“Guiné-Bissau, Terra Sabi” e “Produtos, Técnicas e Saberes da Tradição Bijagó”

No âmbito da celebração do Dia do Consumo Nacional, que se a 20 de Dezembro, a Tiniguena realiza, em parceria com Artissal, Coajoq, No Kume Sabi e Kafo, organizações que integram o Grupo de Trabalho para a Promoção dos Produtos da Terra, um conjunto de atividades que decorrerão das 9H30 às 14H00 no Complexo do Espaço da Terra, sita nas dependências da sede da Tiniguena, no Bairro Belém.
Durante o evento, será lançado a 2ª Edição do Livro de Receitas da gastronomia tradicional guineense “Guiné-Bissau, Terra Sabi” e do 2º Caderno Cultural do CRET sobre “Produtos, Técnicas e Saberes da Tradição Bijagó”.

ver programa

16.12.2013 | par martalanca | Guiné Bissau, Tiniguena

A Kindumba da ANA: “Gente que se parece consigo mesma”

Imagem que explica a origem do nome “A Kindumba da ANA” em sua página no Facebook.Imagem que explica a origem do nome “A Kindumba da ANA” em sua página no Facebook.

Francisca Nzenze Meireles, a Chiquinha, é angolana e mora no Brasil há poucos anos. Seu interesse por ”cabelos naturais, curiosidade e amor aos cabelos naturais crespos” foi a inspiração para “A Kindumba da ANA”, seu primeiro trabalho de histórias em quadrinhos (HQs) que lhe trouxe destaque pelas tiras bem-humoradas e pela temática que sempre gira em torno de um personagem forte: o cabelo natural crespo. O nome ANA brinca com as iniciais de Angolanas Naturais e Amigos, um fórum online. As tiras podem ser acompanhadas na página da Chiquinha.


Francisca Nzenze Meireles, também conhecida como Chiquinha - “Na rua, vejo surgir aos poucos, outro modelo de gente. Gente que se parece consigo mesma”. Foto utilizada com permissão.Francisca Nzenze Meireles, também conhecida como Chiquinha - “Na rua, vejo surgir aos poucos, outro modelo de gente. Gente que se parece consigo mesma”. Foto utilizada com permissão.Na semana em que se comemora o 
Dia da Consciência Negra, conheça um pouco mais dessa artista, suas impressões sobre trabalhar entre diferentes culturas e sobre a afirmação das identidades. E, no espírito das lusofonias, aproveite para conhecer um pouquinho mais do sotaque e das coisas de Angola.

Global Voices em Português (GV): Fale um pouco sobre o cenário dos quadrinhos de Angola. (falamos em cenário, e não em mercado, para que não fique restrita ao mercado comercial. Ao contrário, preferimos que pense nos quadrinhos que te interessam). O que você leu e lê? O que você recomenda?

Chiquinha:
 Eu era leitora assídua de uma tirinhas Angolanas nos anos 90. O MANKIKO [en, pt], de Sérgio Piçarra, um Angolano. Era muito bom, mas já não existe. Aliás o mercado livreiro e editorial em Angola não é muito vivo. Não sei o que se produz agora. Fui convidada a participar de uma exposição de banda desenhada em Angola promovida pelo OLINDOMAR estúdios. Enviei alguns trabalhos, mas nem sei se foram expostos. Eles não voltaram a me contactar. Mas imagino que a banda desenhada, como se chamam os quadrinhos em Angola, estejam sim “vivos e bem de saúde”. Jovens talentosos lá há muitos! Problemas existem nas editoras.

GV: Seu trabalho começou em Angola e agora segue no Brasil. Isso mudou de alguma maneira a inspiração do dia-a-dia que alimenta seu trabalho?

Chiquinha:
 Em Angola eu tenho um livro infantil escrito e ilustrado por mim, mas não tinha nada feito nada parecido com ilustração em quadrinhos. Os quadrinhos A Kindumba da ANA começaram aqui mesmo no Brasil (onde hoje moro) a partir do meu interesse em cabelos naturais, curiosidade e amor aos cabelos naturais crespos. Foi quase por acaso que nasceu “a Kindumba da ANA”. Eu participava de um grupo do Facebook chamado Angolanas Naturais e Amigos, e lá se discutia muito sobre cabelos naturais.

