar disponível na plataforma REIMAGINAR A EUROPA. Poderá também ser subscrito em SpotifyApple PodcastsAmazon Music e noutras plataformas de podcasts. 

30.11.2023 | par martalanca | guerra colonial, memoirs, memória, Paulo Faria

Performando Sentimentos Públicos, Ana Pais

Sentimentos públicos são forças invisíveis que circulam na esfera pública, modelando desejos, informando escolhas e, muitas vezes, determinando comportamentos. No entanto, a dificuldade em reconhecer como eles influenciam, tanto a nossa experiência afectiva individual quanto colectiva, tem implicações profundas na vida pública, em particular, no que respeita à pluralidade da democracia e ao exercício pleno da cidadania.

A minha hipótese de trabalho é a de que as artes performativas frequentemente sintonizam com os sentimentos públicos dominantes num determinado momento e contexto histórico, revelando as suas forças invisíveis durante o encontro com o público. Além das práticas artísticas, darei atenção ainda a outras práticas sociais que recorrem à performance pública de sentimentos que reverberam no colectivo (discursos políticos e institucionais, bem como a respectiva difusão nos media), trabalhando sobre a noção da performatividade dos sentimentos públicos: o que nos fazem, como nos atravessam e o que podem as artes performativas contribuir para o seu discernimento e, consequentemente, para uma vida cívica plural?

29.11.2023 | par martalanca | afeto, Ana Pais, artes performativas

Africanidade em ação: Essencialismo e imaginações musicais da África no Brasil

Seminário GIEEMP | 

SEMINÁRIO PERMANENTE DO GRUPO DE INVESTIGAÇÃO ETNOMUSICOLOGIA E ESTUDOS EM MÚSICA POPULAR  2023-12-13 | 15h00 | NOVA FCSH, Colégio Almada Negreiros, Campolide (Lisboa) | Sala 208 - Piso 2 | Sala Zoom  Entrada livre, presencial e online.   Africanidade em ação: Essencialismo e imaginações musicais da África no Brasil Juan Diego Dias | UC Davis

Neste seminário, Juan Diego Diaz compartilhará ideias sobre o seu premiado livro Africanness in Action: Essentialism and Musical Imaginations in Brazil (OUP, 2021). O livro discute como músicos negros da Bahia, Brasil, envolvem tropos comuns sobre música e cultura africanas em seu trabalho criativo. Através de quatro estudos de caso, veremos como esses músicos afirmam identidades afro-brasileiras, promovem mudanças sociais e criticam a desigualdade racial ao envolver criativamente tropos essencializados sobre a música e a cultura africanas. O argumento principal é o de que, em vez de reproduzir essas noções, os músicos demonstram agência ao enfatizá-las ou minimizá-las estrategicamente. Na segunda parte da apresentação, Juan Diego leva-nos a atravessar o Atlântico para examinar como quatro pequenas comunidades da África Ocidental (Gana, Togo, Benim e Nigéria) olham para o Brasil como uma fonte de inspiração para a criação musical.

Juan Diego Díaz | Professor Associado de Etnomusicologia na Universidade da Califórnia, Davis. Desenvolve pesquisas sobre as músicas do Atlântico Negro, com foco no Brasil e na África Ocidental. Os seus livros incluem Tabom Voices: a history of the Ghanaian Afro-Brazilian Community in their Own Words (2016) e Africanness in Action: Essentialism and Musical Imaginations of Africa in Brazil (OUP, 2021), tendo este último recebido várias menções honrosas da SEM e da BFE. Seu trabalho sobre as conexões transatlânticas entre o Brasil e a África Ocidental também é apresentado no seu documentário Tabom na Bahia (2017), co-dirigido com Nilton Pereira. Estudante e estudioso de longa data da capoeira angola, publicou numerosos artigos sobre esta forma de arte e liderou conjuntos universitários de capoeira angola e berimbau.

 

29.11.2023 | par martalanca | seminário

Diálogos entre literatus: do livro ao escritor

No dia 2 de Dezembro, sábado, a partir das 16h30, no Hotel Globo, acontece a 1ª edição do evento “Diálogo entre literatus: do livro ao escritor”, em torno da obra literária “A Caricatura do Abandono”, do escritor Lourenço Mussango.


“Diálogo entre Literatus: do livro ao escritor” surge como um espaço cultural onde discutir-se-á obras literárias contemporâneas e não só, explorando o imaginário de seus autores sob o olhar incisivo de leitores, roteiristas, realizadores, críticos literários, jornalistas, editores e etc. Trata-se de uma iniciativa experimental que, a partir do crivo de um entusiasta da leitura, buscará promover o diálogo da literatura com outras manifestações artísticas como o cinema e a pintura.
As edições acontecerão em torno de obras de escritores angolanos convidados, assim como, em edições especiais, de escritores de praças literárias africanas e de outros continentes.
As conversas reflectirão também sobre as possibilidades de se transformar narrativas literárias nacionais em obras fílmicas através de adaptações cinematográficas, uma das propostas da iniciativa.
Com entrada gratuita, a 1ª edição do “Diálogo entre literatus: do livro ao escritor” conta com a curadoria e coordenação de André Gomes e, a conversa, por sua vez, será moderada pela leitora e criadora de conteúdo literário, Áurea Assíduo.  Organizado pelo projecto Cinéfilos & Literatus, o evento tem a parceria da associação KinoYetu e Goethe Institut Angola e o apoio da Refriango e Asas de Papel Editora.
A Caricatura do Abandono “é uma obra vibrante. Em sete contos, o autor mostra a sua habilidade de transformar momentos comuns em histórias excepcionais, protagonizadas por personagens que reflectem a vida de homens e mulheres que carregam nos ombros o peso do abandono, do amor gorado, do passado esquecido e do sonho defraudado”.
Terminado o evento teremos venda e sessões de autógrafos da obra referida no valor de 7.000 kz, pela Asas de Papel Editora.
Sintam-se convidad@s!

André Bastos Gomes

28.11.2023 | par martalanca | Lourenço Mussango, “A Caricatura do Abandono”

Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de Mundos Passados e Presentes

Sheila Khan & Sandra Sousa (Eds.)

2023 | UMinho Editora

Este livro é uma dedicatória à obra da escritora Djaimilia Pereira de Almeida. Nele, diversos contribuidores, oriundos de diferentes lugares e com trajetórias de vida singulares, unem-se pelo amor à literatura, ao pensamento crítico e social em torno da relação entre passados e presentes diversos. Neste espaço, todos tentam desvendar e atribuir sentido (ou criar novos significados) aos mundos impressos nas páginas de uma interrogação constante para pensar o mundo da experiência histórica e humana, que perpassa na sua obra. A autora pertencente a uma geração de afrodescendentes formados em Portugal que questiona o papel de herdeiros de processos imperiais e pós-coloniais, tanto local quanto globalmente. Estabelecendo elos com uma diáspora europeia ou mesmo americana, Djaimilia proporciona-nos a oportunidade de repensar o lugar da sua geração num mundo marcado pela violência, so- lidão, silêncio, discriminação e imposição de fronteiras. Este livro representa um encontro audacioso com uma cidadã e escritora que desafia o mundo do antes, do agora e do porvir, por meio de uma escrita ativa, comprometida e profundamente humanista. Os textos incluídos nesta coletânea demonstram a riqueza e diversidade de análises que a obra de Djaimilia Pereira de Almeida inspira numa atitude crítica perante a nossa contemporaneidade.

o livro pode ser baixado e lido aqui. 

Sheila Khan (coord.) Escola de Ciências Humanas e Sociais, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal/Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Sandra Sousa (coord.) Department of Modern Languages and Literatures, University of Central Florida, Orlando, Estados Unidos da América

Índice 

  • Prefácio: Inocência Mata
  • Introdução: Por uma Ecologia de Questionamentos e de Encontros I Sandra Sousa, Sheila Khan
  • As Relações Possíveis Apesar do Sofrimento Abissal: O Realismo Afetivo de Djaimilia Pereira de Almeida IRoberta Guimarães Franco
  • Deficiência, Racialização, e Colonialidade em Luanda, Lisboa, Paraíso I Daniel F. Silva
  • Maremoto: Despojos de Guerra, Solidão e Testemunho em Tempos Pós-Coloniais I Sheila Khan
  • Vidas Precárias, Vulnerabilidades Masculinas I Cláudia Pazos-Alonso
  • Ecocumplicidade em A Visão das Plantas de Djaimilia Pereira de Almeida I Sandra Sousa
  • Memória Histórica, Literatura e Rasura: Escrita Reparativa em Três Histórias de Esquecimento (2021) I Margarida Rendeiro
  • Uma Economia de Afetos Coloniais: A Mediação de Identidades Subalternizadas em Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida I Daniel Marinho Laks
  • “Ver Vem Antes das Palavras”: As Crónicas de Djaimilia Pereira de Almeida I Susana Pimenta
  • Análise Lexicométrica de Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida I Carla Sofia Araújo

28.11.2023 | par martalanca | Djaimilia Pereira de Almeida

O Hábito Faz o Colonizador: Narrativas e Artivismos no Pós-Colonial

18 e 19 de julho de 2024, Departamento de Línguas e Culturas, Universidade de 

Aveiro Site 

Sobre o congresso:

“O hábito não faz o monge”. A antiga expressão popular dizia que as pessoas não deviam ser julgadas somente pela sua aparência, mas também pelos seus atos e condutas. Tempos depois adquiriu uma conotação contrária. Hoje, afinal, também se pode dizer: “o hábito faz o monge”. Como escreveu José de Alencar, em 1854, no folhetim Ao correr da pena: “Hoje, apesar do rifão antigo, todo o mundo entende que o hábito faz o monge. Vista alguém uma calça velha e uma casaca de cotovelos roídos. Embora seja o homem mais relacionado do Rio, passará incógnito e invisível”. Isto é, mais do que uma veste medieval ou terno puído, ontem como hoje, o hábito diz respeito a uma série de costumes, regras, modos e dogmas frequentes e – muitas vezes – permanentes, que induzem maneiras usuais de agir, fazer, sentir e até mesmo de ser. Como postulou Pierre Bordieu, o habitus constitui-se como duro capital simbólico incorporado no modo de agir das pessoas através dos rituais de socialização institucional. Não há, pois, colonialismo nem pós colonialismo fora deste contexto. Escola, estado, trabalho, espaço público têm, assim, a “função de produzir indivíduos dotados de um sistema de esquemas inconscientes, o qual constitui a sua cultura”, as suas crenças arreigadas (Bourdieu, 1974, p. 346). Nesse sentido, o hábito faz o monge. Portanto, o hábito molda o colonizador e enforma também o preconceito.

Neste âmbito, tomamos emprestado esse significativo ditado para pensar criticamente e debater as Narrativas (literárias, performativas e outras) e Arte Ativistas, nos seus múltiplos formatos e suportes – plástico, visual, musical, escrito, videográfico, digital, podcasts e soundscapes diversos (Blaagard et al., 2023), mas incluindo também o próprio corpo, considerado como tela e espaço de criação (Martins & Campos, 2023) – articuladas em torno de conceitos como o Pós-Colonial (Castellano, 2021, pp. 262-264),  o Anti-Colonialismo, a Colonialidade do poder (Grosfoguel, 2008), do saber (Lander et al., 2005) e do ser (Maldonado-Torres, 2007), o Contra-Discurso, a Descolonização, a Decolonialidade (Ashcroft et al., 2000), as Transperiferias Colaborativas (Windle et al, 2020); e linhas de pensamento como a Filosofia da Libertação de Dussel (2016), a Teoria da Dependência de Quijano (2005) e a Categoria Político-Cultural de Amefricanidade de Gonzalez (1988), etc.

Para tal, o evento, propositadamente de banda larga, destina-se a expressões académicas e filosóficas que se alimentem da postura crítica discutida pelas teorias e práticas pós-coloniais organizadas nos temas listados abaixo e outros que se enquadrem nesse âmbito:

– Artivismo pós-colonial transdisciplinar, inter e multiartes;

– Planeamento do território e práticas de resistência à segregação étnica, religiosa, cultura;

– Discursos e intervenções no tema reparações históricas;

– Narrativas nos media e confrontação política;

– A abordagem histórica no aparelho educativo da antiga metrópole e ex-colónias;

– A velha máxima do Luso-tropicalismo e suas ramificações;

– Artistas no exílio e perspectivas (anti-)coloniais, pós ou decoloniais;

Habitus colonial e discursos ideológicos;

– O papel da ficção especulativa em narrativas pós-coloniais;

– Colonialidade do saber, epistemologias subalternas e a legitimidade do conhecimento;

– Colonialidade do poder contra as lutas identitárias de género, raça e classe;

– Colonialidade do ser e a influência das Narrativas em processos de subjetivação.