Na conversa com outras meninas , sempre surgiam cenas do quotidiano engraçadas, chatas, polêmicas, tristes, alegres… enfim, como gosto muito de desenhar, decidi brindar algumas meninas com historinhas que teriam um final feliz e/ou engraçado. Assim nasceu a Kindumba da ANA.

O facto de estar no Brasil não mudou, porque a fonte de inspiração continua sendo cabelo crespo natural, e nada mais. Alguns episódios referem-se ao Brasil especificamente, mas sempre tendo o cabelo como protagonista principal.

A Kindumba da ANA. Tira em quadrinhos utilizada com permissão.A Kindumba da ANA. Tira em quadrinhos utilizada com permissão.

GV: Como é, para Chiquinha, trabalhar entre diferentes culturas?

Chiquinha:
 Eu não considero o Brasil tão diferente de Angola culturalmente falando. Aliás, Angola consome actualmente muita cultura do mundo inteiro. Principalmente os mais jovens. Nem a língua chega a ser um entrave à compreensão das tirinhas que faço. Aliás, a maioria dos fãs da Kindumba da ANA são Brasileiros. Não sei se porque a internet é mais acessível aqui no Brasil, ou se existem outros motivos para isso.

GV: Para os quadrinhos brasileiros, as possibilidades do mundo online e o aumento da participação de autores de outros cantos do país, fora do eixo Rio-São Paulo, parece estar levando a uma maior diversidade, com a inclusão de novos temas e outras visões de mundo nas obras que chegam aos leitores. Do seu ponto de vista, como estrangeira, acredita que é uma tendência? Como foi sua acolhida?

Chiquinha: 
Eu não conheço muitos quadrinhos Brasileiros. Conheço a Turma da Mônica, as charges do Laerte, Henfil… mas não sou leitora assídua de revistinhas em quadrinhos. Então não saberia responder se existe essa tendência de mudança e inclusão de novos temas.

Sobre a minha acolhida, devo dizer que a resposta tem sido bastante positiva. As pessoas gostam de se ver representadas. Eu tento dar à A.N.A uma personalidade leve e agradável, um tipo abordagem que permita que crianças e adultos considerem os cabelos naturais, simplesmente como eles são: cabelos naturais. A A.N.A vem para imprimir leveza a um tema que poderia facilmente ser revestido de polêmica.

A Kindumba da ANA. Tira em quadrinhos utilizada com permissão.A Kindumba da ANA. Tira em quadrinhos utilizada com permissão.

GV: Vivemos um tempo de afirmação das identidades em suas múltiplas variantes – etnia, gênero, religião, e outras. A manifestação dessas identidades é bastante perceptível online, e um dos exemplos é o seu próprio trabalho com A Kindumba da Ana. Entende que essa mudança consegue ultrapassar o mundo virtual e firmar-se nas ruas também.

Chiquinha:
 Acho que sim, e devo dizer que as redes sociais permitem que isso aconteça de um modo bastante abrangente. Eu mesma consegui voltar a usar o meu cabelo natural depois de pesquisar no You Tube o que fazer com o meu cabelo, porque eu de facto não sabia como cuidar dele. Não sabia o que usar, como pentear , estilizar, lavar… Depois foi o Facebook, troca de experiências, contacto com outras pessoas iguais a mim e a cada dia eu me sentia mais encorajada a perseguir um modelo meu, um modelo que não se vê na televisão , nas revistas, na literatura.

Na rua, vejo surgir aos poucos, outro modelo de gente. Gente que se parece consigo mesma. Gente que não quer se parecer com o padronizado da sociedade pré fabricada!

A Kindumba da ANA. Tira em quadrinhos utilizada com permissão.A Kindumba da ANA. Tira em quadrinhos utilizada com permissão.

Este artigo é parte da cobertura especial 20.11 – Dia da Consciência Negra. 
Leia a primeira entrevista: Estereótipos persistentes, preconceitos latentes: negros e histórias em quadrinhos no Brasil.

fonte: 
http://pt.globalvoicesonline.org/2013/11/21/a-kindumba-da-ana-gente-que-se-parece-consigo-mesma/

12.12.2013 | par herminiobovino | baía, Brasil, consciência negra

YONAMINE | LUZ VEIO, LUANDA

 

 

 

 

 

 

Exposição de Yonamine

no Espaço Cultural Elinga Teatro

OPENING 11-12-13, 19H 

Largo Tristão da Cunha 17   Luanda, Angola 

05.12.2013 | par franciscabagulho | angola, arte contemporânea africana, yonamine