– Associações artivistas, comunas de artistas, cooperativas e movimentos artísticos unidos em torno de objetivos sociopolíticos;

– O corpo enquanto problemática e ferramenta artivista nos seus diversos usos;

– Estética artística e campo político: intersecções, porosidades, oposições;

– Artivismo vitalista: o corpo e a vida de ativistas enquanto obra de arte, narrativa e ficção vital;

 

Chamada de trabalhos:

 

O congresso irá recorrer ao uso da língua portuguesa como meio de comunicação entre todos os participantes. Ademais se alerta que não serão consideradas comunicações via zoom e também se encontram fora dos parâmetros seletivos o envio de gravações. Em linha com os objetivos deste congresso, pretende-se dar primazia às interações pessoais e, em conformidade, todas as comunicações serão presenciais. 

As propostas devem ter entre 200 e 300 palavras, incluindo palavras-chave. Devem ser enviadas até ao dia 31 de janeiro de 2024, acompanhadas de uma breve nota biográfica (máximo de 100 palavras). O título do ficheiro com o resumo deve obedecer ao seguinte formato: “nomeResumo”. Exemplo: “AndréMirandaSantosResumo”

As comunicações ao congresso terão entre 15 a 20 minutos. Todas as propostas serão analisadas atempadamente e os autores notificados em tempo útil, tão breve quanto possível. As mesmas deverão ser enviadas para o seguinte endereço eletrónico: habitocolonizador@gmail.com

Todas as informações disponíveis em: 

https://ohabitofazocolonizador.wordpress.com/

 

Referências

 

Ashcroft, B., Griffiths, G., & Tiffin, H. (2000). Post-Colonial Studies: The Key Concepts (2a). London: Routledge.

Blaagaard, B., Marchetti, S., Ponzanesi, S., & Bassi, S. (Eds.) (2023). Postcolonial Publics: Art and Citizen Media in Europe. (1 ed.) Edizioni Ca’Foscari, Venice University Press. Studi e ricerche Vol. 30 https://doi.org/10.30687/978-88-6969-677-0

Bordieu, P. (1974). A Economia das Trocas Simbólicas (Introdução, organização e seleção de 

Sérgio Miceli). São Paulo: Perspectiva.  Miceli, S., Barros, M., Catani, A., Catani, D., Montero, P., Durand, J. (trads.)

Castellano, C. (2021). Art activism for an Anticolonial Future. Albany: SUNY Press

Dussel, E. (2016). Transmodernidade e interculturalidade: Interpretação a partir da filosofia da libertação. Sociedade e Estado, 31(1), 51–73. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100004

Gonzalez, L. (1988). A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, 92, 69–82.

Grosfoguel, R. (2008). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, 115–147. https://doi.org/10.4000/rccs.697

Lander, E., Dussel, E., Mignolo, W. D., Coronil, F., Escobar, A., Castro-Gómez, S., Moreno, A., Segrega, F. L., & Quijano, A. (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino- americanas (E. Lander (ed.); J. C. C. B. Silva (trad.)). CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ www.clacso.org

Maldonado-Torres, N. (2007). Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. Em S. Castro-Gómez & R. Grosfoguel (Eds.), El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global (pp. 127–167). Siglo del Hombre Editores.

Martins, J. C. F., & Campos, R. M. de O. (2023). The body as theme and tool of artivism in young people. European Journal of Cultural Studies, 0(0). https://doi.org/10.1177/13675494231163647

Quijano, A. (2005). Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Em E. Lander (Ed.), & J. C. C. B. Silva (Trad.), A colonialidade do saber. Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas (pp. 227–278). CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_...

Windle, J., Souza, A. L. S., Silva, D. N., Zaidan, J. M., Maia, J. O., Muniz, K., Lorenso, S. (2020). Por um paradigma transperiférico: uma agenda para pesquisas socialmente engajadas. Debate: Trabalhos em Linguística Aplicada, 59 (2). https://doi.org/10.1590/01031813749651220200706

28.11.2023 | par martalanca | Artivismo, Narrativas, pós-colonial

Conferência de Miguel Carmo: Um percurso entre a história do solo e a história agrícola

Expansão agrícola, degradação do solo e fertilização em Portugal, 1873-1960

UM PERCURSO ENTRE A HISTÓRIA DO SOLO E A HISTÓRIA AGRÍCOLA 

Nesta conferência irá discutir-se o que aconteceu à fertilidade dos solos agrícolas durante a Campanha do Trigo, iniciada em 1929. É comummente aceite que a expansão excessiva das culturas de trigo durante o Estado Novo resultou na degradação dos solos na metade sul de Portugal. A década de 1950 parece representar, a partir dos discursos da agronomia portuguesa, um período de intensificação de fenómenos de esgotamento e de erosão do solo disseminados por todo o país e com dimensões calamitosas a sul. Submetemos este panorama a uma revisão crítica que nos obrigou a recuar ao final do século XIX em busca de um sentido histórico para a transformação – indissociável – dos sistemas de cultivo, das práticas de fertilização, das ciências agronómicas e do próprio solo. Por que modos a expansão agrícola, ininterrupta entre 1870 e 1960, interagiu com a evolução das condições de fertilidade do solo?

Miguel Carmo

(Tavira, 1980) licenciou-se em engenharia do ambiente no Instituto Superior Técnico em Lisboa e finalizou, em 2018, o doutoramento em engenharia agronómica no Instituto Superior de Agronomia, a partir do qual desviou o percurso académico para a história da agricultura e para a história ambiental. Atualmente é investigador integrado no Instituto de História Contemporânea, na Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o projeto Paisagens de fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal (1950-2020), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

26.11.2023 | par martalanca | Agricultura, Alentejo, Beja, Campanha de Trigo, Miguel Carmo

Lançamento de "Angola Degredo Salvação" de Nuno Milagre

Após a independência do Brasil, Angola ocupou a posição de colónia principal, pivô do sistema colonial português. Perante a falta de autonomia financeira de Portugal no final do século XIX, a imaginação metropolitana previu com nitidez que Angola se encarregaria de gerar os recursos para a salvação das finanças portuguesas. Angola Degredo Salvação investiga e discute a atividade portuguesa por volta de 1900, no seu empreendimento transcontinental de converter recursos de Angola em ganhos materiais para Portugal. Identificam-se representações de Angola que provocavam repulsa ou atração pela colónia, condicionando a agenda, a presença e a intervenção portuguesa. Confronta-se a continuidade do envio de degredados para a colónia com a expectativa de que essa mesma colónia viesse a gerar riqueza para a salvação de Portugal. Analisa-se a discussão sobre a concessão do Caminho de Ferro de Benguela a um britânico, e os riscos e benefícios de financiar o progresso angolano com capital estrangeiro. A averiguação das formas de uso de Angola para benefício da metrópole põe em causa a validade do lema que preconizava o «desenvolvimento material das colónias» como orientação principal da política colonial portuguesa.

24.11.2023 | par martalanca | angola, Angola Degredo Salvação, colonialismo, degredo, Nuno Milagre

InShadow no Teatro do Bairro

O InShadow – Lisbon Screendance Festival está na sua 15a edição e até 15 dezembro está em diversos espaços da cidade de Lisboa. O Festival, uma iniciativa da Vo’Arte e uma referência no território da criação contemporânea transdisciplinar, destacando a convergência entre a imagem e o corpo e processos de criação artística fundados na tecnologia.Como ponto fundamental do Festival, a Competição Internacional de Vídeo-Dança vai decorrer entre o dia 28 novembro e 1 dezembro, no Teatro do Bairro, com um total de 60 filmes, prevenientes de 22 países, apresentados ao longo de 6 sessões. A Competição Internacional de Documentário vai decorrer no Teatro do Bairro, nos dias 29 e 30 novembro, às 17h e na ETIC, com 12 filmes de 12 países diferentes, nos dias 27 e 29 novembro.Esta edição, o InShadow conta com a Artista Convidada da Polónia, Iwona Pasinska, Coreógrafa e Directora do Polish Dance Theatre, que vem a Lisboa apresentar uma Restrospectiva do seu trabalho, no dia 28 novembro, às 14h30 na ETIC, abrindo a sessão com uma Estreia Mundial da realizadora com o filme “Histariae Vivae”.Para além da exibição, o Festival tem ainda exposições de fotografia a decorrer na NOTE – Galeria de Arquitectura, no Espaço Cultural das Mercês e no Espaço Santa Catarina e nos espaços da FBAUL. A 3 dezembro, a Companhia Inestética faz acontecer no Espaço Safra, a performance “She’s Lost Control”, e que tem como elemento central uma vídeo-instalação de Alexandre Lyra Leite.O Festival passa também pela Cinemateca Portuguesa, com Sessões Especiais de filmes (en)cantados pela dança, com a exibição dos filmes clássicos do cinema “Top Hat”, “The Red Shoes”, “Les demoiselles de Rochefort” e “Stormy Weather”, de 9 a 16 dezembro.InShadow destaca-se internacionalmente nas áreas do vídeo-dança e da performance, assumindo um cruzamento artístico entre o corpo e a imagem, sendo um dos festivais selecionados para representar Portugal no Festival MOV’IN Cannes.InShadow, o corpo imagina-se na sombra.Toda a programação disponível no site do InShadow.

InShadow - Lisbon ScreenDance Festival é uma iniciativa inovadora da Vo’Arte e uma referência no território da criação contemporânea transdisciplinar, destacando a convergência entre a imagem e o corpo e processos de criação artística fundados na tecnologia.

InShadow explora atmosferas interdisciplinares pela reflexão sobre soluções estéticas e técnicas de representação do corpo no ecrã, no palco e noutros espaços de actuação. Géneros e linguagens cruzam-se em vídeos, espectáculos e performances, instalações e exposições.

A programação integra uma competição de vídeo-dança, de documentário e de animação, performances, uma secção destinada ao público infanto-juvenil, LittleShadow, uma forte componente de formação com workshops e masterclasses destinados aos vários públicos, bem como instalações e exposições que expandem o Festival pela cidade. 

InShadow promove a criação contemporânea e imprime novos cruzamentos e olhares na cidade de Lisboa em diálogo com o Mundo. Reflecte sobre a vitalidade de um diálogo aberto pelo encontro da experiência de artistas consagrados com as visões de criadores emergentes.

InShadow, o corpo imagina-se na sombra.

23.11.2023 | par martalanca | corpo, dança, InShadow, video

Marcelo Evelin/Demolition Incorporada: Uirapuru

TEATRO SÃO LUIZ - SALA LUÍS MIGUEL CINTRA

Como imaginar os sons e as danças dos seres míticos que habitam as florestas brasileiras?

Uirapuru é uma peça inspirada nas entidades que habitam as florestas do Brasil e no imaginário mítico das matas brasileiras. A floresta como cosmologia particular – selvagem e encantada –, e como regresso a um interior profundo e desconhecido. O Uirapuru é um pássaro brasileiro, considerado o cantor da floresta. Uirapuru significa “homem transformado em pássaro” ou “ave enfeitada” em Tupi-Guarani, a língua dos povos originários do Brasil. Tem sua existência envolta em uma lenda indígena, a estória do encantamento de um dos amantes de um amor impossível em uma ave rara, cujo canto fizesse os ouvintes delirar. Um pássaro mítico, quase nunca visto, de canto belo, conhecido por trazer boa sorte a quem o escuta, símbolo de um Brasil que apesar de destroçado ainda canta.

Marcelo Evelin

Uirapuru é sobre pensar o canto como território, como possibilidade de reinvenção e resiliência. Um convite para nos concentrarmos, para nos prepararmos para escutar o mundo, algo para o qual tendemos a ter cada vez menos tempo.

Conversas Pós-Espetáculo

Dia 25 de novembro o espetáculo é seguido de uma conversa com Marcelo Evelin e Dori Nigro moderada por Raquel Lima.
Marcelo Evelin nos falará sobre como habitar em pássaro, desde a criação da sua peça Uirapuru, e Dori Nigro, performer e educador, é convidado a partilhar a sua leitura cuidada deste espetáculo, na qual relaciona cultura ioruba, candomblé afro-brasileiro, a simbologia do feminino, o animismo, o afrofuturismo, entre outros mitos. A conversa nos permitirá aprofundar e complexificar uma narrativa, que nos entrega várias camadas para refletirmos o canto do pássaro como território, como possibilidade de reinvenção e resiliência num período histórico de extinções e alterações climáticas.

Ficha artística

Conceção e coreografia Marcelo Evelin Criação e interpretação Bruno Moreno, Fernanda Silva, Gui de Areia, Luis Carlos Garcia, Márcio Nonato, Rosângela Sulidade e Vanessa Nunes Dramaturgia Carolina Mendonça Assistência Bruno Moreno Luz Márcio Nonato Som Danilo Carvalho Figurinos Gui de Areia Direção técnica e produção Andrez Ghizze Preparação e ensaios Mariana Alves
Ilustração Elza Hieramente Fotografia Maurício Pokemon Recepção/CAMPO Produção João Marcos Direção de produção Regina Veloso/Casa de Produção Administração e logística Humilde Alves Produção e difusão Materiais Diversos Residências artísticas CAMPO arte (Teresina), Teatro Municipal do Porto - Teatro Campo Alegre, La Vignette (Montpellier) Coprodução Teatro Municipal do Porto, Festival Montpellier Danse 2022 e Festival d’Automne à Paris

22.11.2023 | par martalanca | Brasil, florestas, Marcelo Evelin

Nadia Beugré: Profético (Nós já nascemos)

CULTURGEST - AUDITÓRIO EMÍLIO RUI VILAR 24.11 SEX 21H0025.11 SÁB 21H00

Corpos trans que encenam as suas próprias vidas, inventam os seus próprios lugares, constroem o seu próprio mundo.

Nadia Beugré navega entre Montpellier e Abidjan, na Costa do Marfim, onde cresceu. Para a sua mais recente peça convidou pessoas da comunidade trans de Abidjan. Pessoas designadas à nascença como rapazes, flutuam entre géneros, numa sociedade extremamente patriarcal que, convenientemente, finge não as ver.

Cabeleireiras de dia e divas da pista de dança à noite, transgridem binarismos individuais, familiares, sociais e históricos, sobre o que é bonito ou feio, masculino ou feminino, legal ou ilegal.

Aqui, tudo está à vista e à escuta, como prova de que estas pessoas já nasceram e reivindicam a sua liberdade. Através das redes de solidariedade que tecem e trançam entre si, inventam as suas próprias danças e os meios da sua própria sobrevivência.

Conversa pós-espetáculo

No dia 24 de novembro, o espetáculo será seguido de uma conversa com Nadia Beugré and David J. Amando, com moderação de Raquel Lima (em português).

Ficha artística

Título original Prophétique (On est déjà né·es) Direção artística Nadia Beugré Iluminação Anthony Merlaud Cenografia Jean-Christophe Lanquetin Assistência artística Christian Romain Kossa Olhar externo Nadim Bahsoun, Adonis Nebié Performance Beyoncé, Canel, Jhaya Caupenne, Taylor Dear, Acauã Shereya El Bandide, Kevin Kero Produção Libr’Arts / Virginie Dupray Coprodução Kunstenfestivaldesarts Bruxelas, Théâtre Le Rideau Bruxelas, Montpellier Danse, Points Communs Cergy Pontoise, Holland Festival Amsterdã, CULTURESCAPES 2023 Sahara, ICI—Centre Chorégraphique National Montpellier Occitanie Pyrénées Méditerranée / direção de Christian Rizzo, Fonds Transfabrik – Fonds franco-allemand pour le spectacle vivant, Tanz im August / HAU Hebbel am Ufer Berlim, La Place de la danse CDCN Toulouse Occitanie, Théâtre Garonne Scène Européenne - Toulouse, Les Spectacles Vivants - Centre Pompidou Paris, Festival d’Automne à Paris, Spielart Theater festival Munique, Théâtre de Freiburg, Africa Moment Residência Agora de la danse Montpellier danse, La place de la danse CDCN Toulouse Occitanie, Théâtre Le Rideau Bruxelas Apoio DRAC Occitanie - Ministério Francês da Cultura e Comunicação Agradecimentos Ivoire Marionnettes Abidjan e Institut français de Côte d’Ivoire

Este espetáculo é apresentado com o apoio do Institut Français e do projeto MaisFRANÇA, uma temporada concebida pelo Institut Français du Portugal com o apoio dos mecenas Claude & Sofia Marion Foundation, JC Decaux, BNP Paribas, Mexto e Credibom.

22.11.2023 | par martalanca | Corpos trans, Nadia Beugré

"Breve História Colonial e Outras Memórias", do artista Tchalé Figueira

No Centro Cultural Cabo Verde, em Lisboa, irá inaugurar-se uma exposição intitulada “Breve História Colonial e Outras Memórias”, da autoria do artista Tchalé Figueira. Por meio das suas inconfundíveis pinceladas, Figueira transporta-nos a um universo onde a história colonial é não só observada mas desafiada, fazendo-nos questionar as nossas perceções e realidades. A sua arte não se limita a representações visuais, mas serve de manifesto contra desvalorizações humanas, iluminando episódios muitas vezes sombrios da história, e alertando sobre a indiferença e a amnésia coletiva. “Esta exposição é um convite à introspecção e ação”, destaca Ricardo Barbosa Vicente, curador da exposição. “Através da obra de Tchalé, somos instigados a refletir, questionar e, sobretudo, agir face às memórias e realidades que estas peças nos revelam.” Sobre Tchalé Figueira: Nascido em Mindelo, Cabo Verde, em 1953, Tchalé Figueira consolidou a sua carreira artística na Suíça, emergindo como uma figura proeminente no panorama artístico global. O artista, que também se destaca na literatura, regressou a Cabo Verde em 1985 e desde então tem exposto as suas obras em diversos países. O seu legado artístico estende-se por museus e coleções privadas em África, Europa e Américas. Convidamos a todos para se juntarem a nós na inauguração desta exposição singular e para se perderem nas narrativas entrelaçadas das obras de Tchalé Figueira, numa viagem que promete ser tanto introspectiva quanto reveladora.

21.11.2023 | par martalanca | Tchalé Figueira

Justíça interseccional em Portugal e na Alemanha

No âmbito do ciclo “Quo Vadis, Europa?”

No dia 29 de novembro, às 19h00, terá lugar, no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, uma conversa sobre a justíça interseccional em Portugal e na Alemanha, com as convidadas Emilia Zenzile Roig da Alemanha e Cristina Roldão de Portugal. A conversa é coproduzida com a initiativa O Lado Negro da Força e será moderada pela jornalista Paula Cardoso.
Interseccionalidade é um termo que descreve a interação de vários mecanismos de opressão - justiça interseccional refere-se à distribuição justa e igualitária da riqueza, das oportunidades, dos direitos e do poder político na sociedade. Centra-se na interação de privilégios e desvantagens estruturais, ou seja, a desvantagem de alguns é o privilégio de outros. A justiça interseccional entende a discriminação e a desigualdade não como o resultado de intenções individuais, mas como sistémicas, institucionais e estruturais.
Desde o discurso histórico da ativista dos direitos humanos Sojourner Truth, “And ain’t I a woman?”, até às reflexões de Kimberlé Crenshaw, que inventou o termo interseccionalidade, o feminismo negro revolucionou a forma de pensar na luta contra os sistemas opressivos. Na Alemanha, esta força de mudança pode ser vista no trabalho de Emilia Zenzile Roig, que fundou o Centro para a Justiça Interseccional. Em Portugal, a pesquisa da socióloga Cristina Roldão lança luz sobre a presença negra no país, revelando apagamentos e silêncios históricos.
Mais do que um conceito inovador, como se promove na prática esta ideia de justiça? É possível falar de justiça social sem falar de interseccionalidade?


Emilia Zenzile Roig (*1983) é fundadora e directora do Centro para a Justiça Interseccional (CIJ) em Berlim. Concluiu o seu doutoramento na Universidade Humboldt em Berlim e na Science Po Lyon. Emilia Roig leccionou interseccionalidade, teoria crítica da raça e estudos pós-coloniais, bem como direito internacional e europeu na Alemanha, em França e nos EUA. Dá palestras e conferências em toda a Europa sobre os temas da interseccionalidade, feminismo, racismo, discriminação, diversidade e inclusão e é autora de numerosas publicações em alemão, inglês e francês. É autora do bestseller “WHY WE MATTER. O Fim da Opressão”. Em 2022, foi eleita a “Mulher Mais Influente do Ano” no Prémio Impacto da Diversidade. Em 2023, publicou “O FIM DO CASAMENTO. Por uma revolução do amor”.
Cristina Roldão (*1980) é uma socióloga portuguesa cuja investigação se centra na educação e na marginalização e que é conhecida pelo seu ativismo social, antirracista e feminista. Doutorada em Sociologia, é investigadora do ISCTE-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Tem participado ativamente no debate académico e público sobre o racismo e a história negra na sociedade portuguesa. Foi membro da comissão organizadora da 7ª Conferência Internacional Afro-Europeia (Lisboa, 2019) e coordena o “Roteiro Anti-Racista” na ESE/IPS. É colunista do Público e integrou os grupos de trabalho para o Plano Nacional de Combate ao Racismo e para a recolha de dados sobre origem étnica nos censos de 2021.
Paula Cardoso (*1979) é uma jornalista luso-moçambicana, produtora de conteúdos e ativista antirracismo. É criadora da série de livros infantis Força Africana e das plataformas Afrolink e O Lado Negro da Força. Em 2022, foi incluída na lista das Top 100 Women In Social Enterprise 2022 pela EuclidNetwork, uma rede europeia de empreendedorismo social apoiada pela Comissão Europeia. É também membro do Fórum dos Cidadãos, que trabalha para revitalizar a democracia portuguesa, e do programa de mentoria HeforShe Lisboa.

Mais infos 

21.11.2023 | par martalanca | cristina roldão, Justíça interseccional

O Tempo que resta de Elia Suleiman

LEFFEST17ºLisboa Film Festival 

Um retrato único, poderoso, semi-biográfico e profundamente pessoal da Palestina, entre 1948 e os dias de hoje. Combinado com memórias de Elia Suleiman com a sua família, o filme procura retratar a vida quotidiana daqueles palestinos que ficaram e que foram rotulados de “árabes israelitas”, vivendo como uma minoria na sua própria pátria.

  • Duração: 109’ Ano de produção: 2009 País: FR, BE, UK Idioma: AR Mais infos.

15.11.2023 | par martalanca | Elia Suleiman, leffest, palestina

Open Studio´da artista sul-africana Teresa Kutala Firmino

Depois de quatro intensas semanas, a Residência Artística de Teresa no ‘Angola AIR’ acaba e teremos, em primeira mão, o relato do que foram estas semanas de pesquisa in loco com moderação da conversa pelo curador angolano Marcos Jinguba.

Teresa “é uma artista multimédia, radicada em Joanesburgo, que trabalha com pintura, fotografia e performance. Ela faz parte de um coletivo chamado Kutala Chopeto, que começou como uma investigação sobre a história comum que está ligada ao Batalhão 32, os soldados que se estabeleceram em Pomfret após a Guerra da Fronteira.  

Teresa analisa como, apesar do trauma que vivenciaram, muitas destas mulheres tiveram que continuar a viver com os seus agressores. A artista questiona o que há no corpo e na mente da mulher negra que, apesar do trauma, continua a prosperar. Ela está realmente viva ou está em constante melancolia enquanto existe após o colonialismo, a guerra civil e a traição? Negociar o trauma é perceber que seu agressor possivelmente faz parte de um ciclo maior de abuso?

sexta-feira, 17 de novembro das 18h às 21h  ELA-Espaço Luanda Arte, entrada livre 

Agradecemos o apoio da Weza, da Textang II e da Tipografia Corimba.

O ELA-Espaço Luanda Arte encontra-se localizado no armazém Cunha & Irmão SARL / ex-Escola Portuguesa, Rua Alfredo Troni 51/57, Luanda.

14.11.2023 | par martalanca | Teresa Kutala Firmino

“A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade

A Editora/Livraria Sá da Costa, em conjunto com os autores e a Associação Cultural Chá de Caxinde, tem a honra de a/o convidar para o lançamento do livro: “A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, que se realiza no dia 18 de novembro, pelas 17h30, na galeria da Sá da Costa, Rua Serpa Pinto, 19, Lisboa.
Participações:Malyn Newitt; Bruno Ferreira da Costa; Luca Bussotti; Jean-Michel Mabeko-Tali; Reginaldo Silva; David Boio; Domingos da Cruz; Sérgio Dundão; Mihaela Neto Webba; Florita Cuhanga António Telo; Maria Judite Chipenembe; Baltazar Muianga; Eugénio Costa Almeida; Paula Roque; Fernando Pacheco; Maria da Imaculada Melo.
Apresentação analítica crítica:Alexandra Dias Santos&Alberto Oliveira Pinto,seguida de discussão com os autores e alguns co-autores da obra.Coordenador da organização: Francisco de Pina QueirozA mesa conta ainda com as presenças de José Sousa Machado em representação da Editora Sá da Costa e de Jacques dos Santos, da Associação Chá de Caxinde (organização parceira do projeto).De acordo com Malyn D. Newitt (King’s College London), autor do prefácio “aquilo que efectivamente tem sido a governação de partido único nos dois países levou não somente à manipulação das eleições que mantém os partidos governantes no poder, mas também a uma sistemática negligência e, em alguns casos, simples negação dos direitos humanos da população, que tem sido em todos os aspectos tão extrema quanto o foi sob o regime colonial. (…)”, considerando também “essencial que aqueles que monitorizam a democracia e os direitos humanos sejam capazes de tornar públicas as suas análises, avaliações e conclusões. (…) O tipo de estudos como estes que se apresentam neste volume, que têm sido pesquisados com profundidade, revistos e escrutinados de forma independente, apresentam-se por si só como exemplos de esperança e sinais para a possibilidade de um futuro mais justo e igualitário.”O livro terá um custo de 20€Existirão disponíveis outros livros do mesmo projecto científico.

14.11.2023 | par martalanca | angola, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, democracia, “A luta continua e a reação não passará!? O Liberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”

Reformular a autoridade e a autoria nas artes

20 novembro I Culturgest


TECENDO LINHAS DE REPARAÇÃO 

“Se a construção de uma ponte não enriquece a consciência de quem nela trabalha, então a ponte não deve ser construída.” É a partir desta premissa de Franz Omar Fanon, estendida enquanto território conceptual, que abrimos caminho à reflexão que molda esta conferência, no Dia da Consciência Negra. Num momento histórico em que o conceito de diversidade tende a esvaziar-se de significado nos discursos sobre cultura, abordaremos as dimensões de autoridade e autoria de modo a facilitar (e talvez acelerar) o pensamento e a concretização de insurreições radicais e reparadoras no sector cultural. O programa da conferência constrói-se a partir de uma pedagogia de perguntas: o que são e para que/quem servem linhas antirracistas para a arte-educação? Como reparar o reparável no sector artístico em Portugal? Quais os potenciais críticos dos nossos posicionamentos político-performativos? Como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender a sua duração?

Common Stories junta Maison de la Culture de Seine-Saint-Denis (Paris), o Alkantara Festival e Culturgest (Lisboa), Théâtre National Wallonie-Bruxelles (Bruxelas), o festival africologne (Alemanha), o Riksteatern (Estocolmo) e TR Warszawa (Varsóvia), num projeto de três anos. Em novembro, o espaço Alkantara, em Lisboa, recebe o primeiro CommonLAb, que reúne artistas em ascensão preocupados com questões de identidade e diversidade, enquanto a Culturgest acolhe a conferência ‘Reformular a Autoridade e a Autoria nas Artes’, uma curadoria de Raquel Lima que corresponde à primeira sessão pública da Fábrica de Boas Práticas sobre como acolher a diversidade nas instituições culturais.

PROGRAMA COMPLETO

9:30 – 12:30 
Workshop teórico-prático*
LINHAS ANTIRRACISTAS PARA A ARTE/EDUCAÇÃO: TECENDO PASSADOS, PRESENTES E FUTUROS
UNA – União Negra das Artes: Dori Nigro e Melissa Rodrigues
Sala 2
Entrada gratuita mediante inscrição aqui

Linhas Antirracistas para a Arte/Educação. O que são? Para que servem? E para quem? Estas são algumas Pedagogias das Perguntas de partida com as quais nos deparamos numa tentativa de materializar a vontade de criar um objeto que reflita criticamente a realidade, questione e especule caminhos e possibilidades de futuro mais solidárias, plurais e horizontais no pensar-fazer artístico e educativo. Tendo a arte a potência de transformar, criar imaginários e expandir a outras realidades e dimensões do sentir-pensar, estas Linhas Antirracistas que agora se tecem a várias mãos - enraizadas no conhecimento, práticas e auscultação de artistas, ativistas, pensadoras/es e educadoras/es negras/es - apresenta-se como um diálogo e objeto-mediador-reparador para uma Pedagogia da Transgressão que promova mudanças efetivas nos currículos, nos imaginários, nas realidades e nos seus modos de pensar e fazer. Este propõe-se como um workshop teórico-prático.

12:30 – 14:00
ALMOÇO

14:00 – 15:30 
Mesa conversacional
FARMÁCIA FANON - I GRAMÁTICAS DO AZUL
Keynote speaker: Vânia Gala
Pequeno Auditório
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Esta apresentação assume a forma de uma performance conversacional, a partir de uma mesa longa com os participantes. Partindo da ideia de degustação e o olfato como abertura sensorial ao mundo revelando através destes as interseções das relações humanas-não humanas neles inscritas e em particular a história colonial pretendo especular em conjunto histórias, saberes e performances alternativas. Quais os potenciais críticos desses posicionamentos? Iremos experimentar e olhar performances negras que se recusam a se atualizarem de forma particular ou mesmo aquelas que recusam certas chamadas para serem realizadas.

16:00 – 18:00
Mesa-redonda 
DA AUTORIDADE DA INÉRCIA À RADICALIDADE DO REPARÁVEL
Anabela Rodrigues, Apolo de Carvalho, Cristina Roldão, Gessica Correia Borges e Kitty Furtado
Pequeno Auditório 
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Os movimentos sociais e associativos, artistas e investigadores das comunidades negras, por estarem historicamente sujeitos às condições precárias que denunciam, ocupam uma posição estratégica na formulação teórico-prática de políticas de reparação. Contudo, estão ainda limitados pela falsa ideia de inconstitucionalidade das medidas de ação afirmativa, um discurso que se promove e reproduz através de órgãos governamentais, da academia conservadora, do setor cultural e da sociedade civil de forma generalizada. Esta mesa detém-se a debater sobre como reparar o reparável, no setor cultural, desde uma lógica que compreenda a diversidade dos indivíduos, grupos, coletivos e associações que o compõem. Assim sobre como ultrapassar a autoridade da inércia estabelecida, e identificar caminhos radicais com destino à justiça social no meio artístico.

18:30 – 20:00
LIMITE
Keynote speaker: Jota Mombaça
Pequeno Auditório 
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Como praticar um pensamento no limite das coisas? Como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender sua duração? Como pensar a serviço do movimento e da transformação? Esta conferência será dedicada a uma reflexão sobre as noções de sujeito e autora, bem como sobre seu limite constitutivo. Pensadas a partir das tradições radicais preta, indígena e transfeminista, tais questões serão articuladas com base nas múltiplas temporalidades do ativismo e da transformação social, com foco especial no aqui e agora – essa dimensão espiralada do tempo e do espaço, em que passado, presente e futuro convergem de formas previsíveis e imprevisíveis. 

Curadoria Raquel Lima ; Olhares externos Dori Nigro e Melissa Rodrigues

10.11.2023 | par martalanca | artes, autoria, autoridade

Pérola Sem Rapariga |

direção e encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida

40.º Festival de Teatro do Seixal

Fórum Cultural do Seixal

16 NOV, 21H30

Pérola Sem Rapariga inspira-se na leitura de Voyage of the Sable Venus and Other Poems de Robin Coste Lewis, e do arquivo fotográfico de Alberto Henschel. O espetáculo pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento. O artista Kiluanji Kia Henda intervém no espaço da cena instalando prenúncios de apocalipse.

“A ideia é mergulhar na gargalhada e acordar do outro lado. Cair no riso como quem cai no sono e no sono como quem cai ao mar. Ou antes, rir como quem se ergue, tirar o pó dos joelhos dentro dos sonhos, erguer a cabeça dentro do abismo. Ou rir como quem se afoga. Renascer de um afogamento. Acordar da morte.

Duas mulheres que são uma andam por aqui entretidas a abrir o caminho sinuoso aonde levam as gargalhadas. Riem a bandeiras despregadas e, quando dão conta, estão em apuros, numa confusão da qual não sabem sair sozinhas.

Se há uma visão dominante, em Pérola Sem Rapariga, é que as gargalhadas das raparigas são perigosas. Parece que queremos que as mulheres posem sem rir porque temos medo do ritmo, da faca e do arco do riso — que faz tremer a terra e racha o fundo do mar.”

Pérola Sem Rapariga©Filipe FerreiraPérola Sem Rapariga©Filipe Ferreira

Pérola Sem Rapariga©Filipe FerreiraPérola Sem Rapariga©Filipe Ferreira

direção, encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida

com: Filipa Bossuet, Sara Fonseca da Graça

artista visual: Kiluanji Kia Henda

instalação e figurinos: Neusa Trovoada

música e design de som: Xullaji

design de iluminação: Carolina Caramelo

assistência à encenação de movimento: Lucília Raimundo

vídeo promocional: António Castelo

produção executiva: Ngleva Produções

coprodução: Sowing_arts, Teatro Nacional D. Maria II, apap – FEMINIST FUTURES (projeto cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia)

apoio: Casa da Dança, Polo Cultural Gaivotas Boavista

duração: 1H

09.11.2023 | par martalanca | Djaimilia Pereira de Almeida, kiluanji kia henda, Neusa Trovoada, Xullaji, Zia Soares

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Hoje, dia 9 de novembro, estreia o podcast “Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais”, que vai explorar as reflexões de académicos, artistas e ativistas sobre a Europa pós-imperial, com o objetivo de compreender e discutir as pós-memórias europeias e os legados coloniais. 
Realizado no âmbito do projeto de investigação “MAPS – Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial”, coordenado pela investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o podcast vai contar com 18 episódios e vai ficar disponível na plataforma REIMAGINAR A EUROPA. Poderá também ser subscrito em SpotifyApple PodcastsAmazon Music e noutras plataformas de podcasts.  


podcast “Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais” vai ser disponibilizado semanalmente, em português e em francês, sempre às quintas-feiras. Pretende trazer para primeiro plano as histórias de cidadãos e cidadãs de segunda e terceira gerações cujas experiências se encontram moldadas pelas heranças coloniais e pelos processos de descolonização nos contextos de Portugal, Bélgica e França.
Este novo conteúdo quer contribuir para a compreensão e discussão sobre as pós-memórias europeias e os legados coloniais através das vozes daqueles que estão a transformar ativamente o presente e o futuro da Europa. É uma iniciativa que pretende promover um diálogo enriquecedor e crítico sobre questões fundamentais da contemporaneidade, contribuindo para redefinir noções de cidadania na Europa contemporânea. A realização é da investigadora do CES, Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes, a imagem gráfica de Márcio de Carvalho e a música do indicativo é da autoria de XEXA.

09.11.2023 | par martalanca | memória, pós-imperial

Lançamento de "Xirico", de Nélson Moda I 7 de novembro I Tigre de Papel

XIRICO retrata a história da guerra civil em Moçambique, apresentando as causas internas e externas. É a primeira compilação genuína de entrevistas feitas em todas regiões de Moçambique aos moçambicanos que viveram a guerra civil. Estabelece igualmente uma descrição exaustiva de todo sinuoso processo de negociações desde Nairobi, para finalmente assinar-se o Acordo Geral da Paz a 4 de Outubro de 1992, em Roma, sob o envolvimento insólito duma entidade débil, fora das potências globais, a Comunidade de Sant’Egidio.

A obra contém uma exclusiva entrevista feita pelo autor Nelson Moda ao antigo presidente de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano.

7 de novembro às 18h30 na Tigre de Papel

Apresentação do autor e Álvaro Vasconcelos, com moderação de Marta Lança

03.11.2023 | par martalanca | guerra cívil, Moçambique, Nélson Moda, processos de paz, Xirico